Mundo desigual: de quem é a culpa?
Países chamados desenvolvidos perdem anualmente, US$ 100 bilhões por sonegação fiscal. No Brasil, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) estima que a evasão fiscal anual é de R$ 240 bilhões. Além disso, a isenção fiscal dessa nata deixa de arrecadar anualmente R$ 79 bilhões, dinheiro que poderia ser aplicado em saúde, educação, saneamento básico, moradia e transportes, fatores fundamentais para diminuir a desigualdade no país.
O escândalo do Panamá Papers sobre os paraísos fiscais revelou uma lista de negócios duvidosos de governantes, políticos, celebridades e empresas. Essa elite de privilegiados contribui para alimentar o sistema que agrava a desigualdade. E ainda tem gente achando que o Brasil anda mal por causa dos programas sociais que distribui uma migalha aos mais necessitados. As últimas reformas no Brasil seguem essa lógica perversa.

Uma economia humana para os 99%
O mercado livre permite que alguns acumulem fortunas e aceita como inevitável que milhões passem sérias necessidades, com um preço socioambiental que põe em risco a vida do planeta. O relatório “Uma economia humana para os 99%” revela que nunca se produziu tanta riqueza, mas ela se concentra no grupo dos 1% mais rico do planeta cuja renda aumentou 182 vezes mais que a dos 10% mais pobres entre 1988 e 2011. O relatório foi elaborado pela Oxfam, entidade que reúne diversas organizações não governamentais. (cfr. Jornal Folha de S. Paulo, 16/01/17, A17). A desigualdade econômica e social ameaça a estabilidade do planeta. Então, “desenvolvimento” a que preço? Até a morte?
O Fórum de Davos põe em cheque as crenças do sistema capitalista neoliberal que sempre foram questionadas pelo Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre (RS).

Apenas 1% da população do planeta possui nada menos do que a metade da riqueza mundial, destacou um novo estudo que mostra o fosso crescente entre os ricos e o resto dos cidadãos.
De acordo com o Relatório de Riqueza Global de 2017, preparado pelo Instituto de Pesquisa do Credit Suisse, que foi lançado na última terça-feira, as pessoas mais ricas do mundo viram sua fortuna subir de 42,5% no auge da crise financeira, que começou em 2008, para 50,1% em 2017.

"A participação de 1% seguiu uma tendência ascendente desde a crise, superando o nível de 2000 em 2013 e atingindo novos picos durante todos os anos desde então", apontou o relatório.
Comparando os ganhos de riqueza entre países, os Estados Unidos continuam a liderar. Após a crise financeira, o país continuou sua série de vitórias ininterrupta e adicionou US$ 8,5 trilhões para a riqueza mundial.
Em contraste, o relatório apontou que a desigualdade continuou a aumentar no mundo. A riqueza caiu novamente este ano na África, na região da Ásia-Pacífico e na América Latina, e as previsões para os próximos cinco anos não são favoráveis.
De acordo com o estudo, a riqueza mundial continuará a crescer a uma taxa semelhante à da última metade da década e deverá atingir US$ 341 trilhões até 2022.

Espera-se que as economias emergentes gerem riqueza a uma taxa mais rápida do que os seus pares desenvolvidos, e provavelmente alcançarão uma participação de 22% na riqueza global no final do período de cinco anos.
A riqueza é um componente chave do sistema econômico, especialmente na aposentadoria, e para reduzir a vulnerabilidade a choques como desemprego, doenças ou desastres naturais.

1% dos mais ricos do mundo detém a mesma riqueza que todo o resto do planeta. O sistema está organizado para que esse 1% mais rico da população fique cada vez mais rico. E ninguém ousa propor a tributação sobre as grandes fortunas para reverter esse quadro e redistribuir parte dessa riqueza pelos outros 99%.
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