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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O racismo velado, por Kabengele Munanga

O racismo velado, por Kabengele Munanga

Da Revista Fórum
O antropólogo fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país.
Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria
(A entrevista foi publicada na edição 77, de agosto de 2009)
Fórum - O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?
Kabengele - Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.
Depois, com o tempo, na academia, fiz disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976, já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo, inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia. Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.
A partir daí você começa a buscar uma explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?
Meus filhos estudaram em escola particular, Colégio Equipe, onde estudavam filhos de alguns colegas professores. Eu não ia buscá-los na escola, e quando saíam para tomar ônibus e voltar para casa com alguns colegas que eram brancos, eles eram os únicos a ser revistados. No entanto, a condição social era a mesma e estudavam no mesmo colégio. Por que só eles podiam ser suspeitos e revistados pela polícia? Essa situação eu não posso contar quantas vezes vi acontecer. Lembro que meu filho mais velho, que hoje é ator, quando comprou o primeiro carro dele, não sei quantas vezes ele foi parado pela polícia. Sempre apontando a arma para ele para mostrar o documento. Ele foi instruído para não discutir e dizer que os documentos estão no porta-luvas, senão podem pensar que ele vai sacar uma arma. Na realidade, era suspeito de ser ladrão do próprio carro que ele comprou com o trabalho dele. Meus filhos até hoje não saem de casa para atravessar a rua sem documento. São adultos e criaram esse hábito, porque até você provar que não é ladrão... A geografia do seu corpo não indica isso.
Então, essa coisa de pensar que a diferença é simplesmente social, é claro que o social acompanha, mas e a geografia do corpo? Isso aqui também vai junto com o social, não tem como separar as duas coisas. Fui com o tempo respondendo à questão, por meio da vivência, com o cotidiano e as coisas que aprendi na universidade, depoimentos de pessoas da população negra, e entendi que a democracia racial é um mito. Existe realmente um racismo no Brasil, diferenciado daquele praticado na África do Sul durante o regime do apartheid, diferente também do racismo praticado nos EUA, principalmente no Sul. Porque nosso racismo é, utilizando uma palavra bem conhecida, sutil. Ele é velado. Pelo fato de ser sutil e velado isso não quer dizer que faça menos vítimas do que aquele que é aberto. Faz vítimas de qualquer maneira.
Revista Fórum - Quando você tem um sistema como o sul-africano ou um sistema de restrição de direitos como houve nos EUA, o inimigo está claro. No caso brasileiro é mais difícil combatê-lo...
Kabengele - Claro, é mais difícil. Porque você não identifica seu opressor. Nos EUA era mais fácil porque começava pelas leis. A primeira reivindicação: o fim das leis racistas. Depois, se luta para implementar políticas públicas que busquem a promoção da igualdade racial. Aqui é mais difícil, porque não tinha lei nem pra discriminar, nem pra proteger. As leis pra proteger estão na nova Constituição que diz que o racismo é um crime inafiançável. Antes disso tinha a lei Afonso Arinos, de 1951. De acordo com essa lei, a prática do racismo não era um crime, era uma contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para discriminar nem para proteger.
Revista Fórum - Aqui no Brasil há mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito da democracia racial?
Kabengele - Tem segmentos da população a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota. Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Senão não teria discriminação.
Em comparação com outros países do mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto. Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços, de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população brasileira.
Além do mais, o critério de cota no Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato. Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que se defende uma política de cotas.
O racismo é cotidiano na sociedade brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos conflitos, como os que aconteciam nos EUA.
Fórum - Que é o argumento do Demétrio Magnoli.
Kabengele - Isso é muito falso, porque já temos a experiência, alguns falam de mais de 70 universidades públicas, outros falam em 80. Já ouviu falar de conflitos raciais em algum lugar, linchamentos raciais? Não existe. É claro que houve manifestações numa universidade ou outra, umas pichações, "negro, volta pra senzala". Mas isso não se caracteriza como conflito racial. Isso é uma maneira de horrorizar a população, projetar conflitos que na realidade não vão existir.
Fórum - Agora o DEM entrou com uma ação no STF pedindo anulação das cotas. O que motiva um partido como o DEM, qual a conexão entre a ideologia de um partido ou um intelectual como o Magnoli e essa oposição ao sistema de cotas? Qual é a raiz dessa resistência?
Kabengele – Tenho a impressão que as posições ideológicas não são explícitas, são implícitas. A questão das cotas é uma questão política. Tem pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há racismo no país. E o argumento desse deputado do DEM é esse, de que não há racismo no Brasil, que a questão é simplesmente socioeconômica. É um ponto de vista refutável, porque nós temos provas de que há racismo no Brasil no cotidiano. O que essas pessoas querem? Status quo. A ideia de que o Brasil vive muito bem, não há problema com ele, que o problema é só com os pobres, que não podemos introduzir as cotas porque seria introduzir uma discriminação contra os brancos e pobres. Mas eles ignoram que os brancos e pobres também são beneficiados pelas cotas, e eles negam esse argumento automaticamente, deixam isso de lado.
Fórum – Mas isso não é um cinismo de parte desses atores políticos, já que eles são contra o sistema de cotas, mas também são contra o Bolsa-Família ou qualquer tipo de política compensatória no campo socioeconômico?
Kabengele - É interessante, porque um país que tem problemas sociais do tamanho do Brasil deveria buscar caminhos de mudança, de transformação da sociedade. Cada vez que se toca nas políticas concretas de mudança, vem um discurso. Mas você não resolve os problemas sociais somente com a retórica. Quanto tempo se fala da qualidade da escola pública? Estou aqui no Brasil há 34 anos. Desde que cheguei aqui, a escola pública mudou em algum lugar? Não, mas o discurso continua. "Ah, é só mudar a escola pública." Os mesmos que dizem isso colocam os seus filhos na escola particular e sabem que a escola pública é ruim. Poderiam eles, como autoridades, dar melhor exemplo e colocar os filhos deles em escola pública e lutar pelas leis, bom salário para os educadores, laboratórios, segurança. Mas a coisa só fica no nível da retórica.
E tem esse argumento legalista, "porque a cota é uma inconstitucionalidade, porque não há racismo no Brasil". Há juristas que dizem que a igualdade da qual fala a Constituição é uma igualdade formal, mas tem a igualdade material. É essa igualdade material que é visada pelas políticas de ação afirmativa. Não basta dizer que somos todos iguais. Isso é importante, mas você tem que dar os meios e isso se faz com as políticas públicas. Muitos disseram que as cotas nas universidades iriam atingir a excelência universitária. Está comprovado que os alunos cotistas tiveram um rendimento igual ou superior aos outros. Então a excelência não foi prejudicada. Aliás, é curioso falar de mérito como se nosso vestibular fosse exemplo de democracia e de mérito. Mérito significa simplesmente que você coloca como ponto de partida as pessoas no mesmo nível.
