
A FLOR DO SERTAO E CANGAÇO - Organização que atua na defesa social da vida ambiente da diversidade etinico racial de todas as formas e maneiras, a missão de servir ao outro com toda a nossas forças e sinergia "Ti Oluwa Ni Ile", Domine, quo vadis? Senhor, aonde ides? Ab initio: desde o começo. Ab aeterno: desde a eternidade. In perpetuum: para sempre. TRANSFORME SEU GESTO EM AÇÃO DEPOSITE: 9314 ITAU NATAL-RN-BRASIL 08341 2 Ilê Ilê Axé àrà-àiyé Omim ofa Orum fum fum Bara Lona...
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segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Tecidos africanos
Tamanho aproximado dos bordados acabados: 14 x 20 cm.
Tissus d'Afrique 1 (130x153 p) - Tissus d'Afrique 2 (130x148 p) - Tissu d'Afrique 3 (130x148 p) - Tissu d'Afrique 4 (130x148 p)
Tecido M (85x97 p) - Tecido N (102x150 p)
Tecido I (101x149 p) - Tecido J (95x148 p) - Tecido K (104x144 p) - Tecido L (100x151 p)
Tecido E (93x121 p) - Tecido F (88x126 p) - Tecido G (83x135 p) - Tecido H (98x149 p)
Tecido A (97x150 p) - Tecido B (89x153 p) - Tecido C (101x150 p) - Tecido D (95x140 p)
Tecido à esquerda: Roupa de homem nobre. Motivos bordados na parte central
e aplicações em volta. Rafia. A direita: Tecido feito com casca de ávoe batida.
A África negra tem uma longa tradição textil, onde a variedade de materiais é tão grande quanto os estilos encontrados. Utilizados como roupa, os tecidos serviram também de moeda, foram utilizados como mensageiros e objetos estéticos. Diz-se com frequência que os Africanos eram mais escultores que pintores : os tecidos podem ser considerados, na África, substitutos da pintura.
Os primeiros "tecidos" foram realizados com casca de árvore batida; muito difundidos antigamente numa grande parte do continente, eles são encontrados atualmente sobretudo nas populações da África central, onde são, na maioria das vezes, decorados com tintas vegetais. A tecelagem só foi desenvolvida bem mais tarde, a partir do século 11, mesmo se tecidos ricamente trabalhados já eram importados dos países da África do norte, do Egito e da península arábica para vestir as populações das grandes cidades portuárias das costas orientais assim como os membros das classes nobres dos reinos do deserto do Sahel. Nesta mesma época, a expansão do islã, introduzindo novos códigos vestimentários, desempenhou um papel importante no desenvolvido que sofreram os tecidos, sobretudo na África ocidental.
Os tecidos de fabricaçã local constituíram durante muito tempo bens raros e preciosos; marcas de poder e de riqueza, reservados a uma elite, eles foram integrados como moeda para troca, graças aos quais era possível estimar o preço de uma mercadoria e comprá-la. Desde sua chegada nas costas do continente, no século 15, os traficantes europeus exploraram as possibilidades comerciais que ofereciam esta nova "moeda" e encorajaram indiretamente a produção textil local devido à sua utilização.
A quantidade de tecidos detidos por cada família foi considerada durante muito tempo uma marca de riqueza e de poder em muitas sociedades africanas. Nas regiões onde o islã se instalou, como em todas as outras regiões onde o tecido se transforma em hábito vestimentar, a metragem e o peso do produto são proporcionais à fortuna e ao poder daquele que os possui: se este faz parte das pessoas influentes da comunidade, chefe político ou grande comerçante, sua numerosa corte que o segue quando ele sai deve ser como ele, enrolada em abundantes tecidos.
O poder se mede também na possibilidade de dispor de seus bens e de distribui-los e, entre eles, os tecidos constituem presentes excepcionais. Dar tecidos como presente possibilita a solução de inúmeros conflitos e libera as tensões. Esses presentes são feitos em momentos importantes da vida de cada um (maioridade, casamento, nascimento dos filhos). A ascensão social ou religiosa ou o pagamento de serviços não pode acontecer sem a distribuição de tecidos. Para manter boas relações com a família, os amigos, os vizinhos, para ser admitido numa seita, cada pessoa é incitada a dar tecidos e a recebê-los. A posse de uma grande quantidade de tecidos aumenta o prestígio do seu proprietário, o que lhe possibilita uma maior participação na vida comunitária, onde o princípio da dívida é a base de toda relação social e econômica.
Mas o tecido não é somente moeda ou roupa: ele representa também, de acordo com seu estampado, uma espécie de texto onde podem ser "lidas" a identidade social e religiosa daquele que o usa: a decoração, seja ela impressa, tingida, pintada, tecida ou costurada, representa os espaços, os objetos, os seres e as metamorfososes presentes na mitologia. Por este motivo, os tecidos têm um papel importante na vida ritual: os mortos, mesmo no seio de sociedades que não possuem tecelões, são vestidos ou envolvidos em tecidos, tornando-se assim protegidos pela palavra dos vivos.
