O Rio Grande do Norte é o sexto Estado do Brasil em aumento da Taxa de
Homicídios entre os anos de 1998 e 2008. O dado está incluído no Mapa da
Violência 2011, divulgado ontem pelo Ministério da Justiça e o
Instituto Sangari. O Estado registrou em 2008, 23,2 homicídios para cada
100 mil habitantes, o que representa um crescimento de 172,8% em
relação à taxa apontada em 1998, que era de apenas 8,5 homicídios. Com
isso, o Rio Grande do Norte subiu da 24ª para 19ª posição no ranking dos
estados mais violentos do Brasil.
Dos 10 Estados que mais aumentaram os índices de homicídios na década estudada, sete são do Nordeste. A maior variação da taxa de homicídio foi registrada no Maranhão (297%), seguido da Bahia, Pará, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Minas Gerais, Goiás e Paraíba (ver quadro com variações).
Para se ter ideia da gravidade desses dados, basta comparar com o crescimento da taxa de homicídios do Brasil, que foi de apenas 1,9% em 10 anos, passando de 25,9 para 26,4 para cada 100 mil habitantes. O Mapa da Violência 2011 aponta o que se chama de "Interiorização da Violência", pois os números mostram que os índices de homicídios nas capitais dos estados e nas Regiões Metropolitanas estão caindo significativamente.
Infelizmente, os dados das capitais dos estados do Nordeste vão de encontro a essa tendência. Enquanto que a taxa geral de homicídios em capitais do Brasil caiu 17,7% na década estudada, em Natal, por exemplo, esse número aumentou em 91,7%, passando de 16,2, para 31,1 homicídios para cada 100 mil habitantes. Esse crescimento coloca Natal entre as 10 capitais do País onde mais cresceu o número de homicídios. Esse ranking é liderado por Salvador - que teve aumento de 289,1%, seguida por Maceió, São Luis, Curitiba, Aracaju, Florianópolis, Goiânia e Natal. Assim como o Rio Grande do Norte, os novos dados do Ministério da Justiça tira Natal da 24ª e a coloca na 19ª colocação no ranking entre as capitais mais violentas do País, fincando, inclusive, à frente do Rio de Janeiro, que fez o caminho inverso de Natal, e passou da 5ª para a 20ª colocação na lista.
O Mapa traz uma lista com as 100 cidades mais violentas no País. Do Rio Grande do Norte, o município de Caraúbas, distante 298 Km de Natal, é o único da lista. A cidade aparece em 92º lugar com uma taxa de homicídio de 57,4 por cada 100 mil habitantes.
O Mapa da Violência também estudou os índices de homicídios de jovens com idade entre 15 e 24 anos. No RN, o aumento de assassinato de jovens cresceu bem acima das médias do Brasil e de todas as regiões do País.
Maior que o índice de crescimento do R N só mesmo o Maranhão (514,9%), Alagoas (343,7%), Bahia (343,4%), Pará (256,7%), Sergipe (249,1%) e Minas Gerais (227,5%). No ranking dos estados e capitais com maior taxa de homicídios de jovens, tanto o RN como Natal ocupam a 19ª colocação. Na lista das 100 cidades brasileiras com maior índice de assassinato de jovens, a cidade de Mossoró aparece como a única citada do RN, com uma taxa de homicídio de 115,9 para cada 100 mil jovens, ocupando o 53º na lista nacional.O Mapa da Violência 2011 também estudou o número de mortes em acidentes de trânsito suicídios de jovens com idade entre 15 e 24 anos.
Especialista culpa ausência do policiamento ostensivo
A ausência do policiamento ostensivo e o aumento do consumo de drogas são, no ponto de vista do especialista em Direito Penal e Criminologia, Demétrio Dantas, fatores que contribuíram para o aumento no número de homicídios em Natal.
Dantas avalia que a situação na capital se agrava em bairros periféricos onde a presença da polícia é pequena. "Nos bairros centrais como Lagoa Nova, Petrópolis e até Capim Macio não visualizamos homicídios, porém nas localidades consideradas periféricas observamos constantemente execuções. O policiamento ostensivo nas regiões centrais é bem superior à periferia que pode contribuir para o aumento dos crimes".
O especialista aponta como fator preponderante para o crescimento no número de homicídios o pouco investimento por parte do Estado, em relação, à Segurança Pública o que também veio a favorecer o aumento do tráfico de drogas na capital. "Os entorpecentes ganharam espaço. Os jovens se envolvem com drogas facilmente e não existe dúvidas de que a maioria deles morre vítima de acerto de contas".
