Rio Grande do Norte
PREFEITURA MUNICIPAL
DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN
SECRETARIA MUNICIPAL DE
JUVENTUDE,ESPORTE E LAZER
DIAGNÓSTICO
SOCIAL DA JUVENTUDE SÃO GONÇALENSE
“ConheÇer para transformar”
Wedson Melo –
Coordenação de Juventude
Dezembro de 2012
APRESENTAÇÃO
A
Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Amarante/RN através da Secretaria
Municipal de Juventude, Esporte e lazer, realizarão entre o ano de 2009 a 2012
um amplo estudo sob pesquisas,
discursões e seminários em vários distritos do
nosso município sobre as politicas
publicas de Juventude.
Esta primeira redação,
seguindo a metodologia dos projetos já desenvolvidos no município, será
aperfeiçoada com observações criticas oferecidas pelos movimentos de juventude
ONGs, especialistas, parlamentares e gestores públicos que contribuíram nas
varias etapas dessa gestão, ou que possam fazê-lo a partir de agora.
São Gonçalo do Amarante/RN vem
adquirindo consciência mais acurada sobre a importância estratégica do tema
juventude. Multiplicaram-se na últimos anos as iniciativas-governamentais ou
não voltadas a esse segmento populacional que, no censo de 2000, superou
34milhões de pessoas, se adotado o critério das Nações Unidas delimitando a
faixa ente 15 e 29 anos.
Nesse avanço, merece reconhecimento,
em primeiro lugar, a contribuição trazida pelos próprios jovens. Enfrentando sérios problemas no mundo do
trabalho e na esfera educacional, em número muito expressivo se agregam, se
organizam e passam a construir a própria identidade cidadã através de amplo
leque de atividades participantes.
Nas práticas de cunho recreativo,
cultural, esportivos e religioso, passando pelo envolvimento em ações
comunitárias e de solidariedade, os próprios jovens descobrem saídas, as
alternativas encontradas vão da atividade em âmbito local ate á militância
politica nas mais siglas em movimentos sócias que tiveram destaque em nosso
processo de reconstrução democrática, como estudantil e o sindical.
Os jovens apoiam-se, muitas vezes,
num valioso suporte oferecidos por ONGs, entidades da sociedade civil,
fundações empresariais e dentre outras relacionadas com essa área, que oferecem
programas de incentivos, recursos e instrumentos que são vitais para
participação juvenil em muitos distritos do nosso municipio.
Em sua reconstrução democrática, o
municipio de São Gonçalo abriu novos espaços para essa mobilização que passou a
construir instrumentos institucionais inovadores. Sejam eles no âmbito
Estadual, Federal em São Gonçalo do Amarante/RN vem sendo criadas distintas
modalidades de organismo gestores que se direcionam especificamente á
juventude. Como por exemplo a câmaras
municipal e o Gabinete Civil, ai vimos o
avanço, o Poder Legislativo começa a se voltar com o tema com um grau inédito de interesse.
No entanto, esses aspectos positivos
e registros otimistas não chegam a dar a tónica da questão. O que ainda
predomina em nosso município é uma rotina de desconhecimento, desinteresse e
descasos das autoridades frente à dimensão dos problemas que envolvem esse
contingente populacional – um quinto dos jovens de nosso município - que vale
como elo de ligação entre o brasil que
temos e aquele que devemos construir.
Neste momento especial da historia
republicana de São Gonçalense, em que o combate á fome e o enfrentamento das
desigualdades sócias se convertem em
pauta politica de primeira grandeza, é preciso trazer também o tema
juventude para o primeiro plano da agenda municipal.
Há pelo menos três razões para
sustentar a importância dessa aposta: o peso numérico do segmento populacional
envolvido; a gravidade dos problemas diferenciais enfrentados por ele; e ainda
a reconhecida energia, a criatividade e o potencial de engajamento em
mobilizações de cunho cidadão que a juventude tantas vezes demostrou na historia
de nosso município e de outros povos.
Além de resumir que foi projeto
juventude e explicar a metodologia adotada, este documento de conclusão oferece
as autoridades publicas – de todos os níveis e ao poder Publico – bem como a
todos os desafiado, o que resta é o trabalhar na realização dessa tarefa
municipal, três elementos importantes:
·
Um
diagnóstico geral sobre a juventude São Gonçalense nos dias de hoje, que
focaliza os dados económicos e sociais mais importantes para se compreender sua
realidade, analisa as politicas publicam vigentes e suas lacunas questionam
preconceitos recorrentes e valoriza a diversidade de iniciantes já em curso;
·
Um
conjunto de diretrizes e orientações estratégicas que despontaram como
forte consenso nos estudos e seminários do tema Juventude, para serem sugeridas
às autoridades governamentais e às organizações da sociedade civil,
consideradas peças indispensáveis para que o município assuma como propriedade
a questão,
·
Uma
agenda detalhada de avaliações, recomendações e propostas específicas a
serem consideradas em cada uma das áreas setoriais da ação governamental, ou no
âmbito do Legislativo e da pluralidade de sujeitos institucionais que compõem a
sociedade civil.
Levando
em conta a vastidão dos temas debatidos, seria viável – nem metodologicamente
correto – afunilar as conclusões desse programa de estudos em um texto com
propostas fechadas, em prazos rígidos e metas quantitativas inflexíveis.
Além de invadir a esfera de
competência legitima que, na democracia, é conferida pelo voto popular aos
mandatários do Executivo e do legislativo, essa opção quebraria a logica
interna que presidiu o trabalho: construção dos consensos gerais e movimentos,
institucionais, ONGs, especialistas e lideranças politicas que guardam entre si
nítidas divergências de ordem conceitual sobre a questão, bem como no que se
refere aos alinhamentos ideológicos e afinidades partidárias.
2
– JUVENTUDE SÃO GONÇALENSE E SEU DIAGNÓSTICO:
O
tema juventude adquire visibilidade crescente nos últimos anos nosso municipio.
Aumentou o peso relativo dessa categoria etária na população. Essa população
tem, uma somam hoje 91.000 mil, sendo que, cerca de 37 a 41% (estimativa de 40 mil) dessa população são considerada jovens com idade de 15 a 29 anos .
Os jovens ocupam o centro de
questões que comovem o país, tanto no que diz respeito aos problemas gerados
pelos agravamentos das desigualdades, como no que se refere à esperança de
novos caminhos para nossa evolução social, com valores e padrões éticos
superiores ao que predominam hoje.
É possível afirmar que os jovens
estão entre as principais vitimais do tipo de desenvolvimento económico e
social observado nas ultimas décadas, que aprofundou os problemas de exclusão.
Aumentou o desemprego e a precariedade da ocupação profissional nesse segmento.
Segundo dados do IBGE, cerca de 5,7%( estimativa) de jovens estavam sem trabalho em 2008,
representando 10,2% do total de desempregados do município. A taxa de
desemprego aberto para os jovens estava em torno de 18%,quando a media
brasileira era de 9,4%.
Os dados estatísticos são eloquentes
também quando revelam o deficit educacional que atinge a juventude. Apesar de
ter crescido o nível geral de escolaridade em comparação com as gestões
anteriores, mais de 20 mil, isto é, mais de metade dos jovens são Gonçalense
entre 15e 29 anos, não estudavam entre os anos de 2001 a 2008. E somente 42% da população nessa
faixa etária chegaram ao ensino médio, hoje considerado nível básico de
escolarização.
Entre os indicadores preocupantes
estão às estatísticas mostrando o crescimento da violência nos grandes centros
urbanos, que envolve os jovens de forma acentuada como vitimas ou
agressores. Que em 2009 a taxa de
homicídios na população jovem foi de 54,5 para cada 2 mil, contra 21,7 para o
restante da população. E o que é mais grave: enquanto as taxas referentes ao
restante da população têm se mantido relativamente estáveis desde 1997, no
segmento juvenil pulou de 30 naquele ano para os 54,5 de hoje.
Por outro lado, os jovens, graças à
elevações dos níveis educacionais, e dotados que são de predisposição a mudanças,
são mais capazes de aproveitar as transformações trazidas pelas novas
tecnologias informativas e produtivas possuem, por isso, potencial para se
tornarem atores estratégicos no desenvolvimento do município .
Entre os jovens brasileiros,
pesquisas e estudos tem relevado grande abertura aos valores da solidariedade
social e responsabilidade ambiental, confirmando-se a capacidade transformada
já revelada para atuação em movimentos exigindo mudanças éticas, sociais e
politicas, como atestou a forte presença da juventude em campanhas como a das
Diretas Já e do Impeachment.
O tema “Juventude” pode parecer, à primeira
vista, um tema óbvio, assim como diagnósticos de seus problemas, uma vez que
todos partilham uma noção social sobre a questão, todos conviveram com jovens e
temos opiniões a respeito de suas características, problemas e virtudes.
Afinal, os jovens são pauta constante na midia, na publicidade e nos produtos
industrial e cultural, havendo uma produção incessante de imagens a seu
respeito.
No entanto, com elevada frequência
essas imagens remetem a estereótipos que não correspondem aos jovens reais, à
diversidade de suas realidades e à complexidade das formas que configuram suas
vidas e seu posicionamento frequente ao mundo. Nesse sentido, compreender a
juventude deixa de ser uma tarefa óbvia e exige leituras que superem os mitos
recorrentes e o censo comum.
Os jovens se queixam, por exemplo,
de que na mídia aparecem quase sempre em imagens polarizadas. De um lado, os
personagens da publicidade e novelas: bonitos, saudáveis, alegres e
despreocupados, que se oferecem como modelos de um tipo de consumo e um estilo
de vida a qual poucos jovens reais têm acesso. De outro como tema dos
noticiários, jovens envolvidos com graves problemas ou comportamentos de risco.
Como a questão das drogas, alcoolismo e dentre outras agravações que estão mais
próximos de jovens que vivem em situação de vulnerabilidade.
Essas imagens correspondem a algumas
das percepções correntes sobre a juventude, também baseadas em estereótipos não
fundamentados por dados reais, ou pouco banalizados pela diversidade
existente. As duas mais reconhecidas: os
jovens da geração atual denotam acentuado individualismo, consumismo,
pragmatismo, alienação, desinteresse politico, acomodação frente ao estado das
coisas; ou a de que são eles os principais vetores de disseminação da
violência, desagregação da família e desestruturação dos vínculos societários.
Para elaborar um diagnostico
rigoroso e sugerir possíveis respostas do ponto de vista das politicas publica
é preciso ir além de estereótipos desse tipo. A compreensão adequada do que é a
condição juvenil e o que condição juvenil e o que a torna singular em relação a
outros segmentos populacionais é um ponto de partida fundamental. E isso implica
em responder algumas questões básicas: quais são as realidades, as demandas, os
problemas, os desafios, os limites e as possibilidades vividas pelos jovens
neste momento da nossa historia, ou seja, no texto social vivido pelos pais.
Sobretudo, requer clareza sobre porque, e de que forma tais questões devem ser
alvo de politicas públicas.
2.1
– A condição juvenil e o contexto atual
A condição juvenil é dada pelo
fato de os indivíduos estarem vivendo um período específico de ciclo de vida,
num determinado momento histórico e cenário cultural. No contexto atual,
juventude é, idealmente, o tempo em que se completa a formação física,
intelectual, psíquica, social e cultural, processando-se a passagem da condição
de dependência para a de autonomia em relação à família de origem. A pessoa
torna-se capaz de produzir (trabalhar), reproduzir (ter filhos e criá-los),
manter-se e prover a outros, participar plenamente da vida social, com todos os
direitos e responsabilidades. Portanto, trata-se de uma fase marcada centralmente
por processos de definição de inserção social.
Essa fase do ciclo de vida não pode
mais ser considerada, como em outros tempos, uma breve passagem da infância
para a maturidade, de isolamento e
suspenção da vida social, como“ tarefa” quase exclusiva de preparação
para a vida adulta. Esse período se alongou e se transformou, ganhando maior
complexidade e significado social, trazendo novas questões para as quais a
sociedade ainda não tem respostas integralmente formuladas.
Tal prolongamento se deve em parte à
necessidade de estender o tempo de formação, de escolaridade e de capacitação
profissional, mas também às dificuldades de inserção que caracterizam, hoje o
tornam-se adultos. Além disso, as experiências das gerações juvenis anteriores
ampliaram a vivência dos jovens com dimensões mais participativas,
experimentais e autônomos no campo do lazer, da cultura, da sexualidade e da
sociabilidade.
A condição juvenil não pode mais ser
compreendida como apenas uma fase de preparação para a vida adulta, embora
envolva processos fundamentais de formação. Ela corresponde a uma etapa de
profundas definições de identidade na esfera pessoal e social, o que
exige experimentação intensa em diferentes esferas da vida.
A condição juvenil se desenvolve em
múltiplas dimensões. Os jovens são sujeitos com necessidades, potencialidades e
demandas singulares em relação a outros segmentos etários. Requerem estruturas
de suporte adequadas para desenvolver sua formação integral e também para
processar suas buscas, para construir seus projetos e ampliar sua inserção na
vida social.
Os processos construtivos da
condição juvenil se fazem de modo diferenciado segundo as desigualdades de
classe, renda familiar, condição de moradia rural ou urbana, no centro ou na
periferia, de etnia, género etc. em função dessas diferenças, os recursos
disponíveis resultam em chances muito distintas de desenvolvimento e inserção.
O reconhecimento da especificidade
da juventude tem que ser feito num duplo registro: o da sua singularidade
com relação a outros momentos da vida, e da sua diversidade interna, que
se faz com que a condição juvenil assuma diferentes contornos.
A juventude são Gonçalense vive,
hoje, por um lado, possibilidades ampliadas no que diz respeito à liberdade de
escolhas e pratica comportamentais, potencializando os processos de
experimentação as definições próprias dessa idade. Conta também como maior
liberdade de participação cultural e politica, após a restauração da
normalidade democrática do nosso município.
Por outro lado, além dos problemas
já referidos a respeito da inserção social de nossa juventude, profissional e
educacional, a juventude se depara com outro tipo de dificuldade: raramente é
considerada, ouvida, respeitada e levada a serio na expressão de suas opiniões
e necessidades. Muitos se queixam de serem descriminados nos espaços públicos
pelo fato de serem jovens. Os adultos com quais mantem contato, pais e
professores especificamente, em geral adotam uma atitude de julgamento, de censura, omitindo-se em acompanhar
seus percursos e ouvir suas demandas.
Esse
quadro compõe uma série de paradoxos para a atual geração juvenil, dos quais
emergem as dificuldades, os dilemas, os desafios e também as possibilidades que
os jovens têm a sua frente.
Os
dados estatísticos anteriormente disponíveis e os coletados nas pesquisas
quantitativa e qualitativa da Secretaria municipal de Juventude, Esporte e
Lazer, registros esses tirados da 1ª conferencia Municipal de Juventude de
nosso Município, indicam a amplitude dessa diversidade, a gravidade das
desigualdades, a complexidade dos dilemas e desafios colocados. Abrem portas,
também, para a procura de respostas e soluções.
2.1.1-
Alguns números
Os 4o mil jovens que vivem
hoje em nosso município se dividem igualmente entre homens e mulheres. No
último censo do IBGE, em 2000, 50% dos jovens se declaram brancos e 485
estima-se que são negros ou pardos.
A proporção de adolescentes – jovens
entre 15 e 18 anos incompletos, conforme definição do Estatuto da Criança e do
Adolescente – é de 10.727. Somam 7.222 os que têm 18 ou 19 (21.4%). E a faixa
posterior, de 20 a 29 anos, alcança 47.6% (15.828 jovens), sempre conforme os
dados do ano 2000. (estimativa)
A grande maioria (28%, ou, 31mil)
vive no meio urbano, sendo que 4 mil (ou 31% do total ) que estão espalhados em nosso município. Apenas 16% vivem em áreas
rurais, mais é importante lembrar que esse percentual equivale a quase 37 mil
jovens.
Os dados a respeito da renda mostram
acentuada desigualdade e indicam a condição de pobreza em que vive a maioria
dos jovens em nosso município. Apenas 41,3% dos jovens que viviam, em 2000, em
famílias com renda familiar per capita de ate ¼ do salario mínimo, sendo
que 12,2% (4,2 mil) viviam em famílias com renda per capita de ¼ do
salario mínimo.
As taxas de participação no sistema
de ensino e no mercado de trabalho revelam um quadro muito variado de situações
de ocupação, mas basicamente revelam que esses dois elementos estão no centro
dos interesses e preocupações dos jovens, conforme foi ratificado pelos dados
coletados nas pesquisas desenvolvidas
pela Coordenação Setorial de Juventude da SEMJEL - Secretaria Municipal de
Juventude, Esporte e Lazer.
Considerados no seu conjunto, esses
dados acusam, logo de cara, que os jovens problemas de exclusão escolar, assim
como necessidades e dificuldades frente ao mercado de trabalho. Cabe salientar
que o mais alto grau de exclusão social se expressa na situação dos jovens que
não estudam e não trabalham, nem procuram emprego, representando 14% do total,
ou seja, um numero aproximado de 6,6 mil
jovens de nosso município.
