Nossa elas são tão especiais....
A vocação de ser benzedeira
Elas fazem parte da cultura popular. A maioria é de uma generosidade incrível. Por mais antiga que seja a tradição, as benzedeiras
Elas fazem parte da cultura popular. A maioria é de uma generosidade incrível. Por mais antiga que seja a tradição, as benzedeiras
se encontram mais vivas do que nunca. Basta ter vocação e força de vontade. Mesmo com a medicina avançada, muitas pessoas recorrem a elas para os diversos tipos de cura. Sejam os chás, a reza de água benta, “benza” para dor de cabeça, quebrante, picada de inseto, entre outros. Elas têm as respostas para as perguntas da medicina: as benzedeiras.
Para encontrá-las não há endereço. Basta perguntar nas ruas que logo alguém conhece ou já ouviu falar delas. Na maioria são velhas e simples. É olhando para o rosto e contando suas rugas que encontramos a idade delas. Quem acredita em benzedeira, jura que elas fazem milagres. Muitos criticam, outros pensam que é pura bobagem. Há ainda os que dizem que é “coisa de bruxaria”, mas ninguém se atreve a falar isso na frente delas.
No interior da cidade de Agudo, no estado do RS, vive a benzedeira Irena Katza Becker, 82 anos, viúva, mãe de um filho. Irena, nome complicado de pronunciar, mas fácil de se deixar levar pelos olhos claros que transmitem bem-estar. Benzedeira assumida com muito orgulho, Rena, como é mais conhecida, parou de benzer há dez anos, pois se considerava acima da idade. “Parei porque tinha que cuidar mais de mim”, disse Rena.
Os ensinamentos foram passados pelo avô quando Rena tinha apenas 10 anos. Muita nova, já sabia que nos benzimentos encontraria a cura para muitos males. “Benzo para dor de cabeça, mordida de aranha, quebrante”, explica Rena. Ela fala pouco. As palavras e os entendimentos se transmitem pela expressão do rosto. E que rosto. Que olhar. Um olhar profundo digno de uma benzedeira que cultivou sabedoria durante sua vida.
Não muito longe de Agudo, em Vila Rosa, interior de Restinga Seca, mora sozinha numa casa modesta, mas aconchegante, Dona Arcelina Ferreira Preste, 71 anos, conhecida por Lica. Natural de Sobradinho, há trinta anos veio para Restinga onde permanece até hoje. Além de benzedeira, Lica também é massoterapeuta. Ela diz: “Cuido mais da parte espiritual de Deus. Invoco em Deus por força do espiritualismo”.
Ser benzedeira, como Lica diz: “Tem que ter o dom da natureza”. Ela acrescenta: “Aprendi com meu pai que também benzia e até hoje sei olhando no olho, quem acredita ou não. Se não acredita, não ajuda”. Acreditar é um requisito importante para quem quer ser curado. Mais importante do que acreditar, é a fé. Lica esclarece: “Porque se tem fé o resultado aparece”.
Em relação a essa tradição que passa de geração para geração, Lica afirma, já com lágrimas no rosto: “Os velhos tão se indo, e os novos não se interessam. Isso é uma coisa que com o tempo vai terminar. Hoje tem tanta coisa ruim, olho grande, falsidade, e os benzimentos são apenas coisas boas”. Lica não cobra pelo benzimento. “Deus nunca cobrou para fazer o bem. Eu curo e quando a pessoa é curada, ela fica feliz e me dá um presente”.
Para não se sentir muito só, Lica cria galinhas nos fundos da casa. “Gosto de tratá-las e costumo conversar com elas”. E não pretende parar tão cedo de benzer. “Se depender da minha força de vontade vou benzer até os dias que Deus me permitir”.
O tempo ensinou muito a Lica, que é viúva, já perdeu uma filha e criou a neta. Na sala humilde, há vários porta-retratos de fotos da filha e neta que criou com muito orgulho. Simpática, adora conversar e relembrar os velhos tempos. Conta, com alegria, várias histórias sobre seus benzimentos. Ao fundo, na sala há apenas um retrato de Maria e Jesus. “É para dar sorte”. Além dos benzimentos, Lica gosta de tratar as pessoas anêmicas. Atende também aqueles que sofrem de nervos e faz vitaminas para crianças e adultos.
Se depender de Marisa Teresinha Machado Schiefelbein Bley, 36 anos, as benzedeiras vão continuar por algum tempo. Aprendeu a benzer com sua avó, aos 12 anos, e não se arrepende. “Achava interessante ela conseguir curar a dor, e então pedi a ela que me ensinasse”, comenta Marisa.
Antigamente, a relação das benzedeiras com a medicina mantinha conflitos mais acirrados. Hoje, porém, a situação já está mais branda. É o que esclarece o Dr. Mario Lutke: “Isso é uma crença que está presente na vida da humanidade há muito tempo. Anos atrás, lembro que os médicos criticavam muito o rito feito por elas. Eu não acredito, mas respeito. Isso vai da cabeça de cada pessoa”.
Frei Luis Carlos defende o trabalho que as benzedeiras realizam. “Existe muita fé nesse processo. Se fosse algo contra a palavra de Deus, mas não é. As benzedeiras, pra quem acredita, só ajudam”.
