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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
TESTES RÁPIDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA SEU USO COM ÊNFASE NA INDICAÇÃO DE TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
TESTES RÁPIDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA SEU USO COM ÊNFASE NA
INDICAÇÃO DE TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Unidade de Assistência, Unidade de Laboratório e Rede de Direitos Humanos da Coordenação Nacional de DST/Aids
Ministério da Saúde
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS TESTES RÁPIDOS
Testes rápidos para a detecção de anticorpos anti-HIV são testes de triagem que produzem resultados em, no
máximo, 30 minutos. Existem atualmente no mercado diversos testes rápidos disponíveis, produzidos por vários
fabricantes e que utilizam diferentes princípios técnicos. Geralmente os testes rápidos apresentam metodologia
simples, utilizando antígenos virais fixados em um suporte sólido (membranas de celulose ou nylon, látex,
micropartículas ou cartelas plásticas) e são acondicionados em embalagens individualizadas, permitindo a
testagem individual das amostras.
Esses testes, que foram inicialmente desenvolvidos no final da década de 80, ganharam maior popularidade a
partir do começo dos anos 90. A medida que as tecnologias de desenvolvimento e produção de kits foram se
tornando mais refinadas, os testes rápidos revelaram ser tão acurados quanto os ELISA convencionais. Hoje, os
testes rápidos em geral apresentam sensibilidade e especificidade similares aos ELISA de terceira geração,
sendo que em populações com baixa prevalência para o HIV, a proporção de resultados falso-positivos pode ser
maior.
Conforme citado nas Portarias 008/96 e 488/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária, somente conjuntos
diagnósticos com registro da Vigilância Sanitária e submetidos a testes de análise prévia poderão ser
comercializados no País. Os testes rápidos deverão ser realizados por profissionais de saúde devidamente
capacitados e o sistema submetido a controle de qualidade, como é feito para os laboratórios que realizam a
sorologia convencional. Os resultados não reagentes nos testes rápidos devem ser comunicados por profissionais
devidamente treinados, que informem ao indivíduo sobre as limitações do teste. Resultados reagentes nesses
testes devem ser obrigatoriamente submetidos a testes confirmatórios antes de serem entregues aos pacientes.
INDICAÇÕES GERAIS PARA USO DE TESTES RÁPIDOS
Tendo em vista as características gerais dos testes rápidos, os mesmos podem ser indicados como testes de
triagem para o diagnóstico da infecção pelo HIV, triagem de doadores em bancos de sangue e de outros tecidos
biológicos e também para fins de se tomar uma decisão terapêutica em situações de emergência específicas.
Nas duas primeiras situações, conforme recomendado no fluxograma de testagem para diagnóstico da infecção
pelo HIV do Ministério da Saúde, o teste rápido pode substituir o teste ELISA convencional na etapa de triagem
sorológica inicial para infecção pelo HIV, quando as facilidades metodológicas dos testes rápidos compensem a
ausência de uma estrutura laboratorial mais complexa ou de custo mais elevado.
Porém, a grande utilidade dos testes rápidos encontram-se em algumas situações de emergência, onde o seu uso
não é dirigido primariamente para fins diagnósticos e sim para ocasiões onde existe a necessidade de se avaliar e
decidir rapidamente sobre a utilização de profilaxia medicamentosa para a infecção pelo HIV. Isso ocorre
principalmente nos casos de profissionais de saúde que tenham tido exposição ocupacional de risco ou de
gestantes prestes a entrar em trabalho de parto, ou já em trabalho de parto, e que não tenham sido testadas para o
HIV no pré-natal (ou cujo resultado não esteja disponível). Nessas situações, os testes rápidos se mostram
convenientes para se indicar um tratamento profilático em tempo hábil e com boa relação de custo-efetividade,
justificando assim o seu uso. Tendo em vista que não se trata de um exame com fim diagnóstico e que o
resultado é considerado como provisório, pode ser aceito a realização de um único teste rápido para se tomar
uma decisão terapêutica de emergência. Nesse caso é imprescindível que a amostra reagente ou o paciente sejam
encaminhados o mais rápido possível, e em caráter prioritário, para realização de testes confirmatórios.
USO DE TESTES RÁPIDOS EM SITUAÇÕES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO HIV
Nesta situação, o uso de testes rápidos no paciente fonte do material biológico ao qual o profissional de saúde
foi exposto se justifica pelo fato de se ter um curto período de tempo para se iniciar a terapêutica profilática com
anti-retroviral no acidentado, que reduz o risco de infecção em pelo menos 80%. Nesses casos, a terapia antiretroviral
deve ser iniciada preferencialmente entre 1 e 2 horas após a exposição de risco, e mantida por um
período de 4 semanas.
Sempre que possível, a solicitação de teste do paciente-fonte deverá ser feita com o seu consentimento e
informando ao mesmo sobre a natureza do teste, o significado dos seus resultados e as implicações para o
profissional de saúde envolvido no acidente.
O achado de um resultado não reagente evita o início ou a manutenção desnecessária da quimioprofilaxia antiretroviral
para o profissional de saúde acidentado. Considera-se que a possibilidade do paciente-fonte estar em
um estágio muito recente da infecção ("janela imunológica") é rara. Porém, a ocorrência de resultados falsonegativos
por esse e mesmo por outros motivos devem ser sempre levadas em conta na avaliação de qualquer
teste anti-HIV em função dos dados clínicos e epidemiológicos do paciente. Portanto, em casos de alta
suspeição, recomenda-se uma investigação laboratorial mais detalhada.
No entanto, deve-se ressaltar que os testes rápidos, que nessa situação está sendo indicado para se decidir pelo
uso de uma quimioprofilaxia de emergência no acidentado, não são considerados testes definitivos para o
diagnóstico da infecção no paciente-fonte, o qual somente deverá receber o resultado final de sua sorologia anti-
HIV após a realização de testes anti-HIV, conforme o fluxograma para testagem diagnóstica específico do
Ministério da Saúde. Abaixo encontra-se um algoritmo que resume as ações recomendadas para uso de teste
rápido nesta situação:
FIGURA 1: FLUXOGRAMA PARA USO DE TESTE RÁPIDO PARA HIV EM SITUAÇÕES DE
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
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