O jogo de búzios (èrindinlógun) é uma das artes divinatórias das Religiões Afro-brasileiras, que consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adoptam ao cair sobre ela. O adivinho, antes reza e saúda todos os Orixás e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que as divindades afectam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.
No Brasil os búzios (conchas pequenas de praia), (cawris na África eram usados como dinheiro, foi moeda corrente) são usados pelos Babalorixás e Iyalorixás para comunicação com os Orixás, como adorno em roupas dos Orixás e para confecção de alguns fio-de-contas. Também é usado em outras religiões afro-descendentes em vários países.
Merindinlogun é um dos muitos métodos divinatórios utilizado pelos Babalawos, Babalorixás e Iyalorixás que conta com 16 búzios. É um método diferente do jogo de búzios, pois nele ocorre a interpretação das caídas dos búzios de acordo com a mitologia iorubá.
No merindilogun, as caídas são dadas conforme a quantidade de búzios abertos e fechados resultante de cada arremesso. Para cada quantidade de búzios abertos e fechados, corresponde um Odù e como ocorre no Opele-Ifá, esse odù deve ser interpretado, transmitindo-se ao consulente tanto o significado da caída, quanto o que deve ser feito para solucionar o problema.
Cada odù indica diversas passagens da mitologia iorubá.
Odu é um conceito do orixa.
No sistema Ifá, que é o sistema de adicinhação iorubá, os 16 odus são os caminhos da vida. Cada pessoa tem o seu odu.
OS DEZESSEIS PRINCIPAIS ODU DE IFÁ
QUE SÃO MAIS USADOS NO CULTO
ÉJI ÓGBE
ÓYÉKÚ MÉJÍ
IWÓRÍ MÉJÍ
ODÍ MÉJÍ
ÓBÁRÁ MÉJÍ
ÓKÓNRÓN MÉJÍ
ÍRÓSÚN MÉJÍ
OWÓNRÍN MÉJÍ
ÓGÚNDÁ MÉJÍ
ÓSÁ MÉJÍ
OTURUPÓN MÉJÍ
IRÉTÉ MÉJÍ
ÓTURÁ MÉJÍ
ÓSÉ MÉJÍ
OFUN MÉJI
IKA MÉ
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Ogbè
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Oyeku
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Ìrosùn
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Oworin
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Obara
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Okaran
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Ògúndá
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Osa
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Ìká
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Òtúrúpîn
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Òtúrá
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Ìrëte
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Ika
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Òfún
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O que é EBO?
Palavra yorubana que significa oferenda. Dentro do culto aos Òrísà, quando necessário deverá ser feito um Ebo,
é assim que o babalawo dizdepois de consultar o jogo de Opele Ifa.
Através deste jogo o babalawo pode ver qual é o Odú que rege o consulente e que tipo deenergia está se manifestando no mesmo.
Tem pessoas que chegam até o babalawo com energia negativa superior a energia positiva, como sabemos, para que aja um equilíbrio perfeito temos que estar com a energia positiva equivalente a energia negativa.
Quando isto não ocorre, o consulente está em desarmonia em sua vida e é aí que entra o pedido do ebo pra equilibrar esta energia. Nos Ebos feitos no culto aosorisás são usados alguns materiais como: fava, ervas, pós e até mesmo eje (sangue) de um determinado animal.
Quando do oferecimento destes Ebos, são rezados alguns tipos de Àdurá, para que o òrísà escute o pedido do babalawo e receba o Ebo ali ofertado.
Ebo também é feito para agradecimento por graça alcançada pelos Òrísàs e é tão importante como o Ebo de pedido, pois de pedimos alguma coisa e recebemos a graça, temos a obrigação de agradecer, pois da próxima vez o Òrísà se lembrará disto.
Egungun é um culto muito importante entre os Yorubas. Eles são aqueles que os yorubas chamam de Ara-orun kinkin (o povo de céu). Os yorubas acreditam que os mortos devem ficar em forma de espírito entre o Orun (céu) e Aiye (terra).
Os Yorubás acreditam que existem duas formas de Egungun:
Egungun Ara Orun
Egungun Ara Aiye
Egungun Ara Orun:- É uma forma de Egungun que existe quando a pessoa morre no tempo certo e logo ele volta para orun na forma espírita enquanto o corpo é enterrado.
Este tipo de egun geralmente não perturba muito, ele volta para terra para ajudar a família quando necessário.
Quando este egungun segue dependente do estado do odu (destino) da pessoa é determinado se ele (egungun) conseguirá ou não ajudar a família.
Por exemplo: Se a pessoa não tem odu que transforma esta energia para boa, esta energia vai acabar. Se der resultado negativo, a pessoa precisará fazer ebó para egungun para transformar esta energia em boa.
Egungun Ara Aiye: São tipos de egungun que passaram pela morte antes do tempo estipulado pelo destino (odu), eles não ficam no orun (céu) ou aiye (terra), eles voam entre os dois e geralmente são eguns que incomodam, principalmente pessoas que são mortas repentinamente. Este tipo de Egungun é tão perigoso que até a família da vítima dele é perturbada.
Egungun Ara Aiye: São tipos de egungun que passaram pela morte antes do tempo estipulado pelo destino (odu), eles não ficam no orun (céu) ou aiye (terra), eles voam entre os dois e geralmente são eguns que incomodam, principalmente pessoas que são mortas repentinamente. Este tipo de Egungun é tão perigoso que até a família da vítima dele é perturbada.
O QUE É IYAMI OSORONGA?
Iyami Osoronga são entidades femininas que possuem algumas energias especiais tanto na forma positiva quanto na negativa.