Personagem 1 (48x84 p) - 2 (49x74 p) - 3 (110x148 p) 4 (56x68 p)
Personagem 5 (36x112 p) - 6 (31x85 p) - 7 (83x121 p) - 8 (70x124 p)
Personagem 9 (82x126 p) - 10 (80x117 p) - 11 (97x139 p) - 12 (101x148 p)
Personagem 13 (44x102 p) - Personagens (168x206 p)
"A ciência é como o tronco de um baobab que uma única pessoa não pode abraçar" (153x89 p)
"Os defeitos são como uma colina: você escala os seus e, lá de cima, não vê os dos outros" (185x101 p)
"O que você dá aos outros, você dá a si mesmo" (198x76 p)
Agbadá - túnica nigeriana Indumentária africana
Agbadá - túnica nigeriana
Indumentária africana
Agbada é o nome ioruba para um tipo de túnica bordada, muito usada na Nigéria por homens importantes como chefes e reis e também nas ocasiões cerimoniosas como casamentos e enterros. O nome Hauçá para essas túnicas é Riga. Atualmente continuam sendo tecidos a mão, mas bordados à maquina. Antigamente eram bordada à mão. Esses trajes finos tornaram-se heranças passadas de pai para filho e usados com orgulho nas cerimônias importantes. No passado, esses trajes eram exportados e vendidos para longe. Atualmente encontram-se em uso em toda África ocidental. No final do século XVIII e começo do XIX, a região onde fica a atual Nigéria, foi invadida pelos Fulas, povos muçulmanos governados pelo chefe Uthman dan Fodio, inspirados pela Jihad islâmica. Os emirados muçulmanos afastaram os lideres de toda essa região, desde as cidades-estado dos Hauçás ao norte, passando pelos povos Nupe às margens do rio Níger, até a cidade ioruba de Ilorin. O reino ioruba de Oyó foi derrotado e sua capital foi abandonada em 19830. Os novos governantes trouxeram consigo um estilo de roupa masculina que consistia de robes soltos no corpo e calças largas adaptadas para montaria. Além disso, instituíram a tradição de roupas de prestigio “robes d´honeur”, trajes bordados e turbantes, que se tornaram insígnias tanto para oficiais quanto para governantes. Os emires e chefes compraram as mais finas roupas para si e para seus numerosos cortesãos. Desenvolveu-se assim uma indústria de tecelagem e bordados, além de alfaiates e tintureiros, para atender aos principais emirados. Os governantes de outras cortes, como os reis iorubas, sob o domínio dos fulas, adotaram o mesmo estilo de vestimentas. No século XX esses trajes tornaram-se as roupas oficiais dos homens de prestigio por toda a região da Nigéria e vizinhanças. As melhores roupas eram confeccionadas com tecidos finos tais como o Fari, um algodão cardado á mão. A Tsamiya, Sanyan em Yoruba, uma seda rustica e crua. O Magenta importado (vermelho vinho). A seda Alharini, Alaari em Ioruba. E o Saki, conhecido pelos iorubas como Etu, um algodão cardado e tinto com índigo. Essas roupas eram bordadas com desenhos clássicos conhecidos como "duas facas" e "oito facas". Atribuía-se a esses desenhos bordados o papel de proteção bem como o de reforçar os bolsos e o colarinho do traje. Nos últimos tempos com as mudanças de moda, a introdução de máquinas de bordar, e a farta importação de tecidos, essa manufatura tradicional foi caindo em qualidade, e praticamente se extinguiu. |
As leis e nossos direitos:
As leis e nossos direitos:
Presidência da RepúblicaSubchefia para Assuntos Jurídicos
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Mensagem de veto | Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. |
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010)
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.
JOSÉ SARNEY
Paulo Brossard
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
Luis Inácio Lula da Silva
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Formação da Cultura Yoruba...
Formação da Cultura Yoruba:
Quem são os Yorubá?
A primeira resposta óbvia a essa pergunta é que o yorubá é uma nacionalidade, totalizando cerca de 40 milhões de pessoas, sendo que a maioria delas vive na parte sul-ocidental do Estado da Nigéria, na África Ocidental.
Óbvio que esta resposta não é completamente explicativa, e, certamente, não é sem controvérsias.
Os yorubás são pessoas que falam uma língua comum, yorubá, que pertence ao grupo Kwa da família lingüística *****- Congo, contando com cerca de 12 dialetos. Os povos yorubás são encontrados também no Togo, República do Benin e em outras partes do mundo, incluindo Brasil, Cuba, Trinidad, e Estados Unidos.
É importante frisar que o povo Yorubá é uma nacionalidade e não uma tribo ou clã.
Histórico.
1. A Dinastia de Oduduwa e os Fundadores da Nação.
1. A Dinastia de Oduduwa e os Fundadores da Nação.
Oduduwa é o progenitor legendário do yorubá. Existem duas variantes da história de como ele conseguiu esta façanha. O primeiro é cosmogônico, e o segundo, político. A versão cosmogônica também tem duas variantes. De acordo com a primeira variante do mito cosmogônico, Orisanla (Obatala) era a divindade do arco, que foi escolhido por Olodumare, a divindade suprema para criar um terreno sólido para fora da água primordial que constituiu a terra, e de povoar a terra com seres humanos. Ele desceu do céu em uma corrente, carregando uma pequena concha de caracol cheia de terra, sementes de palma e uma galinha de cinco dedos. Ele foi para esvaziar o conteúdo da concha de caracol na água depois de colocar alguns pedaços de ferro sobre ele, e depois colocar a galinha na Terra para espalhar sobre a água primordial. Segundo a primeira versão da história, Obatala completou esta tarefa para a satisfação de Olodumare. A ele então foi dada a tarefa de moldar o corpo físico dos seres humanos, ficando a cargo de Olodumare lhes dar o sopro da vida. Ele também completou esta tarefa e é por isso que ele tem o título de "obarisa" o rei dos orisas.
A outra variante do mito cosmogônico não oferece a Obatalá créditos pela realização da tarefa. Ainda que se admitisse que a Obatalá foi dada a tarefa de criar um terreno sólido para fora da água primordial, o mito afirma que ele se embebedou antes mesmo de chegar a terra, ficando incapacitado de fazer o trabalho. Olodumare ficou preocupado quando ele não voltou no tempo determinado, enviando Oduduwa para descobrir o que estava acontecendo. Quando Oduduwa encontrou Obatala embriagado, simplesmente assumiu a tarefa e a completou. Oduduwa criou a terra. O local em que ele caiu do céu e iniciou a criação do terreno sólido (terra) é chamado Ile-Ife e é agora considerado o lar sagrado e espiritual dos yorubás.
Obatalá ficou constrangido quando ele acordou e, devido a esta experiência, determinou que qualquer um dos seus devotos estava proibido de beber vinho de palma. Olodumare o perdoou e lhe deu a responsabilidade de moldar os corpos físicos dos seres humanos. A tomada de terra é uma referência simbólica para a fundação do reino yorubá, e é por isso que Oduduwa é creditado com essa conquista.
De acordo com a segunda versão do mito, havia uma civilização pré-existente em Ile-Ife antes de sua invasão por um grupo liderado por Oduduwa. Este grupo veio do leste, onde Oduduwa e seu grupo tinham sido perseguidos com base em diferenças religiosas. Eles vieram a Ile-Ife, lutaram e conquistaram o povo local pré-existente que eram governados por Obatalá. Obviamente, há uma conexão entre as duas versões da história. O político pode ser a autêntica história da fundação do reino de Ife através da conquista. No entanto, o mito de criação empresta-lhe uma legitimidade que é negado pela história de conquista, assim como parece que é emprestado alguma credibilidade pelo fato de que, como resultado do constrangimento que causou a sua divindade, os seguidores de Obatalá são proibidos de tomar vinho de palma.
Na verdade, a segunda versão do mito cosmogônico também parece prenunciar a variante política. A alegação de que Obatalá se embebedou e a tarefa de criação teve que ser realizada por Oduduwa já tem alguma conotação política que agora está explícita na versão política da tradição. O que é crucial em ambas as variantes da história é o papel de Oduduwa como o fundador da nação yorubá, motivo pelo qual seu nome não pode ser esquecido.