Benzer para curar. Esse ritual faz parte de um imaginário popular deste tempos imemoriais. Não importa o tempo, a classe social, a religião. Para quem acredita, a fé, muitas vezes, é mais importante que a ciência ou a razão. Mesmo com a idade avançada das benzedeiras, o amor em curar é mais forte e dispensa férias. As que já se ausentam do ato de benzer tem seus motivos particulares, a maioria é devido ao problema de saúde. As que continuam benzendo, fazem por vontade e amor. Sempre haverá quem critique e quem simpatize. Mas isso não importa. Falem mal ou bem, elas amam o que fazem."
Para encontrá-las não há endereço. Basta perguntar nas ruas que logo alguém conhece ou já ouviu falar delas. Na maioria são velhas e simples. É olhando para o rosto e contando suas rugas que encontramos a idade delas. Quem acredita em benzedeira, jura que elas fazem milagres. Muitos criticam, outros pensam que é pura bobagem. Há ainda os que dizem que é “coisa de bruxaria”, mas ninguém se atreve a falar isso na frente delas.
No interior da cidade de Agudo, no estado do RS, vive a benzedeira Irena Katza Becker, 82 anos, viúva, mãe de um filho. Irena, nome complicado de pronunciar, mas fácil de se deixar levar pelos olhos claros que transmitem bem-estar. Benzedeira assumida com muito orgulho, Rena, como é mais conhecida, parou de benzer há dez anos, pois se considerava acima da idade. “Parei porque tinha que cuidar mais de mim”, disse Rena.
Os ensinamentos foram passados pelo avô quando Rena tinha apenas 10 anos. Muita nova, já sabia que nos benzimentos encontraria a cura para muitos males. “Benzo para dor de cabeça, mordida de aranha, quebrante”, explica Rena. Ela fala pouco. As palavras e os entendimentos se transmitem pela expressão do rosto. E que rosto. Que olhar. Um olhar profundo digno de uma benzedeira que cultivou sabedoria durante sua vida.
Não muito longe de Agudo, em Vila Rosa, interior de Restinga Seca, mora sozinha numa casa modesta, mas aconchegante, Dona Arcelina Ferreira Preste, 71 anos, conhecida por Lica. Natural de Sobradinho, há trinta anos veio para Restinga onde permanece até hoje. Além de benzedeira, Lica também é massoterapeuta. Ela diz: “Cuido mais da parte espiritual de Deus. Invoco em Deus por força do espiritualismo”.
Ser benzedeira, como Lica diz: “Tem que ter o dom da natureza”. Ela acrescenta: “Aprendi com meu pai que também benzia e até hoje sei olhando no olho, quem acredita ou não. Se não acredita, não ajuda”. Acreditar é um requisito importante para quem quer ser curado. Mais importante do que acreditar, é a fé. Lica esclarece: “Porque se tem fé o resultado aparece”.
Em relação a essa tradição que passa de geração para geração, Lica afirma, já com lágrimas no rosto: “Os velhos tão se indo, e os novos não se interessam. Isso é uma coisa que com o tempo vai terminar. Hoje tem tanta coisa ruim, olho grande, falsidade, e os benzimentos são apenas coisas boas”. Lica não cobra pelo benzimento. “Deus nunca cobrou para fazer o bem. Eu curo e quando a pessoa é curada, ela fica feliz e me dá um presente”.
Para não se sentir muito só, Lica cria galinhas nos fundos da casa. “Gosto de tratá-las e costumo conversar com elas”. E não pretende parar tão cedo de benzer. “Se depender da minha força de vontade vou benzer até os dias que Deus me permitir”.
O tempo ensinou muito a Lica, que é viúva, já perdeu uma filha e criou a neta. Na sala humilde, há vários porta-retratos de fotos da filha e neta que criou com muito orgulho. Simpática, adora conversar e relembrar os velhos tempos. Conta, com alegria, várias histórias sobre seus benzimentos. Ao fundo, na sala há apenas um retrato de Maria e Jesus. “É para dar sorte”. Além dos benzimentos, Lica gosta de tratar as pessoas anêmicas. Atende também aqueles que sofrem de nervos e faz vitaminas para crianças e adultos.
Se depender de Marisa Teresinha Machado Schiefelbein Bley, 36 anos, as benzedeiras vão continuar por algum tempo. Aprendeu a benzer com sua avó, aos 12 anos, e não se arrepende. “Achava interessante ela conseguir curar a dor, e então pedi a ela que me ensinasse”, comenta Marisa.
Antigamente, a relação das benzedeiras com a medicina mantinha conflitos mais acirrados. Hoje, porém, a situação já está mais branda. É o que esclarece o Dr. Mario Lutke: “Isso é uma crença que está presente na vida da humanidade há muito tempo. Anos atrás, lembro que os médicos criticavam muito o rito feito por elas. Eu não acredito, mas respeito. Isso vai da cabeça de cada pessoa”.
Frei Luis Carlos defende o trabalho que as benzedeiras realizam. “Existe muita fé nesse processo. Se fosse algo contra a palavra de Deus, mas não é. As benzedeiras, pra quem acredita, só ajudam”.
Benzer para curar. Esse ritual faz parte de um imaginário popular deste tempos imemoriais. Não importa o tempo, a classe social, a religião. Para quem acredita, a fé, muitas vezes, é mais importante que a ciência ou a razão. Mesmo com a idade avançada das benzedeiras, o amor em curar é mais forte e dispensa férias. As que já se ausentam do ato de benzer tem seus motivos particulares, a maioria é devido ao problema de saúde. As que continuam benzendo, fazem por vontade e amor. Sempre haverá quem critique e quem simpatize. Mas isso não importa. Falem mal ou bem, elas amam o que fazem."
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