2.1.2
– Educação e trabalho
Os
dados mudam bastante as variáveis de renda, sexo, idade e região. Considerado
apenas aos adolescentes (faixa entre 15 e 27anos), a maioria ainda estar na
escola (83%), e, embora menor que a taxa geral, é grande proporção daqueles que
fazem parte da população economicamente ativa: 40,2%.
Os fatores económicos são
contundentes na exclusão escolar: pesquisa do UNICEF feita em 2000 mostra que
praticamente dobra a porcentagem daqueles que já abandonaram a escola, quando
comparados os adolescentes da renda mais alta e os da classe de mais baixa.
Entre jovens de 20 a 24 anos, 75% já
estão no mercado de trabalho, e apenas 28% ainda estudam. Uma pequena parte do
que saíram da escola, porem, o fizeram por ter concluído os graus considerados
básicos ou desejados de formação escolar. Apenas 36.4%concluiram o ensino
médio, e mais 3,6% chegaram à Universidade. Constatam-se diferenças regionais
muito grandes nesses dados relativos ao afastamento do sistema escolar, que
também é mais intenso entre os homens que entre as mulheres.
Menos decrescente, o analfabetismo
ainda atinge 3,8% da população juvenil, o que significa 2,6 mil de pessoas. A
maior parte desses jovens – 70% - estar nas Zonas de nosso município, e quase a
metade vive em áreas rurais (43%). Os negros representam 75% dos jovens não
alfabetizados. (com relação a jovens que
vivem em Comunidades Tradicionais em
nosso município)
As condições que os jovens enfrentam
no mercado de trabalho também são muitos diversas e, para a grande maioria,
adversas. Assim como as taxas de desemprego, as de trabalho precários também
são maiores entre os jovens.
Dos 65% de jovens entre 15 e 29 anos
que estavam em 2008 segundo o nossas pesquisas, na condição economicamente
ativa, quase 18% não tinham emprego, o que significava 3,5 mil de pessoas,
representando quase a metade dos desempregados dos pais.
Os desempregos também distribuem
desigualmente: é maior para os jovens negros (23,8%) que para brancos (16,4%);
para as moças (22,2%) que para rapazes (14,5%); e também superior entre os
jovens das famílias mais pobres (26,8% na faixa de rendimento familiar per
capita inferior a meio salario mínimo).
Entre os jovens 78% são
assalariados, mais a maioria em situação de informalidades (40,5%). Um número
grande de jovens trabalha sem receber nada: 16,3%.tambem os dados
relativos à carga horaria media e nível
de remuneração lhes são nitidamente desfavoráveis.
2.1.3 – Integração simbólica, exclusão e
violência.
A juventude é a fase da vida
em que se tornam mais evidentes as ambiguidades e contradições. Mais também é a
fase da vida em que se estar mais predisposto a questionar a realidade e
experimentar mudanças. Os jovens contemporâneos vivem uma constante tensão
entre a busca de sua emancipação pessoal e a subordinação aos
ditames da sociedade de consumo, bem como das imagens da juventude veiculadas
pela mídia.
A mídia exerce um papel crucial na
atribuição de sentidos e na formação da opinião publica desta geração, embora o
publico jovem receptor dos meios de comunicação seja constituído por uma massa
heterogenia, bastante diferenciada. Mesmo entre jovens da mesma idade e com
condições socioeconômicas semelhantes, são muitas as possibilidades de recepção
de uma mesma mensagem divulgada pela mídia.
Contudo, não há duvida de que o
imaginário dos jovens estar impregnado das informações e imagens de juventude
veiculadas pelos meios de comunicação de massa. Imagens fortes, produzidas e
reproduzidas muitas vezes nos veículos da mídia incorporam-se fundo na
percepção que os jovens configuram de sir próprios e do mundo.
Dessa forma, são assimiladas muitas
das aspirações de consumo e estilos de vida estimulados pela mídia. Na pesquisa
quantitativa municipal organizada pela pesquisa, verificou-se que 91% dos
jovens entrevistados costumam assistir televisão durante os dias da semana, e
87% disseram fazer o mesmo no final de semana.
Ocorre que as concentrações entre a
riqueza e a dificuldade de inserção remunerada no mercado de trabalho
dificultam o acesso à renda, bloqueando ou dificultando para a maioria dos
jovens a realização das aspirações incorporadas. O choque entre os horizontes
oferecidos pela mídia e as limitações concretas de renda e condições sociais,
bem como a inexistência de politicas satisfatórias de inserção juvenil, estão
entre os fatores básicos a serem considerados quando se tenta explicar os
crescentes riscos de envolvimentos com o narcotráfico e outras modalidades de
delinquência.
Sendo poucos os instrumentos de mediação de
informação e cultura em seu entorno, sendo restritas as oportunidades
profissionais e tornando-se premente a necessidade de compor o orçamento
familiar, a juventude torna-se um grupo muito vulnerável à ação de criminosos,
sobre tudo traficantes.
Expostos à ação desses grupos, os
jovens buscam no crime a oportunidade de sustento de si e, às vezes, do resto
da sua família. São os “soldados”, “vapores”, “aviões” que, em busca de renda e
reconhecimento social, associam-se em torno de praticas criminosas.
A inserção da juventude na
marginalidade traz, por sua vez, um reforço considerável a cultura da
intolerância e da violência, uma vez que a impulsividade e o espontaneismo
próprios da juventude se misturam ao sentimento de poder e onipotência
ocasionada pelo porte de arma de fogo. E isso contribui para a proliferação de
situações marcadas pela intransigência, onde a própria juventude se converte em
grande vitima.
A violência atinge a juventude também na
medida em que esse cenário produz um
estigma muito forte: a sensação de que todo jovem pobre, morador dos espaços de
exclusão é potencialmente vitima ou promotor de violência. Gera-se um novo fator
de exclusão: morar em certos bairros das grandes metrópoles acarreta
dificuldades adicionais para de trabalho.
A nossa pesquisa revelou que 11% dos jovens de nosso municipio
já sofreram diferentes tipos de violência física, sendo que a maior parte delas
se deu em casa ou na vizinhança, cometida por familiares, parentes namorados,
conhecidos. Cerca de 20% dos jovens entrevistados já foram assaltados, enquanto
46% perderam algum parente ou amigo de forma violenta. Como resultado, a
questão da violência aparece como um dos principais fatores de preocupação dos
jovens. É citada em primeiro lugar na referida pesquisa, sem alta variação por
renda, escolaridade, gênero e cor, como problema mais importante.
2.1.4- família
As maiores partes dos jovens ainda
moram com os pais. Segundo o IBGE, apenas 12,5% já formaram famílias. A idade
media com que saem de casa dos pais ou parentes para iniciar nova unidade
familiar é de 22 anos.
No entanto, é elevado o numero de
jovens, principalmente do sexo feminino, que já possuem filhos. Entre as
adolescentes de 15 a 17 anos, 7,2% já são mães e entre as de 18 a 19 anos,
22,4%. Na pesquisa 22% dos jovens já tem filho pelo um filho. Muitos deles
ainda mora com os pais ou parentes: 8% do total de jovens, ou pouco mais de 1/3
dos que tem filhos. Conclui-se que a maternidade, e mais ainda, a paternidade,
não indicam, necessariamente, o abandono da condição juvenil e de pendencia em
relação aos pais.
Há também uma correlação forte entre
as taxas de gravidez juvenil e baixas taxas de escolarização e de renda.
A juventude, como da fase da vida,
envolve a construção de autonomia e individuação frente à família. Nesse
processo, além da conquista de independência económica, o jovem busca um
progressivo desligamento da autoridade dos pais. Estabelecendo confronto entre
valores e ideias a parti de novas fontes de referencia, ate chegar a um modo
próprio de ser e de enxergar ao mundo.
Decorrem disso conflitos
inevitáveis, mas na maior parte das vezes a família permanece como fonte de
referencia fundamental para os jovens, significando apoio e solidariedade no
enfrentamento das dificuldades externas.
É preciso levar em conta, no
entanto, que a sociedade atual estar desafiada a redefinir culturalmente essa
categoria chave na vida e na formação dos jovens. Alguns dessa mudança já se
expressam no aspecto religioso, na composição do núcleo familiar, nas novas
formas de estabelecer vínculos de parentesco.
Também já é muito significativo o numero de
famílias chefiadas por mulheres, modificando-se as de definições de papeis
sociais das mães e dos pais. Mudanças também se evidenciam na composição da
família nuclear, formada a parti de sucessivos casamentos dos pais, que
acarreta a convivência entre filhos ou
filhas de apenas um dos conguês.
Ainda assim, uma concepção
idealizada e nostálgica resiste ao tempo e tenta simplificar a questão
recorrendo a formula “família desestruturada” subjacente em comentários da
mídia e em analises de alguns formuladores de politicas publicas, em especial
quando se tenta explicar desvios sociais e a criminalidade juvenil.
Frente a complexidade das mudanças
vividas hoje na estrutura familiar, é preciso ouvir oque os próprios tem a
dizer quando fazem referencia, quando valorizam ou quando desvalorizam a
familiar.
No que diz respeito às politicas
publicas de juventude, que devem combinar mecanismo de participação,
ampliação de direito e garantia de proteção social, torna-se importante uma
reflexão mais profunda e atualizada com vistas a definir porque, quando e como
a ações voltadas para os jovens devem – ou não – estar ancoradas no núcleo
familiar. Não no sentido de rejeitas a ideia da família harmoniosa como fator
favorável a formação dos filhos, mas com
o sentidos realizar de ampliar a caracterização da família dos jovens
envolvidos em cada programa.
2.1.5
– cultura e participação
As atividades de fruição e produção
de cultura, assim como as de recreação e exporte, são campos centrais para a
vivencia da condição juvenil. Valem como espaço para construção de identidade e
sociabilidade, incluindo a criação de linguagem e códigos próprios.
Possibilitam experimentação, troca de informação, ampliação de referencias,
elaboração e confronto de valores. Permitem que os jovens se encontrem com
outros jovens em espaços menos controlados e regrados por adultos, ou pelo
menos por adultos exercendo tutela.
Todas as pesquisas recente apontam a
importância atribuída pelos jovens e essas atividades a dimensão da “versão”
aparece como um dos elementos constitutivos mais fortes da identidade do ”ser
jovem” nas pesquisas realizadas pelo Projeto Juventude. Cultura e esporte
aparecem como a terceira ordem de interesse dos jovens, depois de educação e
trabalho.
Uma das marcas de geração atual tem
sido a proliferação de grupos juvenis-principalmente entre os setores populares
– que se configuram como espaços de criação e se tornam verdadeiros canais de
articulação de identidades coletivas. Transformam-se em referencia para além
dos participantes diretos do grupo, sinalizado comportamentos e posturas éticas
para grandes contingentes de jovens, em nossa escala municipal.
2.1.6 - Participação politica
A percepção de que os jovens
da geração atual estão mais distanciados da politica frequente na mídia, pode
não passar de mais um estereotipo ou mito que exige uma leitura critica.
Em primeiro lugar, não há bases
confiáveis para a comparação. Não é possível comparar dados estatísticos de
hoje, que mede taxas de participação, com registro de movimentos ou o impacto
da ação politica de década passadas aqui no município de São Gonçalo do
Amarante/RN. Em segundo lugar, é necessário verificar com mais atenção à
hipótese de que o interesse em participar se mantenha alto, mais se
manifestando em canais diferentes dos tradicionais.
O descrédito nas instituições
politicas e nos partidos é um elemento apontado em todas as pesquisas a
respeito a comportamento e valores dos jovens. Mais é bom lembra que o fenómeno
não se refere unicamente aos jovens. Essa desvalorização se apoia na percepção
da corrupção e da prevalência de interesses escusos em muitas instituições.
Tal desqualificação não significa
porem, que a juventude esteja desligada do assunto.
Se as taxas que medem a participação
entidades de ação e/ ou representação politica são baixas – mas sem destoar
muitos das taxas da população em geral – isso não significa necessariamente
desinteresse ou falta de vontade de participar.
Essa interpretação pode ser
corroborada pela constatação de que existe uma ampla diversidade de formas de
atuação coletiva entre os jovens, dos mais diversos tipos e com diferentes
raios de abrangência: os grupos culturais, a equipe de ação comunitária ou de
trabalho voluntario, as entidades estudantis, as ONGs, os movimentos sócias
gerais, as mobilização de contestação antiglobalização, as redes solidariedade
ou campanhas libertarias e etc. aqui do nosso município.
Essa presença participante se tem
feito nota no cotidiano de muitas comunidades, nos movimentos de decisão
coletiva a respeito de gastos públicos (como em alguns processos de orçamento
participativo), nas grandes mobilizações e acontecimento políticos dos pais nos
encontros e fóruns onde se buscam desenhar os traços de um outro mundo
possível, e nos espaços em que se iniciam o debate a respeito das politicas de
juventude.
Desse modo, o desafio que se coloca
é a criação de mecanismo de apoio e reconhecimento da diversidade de formas de
atuação dos jovens, abrindo espaços para sua efetiva participação na definição
e implantação das politicas publicas.
2.2- Evolução das politicas de juventude em
São Gonçalo do Amarante/RN
As politicas publicas para os jovens
em são Gonçalo foram desenvolvidas, ate pouco tempo atrás, com uma dualidade
que se reproduziam desigualdade pré-existente. De um lado, politicas de
educação, ainda longe de se concretizarem como universais, que se tornaram
acessíveis, nos seus graus mais avançados, apenas aos jovens de classes medias
e altas. De outro, politicas de assistencialismo para jovens em
situações especiais de “abandono”, desvio e marginalidade, quase sempre das
classes populares.
Essa luta colocou tema da infância
na agenda publica, suscitou o desenvolvimento de politicas e programas,
resultou no estatuto da criança e do adolescente – ECA, que se tornou
importante marcou para o estabelecimento de novas noções de cidadania para
esses segmentos.
A conquista do ECA impulsionou, por sua vez, a criação do
sistema de defesa dos direitos da criança e do adolescente, sendo que os
estados e municípios constituíram nos anos subsequentes fóruns específicos
sobre o fato, garantindo debate e intervenção dos poderes públicos nas próprias
localidades.
Nos últimos quinze anos cresceram as
ações tanto do estado como de inversos setores da sociedade, na defesa dos
direitos da criança e adolescente, embora a distancia entre o estabelecido na lei
é a realidade grande.
As questões atinentes aos jovens
como mais de 18 anos permaneceram de desconsideradas como foco de ação publica
e social ate meados dos anos 90, quando eclodiu um novo circulo de interesse
pelo tema provocado pelo agravamento dos problemas de exclusão já mencionados.
A questão ganhou visibilidade também pela
intensificação da presença de atores juvenis, principalmente dos setores
populares, que, adotando linguagens e comportamentos variados no plano da
cultura, do lazer, do cotidiano da vida comunitária, vieram a publico colocar
as questões que os ofertam e preocupam, cobrando resposta.
Ao mesmo tempo, atores juvenis tradicionais
no âmbito político de nosso municipio, como as entidades estudantis e as
juventudes partidárias, além de manterem na ordem do dia suas pautas
relacionadas com a educação, passaram a demandar respostas institucionais por
parte dos poderes publico, como a criação de organismo gestores para a
formulação e execução de politicas especificas para a juventude.
Começam a se constituir, então,
programas sociais – governamentais ou não – apoiados por organismo de
cooperação internacional, por fundações empresarias, sendo justo destacar o
importante papel desempenhado por varias ONGs de perfil serio. Esses programas,
em geral, detectavam os problemas mais graves vividos pelos jovens e buscavam
contribuir para a supressão ou diminuição de certas marcas de excursão.
Aumento da escolaridade,
desenvolvimento do potencial criativo da produção cultural, elevação da consciência
étnica, de género, de pertencimento comunitário foram alguns elementos centrais
dessas ações. Multiplicaram-se também os programas da área da saúde, visando
enfrentar, com ações de prevenção e educação, problemas de gravides precoce, de
doenças sexualmente transmissíveis e de drogas.
Cresceram
também os programas de prevenção à violência, buscando mesclar a reinserção
escolar, o fortalecimento da alto-estima e dos vínculos comunitários, através
de atividades ligadas a cultura, ao esporte e lazer; ou através de programas de
capacitação e profissional e geração de renda.
Finalmente, em anos mais recentes,
nasceram diferentes tipos de organismos com função de coordenar politicas ou
programas específicos para jovens nas estruturas do poder executivo principalmente
nas prefeituras, mais também em alguns estados. Embora representem um
importante passo adiante, essas acessórias (ou coordenadorias, secretarias,
conselhos) têm enfrentado dificuldades muitos fortes para se consolidar, por
limitação de recursos orçamentários e estrutura de pessoal e carência de
equipamentos.
Na
verdade, a juventude foi considerada quase exclusivamente no seguimento
relativo adolescência e com um foco muito acentuado nas situações de risco.
Priorizou-se o estabelecimento de parcerias, principalmente com ONGs e em
fundações que trabalham essa temática, em torno de projeto dirigido aos jovens.
Mas não foram estabelecidos canais formais de dialogo e definição diagnostico
nem diretrizes e prioridades para a formulação das politicas.