Quando as pessoas não são iguais, não se pode colocar no ponto de partida para concorrer igualmente. É como você pegar uma pessoa com um fusquinha e outro com um Mercedes, colocar na mesma linha de partida e ver qual o carro mais veloz. O aluno que vem da escola pública, da periferia, de péssima qualidade, e o aluno que vem de escola particular de boa qualidade, partindo do mesmo ponto, é claro que os que vêm de uma boa escola vão ter uma nota superior. Se um aluno que vem de um Pueri Domus, Liceu Pasteur, tira nota 8, esse que vem da periferia e tirou nota 5 teve uma caminhada muito longa. Essa nota 5 pode ser mais significativa do que a nota 7 ou 8. Dando oportunidade ao aluno, ele não vai decepcionar.
Foi isso que aconteceu, deram oportunidade. As cotas são aplicadas desde 2003. Nestes sete anos, quantos jovens beneficiados pelas cotas terminaram o curso universitário e quantos anos o Brasil levaria para formar o tanto de negros sem cotas? Talvez 20 ou mais. Isso são coisas concretas para as quais as pessoas fecham os olhos. No artigo do professor Demétrio Magnoli, ele me critica, mas não leu nada. Nem uma linha de meus livros. Simplesmente pegou o livro da Eneida de Almeida dos Santos, Mulato, negro não-negro e branco não-branco que pediu para eu fazer uma introdução, e desta introdução de três páginas ele tirou algumas frases e, a partir dessas frases, me acusa de ser um charlatão acadêmico, de professar o racismo científico abandonado há mais de um século e fazer parte de um projeto de racialização oficial do Brasil. Nunca leu nada do que eu escrevi.
A autora do livro é mestiça, psiquiatra e estuda a dificuldade que os mestiços entre branco e negro têm pra construir a sua identidade. Fiz a introdução mostrando que eles têm essa dificuldade justamente por causa de serem negros não-negros e brancos não-brancos. Isso prejudica o processo, mas no plano político, jurídico, eles não podem ficar ambivalentes. Eles têm que optar por uma identidade, têm que aceitar sua negritude, e não rejeitá-la. Com isso ele acha que eu estou professando a supressão dos mestiços no Brasil e que isso faz parte do projeto de racialização do brasileiro. Não tinha nada para me acusar, soube que estou defendendo as cotas, tirou três frases e fez a acusação dele no jornal.
Fórum - O senhor toca na questão do imaginário da democracia racial, mas as pessoas são formadas para aceitarem esse mito...
Kabengele - O racismo é uma ideologia. A ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação que nós recebemos é para poder reproduzi-la.
Há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos de comando. Como também tem os brancos que introjetaram isso e acham mesmo que são superiores por natureza. Mas para você lutar contra essa ideia não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir. Tem que educar também. A educação é um instrumento muito importante de mudança de mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos. O Florestan Fernandes dizia que um dos problemas dos brasileiros é o “preconceito de ter preconceito de ter preconceito”. O brasileiro nunca vai aceitar que é preconceituoso. Foi educado para não aceitar isso. Como se diz, na casa de enforcado não se fala de corda.
Quando você está diante do negro, dizem que tem que dizer que é moreno, porque se disser que é negro, ele vai se sentir ofendido. O que não quer dizer que ele não deve ser chamado de negro. Ele tem nome, tem identidade, mas quando se fala dele, pode dizer que é negro, não precisa branqueá-lo, torná-lo moreno. O brasileiro foi educado para se comportar assim, para não falar de corda na casa de enforcado. Quando você pega um brasileiro em flagrante de prática racista, ele não aceita, porque não foi educado para isso. Se fosse um americano, ele vai dizer: "Não vou alugar minha casa para um negro". No Brasil, vai dizer: "Olha, amigo, você chegou tarde, acabei de alugar". Porque a educação que o americano recebeu é pra assumir suas práticas racistas, pra ser uma coisa explícita.
Quando a Folha de S. Paulo fez aquela pesquisa de opinião em 1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe racismo no Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as mesmas pessoas: "você já discriminou alguém?". A maioria disse que não. Significa que há racismo, mas sem racistas. Ele está no ar... Como você vai combater isso? Muitas vezes o brasileiro chega a dizer ao negro que reage: "você que é complexado, o problema está na sua cabeça". Ele rejeita a culpa e coloca na própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é um crime perfeito, porque a própria vítima é que é responsável pelo seu racismo, quem comentou não tem nenhum problema.
Revista Fórum - O humorista Danilo Gentilli escreveu no Twitter uma piada a respeito do King Kong, comparando com um jogador de futebol que saía com loiras. Houve uma reação grande e a continuação dos argumentos dele para se justificar vai ao encontro disso que o senhor está falando. Ele dizia que racista era quem acusava ele, e citava a questão do orgulho negro como algo de quem é racista.
Kabengele - Faz parte desse imaginário. O que está por trás dessa ilustração de King Kong, que ele compara a um jogador de futebol que vai casar com uma loira, é a ideia de alguém que ascende na vida e vai procurar sua loira. Mas qual é o problema desse jogador de futebol? São pessoas vítimas do racismo que acham que agora ascenderam na vida e, para mostrar isso, têm que ter uma loira que era proibida quando eram pobres? Pode até ser uma explicação. Mas essa loira não é uma pessoa humana que pode dizer não ou sim e foi obrigada a ir com o King Kong por causa de dinheiro? Pode ser, quantos casamentos não são por dinheiro na nossa sociedade? A velha burguesia só se casa dentro da velha burguesia. Mas sempre tem pessoas que desobedecem as normas da sociedade.
Essas jovens brancas, loiras, também pulam a cerca de suas identidades pra casar com um negro jogador. Por que a corda só arrebenta do lado do jogador de futebol? No fundo, essas pessoas não querem que os negros casem com suas filhas. É uma forma de racismo. Estão praticando um preconceito que não respeita a vontade dessas mulheres nem essas pessoas que ascenderam na vida, numa sociedade onde o amor é algo sem fronteiras, e não teria tantos mestiços nessa sociedade. Com tudo o que aconteceu no campo de futebol com aquele jogador da Argentina que chamou o Grafite de macaco, com tudo o que acontece na Europa, esse humorista faz uma ilustração disso, ou é uma provocação ou quer reafirmar os preconceitos na nossa sociedade.
Fórum - É que no caso, o Danilo Gentili ainda justificou sua piada com um argumento muito simplório: "por que eu posso chamar um gordo de baleia e um negro de macaco", como se fosse a mesma coisa.
Kabengele - É interessante isso, porque tenho a impressão de que é um cara que não conhece a história e o orgulho negro tem uma história. São seres humanos que, pelo próprio processo de colonização, de escravidão, a essas pessoas foi negada sua humanidade. Para poder se recuperar, ele tem que assumir seu corpo como negro. Se olhar no espelho e se achar bonito ou se achar feio. É isso o orgulho negro. E faz parte do processo de se assumir como negro, assumir seu corpo que foi recusado. Se o humorista conhecesse isso, entenderia a história do orgulho negro. O branco não tem motivo para ter orgulho branco porque ele é vitorioso, está lá em cima. O outro que está lá em baixo que deve ter orgulho, que deve construir esse orgulho para poder se reerguer.
Fórum - O senhor tocou no caso do Grafite com o Desábato, e recentemente tivemos, no jogo da Libertadores entre Cruzeiro e Grêmio, o caso de um jogador que teria sido chamado de macaco por outro atleta. Em geral, as pessoas – jornalistas que comentaram, a diretoria gremista – argumentavam que no campo de futebol você pode falar qualquer coisa, e que se as pessoas fossem se importar com isso, não teria como ter jogo de futebol. Como você vê esse tipo de situação?
Kabengele - Isso é uma prova daquilo que falei, os brasileiros são educados para não assumir seus hábitos, seu racismo. Em outros países, não teria essa conversa de que no campo de futebol vale. O pessoal pune mesmo. Mas aqui, quando se trata do negro... Já ouviu caso contrário, de negro que chama branco de macaco? Quando aquele delegado prendeu o jogador argentino no caso do Grafite, todo mundo caiu em cima. Os técnicos, jornalistas, esportistas, todo mundo dizendo que é assim no futebol. Então a gente não pode educar o jogador de futebol, tudo é permitido? Quando há violência física, eles são punidos, mas isso aqui é uma violência também, uma violência simbólica. Por que a violência simbólica é aceita a violência física é punida?