Oduduwa é o símbolo da nação, o ponto de encontro para todos aqueles que buscam a identidade yorubá. O nome próprio yorubá, segundo os historiadores Smith, Atanda e outros, foi fixado em nós pelos nossos vizinhos do norte e mais tarde popularizada por publicações coloniais. Antes disso, o "Anago" que alguns yorubá na presente República do Benin e outros no novo mundo ainda usam para se referir a si mesmos, foi utilizado para se referir à maioria do povo yorubá como hoje é chamado.
A origem comum e da linguagem, bem como comuns culturas políticas e religiosas fizeram o yorubá uma nação muito antes de qualquer contato com os europeus e com o advento do colonialismo.
2. Moremi.
Com a morte de Oduduwa, houve uma dispersão dos seus filhos a partir de Ifé para fundar outros reinos. Estes fundadores da nação yorubá incluídos Olowu de OWU (filho da filha de Oduduwa), Alaketu de Keto (filho de uma princesa), Oba de Benin, Oragun de Ila, Onisabe da Sabe, Olupopo de Popo, e Oranyan de Oyo. Cada um deles fez uma marca na urbanização posterior e consolidação da confederação de reinos yorubás, com cada reino tendo como origem Ile-Ife.
Após a dispersão, os aborígenes, os sobreviventes ocupantes da terra antes governada por Obatala, transformaram-se em saqueadores, tornando-se uma ameaça ao reino de Oduduwa. Eles se dirigiam à cidade em trajes feitos de ráfia com aparências terríveis e temíveis, e as pessoas de Ifé passaram a fugir.
Em seguida, esse grupo passou a incendiar as casas e a saquear mercados. Moremi, aliada de Oduduwa, consultando Ifá a respeito de como resolver o impasse com os saqueadores, obteve a determinação de que se permitisse ser capturada. Assim fazendo, acabou por descobrir que os saqueadores não eram espíritos e sim, somente pessoas que utilizavam a ráfia como vestimenta. Escapou e ensinou ao seu povo o truque. A próxima vez que o povo ibo chegou, foram duramente derrotados. Em forma de agradecimento, ofereceu todo o tipo de presentes ao Orisa, o que foi recusado. Em nova consulta a Ifá, foi-lhe dito que ela teria que oferecer seu único filho Oluorogbo. Ela o fez. A lição de Moremi é a lição de patriotismo e abnegação.
A recompensa não pode ser colhida facilmente na vida. Moremi se tornou um membro do panteão yorubá. O festival Edi comemora a derrota do povo Ibo e o sacrifício de Oluorogbo até hoje.
3. As Aventuras Oranmiyan, Traição Afonjá, divisão interna, escravidão e da queda da Nação.
Oranmiyan foi o último dos descendentes Oduduwa. Mas ele era o mais aventureiro e fundador do Reino de Oyo. Em alguns relatos, ele foi o terceiro governante de Ifé como sucessor de Oduduwa. Mas depois ele resolveu vingar o afastamento do pai do Oriente, e assim, ele liderou uma expedição.
Depois de muitos anos na estrada, e como resultado de discordância entre ele e seu povo, ele não poderia ir mais longe. Sentindo vergonha de voltar, ele apelou para o rei de uma terra Nupe para fundar o seu reino. Oranmiyan, tendo o título de Alafin, conseguiu levantar um exército muito forte e eficaz expandindo o seu reino. Seus sucessores, incluindo Sango, o mítico deus do trovão, Aganju e Oluasho também foram tão fortes. A paz e a tranqüilidade prevaleceram durante o reinado de Abiodun, embora ele também experimentou o declínio do exército. Awole Arogangan foi o sucessor de Abiodun 's, e foi durante seu reinado que os problemas começaram para o reino. Ele foi forçado a cometer suicídio, mas antes de sua morte ele disse ter pronunciado uma maldição sobre todos os yorubás: “eles não vão se unir e serão levados cativos”.
Afonjá foi o Kakanfo, o general do Exército, na cidade yorubá norte de Ilorin, durante o reinado de Awole e seu sucessor. Afonjá se recusou a reconhecer o novo rei, e convidou os Fulani que foram em seguida, levando uma jihad para o sul, para ajudá-lo contra o rei. Eles fizeram, mas ele não sobreviveu a si mesmo, porque os Fulani, depois de ajudarem-no a derrotar o Alafin também se voltou contra ele. Eles dispararam várias setas e seu corpo foi certeiramente atingido. A traição de Afonjá, marcou o começo do fim do império Oyo e com ele o declínio da nação yorubá. A guerra civil eclodiu entre os vários reinos yorubá: Oyo, Ijesa, Ekiti, Ijaiye, Abeokuta e Ibadan. Enquanto isso acontecia, Daomé pelo oeste e Borgu pelo norte também tiveram problemas para conquistar os reinos yorubás, até a intervenção dos britânicos e da imposição do domínio colonial.
Aqueles que argumentam que não houve a consciência de uma identidade yorubá comum até o século 19 pode estar se referindo a esses episódios da guerra civil na vida da nação. Mas eles se esquecem que essas pessoas, apesar da guerra civil, compartilham de um sentido de origem comum e da linguagem comum. É de notar que a chamada paz que lhes foram imposta pelos britânicos não poderia ter durado se não houvesse um sentido de consciência de virem de uma origem comum.
Ilè-Ifé a origem do Mundo
A cidade de Ilè-Ifé é considerada pelos yorubas o lugar de origem de suas primeiras tribos. lfé é o berço de toda religião tradicional yoruba (a religião dos Òrìsà), é um lugar sagrado, onde os deuses ali chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização. Ilê-Ifé é o "Berço da Terra".
"Em um tempo onde os Deuses e Heróis andavam na terra com os Homens."
Oba Òrángún de Ìlá, um descendente direto de um dos sete principais filhos, dos dezesseis de Odùduwà.
