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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Violência no país atinge principalmente os jovens negros


Principais vítimas 
Violência no país atinge principalmente os jovens negros
Discriminação e racismo fazem aumentar a violência contra o negro, tornando-o a principal vítima da violência no país 

Discriminação e racismo faz dos jovens da periferia, em especial os negros, a principal vítima da violência urbana, exercida muitas vezes sobre os punhos do Estado através da repressora polícia militar.
Os negros são de longe as principais vítimas de homicídios no país. Segundo estimativas da Disoc/IPEA, a partir de dados do Data SUS, mostrou que a taxa de vítimas de homicídios de jovens negros é de 74,8 para cada 100 mil habitantes, um número muito superior comparado com jovens brancos da mesma idade, que é de 41,8 para cada 100 mil habitantes.
“Principais vítimas da violência urbana, alvos prediletos dos homicidas e dos excessos policiais, os jovens negros lideram o ranking dos que vivem em famílias consideradas pobres e dos que recebem os salários mais baixos do mercado. Eles encabeçam, também, a lista dos desempregados, dos analfabetos, dos que abandonam a escola antes de tempo e dos que têm maior defasagem escolar”, diz o site do IPEA.
Segundo o IPEA, existem hoje cerca de sete milhões de pessoas morando em vilas e favelas no país, sendo 65,6 que se declaram negros. Elas estão concentradas principalmente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, além de cerca de 500 mil pessoas em Belo Horizonte.
A ausência de políticas públicas tornou essas áreas muito sucessíveis a tráficos de drogas e atuação de milícias paramilitares.
A violência contra os negros é reconhecida e aceita pelo Estado, que em uma tentativa de diminuir o racismo nas abordagem policiais, criou um plano racista aonde os policiais e agente penitenciários seriam treinados para realizarem a abordagem a pessoas negras.
Tais medidas só aumentam o racismo e a discriminação contra a população negra. É portanto necessário que os negros se organizem de forma independente para poder acabar com o racismo e a opressão capitalista.


continuando o tema:


http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n4/a19v14n4.pdf

As cotas só afirmam as diferenças com as quais sonham os racistas? Ou podem mudar algo?



As cotas só afirmam as diferenças com as quais sonham os racistas? Ou podem mudar algo?
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PERTENCEMOS A uma única espécie: a espécie humana.

Quanto a isso não há dúvida, visto que procriamos alegremente sem que as diferenças étnicas ou raciais atrapalhem o bom funcionamento sexual e reprodutivo. Mas só 250 anos atrás, na América do Norte e na França, foi proclamado o princípio de que, por pertencermos à mesma espécie, temos todos os mesmos direitos, independentemente de etnia, cultura, religião, gênero, berço e cor (da pele, do cabelo ou dos olhos).

Desde então, tal princípio vem se afirmando, aos trancos e, sobretudo, aos barrancos, por várias razões. 1) Há etnias e culturas que não topam aquela ideia proclamada 250 anos atrás.

2) Não conseguimos decidir se nossa igualdade de direito deve implicar ou não uma igualdade de fato. Depois de algumas tentativas desastradas, parece que concluímos que o importante é que todos tenhamos ao menos oportunidades parecidas no começo da vida. Estamos longe disso.

3) Mesmo acreditando na unidade da espécie e na igualdade dos direitos, adoramos pertencer a uma turma e continuamos enxergando um mundo dividido em nações, etnias, raças, classes, torcidas etc. Claro, prezamos nossa singularidade e, por isso, queremos ser contados um a um, como indivíduos, cada um diferente e único dentro da espécie comum. Mas também gostamos de privilégios, e os privilégios são mais "agradáveis" quando são negados a um grupo de excluídos: sala VIP só tem "graça" se os outros esperam no saguão do aeroporto. Em suma, no mínimo, a vontade de sermos singulares nos induz a criar grupos de discriminados, "diferentes" de nós.

4) As vítimas dessa discriminação, na hora de invocar o princípio da igualdade de todos para obterem os mesmos direitos dos demais, são obrigadas a se constituírem como grupo. Sem isso, sua reivindicação não teria chance alguma: o protesto de um negro discriminado será sem efeito se não existir algum "movimento negro".

Em tese, os grupos de vítimas da discriminação deveriam ser fundados em "identidades de defesa", ou seja, identidades que surgem provisoriamente, de maneira reativa. Por exemplo, "os negros" existem como grupo, aos olhos dos racistas, para serem discriminados; ora, a luta contra essa discriminação exige uma identidade positiva, de modo que os negros possam existir como grupo na hora de se opor à sua discriminação. No caso, eles afirmarão e valorizarão uma improvável ascendência racial comum. Problema: ao defender-se, eles darão crédito à mesma diferença inventada pelos racistas a fim de discriminá-los.

O perigo é que essas identidades, adotadas para lutar contra a discriminação e permitir, enfim, uma sociedade de indivíduos iguais, acabem consolidando as próprias diferenças que tratam de abolir. Por exemplo, uma política de cotas reservadas a negros e pardos (na universidade, no emprego público e mesmo no setor privado) é uma maneira de se opor à discriminação, mas, para funcionar, ela exige que a gente acredite nas diferenças raciais e as estabeleça como parte da identidade do cidadão -que é exatamente a situação com a qual o racismo sonha desde sempre.

Esse argumento é crucial no livro de Demétrio Magnoli, "Uma Gota de Sangue" (ed. Contexto), que é, ao mesmo tempo, uma excelente história e apresentação do racismo no mundo moderno e uma crítica das políticas de cotas por elas necessariamente confirmarem a existência de diferenças raciais que não têm realidade biológica e cujo fundamento histórico é o próprio racismo.

Isso, logo no Brasil, onde a mistura das cores deixaria esperar um enterro mais rápido da categoria de raça.

Compartilho com Magnoli o sonho de uma sociedade em que a cor da pele seja indiferente. Mas minha avaliação das políticas de cotas é "matizada". Quando cheguei nos EUA, em 94, eu pensava como Magnoli, ou seja, previa que o sistema de cotas, instituído para "compensar" os efeitos da discriminação, dividiria o país, levando-o de volta para o século 19. Não foi o que aconteceu. Aos poucos, a presença de cidadãos de todas as cores na maioria das corporações (da polícia urbana ao corpo docente das universidades) se transformou num duplo valor compartilhado por todos ou quase: um valor estético (a diversidade é bonita) e um valor produtivo (a diversidade é funcional).