Fórum - Como o senhor vê hoje a aplicação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas? Os professores, de um modo geral, estão preparados para lidar com a questão racial?
Kabengele - Essa lei já foi objeto de crítica das pessoas que acham que isso também seria uma racialização do Brasil. Pessoas que acham que, sendo a população brasileira uma população mestiça, não é preciso ensinar a cultura do negro, ensinar a história do negro ou da África. Temos uma única história, uma única cultura, que é uma cultura mestiça. Tem pessoas que vão nessa direção, pensam que isso é uma racialização da educação no Brasil.
Mas essa questão do ensino da diversidade na escola não é propriedade do Brasil. Todos os países do mundo lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão tratando da questão da diversidade na escola.
O Brasil deveria tratar dessa questão com mais força, porque é um país que nasceu do encontro das culturas, das civilizações. Os europeus chegaram, a população indígena – dona da terra – os africanos, depois a última onda imigratória é dos asiáticos. Então tudo isso faz parte das raízes formadoras do Brasil que devem fazer parte da formação do cidadão. Ora, se a gente olhar nosso sistema educativo, percebemos que a história do negro, da África, das populações indígenas não fazia parte da educação do brasileiro.
Nosso modelo de educação é eurocêntrico. Do ponto de vista da historiografia oficial, os portugueses chegaram na África, encontraram os africanos vendendo seus filhos, compraram e levaram para o Brasil. Não foi isso que aconteceu. A história da escravidão é uma história da violência. Quando se fala de contribuições, nunca se fala da África. Se se introduzir a história do outro de uma maneira positiva, isso ajuda.
É por isso que a educação, a introdução da história dele no Brasil, faz parte desse processo de construção do orgulho negro. Ele tem que saber que foi trazido e aqui contribuiu com o seu trabalho, trabalho escravizado, para construir as bases da economia colonial brasileira. Além do mais, houve a resistência, o negro não era um João-Bobo que simplesmente aceitou, senão a gente não teria rebeliões das senzalas, o Quilombo dos Palmares, que durou quase um século. São provas de resistência e de defesa da dignidade humana. São essas coisas que devem ser ensinadas. Isso faz parte do patrimônio histórico de todos os brasileiros. O branco e o negro têm que conhecer essa história porque é aí que vão poder respeitar os outros.
Voltando a sua pergunta, as dificuldades são de duas ordens. Em primeiro lugar, os educadores não têm formação para ensinar a diversidade. Estudaram em escolas de educação eurocêntrica, onde não se ensinava a história do negro, não estudaram história da África, como vão passar isso aos alunos? Além do mais, a África é um continente, com centenas de culturas e civilizações. São 54 países oficialmente. A primeira coisa é formar os educadores, orientar por onde começou a cultura negra no Brasil, por onde começa essa história. Depois dessa formação, com certo conteúdo, material didático de boa qualidade, que nada tem a ver com a historiografia oficial, o processo pode funcionar.
Fórum - Outra questão que se discute é sobre o negro nos espaços de poder. Não se veem negros como prefeitos, governadores. Como trabalhar contra isso?
Kabengele - O que é um país democrático? Um país democrático, no meu ponto de vista, é um país que reflete a sua diversidade na estrutura de poder. Nela, você vê mulheres ocupando cargos de responsabilidade, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, assim como no setor privado. E ainda os índios, que são os grandes discriminados pela sociedade. Isso seria um país democrático. O fato de você olhar a estrutura de poder e ver poucos negros ou quase não ver negros, não ver mulheres, não ver índios, isso significa que há alguma coisa que não foi feita nesse país. Como construção da democracia, a representatividade da diversidade não existe na estrutura de poder. Por quê?
Se você fizer um levantamento no campo jurídico, quantos desembargadores e juízes negros têm na sociedade brasileira? Se você for pras universidades públicas, quantos professores negros tem, começando por minha própria universidade? Esta universidade tem cerca de 5 mil professores. Quantos professores negros tem na USP? Nessa grande faculdade, que é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das maiores da USP junto com a Politécnica, tenho certeza de que na minha faculdade fui o primeiro negro a entrar como professor. Desde que entrei no Departamento de Antropologia, não entrou outro. Daqui três anos vou me aposentar. O professor Milton Santos, que era um grande professor, quase Nobel da Geografia, entrou no departamento, veio do exterior e eu já estava aqui. Em toda a USP, não sou capaz de passar de dez pessoas conhecidas. Pode ter mais, mas não chega a 50, exagerando. Se você for para as grandes universidades americanas, Harvard, Princeton, Standford, você vai encontrar mais negros professores do que no Brasil. Lá eles são mais racistas, ou eram mais racistas, mas como explicar tudo isso?
120 anos de abolição. Por que não houve uma certa mobilidade social para os negros chegarem lá? Há duas explicações: ou você diz que ele é geneticamente menos inteligente, o que seria uma explicação racista, ou encontra explicação na sociedade. Quer dizer que se bloqueou a sua mobilidade. E isso passa por questão de preconceito, de discriminação racial. Não há como explicar isso. Se você entender que os imigrantes japoneses chegaram, nós comemoramos 100 anos recentemente da sua vinda, eles tiveram uma certa mobilidade. Os coreanos também ocupam um lugar na sociedade. Mas os negros já estão a 120 anos da abolição. Então tem uma explicação. Daí a necessidade de se mudar o quadro. Ou nós mantemos o quadro, porque se não mudamos estamos racializando o Brasil, ou a gente mantém a situação para mostrar que não somos racistas. Porque a explicação é essa, se mexer, somos racistas e estamos racializando. Então vamos deixar as coisas do jeito que estão. Esse é o dilema da sociedade.
Revista Fórum – como o senhor vê o tratamento dado pela mídia à questão racial?
Kabengele - A imprensa faz parte da sociedade. Acho que esse discurso do mito da democracia racial é um discurso também que é absorvido por alguns membros da imprensa. Acho que há uma certa tendência na imprensa pelo fato de ser contra as políticas de ação afirmativa, sendo que também não são muito favoráveis a essa questão da obrigatoriedade do ensino da história do negro na escola.
Houve, no mês passado, a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Silêncio completo da imprensa brasileira. Não houve matérias sobre isso. Os grandes jornais da imprensa escrita não pautaram isso. O silêncio faz parte do dispositivo do racismo brasileiro. Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A segunda mata pelo silêncio. O silêncio é uma maneira de você matar a consciência de um povo. Porque se falar sobre isso abertamente, as pessoas vão buscar saber, se conscientizar, mas se ficar no silêncio a coisa morre por aí. Então acho que o silêncio da imprensa, no meu ponto de vista, passa por essa estratégia, é o não-dito.
Acabei de passar por uma experiência interessante. Saí da Conferência Nacional e fui para Barcelona, convidado por um grupo de brasileiros que pratica capoeira. Claro, receberam recursos do Ministério das Relações Exteriores, que pagou minha passagem e a estadia. Era uma reunião pequena de capoeiristas e fiz uma conferência sobre a cultura negra no Brasil. Saiu no El Pais, que é o jornal mais importante da Espanha, noticiou isso, uma coisa pequena. Uma conferência nacional deste tamanho aqui não se fala. É um contrassenso. O silêncio da imprensa não é um silêncio neutro, é um silêncio que indica uma certa orientação da questão racial. Tem que não dizer muita coisa e ficar calado. Amanhã não se fala mais, acabou.