Iyami Osoronga é uma convicção, freqüentemente herdada, e às vezes adquirida por atributos orgânicos de uma pessoa. Este atributo faz com que a pessoa tenha poderes que podem prejudicar ou ajudar outros, a uma distância e através de meios de descuido. Mais adiante, a mesma convicção é que uma pessoa pode ter este poder, mas desde que ele não sinta motivos hostis contra outros, permanece dormente e não os afeta. Inveja, fúria, ódio, malícia são os tipos de sentimentos viciosos em que se fixam o poder de bruxaria, se a pessoa possuí-los isto deverá ser trabalhado.
Acredita-se que uma pessoa pode ter este poder e não ter conhecimento disto, até que os sentimentos viciosos dela seja fixados para trabalhar contra os outros. Em alguns casos, bruxaria é a expressão de tensão ou o mecanismo de conflito entre duas pessoas. Então, bruxaria é um conflito de interesse entre o acusador em uma mão, e o acusado na outra.
Como dito anteriormente, os Yorubas acreditam que todos os destacamentos das coisas devem-se à própria essência delas. Para afetar uma pessoa ou situação, feiticeiros, herboristas, Babalawo, etc., extrai a essência por rituais.
ILÊ-IFÉ A ORIGEM DO MUNDO
A cidade de Ilê-Ifé é considerada pelos yorubas o lugar de origem de suas primeiras tribos. lfé é o berço de toda religião tradicional yoruba (a religião dos Òrìsà, o Candomblé do Brasil) ,é um lugar sagrado, onde os deuses ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização. Ilê-Ifé é o "Berço da Terra".
"Em um tempo onde os Deuses e Heróis andavam na terra com os Homens."
- OBA ÒRÁNGÚN DE ÌLÁ, UM DESCENDENTE DIRETO DE UM DOS SETE PRINCIPAIS FILHOS, DOS DEZESSEIS DE ODÙDUWÀ.
Olódùmarè
Olódùmarè o ser superior dos yorubas, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como Òrún, por isso Ele é também conhecido como Àjàlórún e Olórun "Senhor ou Rei do Òrún", que através dos Òrìsà por Ele criado, resolve incumbir um dos Òrìsà funfun (do branco), Òrínsànlá, (o grande Òrìsà) o primeiro a ser criado, também chamado de Òrìsà-nlá e de Obàtálá, de criar e governar o futuro Àiyé : a Terra, do nosso universo conhecido. Ele lhe entrega o Àpò-Iwá (a sacola da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, e é aclamado como Aláàbáláàse, "Senhor que tem o poder de sugerir e realizar". Como a tradição mandava, para todos, antes de iniciar a viagem ele foi consultar o oráculo de Ifá, com Òrúnmìlà, outro Òrìsà funfun, e este lhe orientou a fazer alguns sacrifícios a divindade Èsù, mas se ele já era orgulhoso e prepotente, mais ainda ficou, se recusou e nada fez, mas foi avisado que infortúnios poderiam ocorrer.
Òrìsànlá, de posse do Àpò-Iwá, põe-se a caminhar pelo Òrún, para chegar à "porta do espaço", até então um vazio, que viria a ser o Àiyé. Ele é o Òrìsà que usa um cajado ritual conhecida como òpásóró, durante o caminho, com muita sede, ele se defronta com o igi-òpé (árvore do dendêzeiro) e com o seu òpásóró, perfura o caule da árvore da qual começa a "jorrar o emu" (vinho de palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da palmeira e dorme profundamente. O infortúnio começa acontecer.
Odùduwà, outro Òrìsà funfun, o segundo criado por Olódùmarè, por conceito "irmão mais novo" de Òrìsànlá, ficou enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o Àpò-Iwá, e o estava seguindo pelos caminhos do Òrún, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùduwà, encontrando-o naquele estado, apodera-se do Àpò-Iwá e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato, Olódùmarè delega a Odùduwà o poder de criar o Àiyé e por punição incumbe a Òrìsànlá de somente criar e modelar os corpos dos seres humanos no Òrún, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de nunca mais beber o emu. Odùduwà, então, cumpre a tradição e faz as obrigações, para se tornar o progenitor dos Yorubas, do Mundo : Olófin Odùduwà, o futuro Àjàlàiyé.
Desde então a relação tempestuosa entre Odùduwà e Obàtálá se perpetuou, ora em disputas, discórdias, controvérsias e de outras formas, mas sempre munindo a eterna rivalidade.
ADÉ ARÉ ODÙDUWÀ - Oba Óòni Ifé
- Suposta relíquia de Odùduwà, seria um ou seu Ade de Óònì de Ifé, aqui sem Aré propriamente dito (ler abaixo). –
- O Are propriamente dito. –
(acima)Este é o Ade principal do Óònì de Ifé, fotos acima, guardado em uma sala especial do Palácio Real de Ifé. O Are era originalmente somente a parte mais externa da coroa que dizem foi usada por Odùduwà, o Are é passada de um Óònì para o outro e nunca deve ser substituído, as outras partes podem ser escolhidas livremente por cada um. O Aré se tornou o próprio nome da coroa : Adé Aré. –
- Óònì de Ilê-Ifé : Oba Adésojí Adérèmí, Atóbatélè I (02/09/1930-80), nascido em 15/11/1889, no clã (egbe) Akui, da Familia Real de Lajodogun. Usando o Ade Are das fotos acima.