Òrángún de Ìlá : Oba Ariwajoye I ( foto de 1980)
- Déji de Àkúré : Oba Adémuwagun Adésida II ( foto de 1959) -
Óònì de Ilê-Ifé : Oba Adésojí Adérèmí, Atóbatélè I (1930-80)
Owá de Ijesa : Oba, não identificado. (em torno de 1930-40)
Alákétu de Kétu : Oba Adéwori (Adegbíte) do Egbé Alapini (1937-63)
Alákétu de Kétu : Oba Adiro Adétutu do Egbé Magbo, com traje social em evento no MASP, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP, Brasil em onze de maio de 1988. (Nov. de 1965 - 2001 ainda reinava) -
Alàáfin de Òyó : Oba Adéniran Adéyemi II, com um dos seus filhos e com algumas de suas esposas. (1945-56 deposto) - foto de 1951
Aláàfin de Òyó : Oba Gbadegesin Ladugbolu II (1956-68)
Oba Àlàájì Lamidi Oláyiwolá Adéyemi III (1971-96 ainda reinava) entronizado em 01/1971 aos 31 anos. / sem imagem
Ade Olójúmérìndilógún, é a coroa possuidora de 16 faces, que para alguns, faz alusão aos possíveis 16 filhos de Odùduwà. Pode se ver o Oba Owáusando este tipo de ade.
A FORMAÇÃO DA NAÇÃO YORUBA
À partir de alguns dos filhos e/ou netos de Olófin Odùduwà, Óònì de Ilê-Ifé, Oba dos Ifé e Bàbánláàwa dos Yoruba :
- Uma Princesa, de nome desconhecido : filha ou neta de Odùduwà, que casou-se com um sacerdote, e foi mãe de Ajíbósìn, que se tornou o Olówu de Òwu. Ou não foi uma princesa e sim uma das esposas de Odùduwà : Omìtótó-Òsé, que foi a mãe de Ajíbósìn.
- Sopasan : Alákétu de Kétu, filho de Odùduwà com Omonide, uma de suas esposas; ou foi filho de uma princesa, filha ou neta de Odùduwà, de nome desconhecido, ou, que se chamava Oluwunku, que se casou com Paluku e foram então os pais de Sopasan, o qual fundou, num vale do monte Òkè-Oyan, a primeira cidade dos Kétu, que se chamou Arò-Kétu. O sétimo Alákétu o Oba Ede, transferiu sua corte da então capital do reino, Arò-Kétu para uma que fundou, à atual cidade de Kétu, hoje na República do Benin.
- Ajagunlà : Òrángún de Ìlá.
- Nome desconhecido : Onisabe, Reino dos Save, hoje na República do Benin.
- Idekòséroàké também conhecido como Okànbí Odara : Onípòpó, Reino dos Pòpó, hoje na República do Benin.
- Òrànmíyàn : Obaàbínín da cidade do Benin, destronando e o expulsando Ogìso, inicia a linhagem dos Oba no Benin, sua dinastia tem continuidade com Èwékà, seu filho com uma mulher do local, que o sucedeu após ele, Òrànmíyàn deixar a cidade.
- Òrànmíyàn : Aláàfin dos Oyó, funda a cidade após a conquista da cidade do Benin. Oyó se tornou um grande Reino e mais tarde, um poderoso Império.
- Àjàlekè : Aláké dos Ègbá.
- Ajíbógun : Owá Obókun das terras de Ilesa - Ijesa.
- Obàlùfan Aláyémore : Olùfan de Ifan .
- Àjàpondà : Déji de Àkúré.
- Olúgbórógan : Awùjalè das terras de Ìjèbu.
- Obaràdà : Um Reino, hoje na República do Benin.
- Onínàná : Um Reino, hoje na República de Gana.
- Ogbè : Ajèro de Ìjero.
- .......... : o clã dos Ido, das terras de Ègbádò, hoje parte destas cidades como Pobé, Saketé e Ajase ( Porto Novo) estão na República do Benin.
- Soropàsán : .......... dos Ìgbómínà.
Olódùmarè
Olódùmarè o ser superior dos yorubas, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como Òrún, por isso Ele é também conhecido como Àjàlórún e Olórun "Senhor ou Rei do Òrún", que através dos Òrìsà por Ele criados, resolve incumbir um dos Òrìsà funfun (do branco), Òrínsànlá, (o grande Òrìsà) o primeiro a ser criado, também chamado de Òrìsà-nlá e de Obàtálá, de criar e governar o futuro Àiyé : a Terra, do nosso universo conhecido. Ele lhe entrega o Àpò-Iwá (a sacola da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, e é aclamado como Aláàbáláàse, "Senhor que tem o poder de sugerir e realizar".
Como a tradição mandava, para todos, antes de iniciar a viagem ele foi consultar o oráculo de Ifá, com Òrúnmìlà, outro Òrìsà funfun, e este lhe orientou a fazer alguns sacrifícios a divindade Èsù, mas se ele já era orgulhoso e prepotente, mais ainda ficou, se recusou e nada fez, mas foi avisado que infortúnios poderiam ocorrer.
Òrìsànlá, de posse do Àpò-Iwá, põe-se a caminhar pelo Òrún, para chegar à "porta do espaço", até então um vazio, que viria a ser o Àiyé. Ele é o Òrìsà que usa um cajado ritual conhecida como òpásóró, durante o caminho, com muita sede, ele se defronta com o igi-òpé (árvore do dendêzeiro) e com o seu òpásóró, perfura o caule da árvore da qual começa a "jorrar o emu" (vinho de palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da palmeira e dorme profundamente. O infortúnio começa acontecer.
Odùduwà, outro Òrìsà funfun, o segundo criado por Olódùmarè, por conceito "irmão mais novo" de Òrìsànlá, ficou enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o Àpò-Iwá, e o estava seguindo pelos caminhos do Òrún, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùduwà, encontrando-o naquele estado, apodera-se do Àpò-Iwá e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato, Olódùmarè delega a Odùduwà o poder de criar o Àiyé e por punição incumbe a Òrìsànlá de somente criar e modelar os corpos dos seres humanos no Òrún, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de nunca mais beber o emu. Odùduwà, então, cumpre a tradição e faz as obrigações, para se tornar o progenitor dos Yorubas, do Mundo : Olófin Odùduwà, o futuro Àjàlàiyé.
Desde então a relação tempestuosa entre Odùduwà e Obàtálá se perpetuou, ora em disputas, discórdias, controvérsias e de outras formas, mas sempre munindo a eterna rivalidade.
Ade Are Odùduwà
Odùduwà
Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de Odùduwà para o Àiyé. *Anexos.
Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.
Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa, e Odùduwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia deÒgòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião.
Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùduwà, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.
Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ògún e metade branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Odùduwà e Ògún, mas a principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido.
Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odúduwà, ou com outras, teve ou já tinha mais seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maior ainda, enfim, alguns dos filhos destas esposas, geraram as linhagens dos Obas Yorubanos, uns foram os precursores de sete das principais tribos, ou mais, que deram origem à civilização dos yorubas, e religiosamente falando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà, os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dos Yorubas". *Anexo
Obàtálá (Òrìsànlá) ,que também já estava no Àiyé com sua comitiva, mas devido a grande rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda a cidade de Ìgbò e se torna o primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade polígama, Òrìsànlá é um caso raro de monogamia, pois a divindade Yemowo foi sua única esposa e não tiveram filhos.
