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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Saúde: deficiência na reabilitação/“O que estava difícil, ficou pior”

“O que estava difícil, ficou pior”

Publicação: 2015-11-29 00:00:00 |A diretora técnica do CER, Marilene Soares, que atua na instituição há mais de uma década, demonstra preocupação com as novas demandas que deverão ser atendidas pelo Centro. Ela faz referência aos bebês nascidos com microcefalia no Rio Grande do Norte, que somente este ano chegaram a 60 até a semana passada. “Nós temos pacientes com microcefalia, mas são casos raros. Com essa quantidade, nunca tivemos. Vai ser um problema por causa da falta de profissionais. Alguns desses pacientes terão que ser acompanhados pro resto da vida”, apontou.

Atualmente, 17 mil pacientes de todo o estado possuem cadastro no CER. Além das crianças, jovens e adultos ostomizados recebem atendimento no local. Destes, sete mil estão ativos e, pelo menos uma vez ao ano, são atendidos na unidade. Por mês, o número de atendimentos chegam a 3,5 mil e 12 mil procedimentos. “Nossa procura é muito grande. As mães ainda querem vir para cá. Ainda há, mesmo diante de tantos problemas, credibilidade”, destacou Marilene Soares. Entre os principais problemas listados pela diretora técnica está a obra inacabada e a entrega das órteses, próteses e cadeiras de rodas.
Ana SilvaAlém da precária estrutura física, pacientes sofrem com a falta de profissionais especializados, como pediatras e neurologistasAlém da precária estrutura física, pacientes sofrem com a falta de profissionais especializados, como pediatras e neurologistas

“A empresa não é idônea, abandonou a obra e nos deixou numa situação crítica. Só veio bagunçar a instituição. O que estava difícil, ficou pior. Tivemos que fazer uma força-tarefa para concluir pelo menos os banheiros”, relembrou. Marilene Soares destacou que qualquer processo licitatório é lento e um novo para a retomada das intervenções, seque começou. Há dificuldades na readequação de projetos e planilhas de custos. Nas visitas que fez ao Centro, o governador Robinson Faria se comprometeu a ajudar na recuperação da unidade.

Sobre a entrega das cadeiras de rodas, órteses e próteses, Marilene Soares esclareceu que, os pacientes que requereram os equipamentos até junho de 2014, deverão recebê-los em breve. Estão previstas 3,1 mil entregas até o primeiro semestre do ano que vem. Quem protocolou pedido depois de junho do ano passado, deverá ter ainda mais paciência. Não há prazo nem para a abertura de uma nova licitação. O Tribunal de Contas do Estado (TCE), inclusive, abriu uma tomada de contas especial para acompanhar a aquisição desses equipamentos.

A vice-presidente da Associação Neurinho, Juliana Andrade, destacou que o CER é de extrema importância para os pais de crianças com necessidades especiais, principalmente os mais carentes, e precisa de uma atenção melhor do Executivo Estadual. “A gente esperava uma atenção maior, pelo fato do governador ser pai de uma criança especial. É uma triste realidade que enfrentamos todos os dias e só sabe quem passa por ela”, destacou.

Memória


Em 13 de julho de 1990, o então governador Geraldo Melo inaugurou o Centro de Reabilitação Infantil (CRI). A primeira diretora do Centro foi Ana Lúcia de Souza Carvalho, que no discurso de inauguração agradeceu a iniciativa do Governo do Estado. O secretário estadual de Saúde à época, Pedro Melo, disse na ocasião que a obra possibilitaria a cidadãos diferentemente capacitados a progredir e avançar em sua própria história.

As obras do CRI consumiram 90 milhões de cruzeiros velhos, financiados pelo Ministério da Previdência Social e Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). No dia da inauguração, Geraldo Melo  discorreu sobre as dificuldades iniciais em se conseguir verbas para a construção do Centro de Reabilitação Infantil, mas declarou ser um "grande presente de Deus" a oportunidade de entregá- lo.

Ainda em seu discurso o governador Geraldo Melo lembrou o abandono em que foi encontrado o Centro de Reabilitação Infantil, no início de seu governo, acrescentando que as poucas construções estavam em ruínas, sendo necessário reiniciá-las. O Centro de Reabilitação teve sua construção paralisada no governo do ex-governador José Agripino Maia.