Ade Olójúmérìndilógún, é a coroa possuidora de 16 faces, que para alguns, faz alusão aos possíveis 16 filhos de Odùduwà. Pode se ver o Oba Owá usando este tipo de ade. -
A FORMAÇÃO DA NAÇÃO YORUBA
À partir de alguns dos filhos e/ou netos de Olófin Odùduwà, Óònì de Ilê-Ifé, Oba dos Ifé e Bàbánláàwa dos Yoruba :
Uma Princesa, de nome desconhecido : filha ou neta de Odùduwà, que casou-se com um sacerdote, e foi mãe de Ajíbósìn, que se tornou o Olówu de Òwu. Ou não foi uma princesa e sim uma das esposas de Odùduwà : Omìtótó-Òsé, que foi a mãe de Ajíbósìn.
Sopasan : Alákétu de Kétu, filho de Odùduwà com Omonide, uma de suas esposas; ou foi filho de uma princesa, filha ou neta de Odùduwà, de nome desconhecido, ou, que se chamava Oluwunku, que se casou com Paluku e foram então os pais de Sopasan, o qual fundou, num vale do monte Òkè-Oyan, a primeira cidade dos Kétu, que se chamou Arò-Kétu. O sétimo Alákétu o Oba Ede, transferiu sua corte da então capital do reino, Arò-Kétu para uma que fundou, à atual cidade de Kétu, hoje na República do Benin.
Ajagunlà : Òrángún de Ìlá.
Nome desconhecido : Onisabe, Reino dos Save, hoje na República do Benin.
Idekòséroàké também conhecido como Okànbí Odara : Onípòpó, Reino dos Pòpó, hoje na República do Benin.
Òrànmíyàn : Obaàbínín da cidade do Benin, destronando e o expulsando Ogìso, inicia a linhagem dos Oba no Benin, sua dinastia tem continuidade com Èwékà, seu filho com uma mulher do local, que o sucedeu após ele, Òrànmíyàn deixar a cidade.
Òrànmíyàn : Aláàfin dos Oyó, funda a cidade após a conquista da cidade do Benin. Oyó se tornou um grande Reino e mais tarde, um poderoso Império.
Àjàlekè : Aláké dos Ègbá.
Ajíbógun : Owá Obókun das terras de Ilesa - Ijesa.
Obàlùfan Aláyémore : Olùfan de Ifan .
Àjàpondà : Déji de Àkúré.
Olúgbórógan : Awùjalè das terras de Ìjèbu.
Obaràdà : Um Reino, hoje na República do Benin.
Onínàná : Um Reino, hoje na República de Gana.
Ogbè : Ajèro de Ìjero.
.......... : o clã dos Ido, das terras de Ègbádò, hoje parte destas cidades como Pobé, Saketé e Ajase ( Porto Novo) estão na República do Benin.
Soropàsán : .......... dos Ìgbómínà.
Odùduwà
Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà*, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun*; fato que ocorre antes da volta de Odùduwà para o Àiyé. *Anexos.
Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.
Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa, e Odùduwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião.
Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùduwà, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.
Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ògún e metade branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Odùduwà e Ògún, mas a principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido.
Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odùduwà*, ou com outras, teve ou já tinha mais seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maior ainda, enfim, alguns dos filhos destas esposas, geraram as linhagens dos Obas Yorubanos, uns foram os precursores de sete das principais tribos, ou mais, que deram origem à civilização dos yorubas, e religiosamente falando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà, os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dos Yorubas". *Anexo
Obàtálá (Òrìsànlá) ,que também já estava no Àiyé com sua comitiva, mas devido a grande rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda a cidade de Ìgbò e se torna o primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade polígama, Òrìsànlá é um caso raro de monogamia, pois a divindade Yemowo foi sua única esposa e não tiveram filhos.
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- Òpá Òrànmíyàn, em Ilê-Ifé, mais fotos e dados em Òrànmíyàn -
Òrànmíyàn
Após grandes vitórias, Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilê-Ifê, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes, menos Obàlùfan Ògbógbódirin. Odùduwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifé, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar seu pai, não volta mais a Ifé, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Oyó, tornando-se o primeiro Oba Aláàfin de Oyó.
Casado com Morèmi, uma bela mortal ,nativa de Òfà ,que se tornou mais tarde uma heroína em Ilê-Ifé, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas, onde havia sido derrotado, mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elémpe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elémpe entrega-lhe sua filha Torosí, para que se case com ele. Retornando a Oyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosí e com ela tem um filho, chamado de Sàngó, um mortal, nascido de uma mãe mortal e um pai semideus, portanto com ascendentes divinos por parte de pai.
Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Oyó torna-se um poderoso império, Òrànmíyàn, prestigiado e redimido de sua vergonha, volta para Ilê-Ifé, deixando em seu lugar, em Oyó, o príncipe coroado, seu filho Ajaká, que torna-se o segundo Aláàfin de Oyó.
Em uma de suas conquistas, a da cidade de Benin, anterior a fundação de Oyó, Òrànmíyàn termina com a dinastia de Ogìso, o então rei, expulsando-o e assumindo o trono, tornando-se o primeiro Obabínín, e inicia sua dinastia tendo um filho, chamado Èwékà, com uma mulher do local. Antes de deixar a cidade, ele torna Èwékà como seu sucessor no trono do Benin. (Atual cidade na Nigéria, antigo Reino do Benin, não confundir com a República do Benin, antigo país chamado Daomé.)
Durante sua longa ausência em Ilê-Ifé, Obàlùfan Ògbógbódirin ,seu irmão mais velho, se tornou o segundo Óòni de Ifé, após o reinado de Odùduwà. Quando Obàlùfan morreu, e ninguém sabia do paradeiro de Òrànmíyàn, o povo de Ifé aclamou Obàlùfan Aláyémore como sucessor direto de seu pai.