Até que um dia pareceu lógico, num país cujo sul inteiro foi racista e segregado, que um negro pudesse ser presidente.

Fúlvia Rosemberg - É preciso mais negros na universidade para ampliar seu espaço social


Fúlvia Rosemberg - É preciso mais negros na universidade para ampliar seu espaço social


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Professora da PUC-SP; defende ações afirmativas, afirma que Brasil tem racismo historicamente instaurado e diz que livros didáticos deveriam ter avisos sobre "deformações da vida social e política"

Psicóloga e escritora, Fúlvia Rosemberg é uma das maiores autoridades do País nos estudos sobre ações afirmativas e educação infantil. Pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas (FCC) e professora titular em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela também é coordenadora do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford no Brasil. É dessa última atividade que ela fala com prazer em um dos trechos desta entrevista, ao citar o exemplo de Maria das Dores Oliveira Pankararu, que se tornou a primeira indígena brasileira a concluir um doutorado.
Está no âmbito das ações afirmativas o maior foco de atuação da professora, que iniciou seu trabalho voltado para questões da infância e da literatura infanto-juvenil — é uma crítica do sexismo nas obras do gênero e não poupa o trabalho de Monteiro Lobato. "Expressões como 'macaca', que ele usava nos textos para se referir a Tia Nastácia, por exemplo, não seriam jamais aceitas hoje em dia."
A professora rechaça o entendimento do termo "cotas" para a discussão das medidas tomadas para inserção de excluídos em diversos âmbitos da sociedade, como a universidade. Corrigindo o rumo dos questionamentos, introduz a expressão "ações afirmativas", que engloba um conjunto de mecanismos, inclusive o das próprias cotas raciais — a pesquisadora considera que cotas sociais (por renda) não são suficientes em uma sociedade como a brasileira em que, argumenta, o racismo é "institucional". Fúlvia Rosemberg concedeu entrevista ao Jornal Opção logo após participar de mesa-redonda no 2º Simpósio de Ciências Sociais promovido pela Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás.
Déborah Gouthier — Até que ponto as cotas são essenciais para o acesso ao ensino superior?
Em alguns setores da vida social brasileira e para alguns segmentos sociais, políticas de ação afirmativa são importantes e necessárias. Essas políticas não são sinônimo de cotas, que são apenas uma das estratégias possíveis de ações afirmativas, mas infelizmente a polarização desse debate no Brasil, especialmente na segunda metade da última década, só se referiu a cotas. Como podemos enxergar quais segmentos sociais devem ter essa política para acesso e permanência no ensino superior? A primeira coisa é que há um desejo expresso por certos setores da sociedade de maior democracia nesse acesso, porque nosso processo de seleção para ingresso no ensino superior não é apenas baseado no mérito. É muito interessante olhar a história do vestibular e analisar sua mecânica. Se a seleção fosse unicamente baseada no mérito, por que as notas de corte variam tanto de curso para curso e de universidade para universidade? Quem faz variar essas notas de corte? O mercado da concorrência, da demanda e da oferta. Em seus primórdios, o vestibular foi introduzido no Brasil para acabar com o nepotismo, porque antes o acesso tinha prova oral. E não há nada que possa atrapalhar mais um processo seletivo do que prova oral, já que há apenas uma escuta de alguém. Esse processo seletivo, portanto, precisava de uma chacoalhada. E uma parte importante dessa chacoalhada veio por meio da reivindicação do movimento negro. O acesso de negros ao ensino superior era e ainda é, de fato, muito reduzido. Nossa pirâmide educacional é uma para brancos e outra para negros, não só em termos de estatísticas gerais, mas também de estatísticas por cursos e por universidades. As melhores universidades brasileiras tinham um acesso muito reduzido de negros — nem vou falar de indígenas, então — e de pessoas egressas do ensino médio na rede pública. Toda vez que eu ia ao exterior e contava sobre a loucura que é a lógica do sistema educacional brasileiro, em termos de privilégios a certos segmentos sociais, as pessoas ficavam realmente muito impressionadas. No Brasil, setores da classe média pagam escola privada até o final do ensino secundário e dão garantia quase total a seus filhos de entrarem em instituições que, em outros países, são caríssimas, mesmo as públicas. Para a gente, o ensino superior público é praticamente gratuito. Há uma reversão da lógica democrática. Dessa forma, alterações nesse acesso eram necessárias e elas vieram de várias formas. A política de cotas é uma delas. Houve também o ProUni [programa de bolsas do governo federal para estudantes de universidades privadas], uma estratégia que podemos considerar de ação afirmativa, apesar de alguns considerarem que é só um ajuste de imposto [incentivo fiscal], mas que abriu possibilidade para certos segmentos entrarem na universidade particular. Na universidade pública temos, majoritariamente, o sistema de cotas, que ampliou o acesso em um setor da vida social em que este era restrito e era preciso fazer uma mudança rápida. Isso é ação afirmativa: uma correção de desigualdade em setores cujo ingresso teria sido meritocrático e há poucas vagas disponíveis. É importante ressaltar que, antes da questão das cotas raciais, houve uma política para as mulheres em certos âmbitos e ninguém brigou por causa disso. Quando, por exemplo, houve a obrigatoriedade de cotas para o sexo feminino no total de candidaturas dos partidos políticos todo mundo louvou a medida. Por outro lado, quando houve a discussão das cotas para o ensino superior, houve muito estrilo por parte das elites nacionais, por ser um nicho que estas defendem com unhas e dentes. De um modo geral, eu acho que a questão das cotas nas universidades sempre foi um debate mal colocado para a sociedade.
Cezar Santos — Não há um desvio de foco na questão das cotas? Parece-me que o problema é muito mais em relação ao aluno pobre do que em relação ao aluno negro ou indígena.
Déborah Gouthier — Não seria mais necessária uma cota social do que racial?
Vocês se referem à cota econômica, por condição da família da pessoa. Os estudos que têm sido feito, por nós e outras pessoas desde os anos 1970, têm mostrado que a condição econômica não é a única explicação para a desigualdade que observamos no Brasil entre brancos e negros, entendendo-se, por favor, "negros" como "pretos e pardos". Uma questão muito importante: negro, na minha boca, não é sinônimo de preto.
Cezar Santos — Se no registro de nascimento do pai de um aluno consta "pardo", esse aluno, então, poderia solicitar uma inscrição ao vestibular pela cota?
