Ato Médico é aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça
Apresentado originalmente pelo então senador Benício Sampaio, em 2002, o projeto já saiu do Senado, em 2006, na forma de substitutivo da relatora na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). Enviado à Câmara, foi novamente modificado e voltou ao Senado como novo substitutivo, em outubro de 2009, quando passou então a tramitar na CCJ.
Para chegar à aprovação na comissão, Valadares rejeitou algumas modificações polêmicas feitas pelos deputados e resgatou medidas contidas no substitutivo de Lúcia Vânia. O relator, por exemplo, manteve como privativa dos médicos a "formulação de diagnóstico nosológico", para determinar a doença, mas retirou essa exclusividade para diagnósticos funcional, psicológico e nutricional, além de avaliação comportamental, sensorial, de capacidade mental e cognitiva.
Biópsias e citologia
Valadares
também rejeitou mudança da Câmara que limitava aos médicos a emissão
dos diagnósticos de anatomia patológica e de citopatologia, que visam
identificar doenças pelo estudo de parte de órgão ou tecido. Para os
biomédicos e farmacêuticos, a emenda dos deputados restringiria sua
liberdade de atuação.O relator retirou o dispositivo, mas manteve como tarefa restrita aos médicos a emissão de laudos desse tipo de diagnósticos.
Respiração artificial
Conforme emenda da Câmara acolhida por Valadares, caberá exclusivamente aos médicos a "coordenação da estratégia ventilatória inicial e do programa de interrupção da ventilação mecânica".
Procedimentos invasivos
O
projeto prevê como atribuição exclusiva de médicos a indicação e a
execução de "procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos
ou estéticos", que incluem, entre outros, "invasão da pele atingindo o
tecido subcutâneo para injeção". A norma motivou reação de
acupunturistas e tatuadores, que temem restrição por conta da
interpretação de conceito de procedimento invasivo. Valadares manteve a norma, mas retirou da lista de atribuições exclusivas dos médicos a "aplicação de injeções subcutâneas, intradérmica, intramusculares e intravenosas", apesar de a recomendação de medicamentos a serem aplicados por injeção continuar sendo uma prerrogativa médica.
Direção e chefia
Outro
aspecto polêmico se refere à determinação de que apenas médicos podem
ocupar cargos de direção e chefia de serviços médicos, ficando aberta a
outros profissionais apenas a direção administrativa dos serviços. As
demais categorias argumentam que o atendimento é feito por uma equipe
multidisciplinar, não havendo justificativa para que apenas uma
categoria tenha a prerrogativa de direção e chefia na unidade de saúde.
Discussão
Na
reunião desta manhã, Valadares rejeitou emenda do senador Luiz Henrique
da Silveira (PMDB-SC), propondo a fusão de parágrafo que exclui o
exercício da Odontologia das regras previstas no Ato Médico com
parágrafo que resguarda a competência de outras 12 categorias da saúde.
Luiz Henrique anunciou que reapresentará a sugestão na Comissão de
Educação.Também Marta Suplicy (PT-SP) adiantou que pretende propor modificações quando da tramitação do projeto na CAS. Mesmo divergindo pontualmente do relator, Luiz Henrique e Marta votaram pela aprovação do projeto.
O empenho dos relatores foi destacado por diversos senadores, como Vital do Rêgo (PMDB-PB), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Romero Jucá (PMDB-RR), Waldemir Moka (PMDB-MS), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Jorge Viana (PT-AC), Paulo Davim (PV-RN) e Wellington Dias (PT-PI).
Mesmo elogiando a dedicação de Lúcia Vânia e Valadares, Aloysio Nunes (PSDB-SP) se colocou "na contracorrente" e votou contra o projeto. Para o senador, a tendência de regulamentação de diversas profissões é movida pelo corporativismo e leva "à divisão da vida social em compartimentos estanques".
A preocupação de Aloysio Nunes foi apoiada por Aécio Neves (PSDB-MG), mas o senador mineiro votou favoravelmente, seguindo argumentação de Pedro Taques (PDT-MT), pela necessidade de regulamentação da profissão de médico, como forma de "proteção da vida".
O projeto também recebeu um segundo voto contrário, do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Ele lembrou sua posição contra a regulamentação de qualquer profissão, por considerar que isso "mutila a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]". Para ele, uma futura lei do Ato Médico resultará em prejuízo para os médicos.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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