2.3 Avanços recentes
As experiências desenvolvidas nestes
últimos anos são ricas e o debate publico a respeito do tema vem se avolumando de modo acelerador. Há,
certamente, muitas visões diferentes a respeito da juventude, assim como perspectiva
distintas e mesmo divergentes. Mais alguns consensos estão sendo produzidos, e
podem servi de base para elaboração coletiva acordada entre os diferentes
atores envolvidos na questão, rumo ao estabelecimento de uma inédita politica
municipal de juventude em nosso município.
Esses consensos envolve a
compreensão da juventude como uma condição singular em relação a outros
segmentos populacionais; a noção de que os jovens são sujeitos de direitos, com
múltiplas dimensões a serem consideradas; que a realidade dos jovens é marcada
por ampla diversidade; que as diferentes situações exigem respostas
diferenciadas, porem a referidas a igualdade de direitos que são universais.
Postulam a necessidades de politicas
especificam articuladas e transversais, coordenadas por uma instancia gestora
do poder publico, envolvendo a ação de diferentes setores da sociedade –
governamentais e não governamentais - e que tais politicas devem se basear na
participação ativa dos jovens, considerados como protagonistas das ações que dizem
respeito a si mesmo e a sociedade em questão inseridos.
Os
programas até aqui desenvolvidos ajudaram a produzir informação e acumular
experiência para a composição de diagnostico mais preciso testaram caminhos,
levantam pistas a respeito do que fazer e também do que não fazer. Apontaram
soluções e novas demandas que precisão ser avaliadas, confrontadas e,
principalmente articuladas numa perspectiva mais integrada.
Isso só pode ser feito através do
debate politico e de um esforço de concertação, onde se fixem diretrizes
orientadoras para a consolidação de uma politica municipal articulada para os
jovens. E onde as definições sobre investimento de recursos sociais possam ser
feitas com transparência, aumentando a capacidade de impacto da nova politica proposta.
Seminários e pesquisas realizados
pela Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer, ONGs centros de
estudos e por entidades e outras instituições já conseguiram refinar o campo de
conhecimento a respeito dos jovens e seus dilemas. Compõem um importante acervo
para a construção de diagnostico mais precisos, necessário para a elaboração
das politicas publicas de juventude, embora falte ainda maior articulação
interligando os pesquisadores, os formuladores dessas politicas os próprios
movimentos e grupos de participação juvenis.
A 1ª Conferência Municipal de
Juventude realizada aqui no município onde tem organismo gestores
específicos para juventude, às demandas apresentadas pelos jovens nos processos
democráticos de debates como Orçamento Participativo – e, principalmente, a
participação dos grupos juvenis nesses espaços, tem viabilizado um saudável
confronto entre as demandas dos jovens e as possibilidades de resposta por
parte do poder público.
Falta, porém, ainda, construir
canais mais articulados e institucionalizados de coordenação, discursão e
acompanhamento da implementação das politicas de juventude, com a capacidade de
abarcar a rica diversidade das formas de participação dos jovens e de garantir
um dialogo de compromisso entre gerações.
Reúnem-se as condições para
viabilizar o lançamento de uma abrangente politica municipal de juventude, que
por sua vez poderá induzir as 53 comunidades da do nosso município a se
articularem com os programas federais voltados à esfera estadual, valendo o
mesmo raciocínio para boa parcela das cidades brasileiras de grande e médio
porte.
A confluência de todos esses
processos, cada um no seu âmbito e com resoluções de natureza distinta, criam,
por sua vez, um clima favorável, inédito nos pais, para que se multipliquem na
sociedade civil – empresas, sindicatos de trabalhadores, meios de comunicação
de massa, igrejas, movimentos sociais, instituições de ensino e pesquisa –
iniciativas e programas igualmente orientados na mesma direção.
A magnitude dos desafios presentes
no tema juventude ultrapassa todas as possibilidades de resolução ou
equacionamento pela atuação exclusiva do Estado. É indispensável que a própria
sociedade civil brasileira tome em suas mãos uma parcela substantiva dessa
tarefa.
3 – DERETRIZES GERAIS DE UMA POLITICA DE
JUVENTUDE
3.1 –
Politica estratégica do municipio
Reafirmando o papel indutor do
municipio na condução de um projeto de desenvolvimento consistente, democrático e soberano, ao
governo do municipal cabe à responsabilidade de equacionar as demandas,
oferecer perspectivas de futuro e propiciar amplos direitos de cidadania aos
milhares de jovens que compõem sua população juvenil.
Frente ao contexto de exclusão
social que afeta a maior parcela desse contingente, as politicas publicas de
juventude devem ter caráter redistributivo. Porem, não terá efeito douradores
se forem pensadas apenas como politicas sociais compensatórias.
Afirmar a necessidade de uma
politica de juventude em nosso Estado,
de alcance estratégico, significa reconhecer que as diretrizes do Estado não
podem ser pensadas apenas com um somatório do que já existe – ou venha a
existir – para os jovens nas diferentes
áreas e secretarias dos demais entes Estaduais.
A integração e a transversalidade
devem ser assumidas e praticadas como elementos fundamentais de todas as
politicas publicas de juventude, exigindo um novo amalgama de sentidos, enfoque
geracional e meios apropriados de validação, implementação, gestão e avaliação.
Os eixos centrais de uma inovadora
politica nacional de juventude devem combinar mecanismo de proteção social,
expedientes que gerem novas oportunidades de inserção profissional e
sociocultural e incentivam a participação dos jovens.
3.2 –
Igualdade de direitos e fortalecimento dos segmentos vulneráveis
A implantação de politicas
democráticas de juventude deve levar em
conta a variedade de demandas da população juvenil e propiciar a convivência
das multiplicidades étnicas, religiosas, de tradições, gostos e sensibilidades,
combatendo todas formas de descriminação social e politica.
Todos os jovens devem ser potencialmente beneficiários das
politicas publicas de juventude. Politicas universais devem procurar
garantir acesso à saúde, à educação de qualidade e oportunidades de inserção no
mundo do trabalho, bem como a ampliação e democratização dos espaços públicos
para o tempo livre. Ao mesmo tempo, é necessário desenvolver ações focalizadas
para segmento com maior vulnerabilidade. Através de mecanismo de transferência
de renda, ações focalizadas devem garantir escolaridade e educação para a
cidadania, reforçando também as identidades associadas ao local de moradia, a
género, raça e orientação sexual.
3.3 -
Responsabilidade de distintos atores
Toda a politica municipal de
juventude de nosso município deve ser pensada a partir da ideia de
direitos sociais, pertencimento cultural e construção de valores de cidadania
participativa, traduzindo a complexidade de fatores envolvidos na condição
juvenil contemporânea.
Para potencializar capacidade de
discernimento critico e promover desenvolvimento critico e promover
desenvolvimento social, é importante garantir a presença dos distintos atores
sociais em suas diferentes etapas de realização. Se ao Estado cabe legislar,
administrar e implementar politicas publicas de juventude, é imprescindível
convocar, valorizar e estimular as iniciativas e mobilizações no âmbito da
sociedade civil sem minimizar o papel do estado, assegurando complementaridade
e maximizando os recursos disponíveis.
Uma ideia chave é promover a
participação dos próprios jovens no desenho, na implementação, na gestão, no
monitoramento e na avaliação critica de todas as politicas, programas, projetos
e ações. Ao criar mecanismo que reafirmem os direitos dos jovens, torna-se
necessário capacita-los, com metodologia apropriada, para observar, criticar,
propor correções e maneiras de aperfeiçoar as politicas implementadoras. Isso
significa democratizar o acesso dos jovens a conhecimentos, sobre formulação,
gestão, acompanhamento e avaliação. Significa também reconhecer novas
modalidades de participação juvenil.
Aos pesquisadores e especialistas de
diferentes áreas de conhecimento cabe desenvolver estudos e pesquisas,
assumindo papel ativo na elaboração de diagnósticos qualificados que orientem a
formulação de politicas, bem como no desenvolvimento de metodologia com
indicadores de monitoramento e avaliação permanente.
As ONGs e varias outras instituições
da sociedade civil podem contribuir no desenho e implementação das politicas
publicas de juventude em vários níveis: estabelecendo parceria com órgãos
gestores, contribuindo nos diagnostico e avaliações, capacitando jovens para
uma presença mais eficaz nos espaços públicos de participação etc.
As politicas publicas de juventude
devem investir também na formação de adultos que trabalham com jovens na
família, na escola, no mundo do trabalho, nos espaços públicos de cultura ou
lazer, nas instituições de abrigo carcerárias; adultos que acompanhem seus
percursos de experimentação, de busca, de definição de identidade e projetos de
vida; adultos que estejam disponíveis para a escuta ativa e o dialogo aberto.
Implementa-se
dessa forma, um processo de educação reciproca que exige reflexões novas sobre
conceitos e preconceitos a respeito da sexualidade, direitos reprodutivos,
drogas licitas e ilícitas, também sobre clássicos paradigmas que definem
família, escola e trabalho.
A colaboração entre gerações é
fundamental para a consecução dos objetivos de politicas publicas voltadas à
juventude.
3.4 -
eixos do novo enfoque: educação, trabalho, cultura e participação
As politicas publicas de juventude
devem ser concebidas buscando um novo paradigma, que atualize e renove os
sentidos fundamentais da educação e do trabalho, ampliando a compreensão da
dimensão cultural e da participativa na vida dos jovens do século que se
inicia.
Politicas, programas, projetos e
ações destinados à juventude devem ser pensados sem a reprodução dos
estereótipos e preconceitos projetados sobre os próprios jovens. Precisam levar
em conta contexto histórico, social e cultural em que diferentes segmentos
juvenis estão inseridos, considerando-os em todas as suas desigualdades e
diversidades.
A cultura assume nova estatura e
forte centralidade nesse caminho, numa inter-relação estruturante com educação
e trabalho, pressupondo um processo de mudança e mentalidade, afirmação de
novos valores, reconhecimento de linguagens, símbolos e signos inovadores.
No que diz respeito à educação, são
muitas as mudanças em curso. A revolução cientifica e tecnológica, as
transformações nas formas de emprego e ocupação, as mutações nas carreiras
profissionais são incessantes. Frente ao duplo fenómeno da disponibilidade
ilimitada de informações e da obsolescência rápida dos conhecimentos, o
objetivo primeiro dos processos educativos passa a ser aprender a aprender.
As noções de reciclagem a requalificação profissional torna-se exigências
permanentes.
Hoje, a educação se dá em múltiplos
contextos e, cada vez mais, há necessidade de construção de novas articulações
entre a escola e os demais processos formativos aos quais estão submetidos os
jovens. a multiplicação dos canais de transmissão de conhecimento e informações
permite, por outro lado, e transformação de espaços sociais, como associações
comunitárias, clubes, hospitais e prisões em ambientes e contexto educativos.
Novas definições e finalidades da
educação se apresentam e devem ser consideradas na elaboração de estratégia
educacionais voltadas para os jovens de São Gonçalo do Amarante a partir da
indagação: que escola e quais jovens? Como resposta a tal pergunte surge a
necessidade de uma reformulação do sentido geral das relações entre
escolaridade, educação e inserção social.
No que diz respeito ao mundo do trabalho,
o maior desafio da contemporaneidade é a convivência do paradigma do emprego
estável com a diversidade e descontinuidade das formas recentes de inserção
produtiva. As restrições e possibilidades de inclusão no mercado de trabalho
revelam e ratificam desigualdades socias pré-existentes entre jovens.
Torna-se obrigatório rever o papel
do Estado, seja em suas relações com a sociedade, seja em suas responsabilidade
frente a indução económica. O foco da ação do estado deve recair sobre a
implantação ou fortalecimento de programas geradores de emprego, que modifiquem
o atual cenário de exclusão dos jovens e precariedade nas relações de trabalho.
Caminhos novos devem ser abertos
através da desconcentração de poder económico e de incentivos para
descentralização espacial das atividades produtiva, com vistas à criação de
novos postos de trabalho. Ações Publicas podem promover ampliação da
agricultura familiar e da participação dos jovens nas atividades rurais não
agrícolas.
Cabe reforçar também o acesso dos
jovens do campo e das cidades aos sistemas de microcrédito e aos diferentes
projetos que envolve educação para o empreendedorismo, assim como as novas
formas de trabalho social visando cuidado com o meio ambiente e com a elevação
da solidariedade social.
Por tudo isso, trata-se de promover
uma nova cultura do trabalho. Os jovens são os mais atingidos pelo desemprego e
certamente poderão ser agentes mais importantes na experimentação de novas
formas de inserção produtiva (cooperativas, grupos de produção auto gestão,
trabalho social) e na difusão dos valores que podem fomentar uma cultura da
economia solidaria.
No que diz respeito à cultura,
vale registrar as varias dimensões desse conceito. A mais geral encerra a ideia
de produção de sentidos que norteiam e valoram a vida em sociedade.
Outra pressupõe a constante invenção e reinvenção de formas e canais comunicação
entre diferentes atores e instituições sociais. Finalmente, a mais corriqueira
se refere a existência múltiplas manifestações culturais expressas sob forma de
arte.
Em todas essas dimensões, a cultura
é dinâmica e não monolítica. No contexto da discussão sobre politicas publicas
de juventude, falar em cultura é integrar os três conceitos: disputar sentidos,
comunicar imagens, valores e vínculos societários e, as manifestações
artísticas produzidas ou apreciadas pelos jovens.
No que diz respeito à
participação, como já enfatizado na descrição dos diferentes atores
envolvidos no processo de construção de politicas publicas de juventude. O
ponto de partida é o jovem como sujeito ativo na relação com sua vida e com os
outros. Ou seja, as características, demandas e potencialidades dos jovens têm
de ser incorporadas e valorizadas na definição das politicas, programas e
ações.
Essa premissa geral contemplado as
diferentes realidades dos jovens brasileiros pode ser levada a pratica de
diferentes realidades dos jovens brasileiros pode ser levada a pratica de
diferentes maneiras. Em nosso município, há múltiplos agrupamentos juvenis que
podem ser convocados imediatamente para participar no desenho de programas e
também na deliberação sobre os conteúdos das politicas. Mais ha outros que
ainda não tiveram oportunidades de experimentar espaços de construção de
identidades coletivas. No caso destes a participação deve ser pensada como um
curso pedagógico eficaz na educação para o exercício da cidadania.
Nesse sentido, a participação e
ações voltadas para a juventude será uma via promissora para a formação de
jovens mais autónomos e críticos. Por meio de expedientes e métodos
participativos, é possível potencializar a energia juvenil para o enfrentamento
de problemas sociais imediatos que interferem em suas trajetórias pessoais, e
também para interagir nas questões de cidadania.
Para fortalecer as possibilidades de
participação dos jovens no âmbito das politicas publicas de juventude, é
preciso ampliar o acesso a informações qualificadas, a conhecimentos
apropriados, a recursos matérias e simbólicos, a canais de expressão e
comunicação.
Estas são condições fundamentais
para que amplos segmentos juvenis sejam considerados não só como interlocutores
legítimos, mas como agentes fundamentais nas definições de indicadores para o monitoramento e avaliação das politicas publicas de
juventude.
3.5 – Um Programa nacional abrangente.
Para materializar e torna visível a
todos os brasileiros a inauguração de uma etapa nova na atenção que o País
dedica a juventude, torna-se urgente construir um programa nacional de larga
escala, em cuja gestão seja marcada pela integração e pelas transversalidade
aqui propostas.
Esse programa abrangente pode ser
concebido prevendo destinos mecanismos de cooperação entre União, estados e
municípios, tendo como pressuposto, ainda, múltiplas iniciativas de parceria
com instancias da sociedade civil, sejam elas vinculadas ao terceiro sector,
sejam empresas privadas, sindicatos de trabalhadores ou organizações de cunho
religioso, cultural de representação de segmentos populares.
O programa sugerido, ancorado de uma
nova visão sobre o nexo entre educação, trabalho, cultura e participação,
devera ser dirigido inicialmente aos jovens entre 18 e 24 anos que estão fora
da escola ou em situações de atraso escolar.
Propõe-se que seja iniciado com
escala reduzida, a parti de testes em experienciais-pilotos, e cresça de modo
sustentável através de ampliações sucessivas. Sua meta se abarcar, no prazo
máximo de uma década, o maior percentual possível dos jovens que estão hoje
duplamente expostos à exclusão escolar ao desemprego.
Para tanto, competira aos poderes públicos
definir um adequado cronograma de ampliação dos recursos orçamentários
previstos para sua implementação, consignando esse planejamento nos respectivos
orçamentos anuais e plurianuais, indicando-se metas precisas a serem atingidas
no transcurso de ate um decénio.
É recomendável que o novo programa
abrangente combine aceleração escolar, capacitação profissional e o engajamento
em ocupações sociais remuneradas: trabalhos comunitários, cuidados ambientais,
alfabetização, campanhas de saúde e enumerais modalidades de convivência
solidaria e acesso ao esporte, lazer e bens culturais.
Como todos os dados disponíveis
demostram, esse programa, mesmo sem ter um especifico recorte de renda ou etnia, atingira
certamente os jovens mais pobres e os negros. E preciso observar, no entanto,
que embora compartilhem uma situação socioeconômica semelhante, tais jovens não
possuem necessariamente as mesmas experiências com a escola e com o mundo de
trabalho, não tem gostos idênticos ou vocação homogéneas, tornando-se
imprescindível conhecer essa ampla diversidade antes de passar a formulação
concreta do programa.
