09/2011
Comercial com Machado de Assis branco é suspenso
“Machado de Assis,
branco?”. Foi assim que o público brasileiro reagiu à campanha
publicitária da Caixa Econômica Federal, que comemora o seu primeiro
século e meio de existência. Criado pela agência Borghierh/Lowe, o
comercial viaja no tempo para mostrar que até os imortais foram
correntistas do banco público. Só que, em vez de um ator negro, como
seria mais adequado, o comercial é protagonizado por um ator branco,
ignorando as origens visivelmente africanas de Machado de Assis. A Caixa
interrompeu a veiculação da propaganda após receber uma enxurrada de
protestos na Internet e um pedido formal da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade racial (Seppir).
Em comunicado oficial, a Caixa “pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial". Também em nota oficial, a Seppir criticou a escolha de um ator branco para viver o escritor "por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico". A Seppir também entrou com pedido de providências junto ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e ao Ministério Público Federal.
O cantor e compositor Nei Lopes, autor de diversos livros sobre a temática africana, da qual é um profundo conhecedor, escreveu em seu blog: “Nesta altura do campeonato, escurecer a pele de um ator branco para representar um negro não tem mais graça nenhuma. Desde o tempo do Dr. Martin Luther King”.
Ainda no blog de Nei Lopes, A Cor da Cultura encontrou uma análise que vem a calhar, feita por Eduardo de Assis Duarte, que é mestre da Universidade Federal de Minas Gerais e é autor do livro “Machado de Assis afrodescendente”, lançado em 2007 pela Pallas Editora: “O esforço histórico de embranquecimento e consequente negação da afrodescendência de Machado de Assis ganha um impulso monstruoso com esse comercial da Caixa Econômica, bombardeado todas as noites em milhões de aparelhos de televisão de todo o país. Por aí se pode aquilatar o poder silencioso da branquitude, uma vez que nenhum órgão de imprensa até o momento levantou a questão e se omite diante de mais essa operação racista patrocinada com dinheiro público”. E mais: “De novo o poder público se rende, como no episódio de Monteiro Lobato no ano passado, quando 10 mil exemplares com conteúdos racistas foram comprados com o nosso dinheiro e distribuídos em escolas públicas. É triste”.
Usuária do Facebook, Jussara Pimenta comentou em seu perfil na rede social: “O 'Branco do Cosme Velho' seria mais apropriado para esse absurdo. Será que cometeriam o 'engano' de retratar um 'imortal' branco sendo representado por um ator negro? Claro que não. O 'branqueamento' do imortal do Cosme Velho não foi um descuido como a princípio se quer fazer acreditar”.
Leia, na íntegra, a nota da Caixa Econômica Federal que foi distribuída à imprensa:
A Caixa Econômica Federal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.
A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Governo Federal.
A CAIXA nasceu coma missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.
Em comunicado oficial, a Caixa “pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial". Também em nota oficial, a Seppir criticou a escolha de um ator branco para viver o escritor "por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico". A Seppir também entrou com pedido de providências junto ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e ao Ministério Público Federal.
O cantor e compositor Nei Lopes, autor de diversos livros sobre a temática africana, da qual é um profundo conhecedor, escreveu em seu blog: “Nesta altura do campeonato, escurecer a pele de um ator branco para representar um negro não tem mais graça nenhuma. Desde o tempo do Dr. Martin Luther King”.
Ainda no blog de Nei Lopes, A Cor da Cultura encontrou uma análise que vem a calhar, feita por Eduardo de Assis Duarte, que é mestre da Universidade Federal de Minas Gerais e é autor do livro “Machado de Assis afrodescendente”, lançado em 2007 pela Pallas Editora: “O esforço histórico de embranquecimento e consequente negação da afrodescendência de Machado de Assis ganha um impulso monstruoso com esse comercial da Caixa Econômica, bombardeado todas as noites em milhões de aparelhos de televisão de todo o país. Por aí se pode aquilatar o poder silencioso da branquitude, uma vez que nenhum órgão de imprensa até o momento levantou a questão e se omite diante de mais essa operação racista patrocinada com dinheiro público”. E mais: “De novo o poder público se rende, como no episódio de Monteiro Lobato no ano passado, quando 10 mil exemplares com conteúdos racistas foram comprados com o nosso dinheiro e distribuídos em escolas públicas. É triste”.
Usuária do Facebook, Jussara Pimenta comentou em seu perfil na rede social: “O 'Branco do Cosme Velho' seria mais apropriado para esse absurdo. Será que cometeriam o 'engano' de retratar um 'imortal' branco sendo representado por um ator negro? Claro que não. O 'branqueamento' do imortal do Cosme Velho não foi um descuido como a princípio se quer fazer acreditar”.
Leia, na íntegra, a nota da Caixa Econômica Federal que foi distribuída à imprensa:
A Caixa Econômica Federal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.
A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Governo Federal.
A CAIXA nasceu coma missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.
FONTE A COR DA CULTURA - CANAL FUTURA...
REDE MANDACARU RN
PROJETO JA FALEI 10639 VEZES QUE RACISMO, INTOLERANCIA E PRECONCEITO DE QUALQUER FORMA SAO CRIMES...
Nenhum comentário:
Postar um comentário