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Kabengele Munanga: “A educação colabora para perpetuar racismo”...

publicado em 30 de dezembro de 2012 às 15:51

Kabengele Munanga: “A educação colabora para perpetuar racismo”

Professor Kabengele Munanga: Sem cotas raciais, as políticas universalistas não são capazes de diminuir o abismo entre negros e brancos no País. Foto: CartaCapital
por  Adriana Marcolini, em CartaCapital
Nascido no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo, em 1942, o professor de Antropologia da Universidade de São Paulo Kabengele Munanga aposentou-se em julho deste ano, após 32 anos dedicados à vida acadêmica. Defensor do sistema de cotas para negros nas universidades, Munanga é frequentemente convidado a debater o tema e a assessorar as instituições que planejam adotar o sistema. Nesta entrevista, o acadêmico aponta os avanços e erros cometidos pelo Brasil na tentativa de se tornar um país mais igualitário e democrático do ponto de vista racial.
CartaCapital: O senhor afirma que é difícil definir quem é negro no Brasil. Por quê?
Kabengele Munanga: Por causa do modelo racista brasileiro, muitos afrodescendentes têm dificuldade em se aceitar como negros. Muitas vezes, você encontra uma pessoa com todo o fenótipo africano, mas que se identifica como morena-escura. Os policiais sabem, no entanto, quem é negro. Os zeladores de prédios também.
CC: Quem não assume a descendência negra introjeta o racismo?
KM: Isso tem a ver com o que chamamos de alienação. Por causa da ideologia racista, da inferiorização do negro, há aqueles que alienaram sua personalidade negra e tentam buscar a salvação no branqueamento. Isso não significa que elas sejam racistas, mas que incorporaram a inferioridade e alienaram a sua natureza humana.
CC: O mito da democracia racial, construído por Gilberto Freyre e vários intelectuais da sua época, ainda está impregnado na sociedade brasileira?
KM: O mito já desmoronou, mas no imaginário coletivo a ideia de que nosso problema seja social, de classe socioeconômica, e não da cor da pele, faz com que ainda subsista. Isso é o que eu chamo de “inércia do mito da democracia racial”. Ele continua a ter força, apesar de não existir mais, porque o Brasil oficial também já admitiu ser um país racista. Para o brasileiro é, porém, uma vergonha aceitar o fato de que também somos racistas.
CC: O senhor observa alguma evolução nesse cenário?
KM: Houve grande melhora. O próprio fato de o Brasil oficial se assumir como país racista, claro, com suas peculiaridades, diferente do modelo racista norte-americano e sul-africano, já é um avanço. Quando cheguei aqui há 37 anos, não era fácil encontrar quem acompanhasse esse tema. Hoje, a questão do racismo é debatida na sociedade.
CC: O sistema de cotas deve ser combinado com a renda familiar?
KM: Sempre defendi as cotas na universidade tomando como ponto de partida os estudantes provenientes da escola pública, mas com uma cota definida para os afrodescendentes e outra para os brancos, ou seja, separadas. Por que proponho que sejam separadas? Porque o abismo entre negros e brancos é muito grande. Entre os brasileiros com diploma universitário, o porcentual de negros varia entre 2% e 3%. As políticas universalistas não são capazes de diminuir esse abismo.
CC: Somente os estudantes vindos da escola pública são incluídos nas cotas?
KM: Sim, com exceção da Universidade de Brasília (UnB). Lá, as cotas não diferenciam os que vêm da escola pública e os da particular. Porém, em todas as universidades o critério é uma porcentagem para os negros, outra para os brancos e outra para os indígenas, todos provenientes da escola pública. Dessa forma, os critérios se cruzam: o étnico e o socioeconômico. Tudo depende da composição demográfica do estado. Em Roraima, por exemplo, sugeri que se destinasse um porcentual maior para a população indígena, proporcional à demografia local.
CC: Quantas universidades adotaram o sistema de cotas no Brasil?
KM: Cerca de 80. É interessante observar que há muita resistência nas regiões Norte e Nordeste. Lá eles ainda acreditam que a questão seja apenas social.
CC: O sistema deve passar por avaliação para definir a sua renovação ou suspensão?
KM: Qualquer projeto social não deve ser por tempo indeterminado. No sistema em vigor, algumas universidades estabeleceram um período experimental de 10 anos, outras de 15. Posteriormente, vão avaliar se seguem adiante.
CC: Em sua opinião, por que a Universidade de São Paulo ainda não aprovou as cotas?
KM: A USP poderia ter sido a primeira universidade a debater o sistema, porque aqui se produziram os primeiros trabalhos intelectuais do Sudeste que revelaram o mito da democracia racial. Como é uma universidade elitista, ficou presa à questão de mérito e excelência. Não é oficial, mas está no discurso dos dirigentes. A outra refere-se à questão do mérito. Eles ainda acreditam que o vestibular tradicional seja um princípio democrático. De certo modo acredito que a Universidade de São Paulo ainda esteja presa ao mito da democracia racial. Entre as universidades paulistas, apenas a Federal de São Paulo adotou as cotas. A Unesp também está de fora.
CC: O racismo é uma ideologia. De que forma podemos desconstruí-la? Qual o papel da escola?
KM: Como todas as ideologias, o racismo se mantém porque as próprias vítimas aceitam. Elas o aceitam por meio da educação. É por isso que em todas as sociedades humanas a educação é monopólio do Estado. Falo da educação em sentido amplo, ou seja, aquela que começa no lar. A socialização começa na família. É assim que, enquanto ideologia, o racismo se mantém e reproduz. A educação colabora para a perpetuação do racismo.
CC: A escola brasileira está preparada combater o racismo?
KM: As leis 10.639 e 11.645 tornam obrigatório o ensino da cultura, da história, do negro e dos povos indígenas na sociedade brasileira. É o que chamamos de educação multicultural. As leis existem, mas há dificuldades para que funcionem. Primeiro é preciso formar os educadores, porque eles receberam uma educação eurocêntrica. A África e os povos indígenas eram deixados de lado. A história do negro no Brasil não terminou com a abolição dos escravos. Não é apenas de sofrimento, mas de contribuição para a sociedade.
CC: Uma estudante angolana foi assassinada recentemente em São Paulo, mas a mídia não deu a devida atenção. Por que isto acontece?
KM: A imprensa é um microcosmo da sociedade e ignora, ou finge ignorar, o racismo. Por isso, quando ocorre um fato desta natureza, não o julga devidamente. Mas a mídia brasileira também não dedica espaço para o continente africano