Quando Òrànmíyàn chega em Ifé, Obàlùfan Aláyémore já reinava como o terceiro Óòni de Ifé, mas com um fraco reinado. Enfurecido com o povo de Ifé que haviam aclamado Aláyémore, e que o tinham chamado para combater possíveis inimigos, o poderoso guerreiro colérico ,comete varias atrocidades e só para quando uma anciã grita desesperada que ele está destruindo seus "próprios filhos", o seu povo. Atônito, ele finca no chão seu asà (escudo) que imediatamente se transforma em uma enorme laje de pedra ,num lugar hoje chamado de "Ìta Alásà" ,e decide ir embora e nunca mais voltar à Ifé.
Quando rumava para fora dos arredores de Ifé ,em Mòpá, foi interceptado pelo povo que o saudavam como Óòni de Ifé e suplicavam por sua volta. Ele então satisfeito e envaidecido ,atende ao povo e finca no chão seu òpá (seu bastão de guerreiro) transformando-o em um monólito de granito (ver foto : Òpá Òrànmíyàn) selando assim o acordo com o povo e volta em uma procissão triunfante ao palácio de Ifé.
Sabendo disso, Obàlùfan Aláyémore abandona o palácio e se exila na cidade de Ìlárá. Òrànmíyàn ascende ao trono e se torna o 4ª Óòni de Ifé até sua morte. Obàlùfan Aláyémore, retorna do exílio e reassume como o 5ª Óòni de Ifé e reina deste vez, com sucesso até a sua morte.
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- Adé Òrìsà, tipo de coroa real tradicional, somente usada por alguns privilegiados reis que sejam descendentes de Odùduwà. -
Ajaká
O Aláàfin de Oyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico, apático e não realizava um bom governo.
Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas ( Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso. Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó.
Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Oyó, e não poderia mais usar a coroa real de Oyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e esta chama-se Ade Bayánni (ver fotos). Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó.
Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa. Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó.
Com Aganju, termina o primeiro período da formação dos povos yoruba e após seu reinado se dá inicio ao segundo período, o dos reis históricos. Vimos : "De Ifé até Oyó, de Odùduwà a Aganju, passando por Sàngó."
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- Adé Bayánni, tipo de coroa usada por Dadá Ajaká, durante seu exílio na cidade de Igboho. Veja este e outros ampliados em Bayánni -
Sàngó
O que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o que se fala de Sàngó, e a sua história nos Candomblés do Brasil, e de outros acima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em fatos irreais.
Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se suportavam, pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Dona do Mar, portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o Òrìsà Yemojá, "Senhora do rio Yemojá e do rio Ògùn", divindade de água doce, e muito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela atribuídos. Notar a acentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavras distintas.
Quanto a Sàngó, demonstramos que foi um mortal em sua vida no Àiyé, portanto quando morreu, tornou-se um egún, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida, foi que uma de suas esposas, e a única que o acompanhou em sua fuga de Oyó, era a divindade Oya, loucamente apaixonada por ele, e no instante de sua morte ela o pega com o seu poder de Òrìsà e o conduz diretamente a Olódùmarè, e por insistência de Oya, Ele o "ressuscita" como uma divindade, já que em vida, Oya, perdida de amores, ensina-lhe vários segredos dos Òrìsà, principalmente o segredo do fogo que pertencia somente a Oya, que ela lhe ensina e lhe dá este poder e outros, por paixão.
Esta afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de forma material completamente diferente, isto é, em madeira, numa gamela sobre um pilão, sua roupa ritual é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Bàbá Egúngún (ancestrais) e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos egún, dos mortos comum, o carneiro; existe também outras minúcias, que aqui não cabe mencionar. Leia em artigos : O Culto dos Egúngún
Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". que a coroa é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin.
Não estamos desmerecendo e nem tampouco desprestigiando o Òrìsà Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorubas, sob os aspectos histórico, através da tradição oral, e divino que se convergem e se conservam na grandiosidade de Sàngó.
NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos, por vezes dogmáticos, que pertencem ao corpo da tradição oral yorubana. Sob o ponto de vista cientifico, são considerados parcialmente históricos, pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pela arqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foram achados e datados pelo carbono 14, são de datas recentes, perto da longínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto, em nenhum momento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seria um absurdo afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologia praticamente inexistente, pela forma cultural dos yorubas mensurarem o tempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco rejeitada.
*Nota atual do autor para este site.
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- O atual Óònì Ilê-Ifé, Oba Okunade Sijuwade, Olúbùse II ,coroado em 1980, nasceu em 1º de janeiro de 1930, no clã (egbe) Óòni Ilare, da Familia Real de Ogbooru. -
- Estatua da figura de um Óònì não identificado, artefato arqueológico do século XIV ou XV, achado no sitio de Ìta Yemòmó, em Ilê-Ifé. A peça esta exposta no Museu de Ife. -
Os Àgbàgbà
Os "dezesseis" àgbà (anciões) que vieram com Odùduwà para criar o Àiyé, que por este motivo se tornou Olófin Odùduwà, o Àjàlàiyé.
- Máscara de cobre, que dizem representar o segundo Óòni de Ilê-Ifé, o Oba Obàlùfan Ògbógbódirin, filho de Odùduwà, alguns falam que foi o primeiro Oba a ser realmente coroado e o primeiro a usar a então tradicional coroa, o Ade Aré. -
1. Òrúnmìlà ou Àgbónmìrégún : "Senhor do Oráculo de Ifá", foi o primeiro companheiro e o Chefe Conselheiro de Odùduwà, um primeiro ministro, orientando sobre tudo e a todos, inclusive em assuntos governamentais de Ilê-Ifé.