Sua concepção original contemplava  atendimentos nas áreas de Atividades de Vida Diária (AVD), estimulação precoce, prótese e órtese, neurologia e musicoterapia. E tudo isso com a participação de equipe especializada que poderá atender, inclusive, crianças do interior do Estado e outras capitais. No Centro de Reabilitação Infantil serão atendidas crianças de zero a 18 anos e atenderia deficientes de todo o Rio Grande do Norte e de algumas cidades da Paraíba e Ceará.

 

 

Saúde: deficiência na reabilitação

Publicação: 2015-11-29 00:00:00 
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Ricardo Araújo
Repórter

Aos doze anos de idade, Lázaro (nome fictício), não entende as dificuldades que sua mãe, a dona de casa Francisca Auzenira, enfrenta para levá-lo semanalmente ao Centro Especializado em Reabilitação, o antigo CRI, em Natal. Acometido por paralisia cerebral, teve o desenvolvimento intelectual e motor tolhido pela patologia. Seu corpo franzino e comprido não cabe mais na mesma cadeira de rodas que usa há pelo menos uma década. Enquanto o novo equipamento locomotor não chega, numa espera que se arrasta por quase três anos, sua mãe lamenta o descaso e afirma que quem “precisa de uma severa reabilitação é o próprio Centro”. O drama de Francisca e do filho, porém, não é exclusivo. É o reflexo de como hoje funciona o primeiro Centro Especializado em Reabilitação do estado, inaugurado em 1990, cuja escassez de profissionais coloca tratamentos  em xeque, numa estrutura física sucateada, para onde serão levados os bebês com microcefalia recentemente nascidos no estado.
Ana SilvaPacientes que precisam de atendimento sofrem com a espera por equipamentos e estruturaPacientes que precisam de atendimento sofrem com a espera por equipamentos e estrutura

Limpando o filho num dos corredores da unidade, pois a velha cadeira de rodas não passa na porta dos banheiros reformados há pouco mais de um ano, Francisca Auzenira resumiu, em poucas palavras, o que é depender do Centro. “Hoje, eu vejo o CRI num dilema. Faz três anos que eu luto para conseguir fisioterapia integral para o meu filho e não consigo. Você consegue entender o que é ver seu filho atrofiando?”, indagou emocionada.  Na quinta-feira passada, ele fez a última sessão de fisioterapia do ano. Os últimos 30 minutos de um tratamento que deveria ser quase que diário. “Só volta em fevereiro. Não tem profissional. Quando tem, falta o equipamento. Tudo aqui é dificuldade”, assegurou. Além da cadeira de rodas, Lázaro aguarda um par de órteses para que suas pernas não atrofiem ainda mais. A data de entrega dos equipamentos, porém, é uma incógnita.

As histórias dos pais que recorrem ao antigo Centro de Reabilitação Infantil parecem compor um único enredo. Pais e mães se emocionam ao falar do que julgam “humilhante”. “Fiz um cadastro em 2013 e ainda não recebi nada. A previsão que deram não foi cumprida”, disse Edilaine Cristina, mãe de uma menina de oito anos de idade, portadora de hidrocefalia e mielomeningocele, que também anseia por uma cadeira de rodas. Há pelo menos um ano, a filha de Edilaine espera por atendimento fisioterápico. “Não tem dentista, pediatra, neurologista. Não tem nada. Hoje, ela só faz acompanhamento com a fonoaudióloga. Uma vez por semana e por meia hora”, frisou. Por causa dos problemas causados pela falta de profissionais no Centro, Edilaine Cristina disse que a filha regrediu o quadro evolutivo e desaprendeu a deglutir.

Nomeado para a direção-geral do CER em março deste ano, o fisioterapeuta Sarcinelli Clemente Araújo Avelino, esclareceu que a licitação para a compra de mais cadeiras de rodas e para banho está em curso e, algumas da licitação antiga, começaram a ser entregues. Hoje, conforme dados do próprio CER, pelo menos dois mil pacientes aguardam equipamentos que devem ser doados pela instituição. Quanto à falta de profissionais, o diretor-geral argumentou que “o problema é gerado, infelizmente, pela não realização de concursos públicos”. Indagado se o remanejamento de especialistas de outras unidades estaduais não mitigaria a crise, ele foi taxativo: “A solução não é essa. A solução é concurso público”.

