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terça-feira, 25 de outubro de 2011

NAÇÃO ANGOLA

TEMPO
Tempo ou kitembo é um inkice da nação de Angola que assemelha-se ao Iroko da nação Ketu e ao vodun Loko da nação Jeje.
Tempo é o inkice senhor das estações do ano, regente das mutações climáticas. Ainda, é considerado o Pai da Mionga, que é o banho usado pelos seguidores e iniciados da Nação de Angola, tendo sua maior vibração justamente ao ar livre, ou seja, no tempo. É exatamente ali, no tempo, que este banho feito de ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, chuva e outros elementais vai consagrar através de tempo este iniciado.
Tempo está associado à escala do crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima, em referência ao próprio tempo.
Como expliquei, este inkice rege as estações do ano e está ligado ao frio, ao calor, a seca, as tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável.
Conta uma lenda da Nação de Angola, que Tempo era um homem muito agitado que fazia e resolvia muitas coisas ao mesmo tempo. Entretanto, este homem vivia reclamando e cobrando de Zambi que o dia era muito pequeno para fazer e resolver tudo que quisesse. Um dia, Zambi lhe disse: "Eu errei em sua criação, pois você é muito apressado." Ele então respondeu a Zambi: "Não tenho culpa se o dia é pequeno e as horas miúdas, não dando tempo para realizar tudo que planejo". A partir desse momento, Zambi então determinou que esse homem passa-se a controlar o tempo. Tendo domínio sobre os elementais e movimentos da natureza. Assim nasceu o inkice Tempo.

OS CARGOS NA NAÇÃO DE ANGOLA
A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.
Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda entre outros.
Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.
Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto:
Tata Ria Inkice Zelador / Pai
Mameto Ria Inkice Zeladora / Mãe
Tata Ndenge Pai pequeno
Kixika Ingoma Tocador
Tata Kambono Ogan
Tatta Kivonda Aquele que sacrifica os animais
Kinsaba O que colhe folhas
Kikala Mukaxe Filho de santo
Tata Utala Herdeiro da casa
Dikota Ekedi
Kijingu Cargo
Tata Unganga O que joga búzios
Zakae Npanzo Troncos de árvores colocados nas portas dos santos
Munzenza Iniciado
Ndunbe Abian
Vumbi Egun
Dizungu Kilumbe Saída de santo
Dimba Inkice Obrigações oferecidas aos Santos
Kumbi Ngoma Dias de toque
Kufumala Defumação
Dizungu Nlungu Ordem do barco***
Sukuranise Troca das águas nas quartinhas
Kota Filhos com mais de 07 anos de feitura
***Ordem do barco:
1º Kamoxi Rianga
2º Kaiai Kairi
3º Katatu Kairi
4º Kakuãna Kauanã


CAPOEIRA
A capoeira era prática dos negros bantos, mais precisamente, os negros vindos de Angola. Na Angola esta luta tinha uma forma, às vezes, mortal.
Para os escravos que fugiam das senzalas, a capoeira foi durante muito tempo condição de sobrevivência, arma de defesa e ataque.
O termo capoeira surgiu na época, porque era comum dizer-se que "o negro foi para capoeira" ou "caiu na capoeira" ou ainda, "meteu-se na capoeira". A capoeira que se fala aqui era na verdade o mato bravio, sem nenhuma condição de sobrevivência. Mas, era exatamente na capoeira ou no mato que os negros capoeiras, como eram chamados, faziam das suas.
Na época imperial, no Rio de Janeiro, os capoeiras deram muitos problemas para os vice-reis e eram uma ameaça para os cidadãos, acabando com festas, pondo a polícia para correr e enfrentando valentões.
Na Bahia, em meados do século passado, o governo da Província para se ver livre dos capoeiristas obrigou-lhes à força a ir para a Guerra do Paraguai. Estes negros capoeiras destacaram-se nos campos de batalhas pelos inúmeros atos de bravura, sendo uma das forças principais desta guerra.
Os mais famosos mestres foram: Querido de Deus, Marê, Bimba, Pastinha, Joel e sem esquecer, é claro, do insuperável Besouro de Santo Amaro, mais conhecido como: Mestre Mangangá.
Hoje, a capoeira transformou-se numa luta esportiva regulamentada com uma Federação que comporta inúmeras academias de capoeira.
Os golpes mais comuns desta luta são: o aú, a bananeira, a chapa-de-pé, a chibata, a meia-lua, o rabo-de-arraia, a rasteira, a tesoura e muitos outros.

CANDOMBLÉ DE CABOCLO
No século passado, quando surgiram os primeiros Candomblés de Caboclos, as reuniões eram realizadas aos domingos durante o dia.
Caboclo não tinha feitura, como não tem. Não pinta, não raspa, o que se costuma fazer é preparar, cortar um pouco do cabelo do alto da cabeça. Não há dijina.
Usa-se uma pintura chamada acatun apenas para definir sua origem.
Nos antigos Candomblés de Caboclo, não se usava atabaques; mas, sim cabaças grandes chamadas takis e outras chamadas yá. Com o decorrer do tempo, passou-se a se utilizar o atabaque (que em Angola denomina-se ungoma).
Não se usava o agôgo; usava-se o caxixi. Também não se usava o adjá para puxar o caboclo. O caboclo vinha sempre em sua toada ou cantiga.
Eis algumas expressões usadas nas reuniões de caboclo:
* água doce = acambicú
* água salgada = kimbusú
* mel de abelha = kiamunibá
* sal = adukó
* farinha = camunfió
* pedir a benção = adisuá
* Deus lhe abençoe = adisó

Nos Candomblés de Caboclo, eles não usam aqueles ojás, que são de uso exclusivo dos orixás. Mas, usam uma tira de pano chamada de atakan ou uji atakan fu ker, que faz segurar o caboclo e é amarrado a altura do busto.

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