Os programas sociais em curso
costumam tratar de maneira homogénea trajetórias juvenis que são profundamente
heterogéneas. Dai a recorrência da critica formulada por seu público-alvo ao
caráter restrito da margem de escolha oferecida. Ampliando as possibilidades de
escolhas de cada jovens na composição de créditos, o novo programa incentivara
participação maior dos jovens, desenvolvendo seu sentido de responsabilidade.
Um contexto de participação favorece tanto o aprendizado de conteúdos da
educação para a cidadania quanto modifica mentalidades, incentivando o
engajamento social e comunitário. Em outras palavras. Constrói e insere os
jovens no espaço publico.
Não recomendado que esse programa
abrangente centraliza todo o leque de ações hoje dirigidas a juventude, oque
resultaria em gigantismo, morosidade burocrática e provável engessamento de uma
questão que tem na diversidade seu elemento central. Mas ele deverá valer como
uma espécie de carro-chefe interligando todas as iniciativas com sinergia,
complementaridade, flexibilidade e conexões dinâmicas.
.
4 – AGENDA PARA DIFERENTES ÁREAS DO NOSSO
MUNICIPIO.
4.1 – Educação
A educação de qualidade com
direito fundamental para todos é um eixo estratégico para a construção de um
projeto de nação. Em São Gonçalo do Amarante, esse direito já estar garantido para toda a população. Embora
a expansão de sistema educacional tenha levado à quase universalização do
acesso ao ensino fundamental e tenha resultado em aumento significado da
escolaridade media dos segmentos juvenis em relação à população em geral, a
situação educacional d juventude brasileira ainda é grave e alarmante.
A expansão do sistema educacional do
nosso município também foi acompanhada de um padrão de qualidade condizente com
a sua missão. Escolas particulares bem estruturadas e equipadas não são
visíveis os problemas vinculados à qualidade precariedade material de
equipamentos, baixos salários e formação inadequada dos professores que consolide um projeto pedagógico.
Esses problemas se agravam no ensino
noturno, onde estão, sobretudo, os jovens que trabalham ou que buscam emprego.
Pesquisas atestam que as classes escolares noturnos sofrem problemas mais
graveis de infraestrutura para seu funcionamento que a média das escolas
publicas.
A expansão dos sistemas educacional
também não logrou reverter a logica da reprodução das desigualdades resultante
de uma peculiar conjugação entre nossa herança histórica e os padrões recentes
de desenvolvimento económico. As estatísticas educacionais refletem relações
sociais de subalternidade no campo,
vários vetores de desigualdades sociais. Os jovens pertencentes às
classes trabalhadoras, negros, moradores das regiões como menores índices de
desenvolvimento humano, das grandes periferias urbanas, das zonas rurais
encontram maiores dificuldades de acesso, permanência e continuidade no sistema
escolar.
4.1.1 – A escola e o trabalho: transformações
para o jovem do século XXI
A concepção moderna de
juventude – surgida de profundas transformações a partir do século XVIII e
consolidada apos a segunda guerra mundial – tornou a escolaridade uma etapa
intrínseca da passagem para a maturidade. “estar na escola” passou a definir a
condição juvenil, o que, idealmente, pressupunha o retardamento da entrada dos
jovens no mundo do trabalho, fato que não aconteceu em ritmo e modalidades
homogéneos nos diferentes países e no interior das juventudes de um mesmo país.
Em São Gonçalo do Amarante, como revelam os
números já citados, diferenças de classe, retroalimentadas por desigualdades
sociais, resultam em altos índices de defasagem, abandono escolar e entrada
precoce e precária dos jovens no mercado de trabalho.
Porem, na geração atual não são
apenas os jovens mais pobres, vivendo situação de vulnerabilidade social, que
aspiram a combinar estudo e trabalho. A mesma sociedade que estabelece a
equação do aumento de tempo na escola e postergação da entrada no mercado de
trabalho. Produz apelos de consumo de produção cultural endereçados a juventude.
Como desdobramento, para viver almejada condição juvenil, os jovens de hoje
precisam não só do tempo livre para a cultura e o lazer, mas também de dinheiro
para consumir, experimentar, exercitar sua autonomia. Resulta dai que também os
jovens de classes media aspiram – nos moldes de seu horizonte social – a
encontrar atividades remuneradas que lhes permitam combinar estudo e trabalho.
Entre muitos jovens de hoje
percebe-se uma certa pressa para
trabalhar mais cedo. Para grande maioria, essa pressa esta ligada as
necessidades básicas de sobrevivência pessoal e familiar. Para outros setores,
a urgência esta relacionada também com a busca de emancipação financeira, mesmo parcial, que possibilite
acesso a variados tipos de consumo e de lazer. Finalmente, e sempre nas devidas
proporções, para os jovens de todas as classes e situações sociais a pressa
esta relacionada com a consciência de que estão submetidos a um mercado de
trabalho restritivo e mutante.
Os jovens sabem que os certificados
escolares são imprescindíveis. Mas sabem também que eles não representam
garantia de inserção posterior no mercado de trabalho em nível condizente com a
escolaridade atingida. As rápidas transformações económicas e tecnológicas se
refletem no mercado de trabalho precarizando relações, modificando
especializações e sepultando carreiras profissionais.
Nesse cenário, compreende-se porque
os jovens de hoje consideram e buscam varias possibilidades de combinar estudo
e trabalho, atitude congruente com as exigências da realidade atual em que as
noções de aperfeiçoamento reciclagem e requalificação profissional tornaram-se
permanentes e intermitentes. Todas as informações disponíveis indicam que é preciso superar a
dicotomia entre a escola para a profissionalização imediata e a escola como
etapa para se chegar a Universidade.
Não existem contradições
intransponíveis entre educação propedêutica e educação para o trabalho. Ambas
as possibilidades deveriam estar no alcance de todos os jovens para que
escolhas pessoais e circunstanciais possam se feitas. O sistema educacional
pode oferecer respostas diferenciadas para possibilitar distintos modos de
acesso e continuidade na formação escolar.
Uma nova visão pedagógica deve
buscar superar o dualismo que expressam nas oposições entre especifico, ou
entre técnicos e propedêuticos, buscando estabelecer nexos dinâmicos entre a
teoria e a pratica, o pensar e o agir.
A escola deve ser pensada como espaços
publicos democrático onde estejam fortemente presentes a ciência, a cultura e o
esporte. Uma educação de qualidade para todos não pode ser compreendida apenas
como forma de adestramento da força de trabalho. Nem pode ignorar a importância
da inserção social e económica dos jovens.
Para dar conta de toda a
complexidade das mudanças vividas por estar geração, é fundamental incluir
temática da juventude na programação dos cursos de formação de professores, de
coordenadores e de diretores.
É verdade que a família, a escola e
os espaços de trabalho não são as únicas agencias socializadoras das novas
gerações. Mas a escola continua sendo imprescindível para transmitir
conhecimento, democratizar o património social e cultural, para apoiar e
orientar os jovens na elaboração de seus projetos de vida pessoal e
profissional. A escola tem importância fundamental para aprendizado das regras
de convivência e solidariedade, requisitos fundamentais para o exercício da
cidadania.
Por fim, vale salientar que a falta
de investimento das universidades publicas as principais responsáveis pela produção
cientifica, destacando-se pela capacidade de produção endógena de conhecimento
e tecnologia e pelo seu papel critico diante da sociedade. Seu enfraquecimento
compromete conquistas sociais e o avanço tecnológico. Torna-se urgente
revalorizar, recuperar e integrar ao processo de desenvolvimento nacional a
Universidade publica os cursos de graduação e pôs- graduação e os institutos de
pesquisa.
A politica de juventude contempla medidas para
aumentar o numero de vagas e implementar ações afirmativas que ampliem o acesso à Universidade publica,
gratuita e de qualidade. Ao mesmo tempo, deve também criar canais para que os
estudantes universitários venham a participar de programas e atividades ligadas
a redução das desigualdades sociais, regionais, étnicas e de género.
4.2 – trabalho
Os indicadores de mercado de
trabalho no Brasil revelam um quadro dramático. O desemprego entre os jovens de
16 a 24 anos ocupa o topo da escala e representa praticamente o dobro do
verificado na População Economicamente Ativa em geral (PEA). Mais que o dobro,
se cotejado como as taxas aferidas apenas para contingentes acima de 24 anos.
Segundo ultimo resultados da
Pesquisa Mensal de Emprego, relativos a abril passado, enquanto para adultos
presentes no mercado de trabalho, 9 em cada 100 se encontram desempregados, no
caso dos jovens essa cifra saltava para 26,5 em cada 100, ou seja :três
vezes mais!
Todos os indicadores disponíveis
evidenciam forte “pressão” dos jovens na procura por ocupação, denotando que –
se estivessem apenas se dedicando à escolarização e aprendizagem profissional –
as taxas desemprego cairiam substancialmente, uma vez que seu ingresso na força
de trabalho estaria adiado.
Além
disso, os jovens poderiam adquirir melhor preparo educacional e profissional,
requisitos indispensáveis para enfrentar com maiores chances os obstáculos
colocados por um mercado de trabalho cada vez mais excludente e competitivo.
Nesse cenário, e levando em
consideração a diversidade e desigualdade entre trajetórias juvenis, um debate
torna-se central: devemos retardar o quanto possível a entrada dos jovens no
mercado de trabalho. Priorizando a elevação da sua consideração da sua
escolaridade e reservando os escassos empregos para adultos, ou devemos
facilitar esse ingresso, que por sua vez permiti o necessário reforço do
orçamento familiar nas camadas de baixa renda?
Há argumentos muitos consistentes em
ambos os lados dessa contenda, mas existe também um ponto de consenso: tanto a
politica de subsidiar a contratação de jovens, quanto os programas de renda
destinados a postergar a entrada no mercado de trabalho requerem recursos
financeiros indisponíveis no contexto de escassez orçamentaria. Outro possível consenso se constrói em São Gonçalo do Amarante, frente a ideia de
buscar soluções inovadoras, que escapem da alternativa rígida entre postergação
com programas de renda ou subsídios as empresas para contratação de jovens,
conforme já sugerido neste documento na forma de um programa nacional
abrangente para a juventude brasileira.
De qualquer modo, é necessário ter em vista
que as dificuldades do jovem em relação ao trabalho decorrem, em grandes
partes, de gargalos estruturais impostos por um padrão de crescimento económico
pouco generoso na geração de oportunidade. A
economia brasileira vem ostentando taxas de crescimento inferiores aos níveis
exigidos para a criação de empregos capazes de absorver os novos ingressantes
no mercado de trabalho.
Nas circunstancia atuais,
quando se projetam taxas de crescimentos modestas para o PIB, é preciso
perseguir dois objetivos: de um lado, criar vagas que interrompam a expansão
dos atuais contingentes de desempregados; de outro lado, buscar alternativas no
âmbito das politicas publicas no sentido de reduzir a pressão por empregos
exercida por jovens que poderiam ser alocados em experiências inovadoras
conjugando escolarização profissional, qualificação técnica, aprendizado
profissional e trabalho social ou comunitário propiciador de auto sustentação.
Nos debates da 1conferencia
municipal de juventude, os Juventude, foram enfatizados a relevância da esfera
do trabalho entre eles mesmos, os jovens, seja com respeito aos aspectos
materiais (inserção ocupacional de renda), seja no tocante aos atributos
subjetivos (espaço pra o desenvolvimento de habilidades e autoconhecimento à
família, sociabilidade, realização pessoal e vivencia da própria condição
juvenil).
Emergiram outras possibilidades
ligadas ao trabalho social em áreas como saúde, educação, cultura, lazer,
esporte, turismo, comunicação, o estimulo a iniciativas empreendedoras com
acesso ao microcrédito e à capacitação especifica para isso, o apoio a praticas
de economia solidaria e cooperativas urbanas, e – no meio rural – além da
garantia de acesso a terra, o apoio à agricultura familiar, a produção
artesanal local e regional, ao turismo rural, dentre alternativas que não
ficassem restritas ao trabalho agrícola.
Porem,foi enfatizado que o
encaminhamento dessas alternativas não deveria ser entendido, de forma alguma,
como negação dos direitos conquistados no campo das relações trabalhistas e
sindicais. Além disso, cabe assinalar que nenhuma dessas alternativas, tomada
de modo isolado, será suficiente para abarcar a diversidade existente entre
regiões e entre jovens no país.
Em todas as perspectivas colocadas
não se poderá descuidar da elevação da escolaridade, quer pela continuidade dos
estudos, quer pelo fornecimento de oportunidades de qualificação profissional.
A combinação entre escolarização e
inserção dos jovens no trabalho impõe a discursão de novos parâmetros para a
jornada de trabalho, no sentido de flexibiliza-la e reduzi-la, exige
fiscalização e controle nos ambientes de trabalhos; requer instrumentos mais
efetivos de acompanhamentos e apoio aos jovens na construção de suas trajetórias
nas esferas do trabalho e da educação.
4.3 – Cultura
Em São Gonçalo a Cultura é uma
palavra chave que se relaciona com diferentes planos da vida dos jovens.
Interfere na sua formação e informação, incidindo na produção e disputa de
sentidos e valores; influi na constituição de identidades e sociabilidades
pessoais e coletivas, incidindo nos modos como se estruturam seus vínculos e
confrontos societários; oferece-se como diversão e fruição, incidindo no uso do
tempo livre e no modo de relação com os espaços públicos e territórios sociais;
está presente na criação e expressão de arte, incidindo nos modos como
manifestam suas visões de mundo.
Uma dimensão inovadora constatada,
em varias pesquisas sobre as praticas juvenis na década de 90, se refere à
importância da esfera cultural e do lazer como espaço produto de sociabilidade.
Nos espaços de lazer os jovens encontram possibilidades de experimentação de
sua individualidade e das múltiplas identidades necessárias ao convívio
cidadão. Praticas de ação coletiva em espaços públicos de cultura e lazer,
existentes na cidade, podem ser consideradas como laboratórios onde se
processam experiências e se enriquecem as subjetividades.
Os espaços de cultura e lazer podem
sem, com todas as suas potencialidades, discutidos e focalizados na perspectiva
de um direito. Falar em direito cultural implica em possibilitar o acesso aos
produtos culturais, às informações, aos meios de difusão. Envolve também
garantir a liberdade de criação e produção cultural, bem como valorizar a
memoria coletiva. Uma politica publica democrática nesse âmbito deve se revelar
capaz de ampliar a capacidade critica – e de resistência - dos jovens frente à
tendência uniformizadora e padronizadora da indústria cultural.
Os contrastes socioeconômicos de São
Gonçalo se manifestam com nitidez na desigualdade de acesso, dentro da
população juvenil, a bens, serviços e espaços públicos de cultura e lazer.
Políticas orientadas para esse setor da vida social devem intervir sobre as
condições desiguais, favorecendo a constituição de esferas publicas no âmbito
da cultura e do lazer. As politicas publicas precisam favorecer o acesso a
espaços, equipamentos, instituições e serviços que elevem a qualidade de vida
nas diferentes localidades do município.
A liberdade desfrutada pelo jovem em suas
horas e em seus espaços de lazer faz com que as gerações adultas cultivem
certas desconfianças sobre a capacidade de utilização sadia do tempo
livre e sobre a validade da produção cultural como expressão dos grupos juvenis
.
Dessa forma, como combate ao tempo
ocioso ou tentativa de afastar os jovens do mundo do crime, politicas
equivocadas planejam a realização de atividades do preenchimento do tempo livre
numa perspectiva de instrumentalização da cultura e de controle social. Em
ultima instancia, inibem a potencialidade de criação e expressão cultural que
agrega e sociabiliza os jovens, desenvolvendo sua auto-informção em múltiplas
dimensões.
Uma nova politica publica de
juventude precisa levar em conta a realidade concreta dos atores a quem se
dirigem os diversos modos de ser jovem, suas formas próprias de lazer e
considerar que eles são capazes de autonomamente expressões culturais
criativas. O pertencimento a grupos possibilita a criação de relações de
confiança, a construção de identidades coletivas e individuais, a expressão e
atuação no espaço publico.
Aliando criatividade e capacidade de
pensar criticamente o mundo, nos últimos anos surgiram novos tipos de ocupação,
geração de renda e postos de trabalho que se apresenta na área da cultura,
esporte e lazer. Um dos eixos da politica de cultura para jovens deve ser a
potencializar esses processos.
4.4 Participação
Em diferentes momentos da historia
do municipio de São Gonçalo do Amarante, distintos segmentos da juventude
marcaram presença em mobilizações sociais e acontecimentos políticos. Atenta as
grandes questões sociais e trazendo a publico suas demandas, a juventude deve
ser vista como parte integrante dos processos de mudança e de um projeto de
desenvolvimento económico e social para o o
municipio.
Toda a experiência geracional é
sempre inédita. Cada geração pode ser caracterizada pelas formas próprias e
diversas que os jovens encontram para se expressar e participar da construção
do sentido da vida e do imaginário coletivo.