Lideranças de matriz africana divulgam texto orientador em plenária da III CONAPIR



Lideranças de matriz africana divulgam texto orientador em plenária da III CONAPIR


Histórico

Na construção desse processo democrático foram realizadas consultas e plenárias nacionais, que resultaram em duas Conferências Nacionais de Promoção da Igualdade Racial, a primeira no ano de 2005, com o tema “Estado e Sociedade: Promovendo a Igualdade Racial” e a segunda, em 2009, que teve como temário “Os Avanços, os Desafios e as Perspectivas da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial”. Ambas mobilizaram milhares de participantes nas etapas municipais, estaduais e nacional.
Se as primeiras conferências foram momentos de explicitar os anseios, expectativas e proposições de políticas públicas, esta terceira edição da CONAPIR tem como foco a avaliação dos avanços e desafios nas políticas de enfrentamento ao racismo e de promoção da igualdade com vistas a incidir nas estruturas que definem o modelo de desenvolvimento e avançar nos marcos da democracia no país.
Produzido coletivamente, o texto foi lido por Makota Valdina na abertura da Plenária Nacional dos Povos Tradicionais deMatriz Africana, ocorrida neste mês de julho como etapa da III Conferência de Igualdade Racial
Lideranças de matriz africana divulgam texto orientador em plenária da III CONAPIR
‘Povos Tradicionais de Matriz Africana’. Este é o título do texto apresentado por Makota Valdina na abertura da Plenária Nacional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, ocorrida nos dias 4 e 5 deste mês de julho, em Brasília-DF, como etapa da III Conferência Nacional de Igualdade Racial (III CONAPIR). Produzido coletivamente, o texto aborda conceitos construídos a partir do diálogo permanente promovido desde 2011 pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e que envolveram lideranças do segmento de todo país e de todas as matrizes.
A III CONAPIR será realizada de 5 a 7 de julho, em Brasília-DF, com o tema ‘Democracia e Desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo’.
Iniciada no Candomblé em 1975, Makota Valdina é confirmada para o cargo de Makota – assessora da Nengwa Nkisi (Mãe-de-Santo) no Terreiro Tanuri Junsara. Com a iniciação, recebe seu nome de origem africana, tornando-se a Makota ZIMEWAANGA.
Atualmente, ela é a conselheira ‘mor’ da Cidade de Salvador, convidada a avaliar e avalizar plataformas de governo, campanhas eleitorais e mandatos parlamentares, ou ONG’s e eventos em defesa das tradições de origem africana e do Meio Ambiente. É também chamada a orientar grupos do Movimento Negro e a sistematizar propostas educacionais que dêem conta da diversidade cultural da cidade.
Povos Tradicionais de Matriz Africana
Buscando uma estratégia para o diálogo sobre as políticas públicas para o segmento da população negra conhecido no Brasil como “afro-religiosos”, remetemos ao decreto 6040/2007, que estabelece a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais, cujas definições e objetivos respondem às pautas colocadas pelas lideranças dos chamados “terreiros”.
O artigo 3º, inciso I, do referido Decreto define como Povos e Comunidades Tradicionais os “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.
Em todo o território tradicional, incluindo os chamados “terreiros” ou “roças”, são vivenciados valores civilizatórios e tradições, incluindo a relação com o sagrado, mas não somente. Esse reducionismo das práticas tradicionais de matriz africana apenas a “religião”, nega a real dimensão histórica e cultural dos territórios negros constituídos no Brasil, e, ainda nos coloca diante de uma armadilha, a do Estado Laico, que na prática ainda está longe de ser real, mas o É quando está em “risco” a hegemonia cultural eurocêntrica no país.
Ademais, concordamos plenamente que o Estado deve SER LAICO, para toda e qualquer manifestação religiosa, garantindo sua liberdade de existir, mas não promovendo – a. Entretanto, é dever do Estado promover e valorizar as diversas tradições que formam o país.
Assim sendo, no processo de elaboração do I Plano de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de MatrizAfricana, no diálogo que mantivemos com o governo e outras lideranças de matriz africana, desde dezembro de 2011, algumas expressões e conceitos foram se materializando e estão presentes no documento. Seguem algumas:
Povos Tradicionais de Matriz Africana – referindo ao conjunto dos povos africanos para cá transladados, e às suas diversas variações e denominações originárias dos processos históricos diferenciados em cada parte do país, na relação com o meio ambiente e com os povos locais;
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana - Territórios ou Casas Tradicionais – constituídos pelos africanos e sua descendência no Brasil, no processo de insurgência e resistência ao escravismo e ao racismo, a partir da cosmovisão e ancestralidade africanas, e da relação desta com as populações locais e com o meio ambiente. Representam o contínuo civilizatório africano no Brasil, constituindo territórios próprios caracterizados pela vivência comunitária, pelo acolhimento e pela prestação de serviços à comunidade.
Autoridades Tradicionais de Matriz Africana – são os mais velhos, investidos da autoridade que a ancestralidade lhes confere;
Lideranças Tradicionais de Matriz Africana – demais lideranças constituídas dentro da hierarquia própria das casas tradicionais;
Intolerância Religiosa – expressão que não dá conta do grau de violência que incide sobre os territórios e tradições de matriz africana. Esta violência constitui a face mais perversa do racismo, por ser a negação de qualquer valoração positiva às tradições africanas, daí serem demonizadas e / ou reduzidas em sua dimensão real. Tolerância não é o que queremos, exigimos sim respeito, dignidade e liberdade para SER e EXISTIR;
Expressões Culturais de Matriz Africana – Trata-se das muitas manifestações culturais originárias das matrizes africanas trazidas para o Brasil: reizado, congada, moçambique, capoeira, maracatu, afoxé, blocos afro, dança afro, etc.

