A cronologia da luta pelo fim da discriminação racial no País
segunda-feira, 21 / março / 2011
Por Daiane Souza
Os cinco séculos de presença negra
no Brasil foram marcados por grandes batalhas pela liberdade e pela
preservação da cultura de matriz africana. Apesar do muito ainda a ser
conquistado, foram grandes os passos dados na direção da efetiva
igualdade de direitos e oportunidades para os descendentes dos negros
escravizados. Confira aqui alguns dos marcos positivos dessa luta
histórica:
1630. Data provável da
formação do Quilombo dos Palmares. Palmares ocupou a maior área
territorial de resistência política à escravidão, sediando uma das mais
efetivas lutas de resistência popular nas Américas Leia mais.
1833. É fundado o Jornal O homem de cor, por Paula Brito, sendo o primeiro periódico brasileiro a defender os direitos dos negros escravizados Leia mais.
1850. É instituída a
Lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico de negros escravizados pelo
Oceano Atlântico. A lei, do Segundo Reinado, atendia a interesses da
Inglaterra, mas foi fundamental para o processo de abolição da escravatura no Brasil Leia mais.
1869. Proibida a venda
de negros escravizados por “pregão” e com exposição pública. A lei
também proíbe a venda em separado de membros de uma família (casais e
pais e filhos) Leia mais.
1871. Instituída a Lei
do Ventre Livre, estabelecendo que os filhos dos negros escravizados do
Império, a partir daquela data, seriam considerados livres, depois de
completarem a maioridade Leia mais.
1884. Decretada a
abolição da escravatura negra nas províncias do Amazonas e do Ceará,
sendo as primeiras libertações de coletivas de negros escravizados no
Brasil Leia mais.
1885. A Lei dos Sexagenários concede liberdade aos negros escravizados com idade igual ou superior a 65 anos, tendo sido promulgada em função do movimento abolicionista Leia mais.
1888. Promulgada, em 13
de maio, a Lei Áurea, extinguindo oficialmente a escravidão no País.
Mas a data é considerada pelo Movimento Negro como uma “mentira cívica”,
sendo caracterizada como Dia de Reflexão e Luta contra a Discriminação Leia mais.
1910. João Cândido, o
Almirante Negro, lidera a Revolta da Esquadra, também conhecida como
Revolta da Chibata, pondo fim aos castigos físicos praticados contra os
marinheiros Leia mais.
1914. Surge em Campinas
a primeira organização sindical dedicada à causa dos negros. Dela
participaram, de forma expressiva e determinante, as mulheres negras Leia mais.
1915. É fundado o
jornal Manelick, o primeiro periódico paulista dedicado à difusão da
cultura negra e à defesa dos interesses da população afrodescendente Leia mais.
1931.
Eleito o primeiro juiz negro do Supremo Tribunal Federal do Brasil:
Hermenegildo Rodrigues de Barros, o criador do Tribunal Superior de
Justiça Eleitoral Leia mais.
1932. Criado em São
Paulo o Clube do Negro de Cultura Social. Seus dirigentes editavam o
jornal O clarim da alvorada, um dos mais importantes na história do
periodismo racial Leia mais.
1944. Um dos maiores
defensores da cultura e igualdade de direitos para as populações
afrodescendentes no Brasil, Abdias Nascimento, funda, no Rio de Janeiro,
o Teatro Experimental do Negro Leia mais.
1945. Surge em São
Paulo a Associação do Negro Brasileiro. No Rio, é organizado o Comitê
Democrático Afro-Brasileiro, para defender a Constituinte, a anistia e o
fim da discriminação racial. Acontece a I Convenção Negro-Brasileira Leia mais.
1950. No Rio, é aprovada a Lei Afonso Arinos, que estabelece como contravenção penal a discriminação de raça, cor e religião. É também criado o Conselho Nacional de Mulheres Negras Leia mais.
1974. Em Salvador, é
fundado o bloco afro Ilê Aiyê. Em São Paulo, acontece a Semana do Negro
na Arte e na Cultura, que articula apoio às lutas de libertação
travadas na África. Surgem várias entidades de combate ao racismo. Em
São Paulo, surgem o Centro de Estudos da Cultura e da Arte Negra
(Cecan), o Movimento Teatral Cultural Negro, o Instituto Brasileiro de
Estudos Africanistas (IBEA) e a Federação das Entidades Afro-brasileiras
do Estado de São Paulo. No Rio de Janeiro, surgem o Instituto de
Pesquisas da Cultura Negra (IPCN), a Escola de Samba Gran Quilombo e a
Sociedade de Intercâmbio Brasil-África Leia mais.
1976. O Governo do
Estado da Bahia suprime a exigência de registro policial para o
funcionamento dos templos religiosos de matriz africana, depois de
grande mobilização popular Leia mais.
1977. Surge o Movimento
Negro Unificado (MNU), que, dentre outras grandes ações, instituiu o
Dia Nacional de Consciência Negra, em 20 de novembro, em celebração à
memória do herói negro Zumbi dos Palmares Leia mais.
1979. O quesito cor é
incluído no recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), por pressão de estudiosos e de organizações da
sociedade civil organizada Leia mais.
1986. Tombamento da
Serra da Barriga (União dos Palmares, Alagoas), local onde se
desenvolveu o Quilombo dos Palmares, o maior refúgio de negros
escravizados da América Latina Leia mais.
1998. Criação do
Sistema de Cotas na Universidade de Brasília (UnB), a partir do Caso
Ari. O estudante de Engenharia Civil Arivaldo Lima Alves, negro, foi o
único aluno reprovado em um projeto, apesar de ter as melhores notas Leia mais.
2010. É aprovado o
Estatuto da Igualdade Racial, que prevê o estabelecimento de políticas
públicas de valorização da cultura negra para a correção das
desigualdades provocadas pelo sistema escravista no País Leia mais.
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