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sábado, 19 de maio de 2012

Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Caatinga acontece no ceara...

O bioma Caatinga entra no centro das atenções de especialistas e instituições, governamentais e não governamentais, durante a Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável  do Bioma Caatinga encerrada ontem  na sede do Banco do  Nordeste (BNB), em Fortaleza (CE). Especialistas defenderam a criação de um  fundo voltado para financiamento de projetos produtivos sustentáveis, combate  à desertificação e apoio à preservação do bioma caatinga.
Ministério do Meio AmbienteCaatinga, bioma característico do semiárido nordestino, não tem proteção legal como outras matasCaatinga, bioma característico do semiárido nordestino, não tem proteção legal como outras matas

O resultado dos debates consolidará a Carta da Caatinga, a ser apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. As discussões ocorrem no momento que a região Nordeste volta à pauta de ações governamentais em decorrência da seca. É nessa região que está a quase totalidade desse bioma.

Segundo o diretor de Gestão de  Desenvolvimento do BNB, José Sydrião de Alencar, a criação do "Fundo da  Caatinga", que está em discussão no Ministério do Meio Ambiente (MMA),  seguiria um modelo de gestão compartilhada. "Com esse Fundo, podemos  ter o potencial econômico alavancado e garantir a recuperação da caatinga.  Esse é nosso principal desafio: trabalhar a questão do financiamento de forma  sustentável", disse o diretor.

Na oportunidade, o diretor do  BNB destacou a ligação do bioma com o próprio surgimento da Instituição.  "O Banco não poderia ficar longe desse debate, até mesmo pelo seu DNA.  O fundamento da criação do BNB, há 60 anos, foi justamente pensar a  convivência com o semiárido, para onde destinamos 50% dos recursos oriundos  do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste".

Para o diretor do Departamento  de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello, a criação do Fundo da  Caatinga deve permitir que se consiga um envolvimento articulado e  inteligente para utilização dos recursos desse bioma. "Se os  utilizarmos com responsabilidade e seguindo critérios técnicos, conseguiremos  aliar inclusão social com preservação da biodiversidade e desenvolvimento  regional", garantiu.

A presidente do Conselho  Nacional da Reserva da Biosfera da Caatinga, Alexandrina Sobreira, também  reforçou a importância da criação de fundos voltados à preservação do bioma.  "Onde há capacidade instalada percebemos que se obtém progresso. É  importante ampliarmos essa ação e articularmos todas as esferas para a  criação do Fundo da Caatinga, pois a Amazônia já foi beneficiada durante  muito tempo e atualmente conta com muitos recursos", finalizou. O evento permitiu a  realização de debates, do qual participaram secretários de Meio Ambiente de  estados nordestinos, e celebração do Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável  da Caatinga, que resultará em declaração a ser apresentada na Conferência das  Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio + 20.

Seca já atinge mais de 2,7 milhões

A seca que já afeta mais de 2,7 milhões de pessoas na Bahia também traz prejuízos para a agricultura e a pecuária. A estimativa é que a perda na produção varie de 20% a 40%. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeb), em 90 dias, as pequenas cidades do interior começarão a sentir sinais de desabastecimento de carne bovina e o consequente aumento de preço do produto.

A produção de leite já apresenta uma queda aproximada de um terço, o que representa 1,5 milhão de litros por dia. Com redução de 60% na produção no setor, as cidades de Itapetinga, Jequié e Itabuna são as que sentem os maiores efeitos da seca.

A Faeb considera perdida a produção de feijão e milho que ainda não foi colhida. Em diversos municípios, não houve condições para plantio. O abastecimento deverá ser feito com os produtos vindos de Minas Gerais e do Paraná.

O plantio de frutas também está prejudicado, com exceção da região do Rio São Francisco, onde não há problemas de irrigação. Por causa da seca, o governo proibiu o uso da água para fins comerciais e liberou apenas para abastecimento da população. A produção de abacaxi em Itaberaba, por exemplo, já está com a safra deste ano comprometida e com o plantio para o próximo ano atrasado.

Além do plantio e criação de gado, a seca afeta os festejos tradicionais de Santo Antônio, São João e São Pedro. Até o momento, 26 municípios cancelaram suas festas por causa da seca e 21 reduziram as atividades. A orientação do Tribunal de Contas dos Municípios é para que não gastem com os festejos juninos mais do que o gasto em anos anteriores para que as comemorações não prejudiquem as ações de combate à seca.

A estiagem na região deixa 242 municípios em situação de emergência. A seca é considerada a pior dos últimos 30 anos.

Orientação

O Comitê Integrado de Combate à Seca em Pernambuco criou um telefone gratuito - 0800 281 2090 - para orientar vítimas da seca sobre ações emergenciais. O atendimento é feito das 7 h às 19 h. Funcionários vão tirar dúvidas e prestar esclarecimentos a quem procurar o serviço.

Em Pernambuco, 86 municípios decretaram situação de emergência, sendo 56 deles no sertão, onde não chove há mais de um ano. Para amenizar os efeitos da estiagem, o governo estadual autorizou a contratação de 800 carros-pipa para garantir o abastecimento de água e vai antecipar o pagamento de seguro a 112 mil agricultores que perderam mais da metade da safra devido à falta de chuva. Cada produtor vai receber R$ 680, dividido em seis parcelas. A primeira deve ser paga em julho.

Em parceria com o governo federal, Pernambuco irá instalar 36 mil cisternas, construir 440 barragens e pagar auxílio no valor de R$ 400 aos agricultores não contemplados pelo programa estadual de seguro-safra. Ao todo, estão previstos R$ 514 milhões para enfrentamento da seca, somados recursos federal e estaduais.

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