No âmbito das politicas publicas de
juventude, falar em participação implica, em primeiro lugar, assumir a
importância de estimular e garantir o protagonismo dos jovens.
Uma das dimensões a ser considerada é a
garantia do reconhecimento dos jovens como sujeitos para que possam assumir-se
como atores sociais. Para isso, é fundamental vincular ao apoio aos seus
processos de desenvolvimento pessoal a possibilidade de participação e
interferência no seu meio social, seja a escola, a comunidade, o bairro, o
país. Nesse sentido é que têm sido desenvolvidos programas, governamentais e
não governamentais principalmente dirigidos a setores de maior vulnerabilidade,
que buscam vincular ação de formação e proteção com as de solidariedade e intervenção
social.
Uma agenda que favoreça a
participação não deve incorporar apenas a dimensão reguladora, dever ser também
uma agenda de oportunidades que incorpore especificidades da condição juvenil,
ancoradas diversidade espacial, étnica, cultural e regional.
A educação para a cidania deve ser
um dos eixos para o estimulo e participação. A informação sobre os direitos e a
aprendizagem das praticas democráticas devem ser parte integrante de todos os
processos educativos em que estejam inseridos aos jovens.
É fundamental, também, a garantia de
espaços de participação e interferência efetiva dos jovens nas instituições em
que estejam envolvidos, como as escolas, as organizações sociais e areais
governamentais de cujos programas estejam participando.
Por outro lado, é necessário
reconhecer as diferentes maneiras como os jovens se estruturam como sujeito e
se organizam para expressar demandas, necessidade, desejos e visões de mundo e
para agir no espaço publico. Na ultima década, os jovens diversificaram suas
formas, espaços e alvos de atuação, assim com se tornou mais diversa a face
social dos jovens que se mobilizam e constituem ações coletivas. Além dos
estudantes, trabalhadores, jovens do campo, jovens mulheres, e dos mais
variados setores populares urbanos se agrupam, constroem identidades coletivas
em forma atuação de dististintas modalidades. Entre elas, pode ser distinguir
pelo menos as seguintes:
·
Filiação
e militância nos partidos políticos;
·
Engajamento
nos diferentes espaços do movimento estudantil (grémios diretórios, UBES, UNE,
e outros)
·
Atuação
em entidades sindicais ou associações profissionais.
·
Pertencimento
a grupos que atua para transforma material e futuramente o espaço local, nos
bairros, nas favelas e periferias.
·
Participação
em grupos que atuam no espaço da cultura e do lazer: bandas musicais, grupos de
teatro e dança de diferentes estilos, associações esportivas grupos de
skatistas, grafiteiros, torcidas organizadas, etc.
·
*mobilização
em torno de uma casa ou campanhas (grupos ecológicos, grupos contra a violência
e pela paz, comités da ação da Cidadania, acompanhamento internacional da
juventude, etc.
·
Grupos
de jovens que se propõem a atuar no espaço publico sob a forma de pastorais,
redes movimentos etc.
·
Ongs
formadas por jovens, desenvolvendo projeto de atuação social e comunitária etc
Tais possibilidades não se incluem
mutuamente. Um jovem, ao longo de sua trajetória, ou mesmo simultaneamente,
pode participar em varias dessas modalidades, que também se entrecruzam: grupos
organizados por identidades pode ter recorte cultural, partidário ou
comunitário. Certos grupos ou Ongs podem ter sua origem vinculada a temas
específicos, ou se envolver conjunturalmente em campanhas e mobilizações. É
importante lembrar, também, que grupos
ligados a Igreja Católica, a determinadas denominações evangélicas, a centros
espiritas oferecem tradicionalmente espaços de aprendizados, de participação e
de formação de militantes.
Alguma dessas organizações são mais
formalizadas, outras menos; algumas buscam ter caráter de representação, outras
não; são distintos os modos de impacto que buscam ter sobre a esfera publica e
a condição juvenil. Alguns deles tem procurado se encontrar e conectar em
diferentes tipos de fóruns, redes, embora ainda estejam em processos a busca de
referentes e linguagem comuns para o estabelecimento de demandas e atuação
conjuntas.
Tais organizações devem ser
reconhecidas e valorizadas como canais de enriquecimento da vida publica
democrática do país, garantindo-se à sua existência e manifestação devem ser
desenvolvidas estratégias para torna-las visíveis e incorporar suas
contribuições aos processos sociais e políticos do nosso municipio/estado e
pais.
Preservando a indispensável
autonomia das organizações juvenis, cabe estimular a participação politica
coletiva da juventude e criar mecanismo transparentes desvinculado dos
interesses dos governos, que assegurem a estruturação e a autonomia dos
movimentos.
Vários movimentos sociais de São
Gonçalo conquistaram ou constroem espaços para participar da elaboração dos
programas e das politicas que lhes dizem respeito. Os jovens entram na cena
publica buscando afirmar-se como sujeitos de direitos. É a partir de suas
vivencia pessoais e coletivas, da expressão de suas demandas e necessidades que
devem ser elaboradas as politicas e os programas de juventude inclusivo e com a participação juvenil.
Nesse cenário é preciso distinguir,
qualificar, motivar e incorporar a participação dos jovens. a diversidade de
situações deve ser considerada na definição dos instrumentos de intervenção e
de participação. O desafio esta em desenvolver suportes metodológicos e meios
operativos para produzir uma experiência dinâmica, um processo de consultas
mútuas pelos quais o senso comum se modifique e as novas formas de pensar e de
agir se imponham.
Para isso, devem ser criados e
mantidos canais de interlocução suficientemente abertos para garantir a
participação do maior leque possível de jovens. é preciso construir formas de
representação que contemplem a diversidade dos sujeitos e das modalidades de
organização juvenis e definir canais de participação nas estruturas de governo
que garantam a participação ampla e plural das juventudes na discursão e na
definição de politicas publicas.
Não há como estabelecer de maneira
vertical as formas de participação e querer que os jovens se encaixem nelas.
Assim sendo, os dois únicos requisitos
obrigatórios para o reconhecimento das distintas formas de participação são:
respeitar a princípios éticos da convivência social e ter disponibilidade para
o dialogo com outros atores sociais.
É importante valorizar a experiência
recente dos gestores locais de politicas de juventude e dos espaços
institucionais municipais e estaduais – conferencias, conselhos e secretarias
de juventude – que se propõem a conectar diferentes redes e organizações
juvenis e estruturar um dialogo destas como poder publico. Tais experiências
servem de base para a consolidação de propostas de estruturação de canais
formais de participação dos jovens nas definições de politicas publicas. ´
Para definir as politicas e
programas é preciso também construir espaços de interlocução entre atores da
sociedade, garantindo o dialogo entre gerações e no interior da mesma geração
Participação significa conquistar poder, redistribuir poder, oque
inevitavelmente gera conflitos. São necessários, portanto, espaços de
negociação de interesses e construção de consenso, administrando-se os
conflitos. É importante estimular também a presença de jovens nos espaços
institucionais de decisão politica, como os Orçamentos Participativos,
Congressos de Cidadania, os Conselhos de Direitos e de Politicas Sociais
(Educação, Saúde etc.).
Os jovens devem participar da
elaboração, da implementação, da avaliação do andamento e do impacto das ações
implementadas. Tal participação deve ocorrer desde as fases de elaboração ate a
avaliação (e possível contestação), passando pela proposição e execução. Essa
diretriz garante um conteúdo democrático e educativo, contribuindo para que
existia maior identidade das politicas publicas com o próprio jovem, requisito
para que tenham maior eficácia.
Recomendação e propostas
1.Construir programas que
estimulem o protagonismo dos jovens, a intervenção social, o envolvimento nas
questões comunitárias e do país.
* fortalecer as ações já
desenvolvidas por jovens na busca de soluções para questões comunitárias e da
sociedade brasileira (como os projetos de acção social e os grupos de extensão
universitária), apoiando implementação
de suas propostas.
2.Promover a capacitação dos
jovens para a atuação social e participação politica.
·
*estruturar
e desenvolver ações de educação para a cidadania nas instituições e programas
dirigidos aos jovens.
·
*Apoiar
sistemas informação e formação politicas dos grupos e movimentos juvenis
·
*Promover
espaços de capacitação de jovens para elaboração, desenho, implementação e
execução de projetos de intervenção social e de politicas publicas.
3.Apoiar
a formação e fortalecer as organizações juvenis e garantir espaços de atuação publica
·
*incentivar
a participação e a organização juvenis ( fundos de apoio, assessoria técnicas).
Abrir espaços de interlocução, de
expressão das demandas, de diálogo e negociação entre diferentes atores sociais (rodas de dialogo, fóruns
mistos)
·
*Garantir
espaços de autogestão (auto avaliação e autonomia), valorizando e autonomia),
valorizando e fortalecendo as capacidades de expressão e ação dos jovens;
espaços de expressão e criação, laboratórios de experimentação de
possibilidades e capacidades, de construção de formas alternativas de fazer
politica, de produção autonomia de serviços de interesse coletivo. (Centros de
Juventude)
*4.Garantir
a participação dos jovens em todas as politicas a eles dirigidas
·
*Definir
espaços e canais permanentes, legitimados e garantidos por lei, para a
discursão e definição de politicas publicas: fóruns pré – Conferencias e conferencia municipais
que definem diretrizes e elegem delegados para as conferencias, conselhos:
·
*Realização
de conferencia municipal que definem diretrizes e elegem delegados para as
conferencias estaduais e regionais, que por sua vez definem diretrizes e elegem
delegados para a conferencia nacional.
·
*conselhos
paritários para controlar e fiscalizar a implementação das politicas publicas
de juventude.
·
*construir
ou fortalecer mecanismo locais de planejamento social e ambiental
participativo, planejando ações de interesse coletivo que garantam a
redistribuição dos recursos materiais e simbólicos, bem como a melhoria das
condições de vida da população jovem.
5.Estimular a participação dos
jovens em espaços gerais de decisão politica
*Fortalecer
os processos de participação dos jovens nos Orçamentos Participativos,
congressos das cidades, conferencias e fóruns municipais.
*Dar
subsídios, informações e instrumentos de analise para possibilitar uma
eficiente presença nas disputas politicas e partidárias do municipio – do nível
municipal ao federal – valorizando programas e candidaturas comprometidas com o
fortalecimento das instituições democráticas, combate à corrupção, defesa da
soberania e promoção da justiça social
pela via da redistribuição da renda e combate à pobreza.
4.5 – Esporte
As praticas esportivas podem
representar uma verdadeira escola pratica onde valores como a importância do
trabalho em equipe, da dedicação, da confiança em si mesmo e no próximo são
assimilados.
O esporte também deve ser pensado
como pratica que estimula a vida comunitária que estimula a vida comunitária e
a socialização dos jovens. A quadra de esportes ou a pista de skate são
muitas vezes os pontos de encontro nos bairros, integrando os jovens de maneira
sadia.
Na escola, a educação física deve
ser promovida de modo a possibilitar aos jovens o contato com uma boa variedade
de modalidades esportivas. Deve-se
estimular a relação entre o ensino formal e o esporte, assim como a
abertura das escolas nos finais de semana para a realização de praticas
esportivas.
A democratização do acesso ao
esporte tende a provocar elevação na qualidade de vida para toda a população. A
universalização da pratica esportiva pode ter como agentes principais os
jovens, abrindo importantes perspectivas de profissionalização e emprego.
O esporte e a atividade física devem
ser compreendidos como meio de inclusão social e estimulados para o preenchimento
do tempo livre dos jovens de maneira saudável, prazerosa e lúdica.
Recomendações e propostas
·
Estimular
as redes esportivas no ensino médio e superior, especialmente as iniciativas
dos Jogos Universitários Brasileiros;
·
Estimular
a pratica esportiva na Zona Rural;
·
Considerar
também esportes não olímpicos, mas de grande apelo entre os jovens, como o
skate, nos programas de difusão esportivas;
·
Vincular
os programas de difusão do esporte e lazer comunitários aos programas sociais
direcionados à juventude, através de monitorias e similares;
·
Promover
a concessão de bolsas para os jovens atletas, combinando a profissionalização
esportiva do jovem com sua escolarização e formação;
·
Aperfeiçoar
e ampliar programas como o Segundo Tempo, do governo Federal;
·
Aproveitar,
como monitores remunerados ou como voluntários, os estudantes de educação
física, para o treinamento de jovens e, inclusive, preparação de monitores
entre eles para multiplicação da escala atingida nas comunidades de nosso municipio;
4.6 -
Saúde
Uma politica de saúde para a
juventude deve se inscrever na perspectiva da promoção da saúde integral,
visando à qualidade de vida de todos os jovens, envolvendo sua relação com o
ambiente físico e social, garantindo condições para desenvolvimento pleno,
incluindo a vivencia de experimentações com segurança e a constituição de
projetos consistentes de vida.
Há dois eixos principais de abordagem do
tema: a independência entre as diferentes dimensões que interferem na qualidade
de vida dos jovens e sua saúde, e a necessidade de desenhar politicas
especificas de atenção à saúde dos jovens.
Os jovens têm necessidades particulares no
campo de saúde, não somente na linguagem, mas também, com tudo e na forma da
atenção. Tais necessidades ocorrem num momento do ciclo da vida particularmente
saudável do ponto de vista de constituição biológica. Nessa etapa, grande parte
dos problemas de saúde decorre dos modos de viver a vida, dos hábitos e
comportamentos dos jovens em busca de definição indenitária e satisfação
pessoal.
Assim, a especificidade da juventude no
campo da saúde não se da somente, nem prioritariamente, por força biológica e
da psicologia particulares da puberdade e da adolescência. Esta ligada a
particular inserção dos jovens nos mundos social, o que determina adoção de
praticas cotidianas distintas das de outros grupos populacionais.
Os obstáculos experimentados em outras
dimensões de suas vidas provocam comportamentos que muitas vezes correspondem a
uma estratégia de resistência e desembocam em situações de risco e
vulnerabilidade. Os jovens como gravidez na adolescência, doenças sexualmente
transmissíveis e AIDS, abuso de drogas, acidente de transito, homicídios e
agressões resultantes do envolvimento em situações de violência.
É preciso alargar a compreensão desse
contexto peculiar da vida juvenil para não limitar a abordagem de saúde às
ações de caráter preventivo que são propostas contra eventuais comportamentos
de risco, numa perspectiva de um controle social. É preciso abrir um novo horizonte
de promoção da saúde, ofertando suporte social à realização de seus projetos de
vida.
Nesse sentido, os profissionais da saúde
devem ser visto com agentes que podem contribuir significativamente com os
jovens na construção da possibilidade de intensificar sua participação no mundo
e de realizar os seus projetos de vida. Tal compreensão do papel das politicas
articuladas de promoção da qualidade de vida dos jovens e de sua saúde em dois
campos convergentes da ação:
·
Politicas
Inter setoriais articuladas de juventude
·
Politicas
especificas de atenção à saúde dos jovens;
Recomendações e propostas
Politicas Inter setoriais
Para garantis que o tema da saúde
esteja verdadeiramente vinculado a promoção da qualidade de vida dos jovens, um
dos focos prioritários de ação deve ser o desenvolvimento de um novo paradigma
de trabalho Inter setorial tendo por base o território local.
Uma estratégia para efetivar essa
proposta é construir redes de compromisso em relação aos jovens, articulando
agentes de diversos setores: saúde, educação, trabalho, cultura, esportes,
justiça, segurança, etc., para o desenvolvimento de propostas articuladas de
ação.
Tais
redes devem avançar em relação às propostas já usáveis, embora nen sempre
efetiva, de articulação entre Saúde e Educação (os dois principais pilares
locais do desenvolvimento de politicas publicas no território), considerando
que parte significativa dos jovens da população de 15 a 24 anos já não
frequenta a escola.
Essa
proposta envolve o desenvolvimento de politicas de formação de recursos humanos
para o trabalho com juventude (para os agentes locais das politicas publicas) e
a constituição de equipamentos múltiplos como os centros de juventude,
espaços para convivência dos jovens, entre si e com os agentes públicos, através
dos quais informações podem ser disseminadas, demandas podem se expressas e
acolhidas, e ações podem ser formuladas, debatidas e propagandas.
Politicas
especificas
·
Transformação
e adequação dos serviços de atendimento para acolher os jovens e suas demandas
·
Ampliação
da educação por pares: jovens multiplicadores
·
(educação
em saúde através da abordagem de jovens por outros jovens)
·
Criação
de um sistema de informação sobre serviços voltados aos jovens;
·
Maior
divulgação de experiências bem sucedidas;
·
Formação
mais universalizada de profissionais de saúde para atenção à saúde de
adolescentes e jovens
4.7 Drogas
Três são consideradas principais
quando se pensa em drogas e juventude hoje: prevenção, tratamento e questão da
legislação.
Nas discussões desenvolvidas na 1ª
conferencia Municipal de Juventude prevaleceu amplo consenso em favor da linha
de abordagem da questão que se conhece como viés de redução de danos:
reconhecer o uso de drogas para
minimizar suas consequências.