Se ele quisesse, sim. O regime para disputar uma vaga por cotas, no Brasil, leva em conta a autodeclaração.
Déborah Gouthier — O que fica mais relativo ainda, não?
Sim. Tudo é relativo. Mas quem disse que tem de ser não relativo? Se neste País até o Imposto de Renda, para o qual há tanta documentação para comprovar, por que esses argumentos afloram assim, nessa questão das cotas? O que é importante, e muito importante (enfática), é colocar muito jovem negro na universidade para ampliar sua visibilidade em espaços sociais, fazendo justiça e tornando-os modelos para as crianças e adolescentes que estão vindo por aí. Ação afirmativa não é uma política para o resto da vida, mas para reverter a lógica do mercado na seleção de candidatos a determinadas posições na sociedade para as quais se tem um reduzido número de vagas, em que a relação oferta–procura é orientada por processos discriminatórios. Achar que a gente vai fazer ação afirmativa para todo o ensino fundamental, por exemplo, é um equívoco, na minha perspectiva, na conceituação de ação afirmativa. É importante, se a universidade é democrática e se o País tem um projeto político de ampliação de competências e acha que essas competências estavam submersas em um processo de seleção antidemocrático — como considero o vestibular — e que há recursos suficientemente fortes para abrir o ensino a ser menos elitista, o País está desenvolvendo esse tipo de política. Poderia se dizer também que as mulheres não precisariam de cotas para representação nos partidos políticos, mas é preciso analisar cada condição. Na questão do ensino superior, nenhuma das universidades que estabeleceu política de ação afirmativa, inclusive via cota, tirou a dimensão do mérito, todas continuam fazendo análise de mérito, mas em um segundo momento. Primeiro, equaliza-se as oportunidades e faço uma justiça de grupo; e, depois, naquele grupo, escolhem-se os melhores. Assim, vão se comparar iguais entre iguais. O que ocorria antes era que se comparavam desiguais.
Cezar Santos — É a questão do mérito individual?
É exatamente isso: a lógica da ação afirmativa é que, em uma primeira fase, haja uma seleção de grupo. Têm-se mais oportunidades porque se pertence àquele grupo, com os requisitos daquele processo seletivo. Ninguém está colocando um negro ou um indígena que não tenha terminado o ensino médio. Esse negro ou indígena já tem um enorme merecimento por ter concluído esse processo. Se ele negro responde aos requisitos legais que são dispostos — como no caso da mulher que é candidata a uma cota política —, a partir desse momento a disputa será pelo mérito. Ou seja, depois de haver a equalização de oportunidades entre os grupos.
Cezar Santos — Há pouco mais de um ano, tive a oportunidade de entrevistar professores da UEG sobre a questão das cotas. Eles foram unânimes em afirmar que os cotistas tinham as piores notas.
É preciso observar os estudos que são feitos nas universidades e não se basear em opiniões pessoais. Na última reunião da Anpocs [Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais], foram apresentadas algumas pesquisas. Na Universidade Federal da Bahia, os resultados são bem outros em relação ao que esses professores da universidade goiana disseram. São avaliações e análises que não se baseiam em achismos. Digo isso até mesmo a partir do programa de ação afirmativa que coordeno e que já concedeu 343 bolsas de mestrado e doutorado, preferencialmente para negros e indígenas nascidos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil — há programas que são baseados em território, como a França já fez e a Capes [Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior, órgão do Ministério da Educação que cuida da pesquisa brasileira e da expansão de mestrados e doutorados no País] já faz no Brasil, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É um programa internacional que, com o acompanhamento que fazemos, tem uma taxa de sucesso igual ou até melhor do que a da Capes, em relação à desistência, ao tempo médio de titulação em mestrado e doutorado etc. Temos entre os ex-bolsistas a primeira mulher indígena doutora e a segunda pessoa indígena doutora do Brasil. Não se pode imaginar a importância para as meninas e adolescentes indígenas de ver no "Jornal Nacional" a defesa de tese dessa indígena, chamada Maria das Dores Oliveira Pankararu. Aliás, uma tese de doutorado fundamental para quem faz crítica ao sistema de ação afirmativa. Ela fez a recuperação linguística de uma língua que tem 12 falantes para produzir material didático para as crianças nas escolas indígenas poderem dar continuidade a essa língua. Que patrimônio cultural fantástico é a manutenção de uma língua! (enfática)
Roberto Cunha Alves Lima — Na UFG, os estudos mostram que as notas entre cotistas e não cotistas são absolutamente iguais e em muitos cursos os cotistas têm até notas superiores.
O que é preciso observar é que há realmente um risco de pior aproveitamento se não há nenhuma estratégia de manutenção do aluno na universidade, já que os cotistas vêm de grupos socioeconômicos mais pobres, de localidades com menor provisão de transporte público de boa qualidade, de regiões com menor acesso a bibliotecas e de família com menos recursos para ampará-los. Entre as pessoas que chegam por meio de ações afirmativas, há muitas que tiveram origem de sua formação nos movimentos sociais e que são um desafio para a universidade, por conta de suas experiências de vida e do olhar que têm para as questões sociais e políticas. Portanto, quando falo de diversidade por meio de programas de ação afirmativa não é de cor de pele que eu falo, mas de uma diversidade de experiência de vida que traz novidades para a universidade. É muito fácil ser competente entre quatro paredes, sem desafios. Mas a minha competência aumenta consideravelmente se eu balanço os conhecimentos estabelecidos. Desse modo, uma das experiências fortíssimas que tivemos nesse programa que coordeno foi observar como essas pessoas que não tinham assento na pós-graduação brasileira passaram a ter esse assento e trouxeram problemas a ser resolvidos por professores e alunos. Na primeira fase do programa, escolhemos as pessoas que, pela lógica do mercado brasileiro, teriam a menor probabilidade de entrar em uma pós-graduação. Do ponto de vista do mérito, depois de equalizar o grupo, esquecemos que são negros e indígenas. A partir desse grupo, se escolhem as melhores pessoas com maior mérito acadêmico, o mesmo processo do vestibular brasileiro que ocorre por cota. No nosso caso, além da nota pelo projeto, é também ter uma proposta de pesquisa socialmente relevante, como ocorreu com a indígena Maria das Dores.
Cezar Santos — Como profissional da educação, a sra. não acha que exista uma ênfase demasiada no ensino superior? Nos Estados Unidos e em outros países, o ensino técnico é bastante valorizado e a pessoa se realiza profissionalmente com isso.
