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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Declaração de Salvador não refletiu a importância de LGBT no Afro XXI

A Rede Nacional de Negras e Negros LGBT (Rede Afro LGBT) participou do Afro XXI – Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afro-Descendentes na cidade de Salvador nos dias 15 a 19 de novembro, com o intuito de fortalecer o enfrentamento do racismo e da homofobia. Desde o encontro preparatório, que ocorreu em Brasília, a Rede tentou assegurar na Declaração de Salvador a inclusão dos Princípios de Yogyakarta enquanto marco legal da legislação internacional, mas o texto não foi mantido na proposta consensuada entre as representações do movimento negro da América Latina e do Caribe. Na plenária final do Fórum da Sociedade Civil Latino-Americana, retomamos o debate e conseguimos reincluir o reconhecimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e intersex. Ainda assim, o texto apresentado aos chefes de Estado apenas falou dos recortes da orientação sexual e identidade de gênero, sem visibilizar identidades (a despeito de ter sido aprovado em plenária). A declaração dos chefes de Estado não chegou sequer a essa simples citação. A carta do movimento social e a declaração de Salvador não refletem o papel que LGBT negras e negros do Brasil tiveram no Afro XXI. Chegamos ao evento com uma carta apontando a necessidade de o movimento negro reconhecer sujeitos LGBT e assumir a luta contra a homofobia, a lesbofobia e a transfobia. Aprovamos também uma moção de repúdio contra o assassinato de LGBT no Brasil. O reconhecimento veio das ialorixás, intelectuais negras e lideranças do movimento negro da América Latina. Mais do que numerosa, a representação LGBT estava unificada, era representativa e pautou a agenda do movimento negro no argumento político, e não na disputa por espaço. Isso fez a diferença até certo ponto. Assim como no movimento LGBT, a Rede Afro percebeu que é preciso rediscutir a estratégia: por mais justa que seja a agenda, ela só se tornará central quando for impossível não fazê-lo.

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