Recomendações
e propostas
Prevenção
(ao uso indevido, ao abuso, à
violência e outros problemas decorrentes do consumo de drogas ilícitas e também
licitas)
·
Campanhas
educativas :
·
Produção,
a cargo de equipe multidisciplinar, de sites, spots de radio e tv e folders,
flyers e cartilhas para serem distribuídos em casas noturnas, bares, escolas,
faculdades, postos de saúde, estádios de futebol, clubes, associações de
bairro, ONGs, parques, redações de jornais e revistas, delegacias, etc.
·
Esses
materiais devem ser realistas, ou seja, partir do princípios de que o consumo
não vai diminuir com ameaças exageradas ou caricaturas de usuários, mas talvez
com informações francas e diretas;
·
A
informação deve também ser pratica, com dicas simples sobre os direitos dos
usuários (em casos de Blitz da policia, de necessidade de atendimento medico,
de sanções na escola e no trabalho, etc) e maneiras de reduzir danos;
·
Deve
ainda ser correta e honesta, reconhecendo os diversos tipos de uso (recreativo,
abusivo, eventual, compulsivo) e quais as melhores maneiras de lidar com os
problemas de decorrentes desses usos, além de mostrar claramente as diferenças
entre os efeitos causados pelas diversas drogas, inclusive o álcool, o tabaco,
antidepressivo e emagrecedor.
·
É
importante que a linguagem e o tom fujam do paternalismo e falem
diretamente o as jovens. não adianta satisfazer os pais com campanhas que não
são capazes de sensibilizar os filhos .
2)
Oferecer alternativas de esporte, cultura e lazer. A falta de opções de lazer,
de prazer, de possibilidades de afirmação e perspectivas de modo geral faz com
que o consumo de drogas se torne mais atraente e potencialmente perigosos.
3)
promover a cidadania e o desenvolvimento social (investimento em urbanização,
educação, saúde, geração e redistribuição de renda, atendimento de qualidade no
serviço publico, etc.).
Tratamento
·
Considerar
o usuário em seu contexto de vida, humanizando o tratamento.
·
Investir
na capacitação qualificada de profissionais não apenas da área de saúde, mas
também de educação, assistência social e segurança publica.
·
Capacitação
e treinamento de policiais para lidar com usuários, orientando sobre a
legislação e o modo de agir em situações emergenciais (desmaios, vómitos,
overdoses, etc.)
·
Criação
de novos postos de atendimento, com ações voltadas especificamente aos jovens
·
Investir
prioritariamente em serviços de reabilitação psicossocial de base comunitária,
com atendimento multidisciplinar, respeitando as especificidades de cada caso.
·
Garantir,
de modo responsável, e eficácia e continuidade dos serviços de atendimento e
reabilitação, assim como o acesso universal aos mesmos
LEGISLAÇÃO
1)
Analisar de maneira responsável e ponderada a possibilidade de
descriminalização do uso de drogas. A violência desencadeada pelo comercio
ilegal tem causado muito mais prejuízo à sociedade do que as drogas em si.
2)
Eximir de quaisquer penalidades os veículos que divulguem informações relativas
a redução de danos no consumo de drogas ilícitas
3)
Tornar mais rigorosos, os limites para a publicidade de drogas licitas como o álcool e o tabaco.
4)
Na medida em que a droga deve ser vista como questão de saúde publica, não se
confundindo com usos eventuais decorrentes do impulso juvenil no sentido da
experimentação, recomenda-se retirar do Gabinete Militar da Presidência da
Republica o organismo federal voltado à questão, alterando seu nome e sua
filosofia de trabalho, bem como deslocando-o para o Ministério da Saúde ou
outra área administrativa compatível (Direitos Humanos etc.)
4.8 -
Sexualidade
A dificuldade em encara o
exercício da sexualidade de jovens como um fato tem sido um dos principais
obstáculos para a implantação de programas de educação sexual e de serviços de
saúde reprodutiva para esse publico. Nossa cultura e nossa organização social e
politica acabam funcionando como barreira à prevenção e ao autocuidado: nem
todos jovens tem acesso à informação e a serviços de saúde especifico para as
diferentes faixas etárias.
Esse quadro se agrava quando
introduzido o recorte etário. As mulheres adolescentes, ainda que sejam foco de
vários programas localizados de prevenção, não tem recebido a devida atenção no
campo da saúde. Um exemplo refere-se ao planejamento familiar. É notório o
conhecimento de que os índices sobre a gravidez na adolescência vêm crescendo
nos últimos anos, a despeito do acesso à informação.
Vale lembra que, embora as taxas de
crescimento populacional no municipio tenham aumentado, ao ponto de ser prever
para menos de duas décadas uma completa estabilização, permanecem existindo
áreas sociais onde, em media, o numero de filhos chega a ser o dobro ou o
triplo da media nacional, agravando ainda mais as dificuldades vividas por
famílias de baixa renda.
Cabe
destacar ainda, que as dificuldades de intervenção junto à juventude sofrem
também os efeitos perversos do conservadorismo cultural que nos assola
cotidianamente. Como se não bastassem os preconceitos oriundos da nossa
tradição nos deparamos com ideias retrogradas, realimentadas por alguns setores
religiosos que reforçam a repressão ao prazer, negam o corpo sexuado,
disseminam noções errôneas sobre os efeitos dos preservativos e pregam
abstinência sexual na adolescência.
A inclusão dos homens nas politicas
voltadas para a saúde reprodutiva beneficiaria mulheres e homens de todas as
idades e ampliaria a responsabilidade masculina com as preocupações de
planejamento familiar e com o autocuidado no exercício da vida sexual.
É necessário, portanto, implementar
programas para jovens abordando a sexualidade, a saúde reprodutiva, a prevenção
das doenças sexualmente transmissíveis e a Aids, levando em conta os aspectos
sociais, culturais e económicos do país.
É preciso ouvir e conhecer o mundo
dos adolescentes e dos jovens. Pressões e constrangimentos podem oferecer
pistas das dificuldades que enfrentam na hora de optar por uma atitude ou
outra. Os programas existentes no municipio, que se limitam a focalizar somente
a informação sobre reprodução, tem sido insatisfatórios frente a necessidade de
uma abordagem que atenda também aspectos sociais, diversidade sexual e questões
de género e etnia, além dos inúmeros aspectos psicológicos vinculados a
sexualidade.
Recomendações e propostas
·
Criação
de espaços específicos para atendimento dos adolescentes e jovens dentro dos
serviços de saúde, referente à saúde sexual e reprodutiva, em que a prevenção e
o acolhimento sejam condizentes com a realidade desses adolescentes e jovens;
·
Formação
de profissionais na área da saúde, educação e direitos com relação à saúde
sexual e reprodutiva, relações de género e diversidade sexual, racial e etária.
·
Estimular
um trabalho efetivo entre escolas e unidades de saúde com relação aos temas
ligados a sexualidade;
·
Implementar
na politica pedagógica escolar o tema Educação Sexual de forma continuada;
·
Garantir
a participação juvenil na elaboração das politicas publicas da área da
sexualidade e saúde reprodutiva.
4.8.1 - Diversidade sexual
Neste documento já foi alterado que
a juventude é uma fase marcada por processos de definição e inserção social com
intensa experimentação. a sexualidade é socialmente impregnada de tabus morais.
As diferenças sexuais e a liberdade de vivencia-las sempre foram refutadas e
proibidas.
O jovem deve ter o direito de
experimentar a vida, é necessário garantir a livre orientação sexual como um dos
direitos básico a vida. No entanto, em nossa sociedade, quem não é
heterossexual ainda é considerado normal ou possuidor de uma patologia. Esse
preconceito ainda persiste, sobrevivendo com força a alguns avanços observados:
o conselho Federal de Medicina retirou a homossexualidade da lista de doenças e
o conselho Federal de Psicologia desaconselha qualquer tipo de tratamento no
sentido de reorientar homossexuais.
Nos estudos e debates organizados
pela comissão organizadora da conferencia municipal de Juventude emergiram dezenas de propostas no
sentido de que politicas publicas e iniciativas na sociedade civil contribuam
para a superação de mais esse tipo de exclusão a que esta submetida grande
parcela da juventude brasileira.
Recomendação e propostas
Incluir nos meios de comunicação,
com maior intensidade, atemática homossexual, buscando quebrar tabus e
preconceitos morais;
Garantir a existência de um
municipio/estado realmente laico, que não se paute por nenhum tipo de dogma
religioso;
Desenvolver projetos nas escolas,
com professores, pedagogos e orientadores educacionais, que esclareçam sobre a
orientação sexual, seja no nível federal, estadual ou municipal;
Estimular a realização de filmes e
curta-metragem com temática homossexual, produzidos, roteirizados e dirigidos
pelos próprios homossexuais.
Defender a propostas de Parceria
Civil Registrada entre parceiros do mesmo sexo, que busca assegurar as
parcerias homossexuais direitos como herança, sucessão, benefícios
previdenciários e outros;
Construção, de um centro de Referencia LGBTT (sigla para
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) em nosso municipio;
Analisar ações homofônicas e
combater toda forma de opressão e descriminação aos jovens homossexuais.
Desenvolver projetos para capacitação
das politicas (federal, civis, militares de guardas municipais) na abordagem e
tratamento para com os homossexuais.
Reafirmação seu compromisso com a
luta internacional contra a homofobia, aos governos estadual e federal deve
reapresentar a proposta de resolução em favor dos direitos relativos à livre
orientação sexual ante a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações
Unidas (Onu);
4.9 –
Prevenção da violência
A taxa de homicídios no municipio –
hoje de 17/100 habitantes a cada ano – encontra cerca de 17% de suas vitimas na
faixa etária que vai dos 15 aos 29 anos, enquanto a taxa de homicídios de
homens jovens entre 15 a 24 anos é de 35,6/100 habitantes (IBGE).
O recrutamento para o varejo do
trafico de armas e drogas ilícitas; a dependência e abuso em face destas
ultimas e do álcool; a vitimização no ambiente domestico, no transito ou na
relação com as instituições responsáveis pela segurança e pela justiça compõem
o cenário de exposição cotidiana dos jovens a riscos e situações que exigem
respostas especificas da parte das politicas publicas e da ação coletiva da sociedade, organizações
juvenis em primeiro lugar.
Para amplos setores da sociedade e
da mídia, falar em politicas publicas de juventude é pensar em estratégias de
controle ou, quando menos, em algum pacote de iniciativas que supostamente
deveria desestimular o jovem ao envolvimento criminal. Determinados projetos
sociais, esportivos ou culturais, são apresentados como sendo importantes para
a juventude simplesmente porque podem “mantê-la ocupada”, numa logica alienante
e repressora que desconsidera os direitos dos jovens à cultura, ao esporte e a
rede de proteção social.
Essa dinâmica só pode levar a
rejeição por parte da juventude das soluções que lhe são propostas pela
sociedade politica e adulta, ampliando seu distanciamento e suas dificuldades
de inserção e participação social positiva.
Por isso, as politicas especificas
para a superação das violências cometidas e sofridas por jovens devem se
inserir no marco maior da inclusão e da universalização de direitos. Isto
significa, antes de tudo, concebe-las e implementa-las não como medidas de
controle (estratégias para conter e inibir agressividades e ameaças
supostamente representadas pelos jovens), mas sim como iniciativas de promoção
e garantia de direitos (vida, integridade física, liberdade).
Recomendações e propostas
É urgente delinear uma agenda
profunda de reforma, aperfeiçoamento técnico e gerencial e democratização/
humanização das instituições policiais, judiciais. Mas esta não constrói o
único componente da estratégia preventiva aqui proposta. É como cunho
social, urbanístico, cultural e comunitário, bem planejadas e direcionadas, que
pode dialogar um programa de politicas de juventude;
Essas ações, por sua vez, dialogam
com as politicas universais de educação, saúde, cultura, trabalho, emprego e
renda, esporte e lazer, etc., mas não se confundem com elas. A natureza
especifica de uma estratégia de prevenção à violência é exatamente a de buscar
intervenções focalizadas, capazes de permitir – por meio de redução da
vulnerabilidade à autoria ou vitimização – o alcance de resultados efetivos no
menor prazo e com o menor custo possíveis.
A formulação e implementação de tais
politicas demandam três iniciativas no campo institucional:
·
Definir
um sujeito ou órgão de gestão especifico em cada nível de governo, responsável
por realizar o diagnostico, a analise e o planejamento das ações no âmbito dos
programas setoriais respectivos;
·
Criar
um sistema de planejamento e gestão, descentralizado e participativo, apto a
desenhar estratégias tão localizadas quanto possível( preferencialmente no
nível do município);
·
Construir,
em articulação com os demais órgãos responsáveis um sistema de informação
necessário para permitir a formulação de tais politicas de maneira consequente
e fundamentada, assim como o monitoramento e avaliação permanentes das mesmas.
As
linhas gerais de um programa de acção nacional, com suas expressões e variações
locais, capaz de fazer avançar e concretizar o já exposto, podem ser assim
resumidas:
PRIORIDADES:
Homicídios
e violência armada em geral;
Cooptação
e submissão de jovens pelo comercio varejista criminoso de armas e drogas
ilícitas;
Violência
institucional ( discriminação, arbítrio e agressão física e psicológica por
parte dos agentes do estado em geral, com especial atenção as policiais)
Focos
e condicionantes
A violência e a criminalidade em
geral não se distribuem de maneira uniforma no território e nos segmentos
populacionais. Apenas 27 comunidades de nosso
municipio dentre os mais
urbanizados e populosos concentram quase 50% dos homicídios cometidos. As taxas
de homicídios dentro da Zona Urbana podem variar conforme o bairro 67/ 100 a
cada ano a mais de 17,2/100.
Na faixa etária que vai dos 17 aos
29 anos, entre integrantes do sexo masculino, esta taxa chegou a 7,4 /100, no
sexo feminino na mesma faixa etária só
com uma incidência menor 3,8/100 Cerca de 60 a 80% deles dos homicídios
dolosos cometidos em nosso municipio são
com o uso de armas de fogo. É conhecida a concentração das bases varejistas dos
tráficos de armas e drogas em zona urbana de exclusão social e assim como o
direcionamento preferencial do arbítrio e da violência policial sobre jovens
nelas residentes, principalmente quando não brancos e do sexo masculino.
A elaboração de planos locais de
ação para a redução da violência juvenil demandaria analises adequadas aos
diferentes contextos, além de monitoramento continuado. Mas ainda assim o seu
caráter emblemático e recorrente na Zona Urbana de São Gonçalo nos permite
avançar mais um passo na definição da agenda, apontando os focos gerais de uma
ação integrada.
É preciso ter em vista o caráter
fundamentalmente urbano e armado dos fenómenos e a sua vitimização preferencial
sobre homens, não brancos, social e territorialmente excluídos ou
marginalizados, bem como direcionar e integrar ações particularmente nas áreas
urbanas mais afetadas pelos problemas.
4.9.1
– Adolescentes e Jovens em conflito com a Lei
Adolescente e jovens em conflito com
a lei tem sido alvo sistemático da violação de direitos, maus tratos e torturas
da policia e instituições de internação ou extermínio puro e simples,
constituindo-se uma espécie de paradigma analisador da situação geral da nossa juventude são gonçloense.
Pesquisa realizada pela Comissão Organizadore
da 1ª Conferencia Municipal de Juventude de São Gonçalo realizadas nas pré
conferencias em todas as comunidades de
nosso municipio foi traçado o perfil
social dos jovens infratores e da participação dos jovens na criminalidade
urbana na cidade de São Gonçalo do Amarante,
registra crescimento efetivo da criminalidade juvenil de tipo violento
mas alerta também para crescente vitimização desses segmentos: “em essência, na
atualidade os jovens são mais frequentemente vitimas da violência”
Constrói-se socialmente, entretanto,
uma imputação sistemática da violência à juventude, que incide não só sobre os
jovens infratores, mas resulta em estigmatizarão dos movimentos juvenis
populares, condenando-os à invisibilidade ou à proscrição, reduzindo-os à
imagem ameaçadora do crime e da delinquência, como é o caso dos segmentos Hip
Hop, funk e do rap.
As recentes rebeliões nas unidades
de internação, principalmente no Estado, as denuncias de desrespeito aos
direitos dos jovens ali internados e a inconsistência do projeto socioeducativo
desenvolvido no Sistema FEBEM, produziram indicações consensuais entre
diferentes setores da sociedade:
·
É
necessário implementar e ampliar a medidas socioeducativas em meio aberto se
continuam, efetivamente, em alternativas a privação de liberdade;
·
As
propostas de atendimento a esses adolescentes devem fazer parte do conjunto das
propostas para a juventude em geral (educação, lazer, cultura, saúde,
participação politica, etc.) e, ao mesmo tempo, deve-se criar e consolidar
equipamentos que atendam que atendam sua especificidade.
·
O
incremento de uma politica consistente nas áreas de educação,
profissionalização (bolsa escola, bolsa-trabalho), esporte, cultura, saúde
contribuem para a construção de laços de participação de projetos de vida, com
horizontes e perspectivas de futuro, contribuindo assim para a prevenção das
trajetórias de delinquência.
·
É
importante ver o adolescente com pratica de delitos não exclusivamente como
autor de ator infracional, mas como adolescente com inúmeras características e
possibilidades.
