Sociedade não deve tratar com naturalidade mortes de jovens negros, diz ministra
13/08/2013 - 11h52
Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse hoje (13) que a sociedade não pode tratar com naturalidade o grande número de mortes de jovens negros no país. Dados publicados pela Agência Brasil em julho deste ano mostram que de 2006 a 2011 a taxa de homicídios de negros aumentou 9%, ao mesmo tempo em que a taxa entre os brancos caiu 13%.
Do total de homicídios cometidos no Brasil em 2011, mais de um terço teve como vítimas jovens negros. “Não podemos mais naturalizar essas mortes. Elas têm que ser investigadas, têm que ser punidas. As famílias das vítimas têm que ser mobilizadas no sentido de cobrar cada vez mais do setor público”, disse a ministra, em entrevista à Agência Brasil, no lançamento do programa de capacitação da Petrobras (BR) Distribuidora. Cerca de 26 mil frentistas que trabalham em 4 mil postos de combustíveis serão capacitados para lidar com questões raciais.
Segundo a ministra, “é um paradoxo se ter uma violência letal tão grande entre negros”, ao mesmo tempo em que são instituídas várias ações afirmativas para essa população. “Só podemos atribuir isso à permanência do racismo como um fator de desumanização das pessoas negras, fazendo com que a vida de um jovem negro apareça como tendo um valor tão pequeno já que ela está sendo desperdiçada em tão grandes números.”
De acordo com os dados, obtidos junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, dos 52.198 homicídios ocorridos no Brasil em 2011, 18.387 tiveram como vítimas homens negros entre 15 e 29 anos, ou seja, 35,2% do total.
A análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) demonstra que a população negra representa 67% do público atendido pelo SUS.
A análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) demonstra que a população negra representa 67% do público atendido pelo SUS.
Cruzando as informações do ministério com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verifica-se que, em 2011, a taxa de homicídios dessa população foi 35,2 por 100 mil habitantes, taxa 9% acima do que a observada cinco anos antes, quando foram registrados 29.925 casos, ou seja, 32,4 por 100 mil habitantes.
Ao mesmo tempo em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco anos, a taxa de homicídios da população branca caiu 13%, ao passar de 17,1 por 100 mil habitantes em 2006 (15.753 em número absoluto) para 14,9 por mil em 2011 (13.895 casos).
O dado reflete a grande disparidade racial que existe no Brasil, quando se trata de vítimas de assassinatos. Com o aumento dos homicídios entre a população negra, a probabilidade de um preto ou pardo ser vítima de assassinato no país passou a ser 2,4 vezes maior do que a de um branco. Em 2006, a proporção era 1,9.
Edição: Talita Cavalcante - Agência Brasil
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