O comandante geral da PM coronel Francisco Canindé de Araújo Silva afirmou que ainda não teve acesso ao mapa, mas é notório que o maior número de assassinatos registrados na capital é proveniente de acerto de contas. "Nos últimos cinco anos a maioria das mortes ocorre entre jovens de 14 e 25 anos vítimas de acertos de contas".
Araújo enfatizou que o policiamento ostensivo é realizado. "É para a manutenção da ordem pública, mas crimes encomendados os policiais não têm como evitar. Os acertos de conta independem da ostensividade realizada pela PM".
Apesar das tentativas, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte Aldair Rocha não atendeu às ligações da TRIBUNA DO NORTE.
Para o pesquisador em Segurança Pública e coordenador para a região Nordeste da Ong Movimento Viva Brasil Fabrício Rebelo a pesquisa mostra a quebra de dois paradigmas que durante anos foram base de estudos, debates e campanhas: os de que a violência e a criminalidade são combatidas com desarmamento da população e distribuição de renda. Mesmo apresentando, de acordo com dados da Polícia Federal, o menor número de armas legais do Brasil, e tendo sido a região com o maior desenvolvimento econômico do país, o Nordeste tem hoje as mais altas taxas de homicídios e de violência em geral. "O desarmamento não desarma o criminoso que está munido com armas de grosso calibre", diz.
Rebelo disse que hoje o país vive um problema sério quanto ao combate ao tráfico de drogas e que não existe politica de repressão à violência que passa pelo reaparelhamento da polícia. "Precisamos de uma polícia equipada, de policiais bem remunerados e ainda do cumprimento da legislação penal. Não adianta prender hoje e soltar amanhã".
Itep
O Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) com sede em Natal registrou do dia 1º de janeiro deste ano até o final da tarde de ontem 87 homicídios na capital, região metropolitana e cidades circunvizinhas. Os números apontam, exatamente, o que o especialista em Direito Penal e Criminologia Demétrio Dantas revelou. Na maioria esmagadora dos casos, os assassinatos foram computados em regiões periféricas: Cidade Nova, Planalto, Felipe Camarão, Quintas, Bom Pastor, Jardim Progresso, Guarapes, Rocas, Igapó e até no bairro do Alecrim. Em 95% dos casos os assassinatos foram consumados com o emprego de arma de fogo, ou seja, o desarmamento não funciona para os criminosos.
Publicação: 25 de Fevereiro de 2011 às 00:00 - JORNAL TRIBUNA DO NORTE
REDE MANDACARU RN - EM AÇÃO PROJETO JA FALEI 10639
emanuel amaralMapa
da violência mostra que o aumento de assassinato de jovens no Rio
Grande do Norte cresceu bem acima das médias do Brasil e de todas as
regiões do país
O aumento da violência no Estado é uma realidade
que atinge praticamente toda a região Nordeste do País, onde o estudo
aponta o maior crescimento nos números de mortes por causas externas
violentas (homicídios, acidentes de trânsito e suicídios).Dos 10 Estados que mais aumentaram os índices de homicídios na década estudada, sete são do Nordeste. A maior variação da taxa de homicídio foi registrada no Maranhão (297%), seguido da Bahia, Pará, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Minas Gerais, Goiás e Paraíba (ver quadro com variações).
Para se ter ideia da gravidade desses dados, basta comparar com o crescimento da taxa de homicídios do Brasil, que foi de apenas 1,9% em 10 anos, passando de 25,9 para 26,4 para cada 100 mil habitantes. O Mapa da Violência 2011 aponta o que se chama de "Interiorização da Violência", pois os números mostram que os índices de homicídios nas capitais dos estados e nas Regiões Metropolitanas estão caindo significativamente.
Infelizmente, os dados das capitais dos estados do Nordeste vão de encontro a essa tendência. Enquanto que a taxa geral de homicídios em capitais do Brasil caiu 17,7% na década estudada, em Natal, por exemplo, esse número aumentou em 91,7%, passando de 16,2, para 31,1 homicídios para cada 100 mil habitantes. Esse crescimento coloca Natal entre as 10 capitais do País onde mais cresceu o número de homicídios. Esse ranking é liderado por Salvador - que teve aumento de 289,1%, seguida por Maceió, São Luis, Curitiba, Aracaju, Florianópolis, Goiânia e Natal. Assim como o Rio Grande do Norte, os novos dados do Ministério da Justiça tira Natal da 24ª e a coloca na 19ª colocação no ranking entre as capitais mais violentas do País, fincando, inclusive, à frente do Rio de Janeiro, que fez o caminho inverso de Natal, e passou da 5ª para a 20ª colocação na lista.
O Mapa traz uma lista com as 100 cidades mais violentas no País. Do Rio Grande do Norte, o município de Caraúbas, distante 298 Km de Natal, é o único da lista. A cidade aparece em 92º lugar com uma taxa de homicídio de 57,4 por cada 100 mil habitantes.