·
As
medidas socioeducativas de reparação do dano e prestação de serviços à
comunidade são importantes instrumentos pedagógicos e de construção de uma
dimensão participativa e solidaria do jovem. Podem construir-se, então, em
âmbitos exemplares para a experimentação da construção da solidariedade e do
pertencimento sob um duplo angulo: do lado jovem que se sente reparando conduta violenta e do lado da sociedade que
pode desconstruir seus preconceitos e oferecer chances concretas para trilhar
com estes jovens um caminho de responsabilização coletiva e de aposta na ação
educativa.
·
Cabe
sensibilizar a opinião publica e trabalhar na direção de uma responsabilização
coletiva no que diz respeito as politicas dirigidas aos jovens em conflitos com
a lei.
·
Um
projeto socioeducativo precisa ser entendido com garantia de direitos e com
ampliação do convívio e do espaço de participação de acordos coletivos. Só a
esperança compartilhada de futuro faz mudar comportamentos, seguir ideais ou
regras coletivas.
Recomendações
e propostas
·
Trabalhar
para assegurar a inclusão do jovem em conflito com a lei nos serviços e
equipamentos públicos municipais, estaduais e federais de saúde, educação,
cultura e lazer, numa perspectiva de ruptura do distanciamento e do preconceito que tem,
cada vez mais, fomentado a violência e marginalização desses jovens;
·
Trabalhar
na implantação / construção de uma rede de serviços articuladas com os serviços
de liberdade assistida, semi-liberdade e internação que promovam essa inclusão;
·
Apoiar
municípios na implementação de programas de medidas socio-educativos em meios
aberto;
·
Criar
ou ampliar os serviços de saúde mental para os adolescente em conflito com a
lei, principalmente na interface com o uso abusivo de drogas;
·
Construir
projetos específicos de moradia/ apoio (republica e pensionato) para os jovens
que concluem cumprimento de medidas socio-educativa e que não podem retornaar
as suas casas. ´
·
Criar
ou ampliar programas de apoio, orientação e retaguarda as famílias, endereçados
principalmente as populações vulneráveis (jovens que estão em cumprimento de
medida socio-educativa e os que cometem pequenos delitos).
·
Qualificar
medidas socio-educativas (principalmente as de internação) na sua dimensão
pedagógica ( o recente trabalho do CENPEC, de um projecto pedagógico para os 45
dias da internação provisoria é exemplar nesse sentido e pode ser disseminado
em âmbito nacional.
·
Acesso
à defensória publica, criação de delegacias especializadas trabalhando de modo
integrado com o Ministerio Publico e o Poder Judiciário de forma a agilizar os
encaminhamentos e as decisões, assegurando todos os direitos previstos no ECA
(vide experiencia da Justiça Instantanea no Rio Grande do Sul) no período de
averiguação.
4.10
– Mulheres jovens
O movimento de mulheres conseguir introduzir a meta da
igualdade entre os géneros na agenda da politicas publicas já há algum tempo. A
discussão sobre politicas publicas para as jovens mulheres é, no entanto, muito
recente. Parte da discussão do que é singular na condição juvenil, trabalhando
a junção entre as duas singularidades.
Como esse debate é relativamente novo, seu
acumulo se limita a politicas de prevenção à gravidez na adolescência, e outros
tópicos específicos. Mas aprofundar a discussão sobre o recorte especifico de
género dentro do tema juventude é fundamental para quebrar a invisibilidade
desta parcela da população no desenho das demais politicas.
As relações de género não se dão por uma
questão meramente biológica, mas por uma construção social que determina os
padrões de masculinidade e feminilidade e estabelece papeis a parti disso.
Superar a desigualdade hoje presente
nessas relações, especialmente na interface com a condição juvenil, exige um
conjunto de medidas em pelo menos cinco campos: educação, trabalho, saúde, questão
da violência e participação.
Recomendações
e propostas
·
Oferecer
uma educação não sexista, com reorientação de educadores e educadoras para que
sejam promotores da igualdade entre os géneros;
·
Incluir
a disciplina de igualdade entre os géneros no currículo dos cursos de formação
de educadores, na perspectiva de uma educação sexual esclarecedora dos métodos
anticoncepcionais e das diversas esfera da vida sexual das jovens e dos jovens;
·
Proporcionar
nas escolas informação para orientação
sexual, saúde e direitos reprodutivos, com respeito e esclarecimento
sobre a diversidade sexual;
·
Garantir
a igualdade de oportunidades entre os géneros no acesso a educação
profissionalizante, dado que devido à construção das “aptidões naturais”,
algumas áreas, sobretudo as tecnologia,
ainda excluem as jovens mulheres da formação.
·
Criar
espaços alternativos de educação no interior das escola e fora delas para
promover o encontro das mulheres jovens e ampliar sua circulação pelos espaços
públicos do nosso municipio.
·
Promover
a « inclusão digital com igualdade de oportunidades – a politica de
tele-centros contribui para um futuro mais igual entre homens e mulheres,
·
É
necessário pensar politicas especificas
para a geração de trabalho e renda para as mulheres jovens, garantindo direitos
trabalhistas previstos na lei para as jovens mães, hoje vulneráveis ao
desemprego por essa condição.
·
Incentiva
o empreendedorismo das jovens, capacitando-as para exercer actividades que vão
alem das ditas aptidões femininas.
·
O
Programa Primeiro Emprego também deve atentar para a especificidade das jovens
mulheres, garantindo-lhes acesso e permanência no trabalho.
·
A
legislação deve proteger mães jovens assegurando estabilidade no emprego apos a
licença-maternidade.
·
A
pobreza expõe muitas jovens a prostituição, ao turismo sexual e ao trafico de
mulheres. Politicas especificas para combate-los são necessárias.
·
Muitas
jovens enfrentam a tripla jornada de trabalho, domestico. No caso de jovens
mães, a jornada pode ser quadrupla, ou muitas vezes o estudo é abandonado. Há
necessidade de garantir a existência de creches nos bairros, e também nas
universidades – nocturnas inclusive -
para que as jovens não abandonem seus estudos ao se tornarem mães;
·
As
jovens do meio rural reivindicam acesso
e titularidade da terra, como direito de permanecer com campo e
exercer com dignidade a profissão de
agricultora. O Programa Nossa Primeira Terra e o PRONAF devem olhar nessa
especificidade;
·
O
estado deve garantir politicas de capacitação à geração de renda na área da
cultura e de valorização da manifestação culturais protagonizadas pelas jovens
mulheres;
·
Deve
haver politicas de reinserção social, com educação profissional diversificada
(não apenas cabeleireira e manicure), para as jovens mulheres no sistema
socio-educativo (como a FEBEM).
·
Garantir
a integridade física e psicológica destas jovens, uma vez que são vitimas de
abuso sexual dentro das unidades e não tem acesso a produtos básicos a todas as
mulheres, como calcinha e absorvente. Essas jovens estão mais vulneráveis a
voltar a cometer infracção, por imposição dos companheiros ou por falta de
medidas concretas de inserção social. É dever do poder publico das respostas
concretas a essas demandas.
·
Direito
ao corpo. As politicas sobre saúde e direitos sexuais devem trazer informações
suficientes para que a jovem possa conhecer o funcionamento de seu corpo e
fazer suas escolhas;
·
Promover
a saúde integral da mulher jovem, sem seguir a logica da medicalização e
intervenção sobre o corpo. O sistema de saúde das jovens, garantindo-lhes
atendimento ginecológico, seja qual for sua orientação sexual;
·
Ter
politicas para garantir os direitos sexuais e reprodutivos, sendo eles: direito
a contracepção, concepção e aborto;
·
Promover
a educação sexual como forma de prevenir a gravidez, garantir acesso a
contraceptivos para evitar o aborto, e garantir o aborto legal para evitar
risco de morte.
·
Da
mesma forma que são fundamentais o acompanhamento pré-natal, parto humanizado e
atendimento pós-parto, é necessário reabrir e intensificar o debate nacional
sobre a legalização do direito ao
aborto, garantindo sua realização na rede publica de saúde. Milhares de jovens
são internadas ou morrem por complicações de abortos clandestinos todos os anos;
·
Capacitar
servidores no sistema publico de saúde para o atendimento adequado e não
discriminatório o jovens lésbicas;
·
Promover
campanhas nacional pela paternidade jovem resposavel e a discussão desse tema
desde o âmbito escolar;
·
Proporcionar
informação sobre danos causados por medicamentos difundidos e consumidos na
busca pelo “corpo perfeito”, resultado das estratégias de mercantilização das
mulheres jovens na midia. Deve-se pensar na saúde mental dessas jovens, com
atendimento psicollogico e esclarecimento adequado;
·
Ter
atendimento psico-social diferenciado as vitimas de violência domestica, em
especial para as menores de 18 ano;
·
Incluir
o debate sobre a violência domestica e como evita-la no universo escola.
·
Criar
acampanhas na midia (TV) que denunciem e esclareçam sobre a violência contra a mulher
jovem, o racismo, a homofobia e toda discriminação sexista;
·
Garantir
equipamentos públicos de assistência e prevenção as jovens vitimas de violência
sexual (estupro).
·
Valorizar
as jovens como sujeitas na articulação de politicas especificas para mulheres,
criando contas para que estejam nos espaços de elaboração/articulação de
politicas de juventude que o governo federal vier a criar.
·
Ter
contato constante com instancias responsáveis pelas politicas de género e de
igualdade racial, “ qualificando” recomendações como a de que os programas
sociais, para jovens de baixa renda, tenham recorte de género e raça.
4.11
- Desigualdade Racial
A questão da desigualdade racial no
Brasil ainda figura entre os desafios a serem transposto para organização de um
pais justo e desenvolvido social e economicamente. O mito da “democracia
racial” não sustenta diante da analize de dados relativos a pobreza,
concentração de renda e acesso a educação nas ultimas décadas. Ainda de pode
afirmar que, se uma parcela significativa da população se encontra excluída dos
direitos básicos de cidadania e exposta ao risco da desestruturação familiar,
do desemprego e da violência, os efeitos de décadas de um processo de
desenvolvimento concentrador de renda aparecem de forma mais acentuada entre a
população negra e afro-descendente.
Ainda não perpetuou uma logica perversa que omite as manifestações
de racismo, ora negando sua existência,
ora recorrendo aos dados gerais sobre a exclusão para refutar a defesa
da necessidade de politicas publicas focadas na inclusão dessa parcela da
população são gonçslense. Esse tipo de discurso tenta desqualificar as
propostas de ação afirmativa, classificando-as como paternalismo ou
privilegio.
Uma analise mais seria da situação
deixa patente que, para alcançar a igualdade racial, serão necessidades, dentro
de uma estratégia global, medidas que compesem as distancias entre os excluídos
brancos e negros e os insira com igualdade de condições e oportunidades no
contexto de uma cidadania plena . por outro
lado, esse racismo envernizado de tolerância se consolida através dos meios de
comunicação e relega ao campo do exotismo as identidades culturais e religiosas
da população negra.
Alguns
dados do IBGE, com sua terminologia especifica (pretos e pardos), desmostram a
maior vulnerabilidade da população jovem negra em relação ao mercado de
trabalho e educação:
·
Da
dos 18 a 19 para a de 20 a 24 anos, tanto entre brancos quanto entre prtos e
pardos, diminui o número de jovens só estudantes ou de estudante-trabalhador em
razão do mercado de trabalho, aumentando o índice dos que so trabalham, no
total destes 40,8% dos brancos e 47,5%dos pretos e pardos. Nesta faixa etária a
maioria dos jovens que permanecem no sistema de ensino é branca, em grande
parte das unidades federativas. A essa desigualdade se acrescenta, assim como
na faixa de 18 a 19 anos, o desnível entre os anos de estudo cursados, especialmente nas comunidades mais
pobres de nosso municipio;
·
Os
pretos e pardos na faixa etária de 20 a 24 anos obtem proporções superiores as
dos brancos na categoria dos que “so trabalha”. Mas considerando o mesmo fator,
ou seja, menores medias de anos de estudo e níveis de renda mais baixos,
pode-se notar entre pretos/pardos uma maior exposição ao subemprego e a remuneração mais baixas. O
nível educacional estaria influenciando também, de forma decisiva, as
possibilidades de inserção no mundo do trabalho. Para verificar isso, deveremos
tomar como foco a população de 25 anos e mais, por já apresentar uma situação
definida no campo educacional. Neste sentido, entre os que não tem instrução,
so 46,1% da população de 25 anos e mais se encontravam trabalhando na semana
anterior ao levantamento da IBGE de 2000. Essa proporção vai se elevando
gradualmente ate a faixa dos 15 anos e mais de estudo, onde esse percentual era
de 81,3%. Isso significa que cada ano de
estudo estaria agregando aproximadamente 2,2% de chances de trabalho remunerado.
A questão racial, ao lado de género e
classe social, constituem os elementos que determinam opções, situações e
condições ao longo da vida, devendo ser considerados elementos estruturantes
das politicas publicas de juventude.
A diversidade das formas de manifestação
cultural e de linguagens identificadas entre os jovens negros é concernente à
realidade de um pais de enorme extensão territorial e multicultural como São Gonaçalo
do Amarante. Sera erronèo atribuir a um único movimento a identidade de
todas essas juventudes, justamente se existisem jovens quilombolas, no meio
rural, e deparamonos no meio urbanos com as mais variadas formas de
agrupamentos juvenis afrodescendentes. Alguns destes grupos se encontraram nos
seminários e oficinas ofercidas pela a Secretaria Municipal de Juventude,
Esporte e Lazer permitindo extrair dessa
participação as seguintes propostas:
·
Mobilização
para que os meios de comunicação, em especial a televisão, deixem de corroborar
preconceitos reproduzindo um padrão de beleza “branco” e redicularizando o
diferente; exigir a presença dos afrodescendentes em novelas, noticiários e
demais programas ( bem como na produção cinematográfica) em níveis condizentes
com a força populacional dos negros do
municipio;
·
Capacitação
dos funcionários públicos, de todos os níveis, dedicados a tarefas de segurança
publica, como a policia e forças armadas, incluindo os encarregados pela
custodia nas prisões, em matéria de direitos humanos e respeito pela
diversidade racial, de género e etária, incluindo a participação da sociedade
civil nestes cursos a serem promovidos;
·
Implantação
do sistema de cotas nas instituiçoes
daqui do nosso municipio como um
passo importante na geração de oportunidades de igualdade, como elemento de uma
politica mais ampla de democratização do acesso à educação de qualidade. O
mérito das cotas esta no reconhecimento da existência das desigualdades e no
empenho da sociedade como um todo para elimina-las;
·
Estimular
politicas destinadas ao anti-racismo e anti-sexismo para corrigir seus
efectivos perversos; o oferecimento de oportunidades é o primeiro passo nesta
caminhada direccionada na perspectiva das chamadas politicas afirmativas;
·
Fiscalizar
o mercado de trabalho para garantir a igualdade de direitos e oportunidades,
bem como politicas contra a discriminação na busca, acesso, permanência e
promoção dos jovens no mercado de trabalho;
·
Ampliar
a discussão sobre a saúde com enfoque racial, em razão da existência de doenças
cuja incidência a maior na população afrodescendente: hipertensão, diabetes,
miomas intra-uterinos, anemias falciforme, cuja prevenção e atenção desde a
juventude alteram brutalmente esta realidade;
·
Capacitação
dos agentes de saúde, bem como dos gestores públicos para o atendimento e
atenção à população afrodescendentes de nosso municipio;
·
Ampliar
o dialogo com os movimentos a respeito da desigualdade estrutural presente na
figura da mulher negra, que desde a infância sente os efeitos múltiplos da
discriminação racial e género, como forma de combater o mecanismo que garantem
a invisibilidade, com a falta de oportunidades e a desvalorização. Isso deve
permear a construção de uma agenda municipal para combater essas questões;
·
Que
o Estado promova a titulação das terras à população negra, garantindo o
desenvolvimento sustentável destas regiões e assegurando o desenvolvimento da
população juvenil destas comunidades tradicionais de nosso municipio;
·
Que
se promovam acções garantindo o respeito as expressões culturais de inspiração
africana, como forma de preservação da historia do povo brasileiro, necessárias
a construção da identidade juvenil;
·
Promover
nos ensinos fundamental, médio e superior formas de promoção da tolerância religiosa, étnica, orientação sexual e origem
regional;
4.12 – Meio ambiente
Os termos sustentabilidade
e desenvolvimento sustentável vem sendo utilizados de forma ampla por
segmentos da sociedade e agregados e diversos temas, assuntos e slogans.
Nem sempre, contudo, se estabelece o nexo com o modelo de crescimento económico
que gerou enormes desequilíbrios e legou as novas gerações um mundo de farturas
nunca vista, de um lado, e de miséria, degradação ambiental e poluição
crescentes, de ouro.
Com efeito, o campo ambiental é
portador dos dilemas conteporaneos que afetam a esfera politica,
particularmente no que diz respeito as escolhas e acções presentes que vão
incidir sobre o futuro. Como tal, a questão ambiental tem alcançado um lugar
destacado nos embates sobre a construção social do futuro da comunidade humana,
vinculando as atuais e as novas gerações numa esfera de negociação de projetos
de sociedade e modos de engajamento politico. Pode-se dizer que o fato de ser
jovem, favorece uma certa afinidade com as preocupações ecológicas no presentes
e no futuro.
