17 de setembro de 2011 às 15:44
No Ibama: triste fim dos animais silvestres vítimas do tráfico ilegal
Publicado em Especial
Mutilados, agonizando e sem muitas
chances de sobreviver. É assim que chega a maioria dos macacos, araras,
jabutis e periquitos, dentre outros, ao Centro de Triagem de Animais
Silvestres do Ibama.
Vítimas de maus tratos, muitos morrem antes mesmo de receber os primeiros socorros.
A captura, a prisão em cativeiro e a
venda de animais silvestres são proibidas por lei, sob pena de responder
legalmente e multa de R$ 500 por animal. Porém, essa ação cruel e
criminosa vem sendo praticada com bastante frequência no RN, mesmo com a
forte ofensiva do Ibama contra esse crime.
Segundo o superintendente estadual do Ibama-RN, Alvamar Queiroz,
apreensões de animais silvestres são comuns: – “Estamos fazendo o
máximo possível para conter esse crime. Atuamos através de denúncias
feitas pela população e também pelo nosso serviço de inteligência, que
já mapeou as feiras em que existe o tráfico. As pessoas precisam se
conscientizar que criar ou vender um animal silvestre é crime”.
Acompanhados do pelotão ambiental, os
fiscais do Ibama fazem rondas nas feiras livres. Trabalho resulta em
muitas apreensões, mas, é difícil encontrar e punir os responsáveis.
– “Os traficantes jogam as gaiolas e se
evadem do local assim que sentem a nossa presença. Como o principal
objetivo é garantir o bem estar dos animais, primeiro nos preocupamos em
recolhê-los, depois vamos atrás dos criminosos”, destaca Alvamar.
Os animais apreendidos recebem os primeiros socorros e ficam em quarentena.
Triste revelação da analista ambiental Fabíola Rufino: –
“Animais vendidos nas feiras dificilmente sobrevivem, pois ficam em
gaiolas apertadas, os donos cortam suas asas, tiram suas penas e não os
alimentam. Chegam praticamente mortos”.
Após a recuperação, é observada a
possibilidade de reintrodução na natureza, o que é muito raro, tendo em
vista que vários fatores impossibilitam.
Explica Fabíola:
– “Quando o animal é retirado de seu habitat natural é quase impossível
que ele volte. Um Macaco Prego macho, por exemplo, se reintroduzido na
natureza não será aceito em nenhum grupo, pois o macho dominante não irá
permitir. Se for uma fêmea, pode até aceitar”.
Além da não aceitação pelos seus pares, outras agravantes:
animais que viviam em cativeiro por anos, como é o caso da maioria dos
papagaios e araras apreendidos, não sobreviverão se reintroduzidos na
natureza. Estão condenados à prisão nas gaiolas e jaulas minúsculas nas
dependências do Ibama. Triste fim para seres indefesos.
Existe também a possibilidade de doar animal apreendido a zoológicos ou parque de conservação, mas é muito difícil.
Lamenta Fabíola:
– “Todos os Ibamas estão abarrotados. Os zoológicos não querem receber,
pois não tem como introduzir um macaco a um grupo já existente. Por
isso ficam aqui até morrer”.
Além do mais, a equipe de profissionais especializada para prestar assistência aos animais é pequena. Apenas cinco funcionários.
Ou seja: não há preocupação do Governo Federal com a fauna.
Se uma pessoa decente conhecesse as condições em que esses animais apreendidos vivem, não compraria um animal silvestre.
A estrutura do Ibama é precária, os
animais ficam separados por jaulas e gaiolas minúsculas, escuras, velhas
e enferrujadas. O nível de estresse deles é altíssimo.
Nessas dependências vivem 40 macacos Prego, 25 araras, 30 periquitos e 170 papagaios (Canindé e Verdadeiro).
A equipe do Ibama tem dificuldades de
montar uma dieta balanceada necessária. Para se ter ideia, macacos Prego
comem ‘ração’ para cachorro ao invés de ração para primatas, pois a
mesma é muito cara.
Retirar um animal silvestre da natureza
acarreta sério danos ao ecossistema. “O animal é um polinizador e
dispersor de sementes naturais. As pessoas desconhecem como é nocivo
tirar um animal de seu habitat”, alerta o superintente.
Crimes na Internet:
Em Currais Novos foi identificado um
jovem que criava animais silvestres e exóticos no porão de sua
residência. Vendia pelo Orkut. Até ratos ele criava para alimentar as
cobras.
O Ibama aposta em campanhas educativas
para esclarecer aos jovens que lugar de animal silvestre é na natureza e
não em uma gaiola ou jaula, servindo como bicho de estimação.
– “Fizemos rodadas de palestras nos Correios, agora estamos nas escolas. Pretendemos visitar toda Grande Natal”, espera AQ.
Para denúncias, o Ibama possui a Linha Verde: 0800-806161 ou 3201-0100.
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