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terça-feira, 28 de novembro de 2017

acassa, eko......

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ACASSÁ

Chamado de Oggi ou ékọ e também Agidi na Nigéria, de Kafa, makumé no Togo e de Akassa e Lio no Benin, o acaçá brasileiro, assim como nas demais tradições, tem como matéria prima o milho, produto este que foi introduzido na Nigéria segundo pesquisas, pelos Portugueses no século XVI. 
O consumo do ékọ em larga escala na cultura africana em especial a Yorùbá é determinado por seu elemento de origem, o milho! Conhecido na Nigéria por diferentes nomes a depender do vernáculo, em yorùbá como agbado ou igbado assim como yangan, pelos Hausa por masara ou dawarmasara, já os Ibo o chamam de àgbàdo e oka, os Bini o denominam oka.
O milho tem um papel fundamental na alimentação tradicional dos nigerianos, e é ainda mais importante na alimentação de doentes e de crianças em fase de desmame, não podemos esquecer sua função no tocante as questões religiosas. Dizia Verger: “As varias partes do milho entram na composição de trabalhos pertencentes sobretudo ao campo mágico".
O milho esta associado simbolicamente com riqueza, prosperidade, abundância, sorte, fertilidade, multiplicação e vitoria dentre outros fatores.
A folha da Bananeira tem como nome tradicional Eweógẹdẹ, é razoável pensar que por seu frequente uso no preparo do acaçá no Brasil, passou a ser denominada por alguns de EweEkó, apontada como: “a folha de uma determinada espécie de bananeira do mato”, informa Mãe Beata.
A pergunta a ser feita é: porque Ewe Ekó para a folha da bananeira, e não Ewe acaçá, visto que é por este nome e não Ékọ que esta comida ficou conhecida no Brasil. Um dos fatores que nos levam a crer que o nome da folha da bananeira não deveria estar veiculada ao ékọ, é que: o advento do milho na África é posterior ao da banana; assim o nome original da folha estava relacionado ao fruto em questão, e não ao alimento que posteriormente ela envolveria, já escrevia Verger: “Um caso interessante é o da àgbàdo, nome yorùbá do milho, planta originaria da América e introduzida na África em tempos recente”. Ékọ ao contrario do que apontam alguns, não é o nome yorùbá da folha da bananeira, e sim o nome dado a Jaca ou Graviola denominadas: Ékọ òyìbó ou ọmọdé, além de que, em sua obra, Verger relata todos as variantes dos nomes yorùbá relacionados a bananeira e suas folhas, Ewé ékọ não faz parte desta lista, ao traduzir o nome desta folha em um dos preparados magicos “işẹgun inira” o nome Ewe ọgẹdẹ omini, foi traduzido como: Folha de bananeira.
Em relação ao uso do acaçá para as divindades, diz Maria Inês Couto de Almeida, Ifatosin ao abordar Obatala (Oxalá) em sua obra: “A comida de Orisa'nlá não deve levar sal nem pimenta. Além de igbin, oferece-se orogbo, côco, egbo, ékọ funfun (acaçá) em número de 16 ou 32, enrolados numa folha de ewe-iran (árvore nigeriana)”*. Juana Elbein afirma: “Retirado seu involucro verde, ele constitue a comida dos orisa funfun” e cita que a folha com esta finalidade dentre os Yorùbá é oriunda de uma planta denominada por ela de ÈPÀPÓ.

Ewe eeran.
Nas oportunidades que tivemos de estar em solo Yorùbá, notamos que uma das folhas usada para envolver o Ékọ foi denominada Ewe Eerán grifada por Ifatosin como Iran, (Thaumatococcus daniellii).
Muito embora, diferentemente do que colocou Ifatosin, não se trate de uma árvore, Ifatosin diz: “ékọ funfun (acaçá) em número de 16 ou 32, enrolados numa folha de ewe-iran (árvore nigeriana)...” esta folha que uma vez “enrolada” ao alimento, facilmente será confundida com a folha de bananeira dada a sua textura. Mesmo com seu uso frequente na Nigéria para envolver o ẹkọ, Ewe Erán não passou a ser denominada Ewe ékọ pelos que fazem uso desta. Outra folha muito usada no estado de Oyó, é a Ewe Gédu, oriunda da árvore do mesmo nome, a qual tivemos a oportunidade de tocá-la e sentir sua textura que lembra a língua de um gato. Bobola, filho do respeitado Awişé de Oşogbo Babalawo Elebuibom, o qual nos causou, imenso prazer ao conhece-lo, informou-me o nome de outra folha usada para o mesmo fim que a folha de eerán em Oşogbo, é a Ewe Gbodogi, folha esta, que também era usada para cobrir as casas na antiguidade, fato que pode ser constatado no oriki de Logun Edé:

“Òjo pá gbodogi ró woro woro”. 

Wande Abinbola aumenta ainda mais a lista quando relata o uso da folha de mamona, Ewe Lara como invólucro do ékọ. Muito embora o ékọ esteja estreitamente ligado à Oişa'nlá, o mesmo não se da com a bananeira, que por muitos é atribuída Şango, por outros à Iroko (Loko) e Eşu. José Flavio Pessoa de Barros e Eduardo Napoleão na obra EWÉ ÒRÌŞÀ, ressaltam: “Embora o acaçá seja o alimento predileto de Oxalá, a este orixá são atribuídas apenas às folhas de banana-prata, pois a banana-d água (ógẹdẹọmìnì) é um dos seus principais “ẹwọ” (interdito), como também é para Oiá”. Aqui dois pontos conflitantes, o primeiro é que diferentemente do que foi colocado, o principal alimento de Oxalá é o Igbin (caracol), outro é que o nome yorùbá ọgẹdẹọmini, esta relacionado à planta como um todo e não a folha ou uma variedade desta, assim como o termo ógẹdẹ abo, ógẹdẹ loboyọ e ógẹdẹ párántà, registrados por Verger. Já a Banana d'água (denominada ọgẹdẹọmìni por José B. E Eduardo N.) também chamada banana-nanica e tem como nome científico: Musa Cavendishii e foi identificada por Verger como ọgẹdẹ-ntiti oyinbo, talvez o equivoco esteja no nome yorùbá, ỌMINI (ọmi-ni) o que no primeiro momento nos leva a interpretar como ser ou ter – água - muito embora a grafia para água em yorùbá seja – OMI.
Da analise destas informações podemos afirmar que não é a folha da bananeira que torna o ékọ propicio a Oxalá e sim o preparado a base de agbado funfun, pois algumas bananeiras chegam a ser até um dos seus interditos, segundo José Flavio e Eduardo.