A preocupação ambiental no Brasil e
no mundo tem se constituído como aglutinadora de participação juvenil.
Destacando o marco geracional na analise do engajamento politico, encontramos
na juventude brasileira em geração que, em seu percurso de sociabilidade
politica, se depara com um contexto de redefinição das fronteiras entre as
esferas publicas e privada, da valorização da cultura, das identidades e do
meio ambiente como novos espaços de expressão politica.
A valorização da natureza e
preocupação com o futuro do planeta tem se mostrado particularmente atractiva para
informação de grupos jovens para acão ambiental, como se pode ver pela forte
presença jovem entre jovens voluntários e activistas de ONGs ambientalistas
como a greenpeace, Amigos da Terra, entre outras.
A questão ecológica oferece também
novas chaves de leitura para questões que a precedem. Para a geração atual,
defender a pequena produção agricola é falar em agro-ecologia. Grupos de jovens
no campo se articulam em torno de um ideário ecológico e passam a reler problemas ligados a
agricultura agregando novos valores e quebrando um certo isolamento das lutas
do campo, que se incorporam de modo crescente em outras redes nacionais e
internacionais. Ao mesmo tempo, jovens moradores das favelas tratam questões básicas de infra-estrutura urbana,
como agua, saneamento básico e o lixo através de palavras chaves no ideário
ecológico.
No decorrer das atividades da 1ª Conferencia
municipal de Juventude, a questão ambiental foi tratada através de propostas de
acões especificas focadas na preservação ambiental, na concietização do uso
responsável dos meios naturais, do direito dos jovens aos espaços urbanos e
também ligada a temas como desenvolvimento social económico.
Os participantes do encontro,
ambientalistas ou não, enfatizaram a ideia de que a resolução da questão
ambiental requer a participação dos atores juvenis desde a génese das politicas
publicas ate a execução das acões propostas por elas.
Reconhecendo-se que certos segmentos
juvenis tem ousadia para propor resoluções e novos relacionamentos entre os
temas, alem de possuir alta capacidade de mobilização de seus pares, supõese, a
parti destas constatações, que a união entre os temas juventude e meio-ambiente
pode facilitar os desenvolvimento das ações articuladas entre o poder publico e
a sociedade civil.
Recomendações
e propostas
·
Reconhecer
a relação entre juventude e meio ambiente como estratégia para o
desenvolvimento de uma politica publica de juventude no nível municipal,estadual
e federal. Das iniciativas que se conhece, observa-se que a temática ambiental constitui-se nun dos
grandes provocadores da participação da juventude, configurando-se numa
grande bandeira de luta, de mobilização e de motivação.
·
Considerar
a questão ambiental em projetos que tem a juventude como interesse ou que são
de interesse da juventude. Trata-se de uma questão relativamente nova no municipio
e que obviamente vai avançando na medida em que novas adesões são conquistadas.
Para tanto, e necessário, que o poder publico e os atores da sociedade civil
envolvidos na elaboração das politicas consolidem a ampliação do conceito de sustentabilidade,
concebendo-a sempre em articulação com as questões sociais e mecanismos de
reprodução de desigualdade socio-ambientais.
·
Mobiliza
grupos juvenis para campanhas que evoquem distinos graus de responsabilidades
frente aos problemas socio-ambientais
atuais, quer se apresentem no nível global ou local. O que significa permitir
que a sociedade tenha maior entendimento sobre quem degrada, polui, consome e
tem maior responsabilidade no enfrentamento e reversão desses processos.
·
Desenvolver
acções que promovam o intercambio entre os jovens do pais, considerando as
especificidades das diferentes juventudes em relação à questão ambiental. Por
exemplo, na Amazonia brasileira podemos citar a juventude da floresta,
com suas peculiaridades e demandas especificas, nas periferias das cidades
temos outras pautas urgentes.
·
Elaborar
propostas de capacitação dos jovens para atividades de geração de renda ligadas
ao meio-ambiente, como a preservação, o turismo e mesmo a exploração
sustentada dos recursos naturais.
·
Propor
conteúdos para uma disciplina de educação ambiental, sob a otica da juventude,
a ser ministrada nas escolas do municipio;
·
Estimular
o contato das juventudes com as tradições locais, como o uso de ervas
medicinais, por exemplo, trata-se de uma forma de os jovens apropiarem-se do
património histórico de seu povo, reflectindo também positivamente na
preservação ambiental
4.13
– Jovens na área rural
Segundos dados do IBGE (censo 2000),
existem cerca de mais 30.000 de pessoas de 12 a 34 anos no meio rural. Desses,
aproximadamente 6.855 do sexo masculino, sendo que a juventude rural vem
ampliando sua participação social e suas responsabilidades com a manutenção
familiar.
As dificuldades enfrentadas pelos
jovens se assentam, em primeiro lugar, na falta de um modelo agricola voltado
para os pequenos agricultores de um modo geral, como o agricultor familiar e o
assentado de reforma agraria. O modelo económico vigente tem deixado o pequeno
agricultor cada dia mais pobre. A diminuição da renda faz com que grande parte
da população camponesa abandone a área rural, dirigindo-se ao centro urbano.
A juventude rural sofre
profundamente as consequenciais desse modelo perverso, não contando com
possibilidades mínimas na área da educação e da ocupação produtiva, carecendo
também de alternativas básicas em equipamentos de lazer, cultura, e saúde.
Diante
desse quadro, apresenta-se um conjunto de propostas que objetivam a recuperação
da renda agricola e uma politica de reforma agraria por meio da distribuição
massiva da terra, do credito subsidiado e implementação de politicas publicas
que abarquem a especificidade da população rural São Gonaçalense, em especial o
segmento jovem, que são:
·
O acesso
a escola para as juventudes do campo, com uma educação diferenciada e de
qualidade, que envolva os níveis fundamental, médios, superior e escolas
técnicas, e introduza a pedagogia da terra,
·
Politica
de geração de trabalho e renda no campo, com incentivo as cooperativas e
agroindustrias nos acentamentos, além do fortalecimento da agricultura familiar;
·
Linha
de Credito subsidiado e seguro agricola para o jovem rural;
·
Acesso
garantido a cultura, esporte e tempo livre, com a estruturação de centros
esportivos e culturais nos Assentamentos e comunidades rurais;
·
Promover
a inclusão digital dos jovens do campo;
·
Incentivar
a integração das juventudes do campo e da cidade;
·
Estimular
o trabalho social remunerado como alternativa de trabalho e formação para as
juventudes do campo;
·
Implantar
programas e subsídios de incentivo a agroecologia, a produção orgânica e a
diversificação produtiva;
4.15
– Espaços urbanos
Levando em consideração o grande
predominio estatístico da população urbana sobre a rural, bem como a elevada
concentração observada nas grandes metrópoles, é preciso que uma grande parcela
das politicas publicas direccionadas a juventude sejam elaboradas em sua
inter-relação com a cidade. A organização e a gestão das cidades devem
possibilitar – e não dificultar – os direitos juvenis a cultura, ao lazer, a
educação, ao trabalho e outros bens sociais.
A luta pelo passe-livre,
importante bandeira do movimento
estudantil, simboliza a inurgencia contra os limites que a cidade interpõe ao
jovem no exercício de seus direitos. A dificuldade de transporte, que atinge todos
os jovens, estudantes ou não, deve ser levada em conta quando da formulação das
politicas. Muitas vezes há um sub-aproveitamento das ações do Estado por não
planejar o acesso dos jovens aos equipamentos e eventos públicos.
Quando estão a procura de trabalho,
os jovens da periferia das midias e grandes cidades enfrentam o preconceito e a
barreira da distancia física das empresas. Na desigual competição com os jovens
das áreas centrais, o jovem da periferia tem ainda de superar o estigma que
associa os bairros onde mora a criminalidade e ao trafico de drogas.
Alem disso, muitos empregadores
deixam de contratar quando se consideram os possíveis atrasos causados pelos
rotineiros congestionamento de transito. O mesmo ocorre com grande parte da
juventude que trabalha de dia e estuda a noite. O desgaste físico e mental
dessa dupla ou tripla jornada de trabalho é aumentado pelas dificuldades no
transporte. Essa “exclusão territorial” precisa ser urgentemente enfrentada.
A construção de equipamentos
públicos é bastante dificultada em áreas de ocupação irregular, como os
loteamentos clandestinos e favelas. A ocupação nã-planejada do terreno urbano
leva a que os locais proprios para o convívio coletivo e o aprimoramento da
sociabilidade fiquem em segundo plano. É preciso que haja uma forte ação do
Estado em prol de uma ocupação planejada do solo que se articule a criação de
ambientes propícios as necessidades da juventude.
Os jovens devem tornar para si a
gestão dos equipamentos públicos voltados a juventude. Inúmeras experiencias
alcançaram êxito na missão de atrair os jovens para atividades exercícios de
cidadania quando passaram a ser geridas pelos jovens. os governos devem ter
programas de capacitação dos jovens para a gestão publica e saber aproveitar as
habilidades dos jovens gestores para que o Estado se aproxime mais da
população.
Recomendações
e propostas
·
Que
os planos directores dos municípios indiquem mecanismos para diminuir a
concentração de bens culturais, serviços e trabalho apenas em determinadas
regiões das cidades, privilegiando a construção de equipamentos e introduzindo
a criação de empregos nas periferias;
·
Que
a ocupação do solo urbano seja fiscalizada pelo poder público, de modo a garantir aos jovens espaços
próprios de lazer;
·
Que
a gestão dos equipamentos e espaços públicos destinados os jovens seja feita
pelos próprios jovens, de modo a dinamizar a relação entre poder publico e
juventude.
·
Que
o governo realize estudos e implemente medidas para reduzir as tarifas, para o
jovem, dos meios públicos de transporte (onibus,etc), como forma de garantir
acesso locais de estudo, lazer e praticas culturais ou esportivas, como
estratégia rumo a viabilização da referida reinvidicação dos estudantes
brasileiros;.
4.16 – Desenvolvimento social
A eficácia das politicas publicas de
juventude pressupõe sua integração com o conjunto das politicas sociais
especificas de inclusão, com carater de proteção e promoção social. Torna-se,
portanto, muito importantes a presença ativa dos jovens nos esforços atuais
para desenvolver politicas publicas de combate a fome, a pobreza, e a exclusão
que sejam - fundamental e simultaneamente – politicas de desenvolvimento.
Ações voltadas para a redução das
desigualdades sociais e para o desenvolvimento sustentável muitas vezes
encontram resistências enraizadas na
memoria e na experiencia social. Como se sabe, as heranças históricas clientelistas,
assistencialistas de politicas publicas no municipio, afetando sobretudo o
campo das politicas sociais aqui de São
Gonçalo.
Por outro lado, resgistram-se também
processos de mobilização e participação
para a sedimentação de novas praticas. Na ultima decada programas, projetos e ações
de escopo governamental e, sobretudo, não governamentais (ONGs, fundações ,
organizações ) motivaram determinadas
parcelas da juventude a intervir na dinâmica da vida local. Também grupos
juvenis ligados a instituições religiosas ou civis atuaram para suprir as
necessidades básicas nas comunidades de setores com maior vulnerabilidade
social.
O apredizado e o enganjamento de
jovens cidadãos, de grupos e instituições juvenis em programas e acções locais
é um caminho promissor para construir um novo elo entre a acção imediata e o
processo de desenvolvimento social, assim como para ampliar a participação
social no que diz respeito a coisa publica.
Propostas e Recomendações
·
Reafirmar
o papel indutor do Estado nas áreas de assistência, promoção e desenvolvimento
social.
·
Considerar
as especifidades da condição juvenil, a experiencia acumulada por entidades de
apoios e organizações juvenis para estabelecer e regulamentar novaas parcerias
publico-privadas. Regras, contrapartidas, relações publicas e transparente
contribuíram para a constituição da esfera publica de juventude. A ideia é
enfatizar a negociação democrática e não a pulverização de interesses derivadas
do jogo politico-eleitoral ou da troca de influencias.
·
Mapear
praticas de ação social já experimentadas por grupos de jovens ou instituições
voltadas ao publico jovem, conferindo-lhes reconhecimento e legitimidade em
processos de cooperação e visando novas parcerias para atuar no âmbito das
politicas publicas de juventude.
·
Incentivar participação de jovens, de seus grupos e
organizações nos comités locais do Programa Fome Zero.
·
Potencializar
a convergência e interação das ações na esfera das localizadas com o objetivo
de ampliar escalas, propor novos parâmetros de continuidade, avaliação e
replicação.
·
Criar
um banco de dados, de consulta publica, permanentemente atualizado, dos
projetos desenvolvidos por diferentes Secretarias e setores que tenham recortes
no publico juvenil. A reunião de dados é fundamental, possibilitando o
confronto e a avaliação da informação produzida.
·
Incentivar
a maior integração de projetos governamentais ( tais como Agente Jovem, Serviço
Civil Voluntario, etc), reforçando suas ações em direção ao desenvolvimento
local através de experiencias que os levem a interagir com os serviços
públicos.
·
Incentivar
novas institucionalidades, associativismos emergentes, promoção de capacidade
individuais e coletivas, descobertas de
vocações que possam contribuir para novas e sustentáveis alternativas de
desenvolvimento. No contexto dos projetos e programa, incentivar a formação de
grupos diversos autónomos, de acordo com peculiaridades e potencialidades
culturais.
·
Criar
mecanismo que incentivem e promovam novas iniciativas onde diferentes segmentos
juvenis (universitários de destintas carreiras, artistas, lideranças
comunitárias) contribuam para propor, qualificar, ampliar e reproduzir
experiencias e conteúdos para um projecto e um processo de desenvolvimento
sustentável para o municipio. A ideia é favorecer a tomada de consciência dos
jovens sobre a necessidade de se pensar nos problemas comuns a toda a
humanidade, a toda a sociedade brasileira e incentivar o engajamento em ações
concretas nas comunidades.
·
Difundir
para a sociedade as experiençias e práticas que reforcem o potencial da acção
dos jovens em beneficio do bem comum. Isto pode ser feito por meio de
concursos, campanhas e programações permanentes nos meios de comunicação de
massa e na midia comunitária. O importante é que os jovens se envolvam diretamente
na busca de símbolos e de uma nova linguagem jovem, que contribua para
facilitar multiplicação de iniciativas e impulsionar a nova mentalidade
participativa.
·
Articular
uma rede envolvendo órgãos governamentais, organizações do terceiro setor e
fundações privadas para o resgate de
experiencias de participação de jovens
em projetos e ações de promoção e desenvolvimento social: mutirões remuneradas
em áreas de risco, ações de recuperação ambiental e sanitária, campanhas
localizadas para reverter o aumento da violência, cuidado de crianças ou
idosos, garis comunitários etc;
Considerações
finais
Já
ficou bastante reiterado neste documento o papel fundamental que cabe a sociedade
civil na implementação da politica de juventude que se pretende inaugurar. Sem o
engajamento vigoroso de todas as forças vivas da Nação, não sera possivel
realizar metas – ambiciosas, mas atingíveis – ora sugeridas.
Foi reiterado, também, que os
movimentos de juventude, abrigados por natureza nessa sociedade civil, devem
ser vistos como protagonistas centrais de toda a formulação, implementação e
ampliação dos programas e ações que em conjunto materializam a referida
politica inovadora..
Mas vale fazer menção detalhada determinadas
áreas e instituições que desempenharam papel destacado nas recentes
lutas históricas pela conquista da democracia, pelo equacionamento de nossas
graves desigualdades sociais e pelo fortalecimento de nossas instituições no
sentido de combater a corrupção e garantir determinados preceitos éticos na ação
politica.
Entre as mais conhecidas, cabe
lembrar, em seus respectivos
campos e atribuições, entidades de grande destaque nacional como a OAB , a CNBB
e outras siglas que tiveram papel importante
na reconstrução democrática nacional. Dezenas entidades de
representação de classe ,movimentos sociais, centro de estudo e redes de atuação
social no chamado terceiro setor, todos esses atores estão convocados a tomar
conhecimento da presente proposição direccionada a juventude.
A todas eles também é dirigidos este
documento, no sentido de suscitar discussão e interesse, estimulando novas
iniciativas direcionadas a juventude. De preferência, que seja em consonância
com a filosofia geral aqui explicitada. Mas em qualquer hipótese, sempre
validas como intenção e boa vontade.
Pela forte interseção com a vida e
as mobilizações dos jovens, alguns segmentos específicos da sociedade civil
merecem, a seguir, uma abordagem mais pausada, na busca de compreender com mais
profundidade a temática juvenil, bem como as responsabilidades e as possíveis
iniciativas que competem aos diferentes atores.
#
Esse documento foi concluido as 01:45 da
madrugada do dia 12/12/2012
São
Gonçalo do Amarante/RN, 14 de dezembro de 2012
Wedson Luis de
Melo
Coordenação de
Juventude - SEMJEL
GRIFADO COM DIREITOS AUTORAIS - CASO USO OBRIGATORIO FONTES....
Nenhum comentário:
Postar um comentário