Òrànmíyàn
Òpá Òrànmíyàn, em Ilê-Ifé
Òrànmíyàn
Após grandes vitórias, Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilê-Ifê, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes, menos Obàlùfan Ògbógbódirin. Odùduwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifé, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar seu pai, não volta mais a Ifé, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Oyó, tornando-se o primeiro Oba Aláàfin de Oyó.
Casado com Morèmi, uma bela mortal ,nativa de Òfà ,que se tornou mais tarde uma heroína em Ilê-Ifé, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas, onde havia sido derrotado, mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elémpe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elémpe entrega-lhe sua filha Torosí, para que se case com ele. Retornando a Oyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosí e com ela tem um filho, chamado de Sàngó, um mortal, nascido de uma mãe mortal e um pai semideus, portanto com ascendentes divinos por parte de pai.
Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Oyó torna-se um poderoso império, Òrànmíyàn, prestigiado e redimido de sua vergonha, volta para Ilê-Ifé, deixando em seu lugar, em Oyó, o príncipe coroado, seu filho Ajaká, que torna-se o segundo Aláàfin de Oyó.
Em uma de suas conquistas, a da cidade de Benin, anterior a fundação de Oyó, Òrànmíyàn termina com a dinastia de Ogìso, o então rei, expulsando-o e assumindo o trono, tornando-se o primeiro Obabínín, e inicia sua dinastia tendo um filho, chamado Èwékà, com uma mulher do local. Antes de deixar a cidade, ele torna Èwékà como seu sucessor no trono do Benin. (Atual cidade na Nigéria, antigo Reino do Benin, não confundir com a República do Benin, antigo país chamado Daomé.)
Durante sua longa ausência em Ilê-Ifé, Obàlùfan Ògbógbódirin ,seu irmão mais velho, se tornou o segundo Óòni de Ifé, após o reinado de Odùduwà. Quando Obàlùfan morreu, e ninguém sabia do paradeiro de Òrànmíyàn, o povo de Ifé aclamou Obàlùfan Aláyémore como sucessor direto de seu pai.
Quando Òrànmíyàn chega em Ifé, Obàlùfan Aláyémore já reinava como o terceiro Óòni de Ifé, mas com um fraco reinado. Enfurecido com o povo de Ifé que haviam aclamado Aláyémore, e que o tinham chamado para combater possíveis inimigos, o poderoso guerreiro colérico ,comete varias atrocidades e só para quando uma anciã grita desesperada que ele está destruindo seus "próprios filhos", o seu povo. Atônito, ele finca no chão seu asà (escudo) que imediatamente se transforma em uma enorme laje de pedra ,num lugar hoje chamado de "Ìta Alásà" ,e decide ir embora e nunca mais voltar à Ifé.
Quando rumava para fora dos arredores de Ifé ,em Mòpá, foi interceptado pelo povo que o saudavam como Óòni de Ifé e suplicavam por sua volta. Ele então satisfeito e envaidecido ,atende ao povo e finca no chão seu òpá (seu bastão de guerreiro) transformando-o em um monólito de granito (ver foto : Òpá Òrànmíyàn) selando assim o acordo com o povo e volta em uma procissão triunfante ao palácio de Ifé.
Sabendo disso, Obàlùfan Aláyémore abandona o palácio e se exila na cidade de Ìlárá. Òrànmíyàn ascende ao trono e se torna o 4ª Óòni de Ifé até sua morte. Obàlùfan Aláyémore, retorna do exílio e reassume como o 5ª Óòni de Ifé e reina deste vez, com sucesso até a sua morte.
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Ajaká
Adé Bayánni, tipo de coroa usada por Dadá Ajaká, durante seu exílio na cidade de Igboho.
Ajaká
Aláàfin de Oyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico, apático e não realizava um bom governo.
Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas ( Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso. Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó.
Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Oyó, e não poderia mais usar a coroa real de Oyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e esta chama-se Ade Bayánni (ver fotos). Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó.
Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa. Dadá Ajaká volta então à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó.
Com Aganju, termina o primeiro período da formação dos povos yoruba e após seu reinado se dá inicio ao segundo período, o dos reis históricos.
Afonjá
por:Kola Abimbola
O que levou ao colapso o velho império Oyo? Uma versão popular da história oral é que o império caiu porque o alafim Awole (1789-c.1796), fraquíssimo imperador que sucedeu ao alafim Abiodun (c.1774-1789), rogou uma praga no povo iorubá!
Awole fora removido do cargo e, como previsto pela constituição do império, teve que cometer suicídio. Segundo a lenda, seus chefes o depuseram do cargo porque queriam que o império começasse a participar do lucrativo comércio de escravos. A constituição do império demandava a unanimidade entre o imperador e o Oyo Mèsì (seu importante Conselho de Chefes). Oyo Mèsì tinha oito membros e não sete como erroneamente foi informado por muitos escritores, estes são: Basorun, Agbakin, Samu, Alápìíni, Lágùnà, Akinnikú, Asípa e Onàa-Modéékè.
Qualquer imperador que não pudesse conseguir a unanimidade entre ele e Oyo Mèsì era deposto e tinha que cometer suicídio. Essa previsão fora inserida na constituição como uma medida "democrática" para proteção contra a autocracia real. Ainda segundo a lenda, antes de cometer suicídio, Awole proferiu a maldição: "o povo será escravizado por toda a Terra". Após proferir a maldição, ele disparou uma flecha para o Norte, Leste e Oeste e esmagou no chão um pote contendo poderes ocultos. "Assim como ninguém remenda o pote esmagado, ninguém será capaz de reverter minha maldição sobre o povo iorubá". Isto é o que se conhece por Ègún Awóle, a irreversível maldição de Awóle.
Há, naturalmente, uma melhor explicação para o porque do colapso do império. Essa explicação diz respeito a vários problemas constitucionais inerentes ao império.
A constituição continha certas medidas que tornavam difícil, senão impossível, para um dirigente fraco sobreviver muito tempo como imperador. Para começar, embora os títulos de alafim e da Oyo Mèsì fossem hereditários, a constituição continha tendências democráticas que estavam em conflito com esses cargos hereditários. Por exemplo, suponha-se que os membros da Oyo Mèsì fossem a "boca" do povo porque suas opiniões eram moderadas e formadas por vários grupos sociais e organizações dentro da sociedade. Uma dessas organizações era a poderosa sociedade Ogbóni. Os Ogbónis eram mais ou menos cortes de apelação em cada cidade-estado do império. Embora a cidade de Oyo fosse a capital, ela também funcionava como qualquer outra dentro da confederação que era o império. A cidade de Velho Oyo tinha seu próprio Ogbóni que limitava os poderes do Oyo Mèsì.