Vejo dessa forma também. Isso não ocorre só em relação a cursos técnicos. A pirâmide educacional brasileira continua muito distorcida. Apenas 18% das crianças de 0 a 3 anos têm acesso à creche. É a etapa da vida em que há menos acesso ao sistema de ensino, em termos do curso normal de aprendizado. Se fosse eu, Fúlvia, quem pudesse decidir sobre as prioridades na educação, eu daria toda a ênfase nas crianças pequenas. Há muitas distorções no sistema de ensino brasileiro. Por exemplo: tenho certeza de que, se no Brasil o ensino superior tivesse maior presença proporcional de brancos, classe média e classe alta e moradores do Sul e do Sudeste, o ensino técnico valeria menos ainda. Somos uma sociedade tão hierarquizada que iríamos hierarquizar quem tem ensino superior em relação a quem tem ensino técnico, deixando de valorizar estes. Por que há, então, esse temor às cotas? É possível explicar pelo fato de que antigamente, quando se selecionava quem havia concluído o ensino superior, isso não se dava apenas pelo que essa pessoa havia aprendido, por suas competências. Isso indicava também de que família ela vinha, quais eram suas origens, suas aprendizagens, se ela tinha feito intercâmbio ou não. O acesso não era só o conhecimento. Com essa "mistura" maior no ensino superior no Brasil, talvez isso mude um pouco. E talvez seja isso uma das razões de a escola brasileira estar tão atrapalhada, simplesmente por não saber lidar com isso.
"Monteiro Lobato não está acima do bem e do mal"
Cezar Santos — Como está a questão da presença do aluno oriundo de escola pública na universidade pública? Ele continua sendo exceção nesse espaço e tendo de ocupar vagas nas instituições particulares?
O que se observa em várias regiões do País é que houve a abertura a galope de instituições de ensino superior privadas de baixa qualidade e para as quais vão pessoas com menos recursos. No programa de pós-graduação que coordeno, queríamos dar muitas bolsas de estudo para advogados negros e indígenas, mas isso era muito complicado, porque sua formação básica geralmente tinha sido muito ruim nessas universidades particulares de beira de estrada.
Cezar Santos — É então um problema racial e não social?
Há um grupo de pesquisadores e ativistas que considera que não há problema racial no Brasil e que tudo se resolve com a questão da diminuição das desigualdades econômicas. Há outro grupo de pesquisadores, estudiosos, militantes e políticos que considera que, em decorrência do passado escravista e das políticas iniciais de inclusão dos negros na ordem republicana, a condição socioeconômica não explica tudo e que há um racismo estrutural no Brasil que não precisa necessariamente se manifestar no preconceito racial. Ou seja, a sociedade brasileira é organizada, em sua dinâmica, para sustentar e produzir racismo. Não digo que não haja uma dimensão econômica, mas vamos pegar um fato do âmbito da educação: quando ocorreu a proclamação da República, houve uma interdição ao voto do analfabeto. Quando o analfabeto pôde votar no Brasil? Só na década de 1980, antes da nova Constituição de 88. Até a República, quem era analfabeto? A massa negra quase que por completo, porque havia uma proibição de alfabetização de escravos, que, no fundo, era a impossibilidade de alfabetizar negros. Portanto, a lei que proibiu o voto do analfabeto só não era racista na aparência. Foram 90 anos de interdição de uma massa da população a ter acesso a se expressar politicamente. Nessa massa, de analfabetos, vamos ter fundamentalmente negros. Toda vez que analiso dados, encontro, sempre, um diferencial entre brancos e negros que vai além da questão de diferença de renda. Como outros pesquisadores, atribuo esse diferencial, entre pessoas com a mesma renda familiar, da mesma região, com a mesma idade, às diferenças de raça. Quando falamos de racismo, isso não é relativo exclusivamente ao preconceito racial, mas de um racismo institucional; e não de um racismo só de hoje, mas também de um racismo que se instaurou historicamente e que está sendo sustentado, porque há poucas políticas, de fato, para combater o racismo.
Cezar Santos — Como explicar o fato de que um negro, Machado de Assis, seja considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos e o fundador da Academia Brasileira de Letras?
Existe a teoria dos alpinistas sociais, aqueles que conseguem furar barreiras, aqueles que rompem obstáculos, pessoas brilhantes, são gênios. Mas isso não significa que não haja racismo no Brasil.
Cezar Santos — Mas, então, não cairíamos na questão do mérito pessoal?
De forma alguma. Pergunto a você: quantos Pelés brancos existem no Brasil? As crianças jogavam futebol onde queriam no Brasil e pôde aparecer um Pelé. O que queremos, com a questão das ações afirmativas, é que haja Pelés no plano intelectual, acadêmico e político. Outro exemplo, em relação à questão que você mesmo citou: hoje temos uma presidenta da República no poder. A condição de vida das mulheres se resolveu neste País por causa disso? Pense se uma mulher tem condições de sair sozinha à meia-noite em um bairro de classe média, como é o meu em São Paulo. Eu não saio. É a mesma lógica em relação a Machado de Assis, há algumas circunstâncias muito especiais que favorecem um fato. Outro caso a citar é o do ex-presidente Lula, que tem um passado de família pobre, retirante nordestino, operário. Por causa dele podemos dizer que não há miséria no País e que todos os pobres conseguiriam ser presidente da República? Não. Então, por que para a questão do negro sempre há esse exemplo e para outras categorias sociais isso não acontece?
Déborah Gouthier — A sra. aconselharia as crianças a ler Monteiro Lobato?
Não é uma questão de aconselhar ou não. A questão é: a escola brasileira pública, que usa recursos do Programa Nacional do Livro Didático, pode comprar e distribuir qualquer coisa? Para meus filhos eu dou o que eu quero e não quero ninguém dizendo o que quero dar ou não. Reorientando a pergunta de acordo com o debate que aconteceu, eu diria: o governo brasileiro, que compra e distribui livros gratuitamente com nosso dinheiro, pode comprar e distribuir nas escolas qualquer tipo de literatura sem nenhum controle social? No caso do livro de Monteiro Lobato ["Caçadas de Pedrinho", que causou polêmica recentemente por considerarem que continha termos racistas], o que houve foi o controle social de um pai negro, cuja questão foi posta ao Conselho Nacional de Educação, que, por sua vez, deu uma resposta interessantíssima e que já estava sendo dada em outras áreas, como a do meio ambiente: continue-se a distribuir o livro, mas com um comentário, que eu já havia sugerido, de forma muito mais radical, quando fazia pesquisas sobre livros didáticos e questões racistas e sexistas — que aquelas expressões de Monteiro Lobato tinham sido escritas em outro tempo histórico e que hoje elas podem ser consideradas racistas.
Cezar Santos — Um comentário que contextualiza o livro.