2. Obàtálá : também chamado de Òrìsànlá : considerado o primeiro e principal artesão, por modelar os corpos dos seres humano, é aclamado como Alámòrere, "Senhor da boa argila", por extensão, o patrono dos artistas, principalmente dos escultores.
3. Olúorogbo ou Òrìsà Aláse : foi o terceiro àgbà em importância depois de Odùduwà, aquele que foi o "Salvador do Mundo", que fez chover numa grande seca, pois foi o chefe mensageiro entre o Oba Orún e o Oba Àiyé, ou seja entre Olódùmarè e Odùduwà.
4. Obamèri : também chamado de Alapa-Aharemadà : foi o seu "general".
5. Orèlúéré ou Orè (Oré) : Olóde Orè, o chefe dos caçadores e guardião das tradições e da moral. Para uns, após Odudùwà ter criado o mundo, o primeiro a pisar na terra e depois explora-la, foi Olóde Orè, antes de qualquer um, como manda a tradição era uma das funções dos caçadores, por isto é também aclamado como Onílè, "Senhor da terra". Dizem que mais tarde, ele se tornou um dos companheiros de Òbàtálá.
6. Obasìn ou Èsù Obasin : Era quem controlava os intempéries da natureza, e mais tarde, tornou-se o principal assistente de Òrúnmìlà.
7. Obàgèdè ou Obàgîdî : foi o chefe mensageiro de Obamèrì.
8. Ògún : foi o chefe dos guerreiros.
9. Obamakin : sem dados ...........................
10. Obawinni Oreluko : também chamado de Oro-Apasa ,que mais tarde se tornou se tornou um dos companheiros de Òbàtálá, foi ele quem tornou Òbàtálá o 1º Oba dos Ìgbò, quando da retirada deles de Ilê-Ifé, imposta por Obamèri. Depois que Òbàtálá se foi, ele os liderou e se tornou o 2º Oba dos Ìgbò.
11. Aje Sàlugá : "Senhor da Riqueza", foi o "financeiro" de Odùduwà. Outras fontes dizem que foi uma filha de Olóòkun com Odùduwà. É interessante notar, que como divindade masculino, seu símbolo seja uma grande concha marinha, que estranhamente é também um dos símbolos de Olóòkun.
12. Èrìsilè : sem dados ..........................
13. Élésìje: Foi um ervanário, que iniciou a pratica da medicina tradicional.
14. Olósé : sem dados ..........................
15. Alajó : : sem dados ..........................
16. Èsìdálè : que cuida daqueles que morrem tragicamente, como mulheres que morrem ao dar à luz, inclusive os suicidas.
Outros, incluem na comitiva :
Olóòkun : A primeira e favorita esposa de Odùduwà. A Deusa do Mar.
Òrìsàtéko Ìjùgbè ou Obaresé : um grande guerreiro e companheiro muito ligado a Obàtálá.
Yemowo : que foi a única esposa de Obàtálá.
Outros não consideram Obàtálá como um dos 16, pois chegou somente após os 16, porém, antes da segunda vinda de Odùduwà.
Uns dos seus partidários, dos 16, foram Orèlúéré e Obawinni.
Os Òrìsà Funfun
Os "Òrìsà Funfun" são aqueles que vieram com Òbàtálá, seu líder, para Àiyé, ou posteriormente, aderiram ao grupo ou a ele. Praticamente são considerados como um clã ou sua "própria família". Òbàtálá se tornou o mais conhecido e reverenciado de todos os Òrìsà, por toda terra dos Yorubas e por extensão em todo o Mundo.
- Imagens de Òbàtálá e Yemowo, sua única esposa, no templo de Ìdèta-Ilê em Ilê-Ifé, no bairro de Itapa, anteriormente era no bairro de Ìdèta. -
Alguns dos Òrìsà Funfun* :
- Òrìsàála, Òrìsà-nla, Òsàla, ou Òbàtálá : O primeiro Òrìsà a ser criado por Olódùmarè.
- Òrìsàteko ou Eteko Oba Dùgbè : Um grande guerreiro associado aÒbàtálá nas longas disputas de liderança com Odùduwà. Como seu principal templo é em Ìjúgbè, é também conhecido por Òrìsà Ìjùgbè. Este Òrìsà também esta relacionado com a agricultura, dizem que foi o primeiro a cultivar o inhame.
- Òrìsà Akiré : Um guerreiro poderoso e rico e que tinha muitos escravos, tudo oriundo de espólios de suas conquistas. Seus principais templos são em Ìlàré e em Arùbídì. Dizem uns que Òrìsàkiré é um Òrìsà da paz, da produtividade e da opulência.
- Òrìsà Aláse ou Olúorogbo : "Aquele que possui o infinito saber", quem ensinou ao Homem a se comunicar com símbolos e/ou marcas. Dizem que foi ele quem resolveu parte da longa e eterna disputa entreÒbàtálá e Odùduwà.
- Òrìsàjiyán ou Ògiyán : também Ewúléèjìgbò na cidade de Èjìgbò.
- Òrìsàlufan ou Olufan : também Òsàlufan na cidade de Ifan.
- Òrìsà Oko : Òrìsà da agricultura. Da cidade de Ìràwò.
- Òrìsà Òkè : Òrìsà das colinas e dos montes.