Depois, as decisões do Oyo Mèsì e do alafim tinham que ser tomadas unanimemente, muito embora o alafim não fosse, estritamente falando, um membro do conselho executivo. Isso acontecia porque o Oyo Mèsi deliberava independentemente do imperador, somente depois que chegavam às suas conclusões eles as apresentariam ao imperador. Se houvesse uma disputa irreconciliável entre o alafim e o Oyo Mésí, o alafim seria deposto do cargo porque o Oyo Mèsì era visto como a voz do povo.
Ademais, no dia-a-dia os assuntos do império eram conduzidos por eunucos que a literatura inapropriadamente se refere como "escravos". Estes eunucos, chamados Ìlàrí, eram dirigidos por três eunucos muito poderosos: Ona Efá (eunuco do meio), Otun Efá (eunuco da direita) e Òsì Efá (eunuco da esquerda). Em todas as questões essenciais, estes eunucos eram mais poderosos que a Oyo Mèsì porque eram responsáveis pelas questões administrativas do império. Eles também eram coletores de impostos e enviados que viajavam por todo o império (ver Law, 1971-1977, para mais detalhes dos problemas constitucionais do velho império Oyo).
Outra lacuna do poder é que não havia separação real entre religião e Estado. O imperador e o Oyo Mèsì eram os mais altos líderes das divindades mais importantes da religião iorubá. O alafim era reverenciado como representante de Xangô, o deus iorubá do trovão, do raio e da justiça. Cada um dos oito membros do Oyo Mèsì eram também líderes de uma importante divindade iorubá. Por exemplo, o Basorun, que era o líder do Oyo Mèsì, era também o sumo sacerdote de Orun. Orun era a divindade pessoal de todos os imperadores Oyo. Porém, perto do fim do império, alguns chefes de alta patente aceitaram versões radicais e fanáticas do islã.
Portanto, havia um conflito em sua lealdade para com a estrutura político-religiosa do império. Por um lado, eram cobrados pelo islã a renunciar e forçosamente a derrubar a religião iorubá e todas as suas instâncias. Porém, por outro lado, em razão de seus cargos tinham o dever de manter as medidas constitucionais e religiosas que se fundavam em uma religião que eles não mais aceitavam!
Um dos mais importantes inimigos do alafim Awole e que orquestrou sua deposição era Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império.
Porque Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Oyo, ele nutrira a ambição de tornar-se alafim no lugar do fraco Awole. Infelizmente para Àfonjá, apesar de ter apoio do Oyo Mèsì em seu golpe de Estado contra o alafim Awole e de ser a seleção de novos imperadores uma de suas principais responsabilidades, a Oyo Mèsì não selecionou Àfonjá como imperador após o suicídio de Awole. Ao contrário, selecionou Adébo, um dos príncipes de Awole.
Contudo, a escolha de Adébo era inconstitucional! A constituição não permitia príncipes que fossem sucessores diretos de seus pais no trono. De fato, nos tempos antigos, o príncipe mais velho teria que cometer suicídio toda vez que o imperador reinante morria. A razão era muito simples. Todo alafim era visto como um semideus - especificamente o representante de Xangô (deus do raio, do trovão e da justiça). Como semideus, o alafim era reverenciado e ele raramente aparecia em público. Nestas raras ocasiões, sua face era sempre envolta por um véu de pelotas de sua coroa pesadamente adornada.
Por ser o alafim um semideus que não estava em contato com seus cidadãos, o filho mais velho, todo alafim reinante tinha o importante título de Aremo. O Aremo, para todos fins e propósitos, tinha mais influência na sociedade em que seu pai era o imperador porque ele era a face pública do governante, da autoridade e do poder. Ele também era os "olhos" e "ouvidos" de seu pai, o alafim, na sociedade. Em muitos casos, o Aremo era mais temido que o próprio alafim. Era por esta razão que, nos tempos antigos, todo Aremo deveria cometer suicídio quando seu pai morresse. O novo imperador seria selecionado então de uma das casas governantes de Oyo.
Àfonjá não aceitara docilmente a eleição de Adébo. Como ele era o Are-Ona-Kaka-n-fo, comandava um exército que era maior que o permanente da capital. Junto com alguns de seus aliados, Àfonjá repudiou sua lealdade à autoridade do alafim como líder do velho império Oyo. O império finalmente foi tomado por guerras civis. Entre a deposição do alafim Awole (por volta de 1796) e o colapso final do império, em torno de 1840, não houve nada menos que doze guerras civis de grandes proporções no império.
O significado desse meio século de guerras para a dispersão do povo iorubá não deve ser perdido de vista. Antes de 1789, quando Awole sobe ao trono de velho Oyo, os povos iorubás não foram escravizados em números significativos porque a "confederação" de cidades-estado e reinos que formavam o império tinham um dos exércitos mais fortes da África Ocidental. Porém, entre mais ou menos 1800 e 1870, os iorubás tornaram-se o maior número de escravos a serem "exportados" das costas da África. Pois, além do fato de muitos senhores da guerra iorubá venderem seus cativos (que também eram iorubás) como escravos, os Nupe e os Bariba (que eram vizinhos dos iorubás a Norte e a Nordeste) também capturaram e venderam um incontável número de iorubás como escravos. Jihadistas também pilharam cidades iorubás em busca de escravos.
Esses terríveis anos de incessante guerra civil são, de fato, duplamente significativos. Embora a exportação de escravos africanos para as Américas terminasse por volta de 1870-1875, um incontável número de iorubás foi vendido como escravo entre essas datas. Primeiro, muitos foram capturados como escravos durante os 50 anos das guerras civis iorubás (±1790-1840). Além disso, a queda final império fez da terra dos iorubás território livre para caçadores de escravos que vinham da Europa e dos Estados africanos vizinhos. E, na verdade, houve senhores da guerra iorubá e sùmomí (sequestradores profissionais) que pilharam as cidades e aldeias atrás de cativos que eram vendidos aos europeus como escravos. De fato, a captura de iorubás como escravos continuou até bem depois da abolição oficial do comércio transatlântico de escravos.
De maneira simples, os iorubás foram exportados em grandes números para fora da África Ocidental um pouco antes, durante e um pouco depois dos últimos dias do comércio de escravos - para a controvérsia em torno das estimativas sobre o número de africanos exportados como escravos ver Inikori (1976a e 1976b) e Curtin (1969 e 1976).