Exatamente. E um comentário que ajuda a discutir a obra, mas sobre o qual a mídia caiu em cima, como se houvesse uma censura à obra.
Cezar Santos — Mas, então, a sra. daria um livro de Lobato a seus filhos?
Sim, eu dei a eles o que eles quiseram ler. Não tive nenhum problema com relação a isso. Fiz análise de Monteiro Lobato, meu começo de trabalho de pesquisa foi sobre literatura infanto-juvenil e livros didáticos. Se olharmos bem as expressões dos livros dele — falo das obras, não dele —, vemos que ele chama, por exemplo, Tia Nastácia de "macaca". Quer dizer, é uma figura característica da época dele, mas que hoje não se aceita mais. Quando comecei a fazer pesquisa sobre isso, verifiquei o sexismo nos livros brasileiros, algo que vai de mãos dadas com o racismo. Basta olhar para trás como se aprendia na escola. Se eu fosse do governo brasileiro, poria, na contracapa do livro didático — como se coloca hoje nas carteiras de cigarro, junto àquelas fotos chocantes, a expressão "Este produto faz mal à saúde" — algo como "Atenção professores, famílias e leitores: este material pode conter informações ou deformações da vida social e política". Fiz essa sugestão há 20, 30 anos, porque é um fato! (enfática) Naquela época, vocês não imaginam como pintavam a sexualidade, por exemplo, nos livros das editoras católicas. Em um livro desses, uma moça adolescente saiu com um rapaz, transou, ficou grávida e o rapaz não a quis. O que ela fez? Suicidou-se. Eu chamei isso de "pedagogia do terror". Então, não é porque é o Monteiro Lobato ou é isso ou aquilo que se está acima do bem e do mal. A literatura didática, transmitida na escola, é um pouco defasada em relação aos tempos sociais das crianças. Mas Lobato é imexível para determinadas pessoas no Brasil, como possivelmente Machado de Assis.
Cezar Santos — O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) não é uma formulação avançada demais para a realidade brasileira? O que fica como questionamento é que parece que o País não tem estrutura para atendê-lo.
Não sou defensora irrestrita do ECA nem da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, mas não pelas razões que são colocadas habitualmente. Há uma defasagem entre a lei e a realidade. Em relação ao que a Cons-tituição de 88 nos prometeu, ainda é necessário implementar algumas coisas. Por exemplo, a igualdade de condições entre homens e mulheres. Temos 120 de história republicana e 70 anos de Ministério da Educação e só houve uma mulher no cargo, que foi Ester Figueiredo, no governo de João Figueiredo [1979-1985]. Por que há essa defasagem? Um dos motivos é que as negociações para encaminhamento das leis omitem contradições e dissensões. Se pesquisarmos os debates da Assembleia Nacional Cons-tituinte, poderemos, com uma lupa dos anos 2000, que as dissensões estavam lá. Mas como queríamos uma palavra de ordem mais unitária, não prestamos atenção nessas dissensões. Pude revisitar os debates da Constituinte em relação às questões da infância. No que diz respeito ao artigo 227 — que vai originar o ECA —, encontro duas posições: uma absolutamente assistencialista e outra de vanguarda, que será vitoriosa na Convenção sobre os Direitos da Criança, segundo a qual a criança é um sujeito de direitos também. Nenhum partido político brasileiro tem, em sua agenda, uma questão específica sobre a infância. Então, como é que o ECA foi aprovado? Ou seja, há uma defasagem muito grande também porque, em relação à legislação, as pessoas atuam mais no plano discursivo do que no plano de prática social. É mais fácil chegar a um acordo negociado na discussão do que na implementação das políticas, quando será preciso, de fato, dos recursos. Ressalto que não estou jogando a Constituição fora; pelo contrário, foi ela que abriu e garantiu as liberdades democráticas neste País. Vivi bem o regime de exceção e digo: ditadura, nunca mais.
Cezar Santos — Mas há exageros evidentes na Constituição, que causam ilusão na cabeça das pessoas. Por exemplo, o direito à moradia está garantido por lei.
A Constituição, o ECA, a Convenção, tudo isso dão um norte e permitem que se lute por aquilo. É uma pena, realmente, que seu conteúdo ainda não tenha sido implementado na prática. Toda a legislação— seja nacional ou internacional, constitucional ou infraconstitucional — ocorre em um contexto político, no qual se têm vários embates. Então, o ECA não é só uma legislação infraconstitucional para crianças e adolescentes; é algo que tem uma parte de diálogo com a dimensão internacional do País. A Constituição e o ECA estão muito colados na Convenção. E quem deu o norte para a Convenção? A guerra fria, o embate entre o Ocidente e o Leste europeu, os primeiros sustentando os direitos civis e os últimos, os direitos sociais. Durante o debate do ECA, havia atores que se digladiavam para conseguir determinadas posições políticas: havia os antigos juízes de menores, interesses latino-americanos muito influentes etc. O que houve no fim da década de 1980 foi tentar articular duas linhas de justiça de complexidade e, talvez, de impossibilidade de ajustamento, que foram a dimensão de proteção e a dimensão de liberdade. Passaram, no plano legal — no ECA, na Convenção e na Constituição —, duas perspectivas que vêm de histórias diferentes e que têm implicações diferentes: os "direitos de" e os "direitos a" — "de" proteção e "à" liberdade. Ora, ao colocar os direitos à liberdade da criança e do adolescente em uma sociedade adultocêntrica e tão desigual quanto a brasileira, a perspectiva de transformação dos direitos em práticas é muito complicada. Como eu, criança, posso exercer o direito à participação social se eu não tenho acesso, em meu bairro, a nenhum equipamento cultural?
Cezar Santos — Como estudiosa da área, o que a sra. apontaria como mais problemático na educação brasileira?
O mais problemático na educação brasileira é seu caráter não democrático, que se manifesta em dois planos: o do acesso e permanência e o da qualidade. Há segmentos sociais que são discriminados — seja por região, local de moradia, por idade, raça, etnia, etc. As desigualdades sociais são observadas na educação e esses segmentos sociais têm menos acesso e menor possibilidade de permanecer e ter sucesso e usufruem de uma educação de pior qualidade. Dessa forma, não vejo possibilidade de melhoria da qualidade da educação sem ampliação dos recursos orçamentários, sem valorização do magistério de forma muito intensa e sem uma valorização mais geral da educação por outros setores que não só os educacionais. Para o sistema educacional melhorar, é necessário que a educação da população, no geral, também esteja melhor. Se a educação da população no geral não melhora, o debate sobre a educação será sempre muito rasteiro e as exigências e metas políticas de melhoria serão também muito rasteiras. Para isso, é preciso também ampliar o orçamento.

