Falta de remédios dificulta tratamento de
portadores de HIV no RN....
Pacientes chegam a ficar até 10 dias sem tomar os remédios. Infecção por HIV tem aumentado na capital potiguar.
Nos anos de 2010 e 2017, o Brasil teve um aumento de
3% nos casos de infecção por HIV, o que corresponde a 49%
dos novos casos diagnosticados em toda América Latina. Na
capital potiguar, são vários casos diagnosticados por dia no
Hospital Giselda Trigueiro, referência no tratamento de Aids
no Rio Grande do Norte.
No entanto, a unidade convive nos últimos meses com a
falta temporária de medicamentos fundamentais para
tratamento do vírus, como é o caso do Ritonavir e do Darunavir.
Com isso, alguns pacientes chegam a ficar até 10 dias sem
tomar os remédios.
“Hoje prescrevi três receitas para pacientes do interior, mas não tinha medicamento disponível”, afirma o infectologista Antônio Araújo,
que desde 1983 atua no tratamento do vírus no hospital.
Segundo ele, um dos
motivos alegados para a falta é o atraso no envio da
matéria prima para a fabricação dos medicamentos, que é
comprada através de licitação pelo Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com Antônio Araújo, todos os dias há novos
registros. “Todos os dias nós temos uma média de seis, sete
casos novos de Aids em Natal”, afirma o médico, que
comenta preocupado o número de soropositivos internados
no hospital. "Tem tempo que dos 100 leitos disponíveis no
hospital, 60 são ocupados por pacientes com HIV", revela.
Segundo o infectologista, atualmente 30 pacientes estão
nas enfermarias da unidade, 10 no pronto-socorro, 10
tratando tuberculose e quatro na UTI. “Muitos estão em
estado grave porque deixaram de tomar os remédios por se
considerarem
curados, outros porque descobriram ou iniciaram o tratamento
tardiamente”,
complementa.
Importância do tratamento
Maria e Ronei, de 48 e 49 anos, respectivamente, vivem juntos
há 18 anos, e em 2002 ela foi diagnosticada com Aids, já ele
foi um ano depois, em 2003. Por seguirem com o tratamento,
os dois levam uma vida saudável, e há 10 anos o vírus é
indetectável no sangue deles.
Porém, para Maria, o maior obstáculo enfrentado atualmente
não é a doença, mas o preconceito e olhares tortos.
“As pessoas ainda têm um preconceito muito grande. Quando
você arruma um trabalho, que as pessoas ficam sabendo, já
começa aquele negócio de se afastar", relata.
Maria diz que, inclusive já perdeu um emprego por ser
portadora do vírus. “Já perdi emprego por causa disso. Lógico
que eles não alegaram que fui demitida por causa do HIV,
eles deram outra desculpa”.
Desde o ano de 2013, o teste de HIV pode ser feito
gratuitamente em todas as unidades de saúde de Natal. Para
o exame é necessário uma gota de sangue e o resultado sai
em 30 minutos. No Rio Grande do Norte existem diversos
municípios com Serviços Ambulatoriais Especializados em
HIV/Aids (SAE): Natal, Parnamirim, Macaíba, São José de
Mipibu, Santa Cruz, São Gonçalo do Amarante, Mossoró, Pau
dos Ferros e Caicó.
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