- Òrìsàròwu ou Òrìsà Lòwu : Na cidade de Owu.
- Òrìsà Ajagemo : Na cidade de Ede.
- Òrìsà Olúwofín : Na cidade de Iwofin.
- Òrìsà Pópó : Na cidade de Ògbómòsó.
- Òrìsà Eguin : Na cidade de Owú.
- Òrìsà Jayé : Na cidade de Ijàyé.
- Òrìsàko : Na cidade de Oko.
- Òrìsà Olóbà : Na cidade de Òbá.
- Òrìsà Obaníjìta : ................
- Òrìsà Alajere : ....................
- Òrìsà Olójó : .......................
- Òrìsà Oníkì : ......................
- Òrìsà Onírinjà : .................
- Òrìsà Àrówú : ....................
* Òrìsà funfun - divindades que tem como rito comum o uso de elementos e oferendas de cor branca ou derivada, e tabus alimentares ou outros, por vezes também semelhantes. Quando não, são também assim chamados por fazerem parte do processo da criação - que são os casos, principalmente de Odùduwà e Òrúnmìlà.
* O rito e o culto dos Òrìsà funfun, são tão semelhantes ou quase idênticos, que em vários casos é difícil distinguir se se trata de divindades distintas ou são qualidades de Òbàtálá, ou ainda, somente nomes diferentes do mesmoÒbàtálá. Pode, por estes ou outros inúmeros fatores, que o levaram a ser o mais conhecido Òrìsà do panteão, obviamente, sem se esquecer da sua real importância na gênesis yoruba.
ODU TORNA-SE ÌYÁMI
"Nos primórdios da criação, Olodumaré, o Ser Supremo que vive no orun, mandou vir ao aiyé (universo conhecido) três divindades: Ogun (senhor do fèrro), Obarixá (senhor da criação dos homens) (2) e Odu, a única mulher entre eles. Todos eles tinham poderes, menos ela, que se queixou então aOlodumarê. Este lhe outorgou o poder do pássaro contido numa cabaça (igbáeleiye) e ela se tornou então, através do poder emanado de Olodumarê,Ìyáwon, nossa mãe para eternidade (também chamada de Iyami Oxoronga, minha mãe Oxorongá). Mas Olodumarê a preveniu de que deveria usar este grande poder com cautela, sob pena de ele mesmo repreendê-la.
"Mas ela abusou do poder do pássaro. Preocupado e humilhado, Obarixá foi até Orunmilá fazer o jogo de Ifá, e ele o ensinou como conquistar, apaziguar e vencer Odu, através de sacrifícios, oferendas e astúcia.
"Obarixá e Odu foram viver juntos. Ele então lhe revelou seus segredos e, após algum tempo, ela lhe contou os seus, inclusive que adorava Egun. Mostrou-lhe a roupa de Egun, o qual não tinha corpo, rosto nem tampouco falava. Juntos eles adoraram Egun.
"Aproveitando um dia quando Odu saiu de casa, ele modificou e vestiu a roupa de Egun. Com um bastão na mão, Obarixá foi à cidade (o fato de Eguncarregar um bastão revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas. quando Odu viu Egun andando e falando, percebeu que foi Obarixá quem tornou isto possível. Ela reverenciou e prestou homenagem a Egun e aObarixá, conformando-se com a supremacia dos homens e aceitando para si a derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar em Egun, e lhe outorgou o poder: tudo o que Egun disser acontecerá. Odu retirou-se para sempre do culto de Egungun."
O conjunto homem-mulher dá vida a Egun (a ancestralidade), mas restringe seu culto aos homens, os quais, todavia, prestam homenagem às mulheres, castigadas por Olodumarê através dos abusos de Odu. Também por esta razão é que as mulheres mortas são cultuadas coletivamente, e somente os homens têm direito à individualidade, através do culto a Egun.
(2) Um dos Orixás funfun, isto é, Orixás que têm como principal preceito o uso do branco nos ritos e nas oferendas; em algumas regiões ; Obarixá é adotado como um cognome de Oxalá.
Os textos litúrgicos aqui apresentados fazem parte do jogo de Ifá, no qual. seu senhor e oráculo, a divindade Orunmilá, nos ensina mitos e tradições que foram mantidos através do próprio jogo. Esses conhecimentos, transmitidos a todos oralmente, hoje se tornaram verdadeiras escrituras sagradas .
Através deles entendemos o porquê de certos ritos e preceitos usados e conservados no dia-a-dia dos cultos. Vários textos explicam o mesmo fato ou se complementam, e às vezes de forma diferente e aparentemente contraditória; mas isto é reflexo de se terem originado em diferentes regiões. De uma forma ou de outra, porém, chegam aos mesmos fundamentais conceitos religiosos.
(1) Atualmente, vários pesquisadores já registraram em livros as lendas colhidas oralmente entre os iniciados.
- Os mortos do sexo feminino são chamados de Ìyámi Agba (minha mãe anciã) e cultuado como uma energia ancestral coletiva, representada porÌyámi Oxorongá. -
ORIGENS
"De quatro em quatro dias (uma semana iorubana), Iku (a Morte) vinha à cidade de Ilê-Ifé munida de um cajado (opá iku) e matava indiscriminadamente as pessoas. Nem mesmo os Orixás podiam com Iku.
"Um cidadão chamado Ameiyegun prometeu salvar as pessoas. Para tal, confeccionou uma roupa feita com várias tiras de pano, em diversas cores, que escondia todas as partes do seu corpo, inclusive a própria cabeça, e fez sacrifícios apropriados. No dia em que a Morte apareceu, ele e seus familiares vestiram as tais roupas e se esconderam no mercado.