leia também:

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Por uma Cultura Viva sem Fronteiras

Apresentação
Assim como a terra, a água, o ar, o sol, a lua e o universo são as fontes elementares de toda a vida, a cultura é fonte de encantamento, contemplação e respeito a toda a energia que brota nos mais diversos níveis e esferas das experiências, dos aprendizados e das reinvenções vivenciadas em comunidade.
A Cúpula dos Povos tem por objetivo alertar o planeta sobre os riscos sinalizados no processo da Rio+20, questionando os limites de compreensão dos líderes políticos e a cegueira do sistema capitalista acerca das crises que precisamos enfrentar neste início de século XXI, bem mais profundas do que a chamada “economia verde” seja capaz de resolver.
Nesse contexto, comunidades tradicionais, povos de terreiros, povos indígenas, griôs, quilombolas, pontos de cultura, agentes e ativistas culturais se organizam para a realização da I Semana de Cultura, Cidadania e Ecologia dos Povos Tradicionais de Terreiro na Cúpula dos Povos – Por uma Cultura Viva sem Fronteiras, espaço autogestionário que abrigará uma série de atividades, a exemplo da I Conferência Livre Internacional – Campanha Continental Cultura Viva Comunitaria. Será também espaço de convergência e aglutinação de um amplo Movimento Social da Cultura que se organiza hoje através de diversas redes culturais nacionais e internacionais.
Compreendendo a importância da cultura para pensarmos um novo modelo de envolvimento sustentável de maneira profunda, estrutural e orgânica, o encontro será um espaço aberto para vivenciar, visibilizar, celebrar, apresentar caminhos, trocar saberes, fazeres e tecnologias, intensificar diálogos e propor soluções simples, viáveis e eficientes – muitas das quais são praticadas há séculos pelas comunidades tradicionais – oferecendo assim, conhecimentos e práticas reais para a construção de uma sociedade global baseada na justiça social e no equilíbrio ambiental.

PROGRAMAÇÃO
15 de junho – sexta
Reunião Mundial dos Povos de Terreiro
12:00H – Recepção
14:00hs – Roda de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e Povos das Florestas
14:30hs – Ecologia e Cultura dos Povos Tradicionais de Terreiros
Roda de Convivência
Aderbal Ashogun, Mãe Beata de Yemonjá, Mãe Torody, Mãe Lúcia de Oyá, Pai Zezito, Ekede Cinha, Mãe Meninazinha, Mametu Mabegy, Gilberto Leal, Pai Marcos, Chuchuca, Ekede Tia Lúcia, Carlos MinC e Márcia Rollemberg.
15:00hs – 17:30 – Oficina – Práticas Religiosas em Áreas Protegidas Carta do Rio (Proposta de documento a ser tirado no final da semana)
Oficineiros
Laraf Moutinho, Frederico Loureiro, Francisco Carrera, Denise Alves.
18:00hs – Programação de Cultura
Coral Iyún Asé Orin – Lucinha Pessoa
Grupo de Dança Ogan Caio
Grupo de Capoeira Angola- Moicanos
TAMBORZADA – Companhia Folclórica do Rio-UFRJ

16 de junho – sábado
9:30hs – Roda de acolhimento de cultura tradicional dos povos de terreiros
10:00hs – Ecologia dos povos tradicionais de terreiro e Saúde
Roda de convivência
Baba Diba, Mara Zélia, José Marmo, Sueli Conceição, Mametu Nangetu
11:30hs – Oficina Racismo Ambiental, Justiça Ambiental e Direito Ambiental
Robert Boullard, Francisco Carrera, Sérgio Ricardo, Diosmar Marcelino.
13:00hs – Almoço
14:00hs- Oficina INSTRUMENTOS RECICLADOS – INFANTIL RJ
15:00hs – Patrimônio de Matriz Africana / Identidade e Território
Oluségun Akinruli, Pai Paulo Pereira, Desire Tozzi, Américo Córdula, Aureanice Corrêa, Jô Brandão. Lideranças e mestres de comunidades tradicionais.
17:00hs- Os filhos de Odé, protetores da natureza- grupo de dança
18:00hs – Programação de Cultura
Teatro “O dia que a Mãe d’Água chorou” – Ydá/Carranca
Grupo de Canto e Dança dos orixas – Dolores/CETRAB
Jongo Congola- Bartira
RODA DE SAMBA RJ