Folha de gédu usada em Ilero, Oyo.
Há quem afirme que, o ato de enrolar a massa - ékọ na folha da bananeira, é o que a transforma (a massa) em acaçá. Não podemos assim crer, que é a folha da bananeira a responsável por esta transformação, uma vez que independente da folha que esta comida esteja envolta ela sempre será denominada ékọ nome yorùbá do acaçá no Brasil. Se formos levar em consideração o fato de que a massa de milho ékọ, só se torna acaçá depois de envolvido na folha de banana; Em sendo assim, Obatala em muitos lugares na Nigéria não se alimenta do acaçá, e sim de ékọ, pois como podemos ver a folha da bananeira não é a mais usada na Nigéria. Juana escreve que: “O àkàsà (escrito àkàşù por Abrahan) é um àpólàékọ, isto é, um pedaço de uma porção de ẹko sólido...Essa porção ou este pedaço é envolvido em folhas de uma planta...Cada um desses pacotinhos de ẹkọ recebe o nome de àkàsà”. Podemos encontrar dentro do dicionário yorùbá, a palavra àpólà – significa: lenho ou pedaço de madeira- numa alusão clara à parte de um todo; ainda com o apoio do dicionário, encontraremos o termo citado por Abrahan-àkaşu, subs:. Um grande tabuleiro, de massa de agidi (milho branco), o que é contraponto à afirmação de Juana, que aponta o akasa como partes da massa ékọ, embora o termo àkaşu relata algo em seu todo, não fragmentado. Se unirmos o termo àpólààkàşù, encontraremos referencia à – “um pedaço (parte) do todo”, assim, um acaçá seria um àpólààkàşù e não um àpólàékọ.
No pensamento de Juana não é o uso da folha, e sim sua divisão/fragmentação que determinam a diferença entre A e B (àkàsà) e (ékọ), fato que não ocorre em África, onde a massa enrolada em qualquer folha é denominada ékọ, se esta massa não chegar ao ponto sólido e frio será denominado ogigbona.
A palavra que identifica a mesma massa de milho na língua ewe-fon é akassa, próxima na ortografia do termo usado por Juana, akasa, muito embora o termo akassa em Fon é o mesmo usado tanto para a massa envolta em folha quanto a massa por si só. Em um verso do Odu Ogbe-Okanran, encontramos esta divisão da massa em pedaços dentro de um sacrifício prescrito: “Ifá diz: alguém não esta bem; este alguém deve fazer um sacrifício para que se torne capaz de comer, ou um bebê de colo está doente e não consegue comer nada; devemos fazer um sacrificio para que ele possa comer novamente: Um bode, cento e vinte pedaços de mingau de milho (ẹkọ) e três shillings é o sacrifício exigido” Bascom.
Embora a divisão da massa esteja presente no Itan, este fato não muda o nome usado pelo informante do Bascom para identificar a massa de milho. A folha da banana não seria o segredo do ékọ como afirmam alguns, ele poderia ser enrolado em outras folhas, como já pode ser observado no decorrer deste texto. Ominderewa diz: "Na verdade, deveria se utilizar não a folha de bananeira, mais uma folha parecida”, e pontua, o uso da folha da mamona-branca (Ewe-lara funfun) em algumas casas, a mesma afirmação é feita por Beata de Iemanja, que diz: “Vários axés não fazem uso da folha de bananeira para envolver o acaçá” e afirma não considerar errado o fato de não enrolar o acaçá, o importante segundo ela é: “a sua presença como oferenda”.
O fato é que, ao oferecê-lo como alimento propiciatório à divindade, a folha deve ser retirada e de nada mais serve ao orixá o qual foi ofertado, talvez, e só talvez, seja este fato que esteja levando alguns a abrir mão do uso da folha. “Retirado se seu invólucro verde, ele constitui a comida dos orisa funfun” afirma Juana Elbein. Isto faz crer que, como alimento ritual dedicado a outra divindade, que não seja funfun, por exemplo, Şango, a folha não deva ser removida? Por mais uma vez somos obrigados a não concordar! Ela vai além para determinar que: "Envolvido numa folha verde... é simbolo de um ser e, como tal,...pode representar qualquer animal ou mesmo substituir um ser humano”. Juana aponta a representação do acaçá como sendo a totalidade de um ser humano ou animal, nada reduzido a massa encefálica como informado por Mãe Beata. Neste momento faz-se uma indagação: Dentro deste raciocínio, poderíamos oferecer um acaça em substituição a um animal sacrificial, como por exemplo, a cabra? E no caso de obtermos um sim, (o que não concordo) em qual dos três grupos de “sangue” este “acaça-bra” estaria relacionado, animal ou vegetal... no vermelho, preto ou o branco, relembrando que o invólucro do Ékọ, segundo ela, é preto e seu conteúdo branco (ambos vegetais), não encontramos aqui o “vermelho”. O que a autora não mencionou é o fato de que na tradição das divindades em questão o sacrifício humano foi substituído pelo sacrifício da cabra, não de um acaçá, e este fato esta registrado nos contos sagrados de Ifá.
Não esta sendo aqui questionado o poder mágico da folha ou do fruto da bananeira, quanto menos o acaçá/ékọ, quanto alimento tradicional tanto dos Yorùbá quanto de suas divindades, e sim, a alegação feita por alguns de que, para se ter axé, o ékọ tem que ter sido enrolado na folha da bananeira[...] ou que, só vira acaçá-ékó depois do contato com a folha da bananeira, e por fim que seja a folha da bananeira a única ao qual o acaçá (ékọ) deva e possa ser envolto.

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