Em ter, 15/11/11, Luciane Reis <lrcubre@yahoo.com.br> escreveu:
Data: Terça-feira, 15 de Novembro de 2011, 7:39
Durante praticamente 2 longos meses eu vivi e respirei a conferência de mulheres.Até a chegada da divisão do “ poder ” que neste caso é simbolizado na escolha das delegadas, todas as mulheres que constroem o processo são aliadas , antes deste momento todas são parceiras, falam a mesma lingua ou seja desejam o empoderamento das mulheres em sua pluralidade .Mas ai chega o momento do dividir o” poder” e neste instante é possivel perceber as nuaces e reconfiguração do racismo.Cada dia que passa me intriga a forma tão peculiar que o racismo brasileiro tem de se renovar em uma sociedade que mesmo dizendo trabalhar para promover a equidade ,consegue ser perversa em suas formas e modos de atuaçaõ e a conferência de mulheres é um maravilhoso observatorio desta mobilidade racista.
Esta conferência possibilitou dialogar com mulheres lideranças femininas dos 27 territorios baianos , foi possivel debater o ser mulher em sua pluralidade,.Falou-se de Sociedade,Cultura e Comunicação.Não falou -se de qualquer sociedade, qualquer cultura e principalmente não falou –se do impacto da comunicação e das demais politicas na vida e mente de qualquer mulher.Falou de como estes aspectos chega até a mente das mulheres negras sobre os eixos de saude, violência, educação e autonomia politica.Tudo isto tendo como base a transversalização do eixo de raça , neste aspecto temos que parabenizar a Secretaria Estadual de Mulheres, que nesta etapa da construção deu um show de democracia e construção coletiva.
Acontece que ai você sai dos territorios e vem digamos assim “ Para o asfalto” é neste momento que tudo que foi pensado na perspectiva de unidade e pluralidade começa a desaparecer ou seja é desmembrando fala, apoio e ação. A conferência de mulheres então vira um lugar impar para se observar e confirmar o que sempre se escuta das que carinhosamente chamo de “ negas véias” o movimento de mulheres se dividi na hora da ocupação dos espaços . É interessante observar como construimos juntas todas as etapa, onde as demandas de ser e estar mulher negra é compartilhado pela unidade da comissão organizadora, até ai nenhum problema,mas ai chega a tiragem de delegadas .Neste momento a tão valorizada e falada democracia se acaba ,uma vez que, de maneira muito “natural” cada uma é levada a seguir o percurso construido pelo racismo ,pretas com pretas, brancas com brancas, e isto não falo de segmentos ,o Apartheid politico toma forma , e a nossa celebre frase da Sueli Carneiro ganha corpo e voz da mesma forma que uma Yaó que se inicia ela gira e dá seu recado querendo que o maior número de nós a escute . Neste momento o percurso “ natural “ colocou cada uma em seu espaço ,não existe mais comissão organizadora, não existe secretaria democratica existe mulheres negras e mulheres brancas .
A nossa celebre frase, ecoa em nossas mentes e da mesma forma que uma vodunci recem iniciada , nossas ancestrais que sempre lutaram por uma sociedade de fato plural se apropria deste ambiente e chega aos nossos ouvidos com a velocidade de uma trilha aberta por ogum e diz "Entre a esquerda e a direita eu sei que eu continuo preta" . E neste momento todos os nossas guerreiras acordam percebe que nunca fomos tratadas como aliadas desta forma e vamos para guerra, afinal precisamos garantir a participação dos nossos segmentos e não qualquer nome ,precisamos garantir os nomes que vão peitar, cobrar e argumentar ou seja as nossas delegadas “ problemáticas” as indesejadas por estas .
Esta conferência é vitoriosa do ponto de vista da defesa de politicas publicas especificas, onde estas não tem dificuldades para ser aprovadas como em momentos outros.A sociedade já entende que pensar politicas que inclua negras e indigenas é central. Mas não se engane agora é que começa o problema,porque mesmo falando de autonomia para as mulheres, as mulheres não negras acham que podem nos tutorar , que elas sabem quem é o melhor nome quando se fala de raça ou religiosidade. É neste momento que acontece o racha, neste instante nos separamos afinal estamos fortalecida e entendemos que podemos falar por nós. É neste momento que entendendo autonomia como direito de decidir, colocamos todos os discurso de apoio que as mesmas nos dão na balança e ai elas não admitem e começa a movimentação pela nossa anulação dentro do processo e neste momento o movimento dividi-se ou racha.
Na conferencia da Bahia não foi diferente ,foi possivel ver Abiãn querendo ocupar vaga Egbomes, yas e yaos ,mulheres que historicamente sempre se beneficiou dos privilegios de ter a pele clara reivindicar-se delegada pelo segmento de raça somente por se considerar negra mas que no dia –a –dia nunca foi a frente de batalha na defesa destas ,Militantes partidária que definia quem era ou não negra e de santo ou legitima para este ou aquele segmento ,enfim mulheres que compreende o debate de mulheres apartir do que lhe é conviniente.