17 de junho – Domingo
9:30hs – Roda de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e Povos da Florestas
10:00hs – Cultura de Matriz Africana uma Abordagem Afro-cêntrica/ Eco-afrocêntrismo
Professora Elisa Larkin – IPEAFRO.
10:00hs – Encontro da Red Latina Americana de Teatro Comunitário no Centro de Teatro do Oprimido
11:00hs – Juventude de terreiros uma conversa intergeracional Bartira Penha, Pai Rondinele, Milso Omiletó, Noan Moreira, Kitanji, Fábio Negão
13:00hs – Almoço
14:00hs –Soberania Alimentar Erradicação da Pobreza/Agroecologia Da Produção ao Consumo Sustentavél Raymundo Komanangy, Marcelo Monteiro, Kota Mulanji, Fetraf e Contag
15:00hs – Concentração Jongo Congola – Roda de capoeira – Gingando pela cultura
Cortejo dos povos tradicionais por um estado Laico / Interferência Urbana – Fumacê do Descarrego com Alexandre Vogler.
15:00hs – Ensaio da Marcha das Culturas do dia 20/06 – Local: Centro de Teatro do Oprimido
17:00hs – Chegada a Tenda Religões por Direitos
18:00hs – Programação de Cultura
QUILOMBO SP (filme)
RAP – RO

18 de junho – Segunda
9:30hs – Roda de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos da
Florestas
10:00hs – Roda de Convivência: Cultura Digital e Comunicação
Muniz Sodré, Haroldo Costa, Ricardo Ruiz, TC, Pablo Capilé, Ricardo Poppi ,
Renato Fabbri, Ivana Bentes, Zezinho Andrade, Dênis Rodrigues, Mãe Beth de Oxum.
Lideranças e mestres de comunidades de culturas tradicionais
12h-filme: Mãe Meninazinha da Oxum – Iyalorixá da Sociedade Civil e Religiosa do Ilê Omolu Oxum
14h – ABERTURA: Encontro Internacional Cultura Viva / Pontos de Cultura
Sem Fronteiras
Conferência Livre Internacional Cultura Viva
Rodas de dialogo, facilitada por articuladores da cultura viva nos mais diversos movimentos diversos movimentos culturais nacionais e internacionais.
Artistas, ativistas, educadores, mestres e aprendizes, dialogando sobre políticas culturais e cultura politica, no Brasil, na America Latina e no mundo
Convidados e provocadores
Celio Turino, Eduardo Balán, Davy Alexandrisky, Alexandre Santini, Bárbara Szaniecki Patricia Ferrraz, Pai Lula Dantas, Aderbal Ashogun, Leo Br, Marcelo das Histórias, José Maria Reis (Zehma), Gilson Máximo, Marjorie Botelho, Andrea Freire, Marcus Franchi, Geo Britto, Lucimar Weil, Marly Cuesta, Fabio Kossmann, Fred Maia, Fabio Carvalho, Maria Aparecida Tozatti, Rosângela Rocha, Marcio Bello, Cris Alves, Giuseppe Cocco, Stela Gianquito, Jorge Blandon, Ivan Nogalez, Adriano Mauriz, Reinaldo Santana, Enrique Espitia, Edwin Cubillos, Camilo Bogotá, Luvel García.
17:00hs – Programação Cultural
“O que tem dentro da semente?” Cia Malasartes
SHOWS MUSICAIS + POESIA com Rosa Helena e Músicos
18h – Percurso Cultura Viva: Recepção da Caravana Continental por La vida Manguinhos
- Complexo da Maré

19 de junho – terça
I CONFERÊNCIA LIVRE – CULTURA VIVA – CAMPANHA CONTINENTAL PELA CULTURA VIVA sem fronteiras
9:30hs – Roda de Acolhimento de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos da Florestas
10:00hs – Políticas Públicas para a Cultura – Sistema Nacional de Cultura, Lei Cultura Viva e Lei Griô, Agenda Legislativa,Cultura e Educação, Cultura e sustentabilidade, Cultura e Desenvolvimento
Marcia Rollemberg – Secretária de Cidadania Cultural do MinC
Jandira Feghali – Deputada Federal e Presidente da Frente Parlamentar de Cultura do Congresso Nacional.
Robson Leite – Deputado Estadual e Presidente da Frente Parlamentar de Cultura da ALERJ
Marcio Griô – Presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia/Coordenador da Ação Griô Nacional
José Maria Reis (Zehma) – Comissão Nacional dos Pontos de Cultura
Camilo Bogotá – Subdiretor de Práticas Culturais – Secretaria Distrital de Cultura, Recreação e Esporte de Bogotá
Lideranças dos Povos e Comunidades Tradicionais:
Mãe Meninazinha, (RJ) Chuchuca (BA), Gayacu Deusimar (RJ) Pedro Miranda (RJ)
13:00hs – Almoço Sexteto vocal Africanamente-Tania Amorim
14:00hs – Roda de Conversa : Campanha Continental Cultura Viva Comunitária
Atividade autogestionária de encerramento da Campanha Continental Cultura Viva Comunitária, promovida desde abril de 2012 pelas redes Plataforma Puente Cultura Viva Comiunitária, Rede Latinoamericana de Artes para a Transformação Social, Rede Latinoamericana de Teatro em Comunidade.
Facilitadores: Eduardo Balan (Argentina), Alexandre Santini (Brasil) Brasil
Célio Turino – Idealizador do Programa Cultura Viva
Adriano Mauriz – Pombas Urbanas
Reinaldo Santana – Entrou por uma Porta
Argentina
Stella Gianquito – Teatro Catalina Sur
Bolívia
Ivan Nogales. Teatro Trono-Compa – Coordenador Caravana por la Vida
Colômbia
Jorge Blandon. Corporación Cultural Nuestra Gente
Enrique Espitia DC Arte- Plataforma Puente Cultura Viva
Edwin Cubillos – Gestor de Cultura Viva Comunitaria – Secretaría Distrital
de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá
Cuba
Luvel Garcia – Joven IDEA – Plataforma Puente Cultura Viva Comunitária
18:00hs – Batida de Ponto: Interações Estéticas e Sonoras
Treme Terra Esculturas Sonoras (RJ) convida e recebe:
Mãe Beth de Oxum – Coco de Umbigada (PE)
Antônio Carlos (TC)- Casa de Cultura Tainã (SP)
Mestre Lumumba e Aprendizes.Br – Nina Griô (SP / RJ)
Fabio Carvalho – Manguerê (ES)
Márcio Bello – Tambores do Tocantins (TO)

20 de junho – quarta
9:30hs – Roda de Acolhimento de Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros
10h00 – Mobilização Global
Mãe Beata de Yemanjá e Wole Soiynka Mestre de Cerimonias das Culturas Tradicionais
14:00h – Marcha Mundial dos Povos (Candelária)
18:00hs – Programação Cultural Show Barravento
Grupo Cultural O Som das Comunidades : Entra na Roda.