"Quando a Morte chegou, eles apareceram pulando, correndo e gritando com vozes inumanas, e ela, apavorada, fugiu deixando cair seu cajado. Desde então a Morte deixou de atacar os habitantes de Ifé.
"Os babalawos (adivinhos e sacerdotes de Orunmilá) disseram a Ameiyegunque ele e seus familiares deveriam adorar e cultuar os mortos por todas as suas gerações, lembrando como eles venceram a Morte."
Egun é a terminação do nome de Ameiyegun, e é como hoje são conhecidos os ancestrais do seu clã (Egun ou Egungun). É a vitória da vida pós-morte: como no mito em que a vida venceu a morte, da mesma forma os Eguns se apresentam, hoje, cobertos de panos e portando um cajado.
Já falámos aqui sobre a importância da música e do Xirê (Siré Orisá) no culto do Candomblé, em que a música é o elo de ligação entre os Orixás e os seus filhos. Como em tudo o mais, o Xiré ou Siré tem também o seu preceito e existe não só uma ordem a respeitar para convocar os Orixás, como existem palavras e saudações específicas que devem ser ditas para que a convocação dos orixás para o Xirê seja correcta. Hoje colocamos aqui, em Ioruba, a ordem e as palavras básicas de um Xirê, para que para além da música, os nossos leitores possam também aprender ou reconhecer estes dizeres básicos, mas obrigatórios. Como em todos os rituais do Candomblé o primeiro a ser convocado é Exú, segue-se depois Ogum e os restantes Orixás na ordem segundo os preceitos da Nação Ketu.
Esú
Egbarabo Ago Mojuba Ra
Egba Kose
Egbarabo Ago Mojuba Ra
E Modé Ko E Ko
Egbarabo Ago Mojuba Ra
Lê Gbale Esu Lona
Gbara Um Be Be
Tiriri Lona
Esú Tiriri
Gbara Um Be Be
Tiriri Lona
Esú Tiriri
Elegbara (Bis)
Esú Ajo
A Ma Ma
Ke O Elegbara
Esú Ajo
A Ma Ma
Ke O Laroye
Esú Soroke
Odará Odará
Baba Ebó
Esú Oo
Esú Olona
Mofori Gbale
Esú O
Gbara Loji Ki
Esú Lobi Wá
Ara E E
Son Son Obé
Odará Kolobi Ebó
Laroye
Lagiri Esú Ma Na
Le Le Lagiri
Ajê Ma Na
Lê Lê Lagiri
Firo Ofe Na
Fena Jô
Lagiri
Orisa Pa Ta
Ago Nile
Ago Nile Mofori Gbalé
Gbara Loju Gbara
Loju Gbara
Ara Legbe
Ogó Run Gó
Run Go
Laroye
Ogun
Ogun Ajo E Mariwo
Akoro Ajo E Mariwo
Ogun Pa Lepa Lonã
Ogun Ajo E Mariwo
E Matu Yeye
Awa Sire Ogun O
E Un Jojo
Awa Sire Ogun
E Un Jojo E Un Jeje
Ogun Nita Erewe
Ogun Nita Erewe
A Oxosse Kori A Lode
Ogun Nita Erewe
Oni Koso
Oni Koso Ile Ogun
Akoro Un To Bo Silé
A Ogun Meje Ire
Ire Meje Meje
Oxosse
Fara Rere Fibo
Ode Fibo Fara Lewa Kose
Omoode
Lowo Guiri Guiri Bode
Owo Guiri Guiri Bode
Awa Nisa Omoode
Ode Ni Sewe
E Arawe
Ode Arere Oke
E Orisa Ero
E Un Ofa Akuerã
Omoode Ode Iroko
E Un Ofa Akuerã
E Osi Bode E Osi Bode
Arole Osi Bode E Osi Bode
E Osi Bode
Omolu
Dagoluna Kewa Saworo
Dago Lele
Dagoluna Kewa Saworo
Dago Lele
Omolu A Fara E E
Fara Fara Faroji
Jan Pepe
E Lobi Ware
Tori Bomi
Jan Pepe
Ori Jena Paba
Osi E To Bo Wale
Ori Jena Paba
Osi E To Bo Wale O
Ossãe
Abebe Ni Bo Wa
Abebe Ni Bo
E Abebe
Abebe Ni Bo Wa
Abebe Ni Bo
Ata Koro Oju Ewe
Ata Koro Oju Obo Gun
Ata Koro Oju Ewe
A Lele Koro Oju Obo Gun
Peregun A Laso Titun O
Peregun A Laso Titun
Baba Peregun A Lawa Mere
Peregun A Laso Titun
Awa Oro Simã
Odo Ro Dun
Peregun Alaso Titun
Monja Ewe Pe Moso Arawo
Monja Ewe Pe Moso Ro
E Pi Lo Pe Mi
E Pi Lo Iya Mi
Monja Ewe Pe Moso Ro
Sawo Orepepe
Ope Li Ope Lepe
Sawo Orepepe