Do meu local de observadora foi interessante ver as posturas , as ações, as formas de atuação e acima de tudo o desrespeito onde mulher negra e suas demandas virava dominio publico onde todas as presentes se sentiam com legitimidade para agir ou representar. O saldo que tiro como comissão organizadora ate a territorial e depois observadora desta é que muito temos a fazer e acima de tudo precisamos “ sofisticar” a nova forma de combate ao racismo, onde suas demandas são validas contanto que seja eu mulher não negra a ditar as regras , a realizar ou estar no comando.E ai o grito dado lá atrás ecoa entre meus ouvidos e percebo que ser mulher preta vai alem da cor de pele, de estar organizada em um agrupamento politico e que definitivamente o que me move não é o movimento feminista, mas as mulheres negras.
Percebo que podemos caminhas por trilhas diferentes,mas temos que nos encontrar no final,pois estas por mais que sejam aliadas em alguns instantes sempre serão mulheres brancas. Como diz minha amiga Sueide Kintê o encontro de nossos caminhos e trilhas promove a famosa Pororoca negra ,isto acontece por nos identificarmos, reconhecermos e acima de tudo por vim de uma outra educação do que vem a ser feminismo e portanto a grande Pororoca que só nós mulheres negras produzimos é o que incomoda e sempre incomodou a estas hoje dominantes , afinal a pororoca remexe o que esta colocado e resignifica seus lugares . Agradeço a Lindinalva de Paula minha amiga , a Iraildes Andrade minha mãe espiritual, a Maria Martins minha mãe biologica que quando eu nem sabia o que era politica sempre direcionou a vida de minha familia com garra e ousadia, agradeço a elas e obviamente ao movimento de mulheres pretas, por me fazer problematica.Afinal eu tenho lado e tendo lado nem sempre vamos agradar.
Como saldo final desta conferência acredito que foi um espaço importante para que eu e muita militante negra jovem entenda as nuaçes da disputa politica nesta falácia chamada democracia racial . Na minha concepção go solidariedade e compromisso social para mim só existe se dividimos o poder,não adianta encher as secretarias de governo de homens e mulheres negras se estas não mandam em nada,não adianta se dizer parceira se na hora de democratizar de fato procuram nos destruir nos bastidores. Portanto a mim não contempla a solidariedade e o discurso de igualdade, não me contempla peças com pessoas negras,não me contempla representações negras em mesas se na hora da decisão a mesa continua sendo branca e não estou falando somente da toalha.
Luciane Reis, Yaó de Oxumaré,Publicitária,futura Jornalista,integrante do Instituto Mídia Étnica e acima de tudo militante politica e de mulheres.
Data: Terça-feira, 15 de Novembro de 2011, 7:39
Durante praticamente 2 longos meses eu vivi e respirei a conferência de mulheres.Até a chegada da divisão do “ poder ” que neste caso é simbolizado na escolha das delegadas, todas as mulheres que constroem o processo são aliadas , antes deste momento todas são parceiras, falam a mesma lingua ou seja desejam o empoderamento das mulheres em sua pluralidade .Mas ai chega o momento do dividir o” poder” e neste instante é possivel perceber as nuaces e reconfiguração do racismo.Cada dia que passa me intriga a forma tão peculiar que o racismo brasileiro tem de se renovar em uma sociedade que mesmo dizendo trabalhar para promover a equidade ,consegue ser perversa em suas formas e modos de atuaçaõ e a conferência de mulheres é um maravilhoso observatorio desta mobilidade racista.
Esta conferência possibilitou dialogar com mulheres lideranças femininas dos 27 territorios baianos , foi possivel debater o ser mulher em sua pluralidade,.Falou-se de Sociedade,Cultura e Comunicação.Não falou -se de qualquer sociedade, qualquer cultura e principalmente não falou –se do impacto da comunicação e das demais politicas na vida e mente de qualquer mulher.Falou de como estes aspectos chega até a mente das mulheres negras sobre os eixos de saude, violência, educação e autonomia politica.Tudo isto tendo como base a transversalização do eixo de raça , neste aspecto temos que parabenizar a Secretaria Estadual de Mulheres, que nesta etapa da construção deu um show de democracia e construção coletiva.
Acontece que ai você sai dos territorios e vem digamos assim “ Para o asfalto” é neste momento que tudo que foi pensado na perspectiva de unidade e pluralidade começa a desaparecer ou seja é desmembrando fala, apoio e ação. A conferência de mulheres então vira um lugar impar para se observar e confirmar o que sempre se escuta das que carinhosamente chamo de “ negas véias” o movimento de mulheres se dividi na hora da ocupação dos espaços . É interessante observar como construimos juntas todas as etapa, onde as demandas de ser e estar mulher negra é compartilhado pela unidade da comissão organizadora, até ai nenhum problema,mas ai chega a tiragem de delegadas .Neste momento a tão valorizada e falada democracia se acaba ,uma vez que, de maneira muito “natural” cada uma é levada a seguir o percurso construido pelo racismo ,pretas com pretas, brancas com brancas, e isto não falo de segmentos ,o Apartheid politico toma forma , e a nossa celebre frase da Sueli Carneiro ganha corpo e voz da mesma forma que uma Yaó que se inicia ela gira e dá seu recado querendo que o maior número de nós a escute . Neste momento o percurso “ natural “ colocou cada uma em seu espaço ,não existe mais comissão organizadora, não existe secretaria democratica existe mulheres negras e mulheres brancas .