Trecho do livro Yoruba Culture: A Philosophical Account, escrito por Kola Abimbola (Iroko Academic Publishers Ltd). Tradução de Leonardo Soares Quirino da Silva.
O que levou ao colapso o velho império Oyo? Uma versão popular da história oral é que o império caiu porque o alafim Awole (1789-c.1796), fraquíssimo imperador que sucedeu ao alafim Abiodun (c.1774-1789), rogou uma praga no povo iorubá!
Awole fora removido do cargo e, como previsto pela constituição do império, teve que cometer suicídio. Segundo a lenda, seus chefes o depuseram do cargo porque queriam que o império começasse a participar do lucrativo comércio de escravos. A constituição do império demandava a unanimidade entre o imperador e o Oyo Mèsì (seu importante Conselho de Chefes). Oyo Mèsì tinha oito membros e não sete como erroneamente foi informado por muitos escritores, estes são: Basorun, Agbakin, Samu, Alápìíni, Lágùnà, Akinnikú, Asípa e Onàa-Modéékè.
Qualquer imperador que não pudesse conseguir a unanimidade entre ele e Oyo Mèsì era deposto e tinha que cometer suicídio. Essa previsão fora inserida na constituição como uma medida "democrática" para proteção contra a autocracia real. Ainda segundo a lenda, antes de cometer suicídio, Awole proferiu a maldição: "o povo será escravizado por toda a Terra". Após proferir a maldição, ele disparou uma flecha para o Norte, Leste e Oeste e esmagou no chão um pote contendo poderes ocultos. "Assim como ninguém remenda o pote esmagado, ninguém será capaz de reverter minha maldição sobre o povo iorubá". Isto é o que se conhece por Ègún Awóle, a irreversível maldição de Awóle.
Há, naturalmente, uma melhor explicação para o porque do colapso do império. Essa explicação diz respeito a vários problemas constitucionais inerentes ao império.
A constituição continha certas medidas que tornavam difícil, senão impossível, para um dirigente fraco sobreviver muito tempo como imperador. Para começar, embora os títulos de alafim e da Oyo Mèsì fossem hereditários, a constituição continha tendências democráticas que estavam em conflito com esses cargos hereditários. Por exemplo, suponha-se que os membros da Oyo Mèsì fossem a "boca" do povo porque suas opiniões eram moderadas e formadas por vários grupos sociais e organizações dentro da sociedade. Uma dessas organizações era a poderosa sociedade Ogbóni. Os Ogbónis eram mais ou menos cortes de apelação em cada cidade-estado do império. Embora a cidade de Oyo fosse a capital, ela também funcionava como qualquer outra dentro da confederação que era o império. A cidade de Velho Oyo tinha seu próprio Ogbóni que limitava os poderes do Oyo Mèsì.
Depois, as decisões do Oyo Mèsì e do alafim tinham que ser tomadas unanimemente, muito embora o alafim não fosse, estritamente falando, um membro do conselho executivo. Isso acontecia porque o Oyo Mèsi deliberava independentemente do imperador, somente depois que chegavam às suas conclusões eles as apresentariam ao imperador. Se houvesse uma disputa irreconciliável entre o alafim e o Oyo Mésí, o alafim seria deposto do cargo porque o Oyo Mèsì era visto como a voz do povo.
Ademais, no dia-a-dia os assuntos do império eram conduzidos por eunucos que a literatura inapropriadamente se refere como "escravos". Estes eunucos, chamados Ìlàrí, eram dirigidos por três eunucos muito poderosos: Ona Efá (eunuco do meio), Otun Efá (eunuco da direita) e Òsì Efá (eunuco da esquerda). Em todas as questões essenciais, estes eunucos eram mais poderosos que a Oyo Mèsì porque eram responsáveis pelas questões administrativas do império. Eles também eram coletores de impostos e enviados que viajavam por todo o império (ver Law, 1971-1977, para mais detalhes dos problemas constitucionais do velho império Oyo).
Outra lacuna do poder é que não havia separação real entre religião e Estado. O imperador e o Oyo Mèsì eram os mais altos líderes das divindades mais importantes da religião iorubá. O alafim era reverenciado como representante de Xangô, o deus iorubá do trovão, do raio e da justiça. Cada um dos oito membros do Oyo Mèsì eram também líderes de uma importante divindade iorubá. Por exemplo, o Basorun, que era o líder do Oyo Mèsì, era também o sumo sacerdote de Orun. Orun era a divindade pessoal de todos os imperadores Oyo. Porém, perto do fim do império, alguns chefes de alta patente aceitaram versões radicais e fanáticas do islã.
Portanto, havia um conflito em sua lealdade para com a estrutura político-religiosa do império. Por um lado, eram cobrados pelo islã a renunciar e forçosamente a derrubar a religião iorubá e todas as suas instâncias. Porém, por outro lado, em razão de seus cargos tinham o dever de manter as medidas constitucionais e religiosas que se fundavam em uma religião que eles não mais aceitavam!
Um dos mais importantes inimigos do alafim Awole e que orquestrou sua deposição era Àfonjá, o Bale (governante) da cidade de Ìlorin. Àfonjá era também Are-Ona-Kaka-n-fo, quer dizer líder do exército provincial do império.
Porque Àfonjá descendia, por parte de mãe, de uma das famílias reais de Oyo, ele nutrira a ambição de tornar-se alafim no lugar do fraco Awole. Infelizmente para Àfonjá, apesar de ter apoio do Oyo Mèsì em seu golpe de Estado contra o alafim Awole e de ser a seleção de novos imperadores uma de suas principais responsabilidades, a Oyo Mèsì não selecionou Àfonjá como imperador após o suicídio de Awole. Ao contrário, selecionou Adébo, um dos príncipes de Awole.
Contudo, a escolha de Adébo era inconstitucional! A constituição não permitia príncipes que fossem sucessores diretos de seus pais no trono. De fato, nos tempos antigos, o príncipe mais velho teria que cometer suicídio toda vez que o imperador reinante morria. A razão era muito simples. Todo alafim era visto como um semideus - especificamente o representante de Xangô (deus do raio, do trovão e da justiça). Como semideus, o alafim era reverenciado e ele raramente aparecia em público. Nestas raras ocasiões, sua face era sempre envolta por um véu de pelotas de sua coroa pesadamente adornada.