Ope Li Ope Sango
Osumare
Osumare Lele Mare Osumare
Lele Mare Un Araka
Lele Mare Osumare
Kobe Jiro
Araka Kobe Jiro
Osumare Kobe Jiro
Araka Kobe Jiro
Lese Orisa
Lese Komafo
Sa Hoho
Lese Orisa
Lese Komafo
Sa Hoho
Osumare Lokuere
Olokuere Olokuere
Osumare Se Lunbó
Se Lunbó
O Se Lunbó
Alakoro Le In Ni
Wala Koro Le In O
Nanã
Ibi Nana Iyo
Olu Obo
Nana Iyo
Ibi Nana Iyo
Olu Obo
Nana Iyo
A In Ala Ore
A Iku Do Lose
A In Ala Ure
A Iku Do Lose
O Kolodo Si Sa Lejua
Ari Ku Ma Ore
O Kolodo Si Sa Lejua
Ari Ku Ma Ore
Sa Lawajo
Oluwo Ku Kewajo
Sa Lawajo
Oluwo Ku Kewajo
Oloore
Osun
Yeye Yeye Ye O
Oro Miuwa
Nu Ase Tori Efon
Inse Koju Iyaba O
Oro Miuwa
Nu Ase Tori Efon
A Mu Iyan Mu Iyan
Ojare
Elemoso Tori Efon
Omi Fa Were
Omi Fa Were Omiro
Omi Fa Reo
Asope Olorun
Omi Fa Were
Omi Fa Were Omiro
Omi Fa Reo
Aka Murele
Osun Fara Ja
Aka Murele
Osun Fara Ja
Iyawo Omiibu
Omiro Orisa O Yeye
Iyawo Omiibu
Omiro Orisa O Yeye
Obá
Oba Eleko Ajaosi
Saba Eleko Ajaosi
Oro Moba
Samoba Oba Eleko Ajaosi
E Liru O
Oba Dudere Bari Ekó
Oba Saba O
Oba Dudere
Bari Ekó
E Nu Ofa Fara Man
Oba Loja La Oje
E Nu Were
Ofá Were
E Nu Were
Ofá Were
Iyewá
Iyewa Iyewa Ma Ajo
Iyewa Iyewa
Iyewa Iyewa Ma Ajo
Iyewa Iyewa
Ma O Ma O Lese
Iyewa Iyewa Ma Ajo
Iyewa Iyewa
Iyewa Ni Fa Toto Lo Bewa E
Olu Aiye Iyewa Ni Fa Toto Lo Bewa E
Olu Aiye
O Iyaba E
Iyewa Ni Fa Toto Lo Bewa E
O Iyaba E
Iyewa Masa
Awa Masa
Amu Re Le O
Iyewa Iyewa Oni Ofere
Iyewa Iyewa Oni Ofere O
Yewa Yewa Ijo Iyewa
Se Ke Se Nin
Iyewa Iyewa Ijo Iyewa
Se Ke Se Dan
Oyá
Oya Koro Um Le Ogere Ge
Oya Koro Um La Oga Raga
Omobirin Sala Koro Um Le
Oge Rege
Oya Komo Relo
A Oyo Do Mu Nhã Nhã
Do Mu Nhã Nhã
Da Ni Apada Do L’oya O
Do Mu Nhã Nhã
Da Ni Apada O Do L’oya
Da Ni Apo
Da Ni Apo Fara Jo
Oya Mi To Le L’oya
Oya Mi To Ke L’oya
Orisa Were We
Oya Mi To Ke L’oya O
Logun
E Akofa E Akofa
Logun O E Akofa
Ijo Ijo Logun O
E Akofa
Logun Ede E Akofa
A Ibayn E Akofa
E E E E E Logun Bele Koke
E E E E E Logun Aro Aro
Fara Logun Fara Logun
Logun Bele Koke
E Akofa E Akofa
Logun Akofa A Ijo E Koke
Logun Akofa A Ijo E Koke
E Akofa Ijo
Akofa Ibayn
E Akofa Ijo Akofa Lapana
E Akofa Ijo A Kofa
Fara Ni Lewa
Nita Ewe Se
Fara Logun
Nita Ewe Se
Ayrá
Ayra Daba Kenken Soro
Olu Ami Ma Iman Isele
Orisa Ke Me Sebewa
Ayra Ayra Ee
Ayra Osi Ba Iyami Ma Saoro
Ayra Ayra
Omonile Ayra Omonile
Ayra Ayra Omonile
Ayra O Oregede Pá
Oregede
Ayrá A Ebora Pá
A Eborá
Ayrá O Aja Unsi Pá
Aja Unsi
Iyemanja
Marele Marabodo
Sa Rena
A Oiyo Karabodo
Sa Rena E E
Oni A Ara E
Marele Marabodo
Sa Rena
Arabo Laiyo
Iyemanja Arabo Laiyo
Iyemanja
Iyaba Lode
Erese
Osi E Iyemanja
Iyaba Lode
Erese A Oiyo
Olofin Asa Were O
Oro La Mi O
Oro La Mi Sasa
A Iyemaja Ori O
Ri Lé
Iyemanjá
Sango
Obanisa Re Loke Odo
Oberio Ma
Obanisa Re Loke Odo
Obakoso Ayo
Aina Ina A Ina Ma
Ina Ina
Obakoso
Obakoso Arae
A Ina Ina
Obakoso Arae
Obakoso E
Mojubá
E Losi
Baiya Mi
Sere A Lado
E Mojubá
E Losi Baiya Mi
Osalá
Baba Durode
Baba Durode Ajale
Baba Durode
E Kewa Já
Baba Oje O
Abuké Kewa Já
Baba Oje
E Bere Iko
Kewa Já
Baba Oje
Aso Funfun Go Iya Pi
Ala Funfun T’ori Sala
A E Ajale O
Aso Funfun Go Iya Pi
Opere Kete
Opere Kete Baba
Obi Wala Ago Injena
Opere Kete Baba
Ago Ala
Ala Osu
Osu Kekere Ile
Ago Ala
Ala Osu
Baba Durode
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