21 de junho – quinta
09:30hs – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos da Florestas
10h – Dinamicas Glocais – Cultura, Cidade, território e modelos de desenvolvimento
Camilo Bogotá – subdirector de Prácticas Culturales – Secretaría Distrital
de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá
Edwin Cubillos – Gestor de Cultura Viva Comunitaria – Secretaría Distrital
de Cultura, Recreación y Deporte de Bogotá
Hamilton Faria – Instituto Pólis (SP)
Atílio Alencar – Casa FDE PoA
12:00h – Intevenção teatral: Centro de Teatro do Oprimido: Direito à Moradia
12:30h- Oficina Percussão da Maré
15:00h – Roda de Conversa – Artes Públicas e Direito à Cidade
Amir Hadad – Teatrólogo e Diretor do Grupo Tá Na Rua
Reimont Ottoni – Vereador e Presidente da Frente Parlamentar de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro
Giuseppe Cocco – Universidade Nômade/ UFRJ
Zeca Ligiéro- NEPAA/ UNIRIO

Programação Artística:
18:00 – TÁ NA RUA: ” Santo Antônio de Lisboa e a Sereia do Mar”
20:30 – Up with people

22 de junho – sexta
Kao, Xango!
09:30hs – Roda de acolhimento Cultura Tradicional dos Povos de Terreiros e povos da Florestas 10 a 12:00hs -Dança Palco Pequeno> Iara Cassano
13:00hs – Almoço
15:00hs – Assembleia Cultural dos Povos – Direitos Culturais – Cultura como Bem Comum

23 de junho – sábado
14:00hs – Reunião da Rede Nacional de Cultura Ambiental Afro-Brasileira.
Encaminhamentos, finalização de sistematização dos documentos.
20:00hs – Festa de Xango

ATIVIDADES PERMANENTES
Terreiros Digitais
Durante toda a cúpula, em formato de convivência imersiva, estaremos com atividades de mídia tática, multiplicando conhecimentos sobre as ferramentas usadas para edição e transmissão das informações geradas no próprio evento. Basta procurar outros participantes e perguntar a respeito.
O uso da internet através dos programas de chat (skype e IRC), o EtherPad como notação e organizador de evento, wikis e o uso estratégico dos blogs e mídias sociais são alguns dos temas propostos para a dinamização e o empoderamento dos participantes no debate e disseminação da cultura digital através da ancestralidade.

Rádio Stream Mojubá, Laroie, Exu!
TODOS OS DIAS, transmitindo amplexos radiofônicos emitidos por Terreiros de todo o Brasil.
Sempre às 18:00h (rádio) Conexão Oyá TOgun
Candomblé e Direitos Humanos

Espaço Xangô – Direito Sagrado:
Ouvidoria de crimes contra cultura e religião
Espaço de inscrição para eleição dos colegiados setoriais e do Conselho
Nacional de Políticas Culturais.

Mostra Audiovisual Zózimo Bulbul
Filmes e vídeos especialmente selecionados circulando pela programação

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO QUILOMBOLA...

Escolas em área remanescente de quilombos... com enfase e dados no RN...





Escolas em área remanescente de quilombos



Unidade da Federação
Quantidade de:

Matrículas
Docentes
Escolas

Rio Grande do Norte                        1.093                                    55                      17



Para elevar a qualidade da educação oferecida às comunidades quilombolas, o Ministério da Educação oferece, anualmente, apoio financeiro aos sistemas de ensino. Os recursos são destinados para a formação continuada de professores para áreas remanescentes de quilombos, ampliação e melhoria da rede física escolar e produção e aquisição de material didático.

Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a existência de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras já tituladas. 
Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81).

Estudos realizados sobre a situação dessas localidades demonstram que as unidades educacionais estão longe das residências dos alunos e as condições de estrutura são precárias, geralmente construídas de palha ou de pau-a-pique. Há escassez de água potável e as instalações sanitárias são inadequadas.
De acordo com o Censo Escolar de 2007, o Brasil tem aproximadamente 151 mil alunos matriculados em 1.253 escolas localizadas em áreas remanescentes de quilombos. Quase 75% destas matrículas estão concentradas na região Nordeste.

A maioria dos professores não é capacitada adequadamente e o número é insuficiente para atender à demanda. Em muitos casos, uma professora ministra aulas para turmas multisseriadas. Poucas comunidades têm unidade educacional com o ensino fundamental completo. Contatos: (61) 2104 9262 / 9183

Lista de Títulos e Materiais Publicados

Livro/Materiais
Kit A cor da cultura
(4 livros,  4 CDs, 1 jogo) – parceria com Fundação Roberto Marinho e SEPPIR




Tiragem
2000
Data da Edição
2006



Quilombos: espaço de resistência de homens e mulheres negras (livro do professor)
10.000
2006
Quilombos: espaço de resistência de homens e mulheres negras (livro do aluno)
15.000
2006
Orientações e Ações para a Educação das Relações  Étnico-Raciais
54.000
2006
Dimensões da inclusão no Ensino Médio: mercado de trabalho, religiosidade e educação quilombola (Volume  9  da Coleção Educação para Todos – Secad/MEC)
5.000
2006
Uma história do povo 
Kalunga – livro do professor
(2ª edição)
5.000
2006
Uma história do povo 
Kalunga – livro do aluno
(2ª edição)
5.000
2006
Yoté, o jogo da nossa história (livro do professor, livro do aluno e tabuleiro)
7.500
2008
Estórias Quilombolas
7.500
2008
Minas de Quilombos
-
No prelo
Calendário Meu Brasil Africano, Minha África Brasileira
5.400
2006
Calendário História e Cultura Afro-brasileira e Africana – Datas para conhecer e pesquisar
30.000
2006




Palavras-chave: Educação quilombola

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