A nossa celebre frase, ecoa em nossas mentes e da mesma forma que uma vodunci recem iniciada , nossas ancestrais que sempre lutaram por uma sociedade de fato plural se apropria deste ambiente e chega aos nossos ouvidos com a velocidade de uma trilha aberta por ogum e diz "Entre a esquerda e a direita eu sei que eu continuo preta" . E neste momento todos os nossas guerreiras acordam percebe que nunca fomos tratadas como aliadas desta forma e vamos para guerra, afinal precisamos garantir a participação dos nossos segmentos e não qualquer nome ,precisamos garantir os nomes que vão peitar, cobrar e argumentar ou seja as nossas delegadas “ problemáticas” as indesejadas por estas .
Esta conferência é vitoriosa do ponto de vista da defesa de politicas publicas especificas, onde estas não tem dificuldades para ser aprovadas como em momentos outros.A sociedade já entende que pensar politicas que inclua negras e indigenas é central. Mas não se engane agora é que começa o problema,porque mesmo falando de autonomia para as mulheres, as mulheres não negras acham que podem nos tutorar , que elas sabem quem é o melhor nome quando se fala de raça ou religiosidade. É neste momento que acontece o racha, neste instante nos separamos afinal estamos fortalecida e entendemos que podemos falar por nós. É neste momento que entendendo autonomia como direito de decidir, colocamos todos os discurso de apoio que as mesmas nos dão na balança e ai elas não admitem e começa a movimentação pela nossa anulação dentro do processo e neste momento o movimento dividi-se ou racha.
Na conferencia da Bahia não foi diferente ,foi possivel ver Abiãn querendo ocupar vaga Egbomes, yas e yaos ,mulheres que historicamente sempre se beneficiou dos privilegios de ter a pele clara reivindicar-se delegada pelo segmento de raça somente por se considerar negra mas que no dia –a –dia nunca foi a frente de batalha na defesa destas ,Militantes partidária que definia quem era ou não negra e de santo ou legitima para este ou aquele segmento ,enfim mulheres que compreende o debate de mulheres apartir do que lhe é conviniente.
Do meu local de observadora foi interessante ver as posturas , as ações, as formas de atuação e acima de tudo o desrespeito onde mulher negra e suas demandas virava dominio publico onde todas as presentes se sentiam com legitimidade para agir ou representar. O saldo que tiro como comissão organizadora ate a territorial e depois observadora desta é que muito temos a fazer e acima de tudo precisamos “ sofisticar” a nova forma de combate ao racismo, onde suas demandas são validas contanto que seja eu mulher não negra a ditar as regras , a realizar ou estar no comando.E ai o grito dado lá atrás ecoa entre meus ouvidos e percebo que ser mulher preta vai alem da cor de pele, de estar organizada em um agrupamento politico e que definitivamente o que me move não é o movimento feminista, mas as mulheres negras.
Percebo que podemos caminhas por trilhas diferentes,mas temos que nos encontrar no final,pois estas por mais que sejam aliadas em alguns instantes sempre serão mulheres brancas. Como diz minha amiga Sueide Kintê o encontro de nossos caminhos e trilhas promove a famosa Pororoca negra ,isto acontece por nos identificarmos, reconhecermos e acima de tudo por vim de uma outra educação do que vem a ser feminismo e portanto a grande Pororoca que só nós mulheres negras produzimos é o que incomoda e sempre incomodou a estas hoje dominantes , afinal a pororoca remexe o que esta colocado e resignifica seus lugares . Agradeço a Lindinalva de Paula minha amiga , a Iraildes Andrade minha mãe espiritual, a Maria Martins minha mãe biologica que quando eu nem sabia o que era politica sempre direcionou a vida de minha familia com garra e ousadia, agradeço a elas e obviamente ao movimento de mulheres pretas, por me fazer problematica.Afinal eu tenho lado e tendo lado nem sempre vamos agradar.
Como saldo final desta conferência acredito que foi um espaço importante para que eu e muita militante negra jovem entenda as nuaçes da disputa politica nesta falácia chamada democracia racial . Na minha concepção go solidariedade e compromisso social para mim só existe se dividimos o poder,não adianta encher as secretarias de governo de homens e mulheres negras se estas não mandam em nada,não adianta se dizer parceira se na hora de democratizar de fato procuram nos destruir nos bastidores. Portanto a mim não contempla a solidariedade e o discurso de igualdade, não me contempla peças com pessoas negras,não me contempla representações negras em mesas se na hora da decisão a mesa continua sendo branca e não estou falando somente da toalha.
Luciane Reis, Yaó de Oxumaré,Publicitária,futura Jornalista,integrante do Instituto Mídia Étnica e acima de tudo militante politica e de mulheres.
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