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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.


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ANTONIETA DE BARROS (1901-1952)
POR MARIA HELENA

 

ANTONIETA DE BARROS

CENA 1
 
ANTONIETA DE BARROS está diante do quadro negro, como se estivesse dando aula.

Antonieta
Toda ação precisa de um instrumento. O instrumento básico da vida é a instrução. Se educar é aprender a viver, é aprender a pensar. E nessa vida, não se enganem, só vive plenamente, o ser que pensa. Os outros se movem, tão somente.
Essas não são apenas palavras de uma professoras, são palavras de uma mulher que, desde cedo, aprendeu essa lição.

CENA 2

Antonieta
Nasci em 1901, de uma família humilde de Florianópolis. Meu pai morreu quando ainda era muito nova e minha mãe, uma lavadeira que não sabia ler e escrever, transformou nossa casa em uma pensão de estudantes para reforçar o orçamento. Foi com os eles que me alfabetizei.

Antonieta
(off)
Foi nessa época que percebi que, se quisesse ter uma vida melhor, tinha que estudar. Fiz a o primário e, em seguida ingressei na escola normal.

Antonieta
(off)
Na minha vizinhança, muitos eram os que não sabiam ler e escrever. Ser analfabeto é como ser cego para os códigos que regem nossa vida cotidiana, do itinerário do ônibus, a uma placa de direção.

Antonieta
(off)
Por isso, resolvi eu mesma me dar o meu primeiro emprego. Assim que me formei professora, fundei o Curso Antonieta de Barros, uma escola de alfabetização que funcionava na minha própria casa. Mantive o curso durante toda a minha vida, mesmo quando também dava aulas nas escolas regulamentadas.

Antonieta
(off)
Também me envolvi com o jornalismo e publiquei um livro, “Farrapos de Idéias”, que assinei sob o pseudônimo de Maria da Ilha.

Antonieta
(off)
Educar também é criar políticas de educação. Por isso entrei para o Partido Liberal Catarinense e fui eleita deputada estadual em 1935. Fui não só a primeira mulher, como também a primeira negra na Assembléia de Santa Catarina. Sou Antonieta de Barros. Sou uma cidadã negra brasileira.

CENA 3

Maria Helena Pereira
“À margem da vida, que é luta, trabalho, conquista, existem os indiferentes”, disse Antonieta de Barros. E eu digo: sou MARIA HELENA PEREIRA. Sou uma cidadã negra brasileira.

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ntonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.

Em 1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido por ela até sua morte e fechado em 1964. Professora de Português e Literatura, Antonieta exerceu o magistério durante toda a sua vida, inclusive em cargos de direção. Foi professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou.Antonieta de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Eleita em 1934 pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Na ocasião, continuou lutando pela valorização do magistério: exigiu concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugeriu formas de escolhas de diretoras e defendeu a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos carentes.

Além da militância política, Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período, por meio de suas crônicas, ela veiculava suas idéias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, ela escreveria o livro Farrapos de Idéias, em 1937.

Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas idéias dentro de um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da população mais carente.

Antonieta faleceu no dia 18 de março de 1952.

INFORMAÇÕES RELACIONADAS

www.alesc.sc.gov.br
Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo, Selo Negro, 2004.

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