O estudo mostra uma série de obstáculos que o poder público terá de enfrentar, a começar pela adoção de programas de geração de empregos e pela melhoria da educação. De acordo com o estudo, 30,2% da população norte-rio-grandense na faixa etária entre 18 e 24 anos não trabalha nem estuda. Isso equivale a 114 mil jovens.
Uma síntese do estudo feita pela Supervisão de Disseminação de Informações do IBGE/RN, chama atenção para um dado que eles classificam como "alarmante". "Cerca de 19,5% das pessoas com 25 anos ou mais tem, no máximo, um ano de instrução, o que significa em torno de 370 mil pessoas. É uma situação melhor que a do cenário nordestino (26,1%), porém pior que a média nacional (15,1%).
De acordo com o IBGE, 90,3% da população entre 6 e 14 anos de idade está matriculada no ensino fundamental; na faixa etária de 15 a 17 anos, 46,2% estão no ensino médio; e 11,5% dos quem tem entre 18 e 24 anos, no ensino superior.
Na distribuição por rede de ensino o quadro no RN é o seguinte: no ensino fundamental, 83,9% das matrículas estão na rede pública e 16,1% na rede privada. No ensino médio a proporção é de 87,6% nas escolas públicas e 12,2% na rede privada. No ensino superior, a grande maioria (60,5%) estudam em universidades particulares e 39,5% no ensino público.
No plano nacional, o estudo do IBGE mostra que apesar da disparidade entre as duas redes de ensino, as escolas privadas avançaram muito pouco no indicador que mede a qualidade do ensino básico no Brasil. No ensino médio, por exemplo, o Ideb das escolas pagas passou de 5,6, em 2005 para 5,7 no ano passado, enquanto a das escolas públicas subiu para 3,1 para 3,4.
Levando em conta os dados da pesquisa de Orçamentos Familiares, o IBGE mostra que a alimentação tem um peso maior nos gastos das famílias do Nordeste. Enquanto a média nacional fica em 19,8%, a regional sobe para 24,2% e a estadual (RN) 26,1%. Juntos, alimentação, habitação e transportes representam 76% das despesas de consumo dos potiguares.
Ao fazer um comparativo com outros países, o estudo aponta uma queda de 63% na mortalidade neonatal no Brasil entre 1990 e 2001. A taxa caiu de 27 para 10 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes.
População brasileira está envelhecendo
O número de idosos na população brasileira subiu de 15,5 milhões, em 2001, para 23,5 milhões em 2011, segundo a pesquisa do IBGE. As pessoas com 60 anos ou mais já correspondem a 24,5% da população, porcentual que cai para 11,8% no Rio Grande do Norte. Segundo a pesquisadora do IBGE Cíntia Simões Agostinho, a maior parte dos idosos é mulher (55,7%) e está na área urbana (84,1%). "Normalmente eles são considerados a pessoa de referência no domicílio, 32% não têm nem um ano de estudo, quase 60% são aposentados, 49% deles tinham rendimento, de todas as fontes, de até um salário mínimo, 24,5% estão inseridos em domicílios com renda de até um salário mínimo per capita, o que é um valor bastante elevado no caso do Brasil", avalia a pesquisadora.
Os dados mostram ainda que apenas 4,6% dos idosos estão no nível mais baixo de renda. "O que indica uma melhor condição de renda, em média, principalmente se comparada ao grupo dos jovens", analisa a pesquisadora. Além disso, tem crescido o número de pessoas com mais de 60 anos que vivem sozinhas. Dos domicílios onde vive apenas uma pessoa, 42,3% são ocupados por idosos.
No Rio Grande do Norte há 385 milpessoas com 60 ou mais anos de idade, dos quais 43,3% com menos de um ano de estudos.
Faltam creches para crianças de famílias pobres
No ano passado, 48,5% das pessoas até 14 anos de idade (21,9 milhões) residiam em domicílios em que pelo menos um serviço de saneamento (água, esgoto ou lixo) era inadequado. Cerca de 4,8 milhões de crianças (10,7%) viviam em casas em que mais de um desses serviços eram inadequados, sendo que 17,2% delas eram da Região Nordeste e 3,7%, da Sudeste.
A pesquisa chama a atenção ainda para o déficit de creches no país, sobretudo, para as crianças da camada mais pobre e as mães que precisam trabalhar e/ou estudar, mas não têm com quem deixar os filhos. Entre as mulheres com filhos até 3 anos de idade cujos filhos frequentam creche, 71,7% estavam ocupadas em 2011. No mesmo período, apenas 21% das crianças até 3 anos tinham acesso à creche.
De acordo com o conselheiro do Movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos, a primeira etapa da educação básica é determinante para o desenvolvimento dessas crianças. Ele informou que o custo per capita da fase pré-escolar é o mais alto entre todas as etapas da educação, mas que o retorno compensa. "A meta número 1 do Plano Nacional de Educação é ampliar o acesso às creches, mas o Brasil evoluiu muito pouco em relação à demanda. A meta estabelecida era chegar a 50% em 2010 e o desafio é tão grande que a meta foi mantida para 2020."
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