[TV TRIBUNA] Câncer de mama também afeta homens

Câncer de mama neles! - Crescimento de mamas preocupa...

Crescimento de mamas preocupa - Câncer de mama neles!

Isaac Ribeiro - repórter

Todos os anos, quando chega este mês, prédios são iluminados na cor rosa, botons na mesma cor são distribuídos. É o Outubro Rosa, campanha para chamar a atenção de todos para a importância de prevenção ao câncer de mama, modalidade dessa doença que mais acomete mulheres no mundo. De acordo com as projeções do Instituto Nacional de  Câncer (Inca),cerca de 55 mil novos casos devem ser registrados no Brasil ainda este ano, com a morte de 13 mil mulheres. Mas apesar dos dados aterrados e da gravidade do quadro, pouco se fala nos homens atingidos pelo problema. Sim, homens!

Apesar de ser pouco frequente, o câncer de mama masculino existe e atinge de 0,5% a 1% da totalidade de casos registrados em mulheres. Algo em torno de um homem para cada 100 diagnósticos femininos. A doença apresenta as mesmas características neles, desde surgimento, exames, diagnóstico e tratamento.

A idade mais propensa ao aparecimento da doença nos homens vai de 50 a 70 anos, mas vem sendo registrada uma queda na faixa etária atingida, devido ao aumento no uso de substâncias que alteram hormônios — como os suplementos alimentares bem populares, hoje, em academias, geralmente com excesso de proteínas e aminoácidos. Entre os principais fatores de risco para o câncer de mama estão  o uso de medicamentos para problemas na próstata, antidepressivos, tranquilizantes e até mesmo alguns remédios contra queda de cabelo, como exemplifica o mastologista Maciel Matias, da Liga Norte-Rio-Grandense contra o Câncer. Sem falar nos casos hereditários, o que representa menos de 10% nas mulheres, de acordo com o médico.

O câncer de mama pode se manifestar através de alterações, como vermelhidão na região das mamas, dor e excreção de líquidos pelo mamilo, caroços suspeitos.

Porém, há uma outra característica que pode levar à formação de tumores nos homens. É a chamada ginecomastia, perceptível em muitos jovens na puberdade. “Ela pode ser adiposa, quando tem só gordura; pode ser glandular, quando é totalmente constituída de glândulas, propriamente dita; e mista, que é o que ocorre na maioria das vezes”, comenta Maciel Matias. Drogas, princípio ativos de alguns medicamentos, também podem causar o crescimento das glândulas mamárias masculinas.

Para detectar o problema, também vale o auto-exame, semelhante ao indicado às mulheres. O médico sugere, porém, que o toque na região do peito e auréola seja feito na hora do banho, para que a mão deslize melhor e de forma mais sensível. A mamografia também é usada. Mas o certo é procurar um mastologista ao sinal de qualquer coisa estranha. 
Como ainda há muita desinformação sobre o câncer de mama em homens, é preciso estar atento aos fatores de risco, evitando situações e comportamentos que possam levar ao problema.
 O crescimento das glândulas mamárias masculinas, denominado ginecomastia, pode levar à formação de tumores benignos e malignos. E isso pode ser evitado.
Alex RégisO exame físico, a apalpação, é o método mais indicado para perceber qualquer alteração na mama. Já o tratamento para o câncer de mama masculino é igual ao femininoO exame físico, a apalpação, é o método mais indicado para perceber qualquer alteração na mama. Já o tratamento para o câncer de mama masculino é igual ao feminino

O que difere a glândula mamária feminina da masculina é que ela é involuída, atrofiada, neles. Mas existem algumas substâncias que podem estimulá-las a crescer novamente. E é preciso estar bastante alerta a possíveis consequências caso isso ocorra.

O mastologista Maciel Matias lembra que quando o menino está “virando homem” há uma fase de maturidade hormonal caracterizado por um discreto desenvolvimento das mamas, da mesma forma como os testículos ficam mais volumosos. Por volta dos 15/16 anos, a glândula involui e estaciona.

“Porém, existem algumas circunstâncias que ela continua crescendo. A grande maioria dela a gente chama idiopática; ou seja, não se descobre a causa naquele indivíduo — mas que tem, tem. O fato é que não se consegue descobrir”, comenta o mastologista.