O Mapa da Violência também estudou os índices de homicídios de jovens com idade entre 15 e 24 anos. No RN, o aumento de assassinato de jovens cresceu bem acima das médias do Brasil e de todas as regiões do País.
Maior que o índice de crescimento do R N só mesmo o Maranhão (514,9%), Alagoas (343,7%), Bahia (343,4%), Pará (256,7%), Sergipe (249,1%) e Minas Gerais (227,5%). No ranking dos estados e capitais com maior taxa de homicídios de jovens, tanto o RN como Natal ocupam a 19ª colocação. Na lista das 100 cidades brasileiras com maior índice de assassinato de jovens, a cidade de Mossoró aparece como a única citada do RN, com uma taxa de homicídio de 115,9 para cada 100 mil jovens, ocupando o 53º na lista nacional.O Mapa da Violência 2011 também estudou o número de mortes em acidentes de trânsito suicídios de jovens com idade entre 15 e 24 anos.
Especialista culpa ausência do policiamento ostensivo
A ausência do policiamento ostensivo e o aumento do consumo de drogas são, no ponto de vista do especialista em Direito Penal e Criminologia, Demétrio Dantas, fatores que contribuíram para o aumento no número de homicídios em Natal.
Dantas avalia que a situação na capital se agrava em bairros periféricos onde a presença da polícia é pequena. "Nos bairros centrais como Lagoa Nova, Petrópolis e até Capim Macio não visualizamos homicídios, porém nas localidades consideradas periféricas observamos constantemente execuções. O policiamento ostensivo nas regiões centrais é bem superior à periferia que pode contribuir para o aumento dos crimes".
O especialista aponta como fator preponderante para o crescimento no número de homicídios o pouco investimento por parte do Estado, em relação, à Segurança Pública o que também veio a favorecer o aumento do tráfico de drogas na capital. "Os entorpecentes ganharam espaço. Os jovens se envolvem com drogas facilmente e não existe dúvidas de que a maioria deles morre vítima de acerto de contas".
O comandante geral da PM coronel Francisco Canindé de Araújo Silva afirmou que ainda não teve acesso ao mapa, mas é notório que o maior número de assassinatos registrados na capital é proveniente de acerto de contas. "Nos últimos cinco anos a maioria das mortes ocorre entre jovens de 14 e 25 anos vítimas de acertos de contas".
Araújo enfatizou que o policiamento ostensivo é realizado. "É para a manutenção da ordem pública, mas crimes encomendados os policiais não têm como evitar. Os acertos de conta independem da ostensividade realizada pela PM".
Apesar das tentativas, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte Aldair Rocha não atendeu às ligações da TRIBUNA DO NORTE.
Para o pesquisador em Segurança Pública e coordenador para a região Nordeste da Ong Movimento Viva Brasil Fabrício Rebelo a pesquisa mostra a quebra de dois paradigmas que durante anos foram base de estudos, debates e campanhas: os de que a violência e a criminalidade são combatidas com desarmamento da população e distribuição de renda. Mesmo apresentando, de acordo com dados da Polícia Federal, o menor número de armas legais do Brasil, e tendo sido a região com o maior desenvolvimento econômico do país, o Nordeste tem hoje as mais altas taxas de homicídios e de violência em geral. "O desarmamento não desarma o criminoso que está munido com armas de grosso calibre", diz.
Rebelo disse que hoje o país vive um problema sério quanto ao combate ao tráfico de drogas e que não existe politica de repressão à violência que passa pelo reaparelhamento da polícia. "Precisamos de uma polícia equipada, de policiais bem remunerados e ainda do cumprimento da legislação penal. Não adianta prender hoje e soltar amanhã".
Itep
O Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) com sede em Natal registrou do dia 1º de janeiro deste ano até o final da tarde de ontem 87 homicídios na capital, região metropolitana e cidades circunvizinhas. Os números apontam, exatamente, o que o especialista em Direito Penal e Criminologia Demétrio Dantas revelou. Na maioria esmagadora dos casos, os assassinatos foram computados em regiões periféricas: Cidade Nova, Planalto, Felipe Camarão, Quintas, Bom Pastor, Jardim Progresso, Guarapes, Rocas, Igapó e até no bairro do Alecrim. Em 95% dos casos os assassinatos foram consumados com o emprego de arma de fogo, ou seja, o desarmamento não funciona para os criminosos.
Publicação: 25 de Fevereiro de 2011 às 00:00 - JORNAL TRIBUNA DO NORTE
REDE MANDACARU RN - EM AÇÃO PROJETO JA FALEI 10639
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