Diferente da concepção original, o CER hoje não é um centro de pesquisa científica, de treinamento e formação de especialistas. É um dos únicos do país financiado exclusivamente por recursos do Tesouro Estadual e União, mas não consegue ser uma instituição modelo.


Construído numa área de 5,7 mil metros quadrados, o Centro de Reabilitação dispõe de salas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, psicomotricidade, pedagogia inicial (clínica), oficinas para trabalho de artesanato, pintura e cerâmica. Sem manutenção por anos a fio, as marcas da ação do tempo estão nas paredes, no teto e no piso. Uma licitação para uma ampla reforma da unidade, com recursos da ordem de R$ 1,1 milhão financiados pelo Ministério da Saúde foi deflagrada entre 2013 e 2014.

A construtora LMX Empreendimentos Eireli Ltda-ME foi a vencedora do certame e prometeu entregar, em três meses, os serviços concluídos. Entre eles estava a construção de uma nova piscina, adaptada para portadores de necessidades especiais e dependentes de cadeira de rodas. Sem justificativa plausível, a empresa abandonou o canteiro de obras e, passado um ano, a piscina que servia para práticas esportivas e fisioterapia se transformou num esqueleto de concreto sem nenhuma serventia. “Uma das nossas maiores perdas foi a não conclusão da piscina. Nela, nós fazíamos um trabalho incrível com os cadeirantes, que são os maiores prejudicados pela atrofia muscular”, lembrou emocionado o educador físico da unidade, Francisco Neto. Para a situação mudar, ele destacou que “é preciso um novo olhar sobre o CRI”.
Ana SilvaObra inacabada desativou piscina do Centro de Reabilitação, que era um importante equipamento no atendimento dos pacientes. Obra não tem data para ser retomadaObra inacabada desativou piscina do Centro de Reabilitação, que era um importante equipamento no atendimento dos pacientes. Obra não tem data para ser retomada

O Centro Especializado em Reabilitação vive uma realidade, no mínimo, antagônica. A empresa responsável pela reforma não adequou os banheiros às necessidades especiais dos seus usuários e, situações vivenciadas por Francisca Auzenira e o filho se tornaram comuns. Onde todos os ambientes deveriam ser adaptados, as portas de alguns banheiros não suportam a passagem de uma cadeira de rodas, enquanto outros estão interditados por problemas hidráulicos. Há, ainda, os problemas na rede elétrica, ainda do inícios da década de 1980, que não suporta a instalação de determinados equipamentos.

Sobre os problemas elencados, o diretor-geral da unidade, Sarcinelli Clemente Araújo Avelino, disse que “está tendo uma readequação do projeto e uma nova empresa será contratada”. Desde o dia 29 de setembro, porém, o Processo Nº 206328/2013-1-Sesap,  cuja descrição diz “solicitamos urgente providenciar licitação para reforma e manutenção nas instalações físicas e acessibilidade do nosso centro, informamos que os recursos são do convênio 772009/2012 - contrato de repasse 0389585-80/2012, s/anexo”, foi enviado à Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIN), mas sem nenhuma movimentação posterior.

No que tange a retomada da obra, o diretor-geral do CER destacou que deverá ocorrer em fevereiro próximo e, indagado sobre os motivos pelos quais o Centro chegou ao ponto atual respondeu que “quando chegou, a realidade já era aquela e, apesar dos problemas estruturais, estamos dando o nosso melhor”. Representantes da LMX Empreendimentos Eireli LTDA-ME foram procurados para comentar o motivo do abandono da obra, mas não foram localizados. Recentemente, a mesma empresa venceu outra licitação aberta pela SIN, para a reforma das unidades prisionais, também não concluída. Somente este ano, o governador Robinson Faria visitou o CER em duas ocasiões. Em uma delas, anunciou a retomada das obras brevemente, o que não ocorreu.

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