A obesidade também pode gerar a ginecomastia, isso porque a gordura, e o colesterol nela presente, se transforma em substância de ação hormonal e passa a estimular as mamas novamente ao crescimento.“A ginecomastia pode ser adiposa, quando tem só gordura; pode ser glandular, quando é totalmente constituída de glândulas; e mista, que é o que ocorre na maioria das vezes”, completa Maciel Matias.
Culto ao corpo
Ironicamente, as academias, conhecidas como verdadeiros  supostos templos da beleza e da saúde, podem estar difundindo fatores de risco à ginecomastia entre os mais jovens. O problema não é a atividade física propriamente dita, mas a propagação do conceito de suplementação alimentar. Segundo o mastologista da Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer, os tais suplementos usados para desenvolver a massa muscular, na maioria das vezes, contém muita proteína, aminoácidos e substâncias hormonais; o que mexe com todo o metabolismo e com a parte hormonal.

“Isso é um perigo porque desenvolve a massa muscular, mas acaba influindo no fígado e no rim. Além de fazer a ginecomastia. A indicação é suspender o uso de todas essas substâncias e se a glândula continuar presente, é tratamento cirúrgico. Não adianta usar medicamentos”, indica o médico da Liga.

Mama versus próstata
É costume dizer que o homem pouco se preocupa com sua saúde. Apalpar-se então em busca de possíveis nódulos é ainda mais difícil. Mas o autoexame poderia ajudar muito para um diagnóstico precoce. “Se ele não tem o hábito de tocar em seus peitos, bota alguém para pegar! Se você está palpando, examinando, tomando banho, se ensaboando, e sente alguma coisa endurecida ali, tem que chamar atenção, porque não é para existir”, adverte Maciel Matias.

Mas ele acredita ser a próstata a maior preocupação dos homens, tanto que estatisticamente os problemas nessa região masculina e nas mamas das mulheres se equivalem. No Rio Grande do Norte, a projeção é de 529 novos casos de câncer de mama nas mulheres em 2013 — o que representa de um a três casos masculinos. “Enquanto que no Brasil se espera 52 mil casos de câncer de mama; de próstata é 50 ou 51 mil novos casos. Os dados estatísticos são praticamente iguais”, avalia o mastologista.      



Maciel Matias - mastologista

Como está a situação do câncer de mama em homens no Rio Grande do Norte?
No Estado não é diferente do  mundo todo: câncer de mama no homem representa de 0,5% a 1% de todos os casos. Este ano, no RN, a gente estima em torno de 529 novos casos de câncer de mama nas mulheres. E, consequentemente, se a gente sabe o índice nos homens, teremos, este ano, em torno de três casos. Isso é muito pouco diante da necessidade; porque o homem tem muito mais cuidado com a sua próstata do que com sua mama. Mas a faixa etária é em torno de 50 até 70 anos. Atinge mais os pacientes com idade mais avançada porque está muito associada ao desenvolvimento da glândula mamária no homem, na forma benigna, por várias situações, como uso de medicamentos ou estímulos hormonais. E aí pode surgir um tumor maligno e é exatamente do mesmo jeito na mulher. A forma é a mesma, os tipos são os mesmos, o tratamento é o mesmo, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, o tipo de tumor é exatamente igual.  

Autoexame e mamografia também detectam alterações na mama do homem?
O autoexame é importante. Ele deve se preocupar. Até porque existem situações que a gente muitas vezes não se preocupa em se palpar. Às vezes a gente nem se palpa no pescoço, na axila,  nem na região inguinal, nem no próprio abdome, consequentemente não se preocupa em palpar as mamas. É importante que a gente se conheça; é importante que a gente se observe; porque só assim você vai tentar notar o diferente em você. Como câncer é uma doença imprevisível, da qual ninguém sabe porque ela ocorre, a gente tem que ficar realmente alerta. Claro que não é para ficar apavorado. Porque hoje em dia, quando se fala em câncer, você imediatamente associa ao final de vida; o sujeito está para morrer... Não é assim! O exame principal no homem é  físico, apalpação. A mamografia não é um exame para ser feito na rotina como se faz com as mulheres. Não precisa. O médico vai orientar qual exame vai fazer; se é um ultrassom, se é uma mamografia, se é o exame físico. Vai depender de cada caso. 
Tanto a obesidade quanto os suplementos alimentares usados pelo pessoal de academia são fatores de risco também?
É verdade. São fatores que vão reestimular uma glândula que estaria atrofiada. Na obesidade sabe-se que a gordura periférica se transforma em substância de ação hormonal. O colesterol faz parte disso, estimula glândulas que estão paradas; tanto a mamária quanto a próstata. Além disso, o uso dessas substâncias, hoje, que estão em todas as academias, ou agregadas a ela, onde há um volume enorme de substâncias, não só hormonais, mas o excesso de proteínas, de aminoácidos, fazem com que o organismo mude o metabolismo e, consequentemente, o fígado fica saturado e não consegue metabolizar as substâncias que são carreadas para esses órgãos.    


FONTE: TRIBUNA DO NORTE

QUEREMOS O PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA PARA NATAL JÁ!!...

PARA NATAL E PRINCIPALMENTE PELOS ESTRAGULAMENTO PELA SUPER LOTAÇÃO DE VEICULOS PARTICULARES PELA RUA DE NOSSA NATAL POR UM TRANSPORTE PUBLICO DE MAIS QUALIDADE E MAIS OPÇOES , INCLUSIVE PELO USO ESTENDIDO DO TRANSPORTE METRO VIARIO, VLT, TREM DE CARGA E PASSAGEIROS NO RN, POR MAIS DUAS PONTES NA ZONA NORTE UMA QUE LEVA AO BALDO E OUTRA A CAP MOR GOUVEIA SAINDO DO REGOMOLEIRO, PELO TUNEL E VIADUTO DO GANCHO E DA ROTATORIA DO PARQUE DOS COQUEIROS ENTRE OUTRAS MAIS LINHAS E MAIS ACESSIBILIDADE NO TRANSPORTE PUBLICO DE NATAL E RN, INTEGRAÇÃO DA REGIAO METROPOLITANA JA....


WWW.MANDACARURN.BLOGSPOT.COM

QUEREMOS O PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA PARA NATAL JÁ!!

Toda pessoa que se junta a esta campanha aumenta nossa força de ação. Por favor, separe um minuto para compartilhar este link com todos que você conhece:

http://www.avaaz.org/po/petition/QUEREMOS_O_PLANO_DIRETOR_DE_MOBILIDADE_URBANA_PARA_NATAL_JA/?tOgHPab

Vamos fazer a mudança juntos,

Aqui está a petição para encaminhar para seus amigos:

QUEREMOS O PLANO DIRETOR DE MOBILIDADE URBANA PARA NATAL JÁ!

www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/File/.../24_Plano_Diretor.pd

Natal, a Capital do Rio Grande do Norte, é hoje o 2° destino mais visitado do Nordeste com um volume de mais 2.500.000 visitantes por ano.
Seu festival de belas praias, como Ponta Negra e Genipapu, suas dunas, lagoas e rios, encantam tanto turistas brasileiros, quanto estrangeiros.
Entretanto, a bela imagem da Cidade do Natal nunca esteve tão ameaçada, devido a ausência de um plano de mobilidade urbana que atenda as demandas necessárias para a qualidade de vida da população e dos seus visitantes. Sua infraestrutura de mobilidade urbana é precária, mal administrada e compromete o bem estar social de todos os que nela transitam, transgride a natureza, assim como afeta negativamente o desenvolvimento econômico
A construção de um sistema de transporte público e de mobilidade urbana em Natal é uma demanda histórica dos mais diversos movimentos populares da nossa cidade e deve ser compreendida na perspectiva de democratização dos serviços públicos para toda a nossa população e em especial para o seu destinatário final, o usuário.
Natal precisa construir uma autêntica política municipal de transporte publico, com princípios, diretrizes, ações e orçamento próprios, o que é muito diferente de um mero apanhado de políticas soltas que nem de longe podemos chamar de sistema de transporte publico. Defendemos políticas específicas e integradas, pensadas para hoje e o futuro.
Propomos a irrestrita participação popular como estratégia de consolidação da vontade popular no destino do nosso município.
Um novo sistema de transporte público deve ser pensado com a participação direta dos movimentos populares e integrar uma política maior, afinal, um projeto isolado não pode assegurar os direitos dos cidadãos. Mais do que um ato normativo e apresentado por entidade legitima, o processo de criação de um sistema de transporte público deve estabelecer relações democráticas com a população e contribuir para que a toda a população possa exercer o seu direito de ir e vir, exercício que por si só tem uma dimensão educativa e participativa.
Nesse sentido, a sociedade civil organizada do Rio Grande do Norte, vem alertar o Governo Federal sobre o equívoco embutido no financiamento das obras da Avenida Roberto Freire,
O projeto é caro, ineficaz, privilegia apenas o transporte individual em detrimento do coletivo e sofre descontinuidade porque não possui conectividade com a malha viária da cidade do Natal, fere mortalmente o Parque das Dunas e desrespeita a vontade popular.
Partindo da Constituição Federal de 1988, temos que qualquer alteração ou supressão em um espaço especial territorialmente protegido, como é o Parque das Dunas, só pode ocorrer através de lei e vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
O custo financeiro (inicial) da obra é de R$ 259.895.496,60 por menos de 04 km de rua. O financiamento, (PAC2) via Caixa Econômica Federal com recursos do FGTS e FAT, para o cidadão pagar. Endivida o Estado e bloqueia futuros investimentos de mobilidade.
Projetos do “Pró-Transporte na Zona Norte” de Natal, a reestruturação das vias públicas das zonas oeste e leste, as quais vêm sendo negligenciados há vários anos pelo mesmo Governo do Estado, são algumas ações que podem ilustrar como os recursos a serem dispendidos com a obra da Roberto Freire poderiam ser aproveitados realmente, em prol da qualidade de vida da população,
De uma forma geral, as obras de mobilidade planejadas para qualificar Natal como uma das sedes da Copa não estão articuladas por uma política de mobilidade urbana e transporte público, uma vez que Natal ainda carece dessa política, embora o Plano Diretor vigente, Lei Complementar nº 082/2007, tenha fixado o prazo de dois anos para sua implementação.
Ante a atitude antidemocrática do Governo do Estado, o Comitê Popular, a APAC, a Associação Potiguar dos Amigos da Natureza – ASPOAN, o Escritório Popular e várias outras entidades representativas da sociedade civil organizada, repudiaram o referido projeto, pelo sacrifício que, esse impõe à referida unidade de conservação, pelo fato dessa obra reverter benefícios insignificantes para a mobilidade urbana de Natal, considerando que, para os padrões locais, a referida avenida não apresenta os índices de saturação observados em vias mais solicitadas pelo trânsito e o transporte coletivo da cidade e pela forma autoritária que tal intervenção urbana está sendo imposto pelo Governo do Estado.
Precisamos aproveitar a oportunidade histórica que temos, para pensar em soluções de mobilidade de longo prazo, sustentáveis e inclusivas. Precisamos de um Plano Diretor de Mobilidade Urbana a ser elaborado com transparência e participação e que contemple essas possibilidades.
Embora os principais problemas relatados envolvam mais diretamente a atuação do ente estadual, responsável pelo projeto e municipal, responsável por seu licenciamento ambiental, torna-se imprescindível considerar a responsabilidade do ente federal que oferece o respaldo financeiro para a execução da intervenção em debate.

Entidades e organizações que assinam esta petição:
COMITÊ POPULAR COPA 2014 – NATAL
APAC-RN – Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da Copa
ASPOAN – Associação Potiguar Amigos da Natureza
ACIRN – Associação dos Ciclistas do Rio Grande do Norte
AMPA – Associação dos Moradores de Ponta Negra e Alagamar
ONG Baobá
FECEB – Federação dos Conselhos Comunitários e Entidades Beneficentes do RN
FECNAT - Federação Municipal de Entidades Comunitárias de Natal
SITOPARN – Sindicato dos Proprietários de Transportes Alternativos de Passageiros
Conselho Comunitário de Ponta Negra
Conselho Comunitário do Lagoa Nova
Conselho Comunitário de Mirassol
Conselho Comunitário de Pirangi
Associação Moradores de Serrambi
Conselho Comunitário do Pitimbu
Centro de Cultura da Vila de Ponta Negra
Movimento “A Via Costeira é Nossa”
Movimento Parque das Dunas
Fórum de Mobilidade Urbana da Zona Norte de Natal
Fórum de Mobilidade e Transporte da Zona Sul
Conselho Comunitário do Brasil Novo
Conselho Comunitário do Pajuçara
Conselho Comunitário Nossa Senhora da Apresentação
Conselho Comunitário Alto da Colina
Conselho Comunitário Santa Catarina
Conselho Comunitário do Aliança
Conselho Comunitário Conjunto Panatis
Conselho Comunitário Parque das Dunas
Instituto Sabino Gentili-ISG
REDE MANDACARU BRASIL /CENERAB RN

Natal(RN), 25 de Outubro de 2013.

http://www.avaaz.org/po/petition/QUEREMOS_O_PLANO_DIRETOR_DE_MOBILIDADE_URBANA_PARA_NATAL_JA/?tOgHPab

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