Por ser o alafim um semideus que não estava em contato com seus cidadãos, o filho mais velho, todo alafim reinante tinha o importante título de Aremo. O Aremo, para todos fins e propósitos, tinha mais influência na sociedade em que seu pai era o imperador porque ele era a face pública do governante, da autoridade e do poder. Ele também era os "olhos" e "ouvidos" de seu pai, o alafim, na sociedade. Em muitos casos, o Aremo era mais temido que o próprio alafim. Era por esta razão que, nos tempos antigos, todo Aremo deveria cometer suicídio quando seu pai morresse. O novo imperador seria selecionado então de uma das casas governantes de Oyo.
Àfonjá não aceitara docilmente a eleição de Adébo. Como ele era o Are-Ona-Kaka-n-fo, comandava um exército que era maior que o permanente da capital. Junto com alguns de seus aliados, Àfonjá repudiou sua lealdade à autoridade do alafim como líder do velho império Oyo. O império finalmente foi tomado por guerras civis. Entre a deposição do alafim Awole (por volta de 1796) e o colapso final do império, em torno de 1840, não houve nada menos que doze guerras civis de grandes proporções no império.
O significado desse meio século de guerras para a dispersão do povo iorubá não deve ser perdido de vista. Antes de 1789, quando Awole sobe ao trono de velho Oyo, os povos iorubás não foram escravizados em números significativos porque a "confederação" de cidades-estado e reinos que formavam o império tinham um dos exércitos mais fortes da África Ocidental. Porém, entre mais ou menos 1800 e 1870, os iorubás tornaram-se o maior número de escravos a serem "exportados" das costas da África. Pois, além do fato de muitos senhores da guerra iorubá venderem seus cativos (que também eram iorubás) como escravos, os Nupe e os Bariba (que eram vizinhos dos iorubás a Norte e a Nordeste) também capturaram e venderam um incontável número de iorubás como escravos. Jihadistas também pilharam cidades iorubás em busca de escravos.
Esses terríveis anos de incessante guerra civil são, de fato, duplamente significativos. Embora a exportação de escravos africanos para as Américas terminasse por volta de 1870-1875, um incontável número de iorubás foi vendido como escravo entre essas datas. Primeiro, muitos foram capturados como escravos durante os 50 anos das guerras civis iorubás (±1790-1840). Além disso, a queda final império fez da terra dos iorubás território livre para caçadores de escravos que vinham da Europa e dos Estados africanos vizinhos. E, na verdade, houve senhores da guerra iorubá e sùmomí (sequestradores profissionais) que pilharam as cidades e aldeias atrás de cativos que eram vendidos aos europeus como escravos. De fato, a captura de iorubás como escravos continuou até bem depois da abolição oficial do comércio transatlântico de escravos.
De maneira simples, os iorubás foram exportados em grandes números para fora da África Ocidental um pouco antes, durante e um pouco depois dos últimos dias do comércio de escravos - para a controvérsia em torno das estimativas sobre o número de africanos exportados como escravos ver Inikori (1976a e 1976b) e Curtin (1969 e 1976).
Trecho do livro Yoruba Culture: A Philosophical Account, escrito por Kola Abimbola (Iroko Academic Publishers Ltd). Tradução de Leonardo Soares Quirino da Silva.
Sàngó
O que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o que se fala de Sàngó, e a sua história nos Candomblés do Brasil, e de outros acima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em fatos irreais.
Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se suportavam, pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Dona do Mar, portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o Òrìsà Yemojá, "Senhora do rio Yemojá e do rio Ògùn", divindade de água doce, e muito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela atribuídos. Notar a acentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavras distintas.
Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". que a coroa é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin.
NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos, por vezes dogmáticos, que pertencem ao corpo da tradição oral yorubana. Sob o ponto de vista cientifico, são considerados parcialmente históricos, pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pela arqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foram achados e datados pelo carbono 14, são de datas recentes, perto da longínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto, em nenhum momento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seria um absurdo afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologia praticamente inexistente, pela forma cultural dos yorubas mensurarem o tempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco rejeitada.
Os Òrìsà Funfun
Os "Òrìsà Funfun" são aqueles que vieram com Òbàtálá, seu líder, para Àiyé, ou posteriormente, aderiram ao grupo ou a ele. Praticamente são considerados como um clã ou sua "própria família". Òbàtálá se tornou o mais conhecido e reverenciado de todos os Òrìsà, por toda terra dos Yorubas e por extensão em todo o Mundo.
Imagens de Òbàtálá e Yemowo, sua única esposa, no templo de Ìdèta-Ilê em Ilê-Ifé, no bairro de Itapa, anteriormente era no bairro de Ìdèta.
Alguns dos Òrìsà Funfun* :
- Òrìsàála, Òrìsà-nla, Òsàla, ou Òbàtálá : O primeiro Òrìsà a ser criado por Olódùmarè.
- Òrìsàteko ou Eteko Oba Dùgbè : Um grande guerreiro associado a Òbàtálá nas longas disputas de liderança com Odùduwà. Como seu principal templo é em Ìjúgbè, é também conhecido por Òrìsà Ìjùgbè. Este Òrìsà também esta relacionado com a agricultura, dizem que foi o primeiro a cultivar o inhame.
- Òrìsà Akiré : Um guerreiro poderoso e rico e que tinha muitos escravos, tudo oriundo de espólios de suas conquistas. Seus principais templos são em Ìlàré e em Arùbídì. Dizem uns que Òrìsàkiré é um Òrìsà da paz, da produtividade e da opulência.
- Òrìsà Aláse ou Olúorogbo : "Aquele que possui o infinito saber", quem ensinou ao Homem a se comunicar com símbolos e/ou marcas. Dizem que foi ele quem resolveu parte da longa e eterna disputa entre Òbàtálá e Odùduwà.
- Òrìsàjiyán ou Ògiyán : também Ewúléèjìgbò na cidade de Èjìgbò.
- Òrìsàlufan ou Olufan : também Òsàlufan na cidade de Ifan.
- Òrìsà Oko : Òrìsà da agricultura. Da cidade de Ìràwò.
- Òrìsà Òkè : Òrìsà das colinas e dos montes.
- Òrìsàròwu ou Òrìsà Lòwu : Na cidade de Owu.
- Òrìsà Ajagemo : Na cidade de Ede.
- Òrìsà Olúwofín : Na cidade de Iwofin.
- Òrìsà Pópó : Na cidade de Ògbómòsó.
- Òrìsà Eguin : Na cidade de Owú.
- Òrìsà Jayé : Na cidade de Ijàyé.
- Òrìsàko : Na cidade de Oko.
- Òrìsà Olóbà : Na cidade de Òbá.
- Òrìsà Obaníjìta : ................
- Òrìsà Alajere : ....................
- Òrìsà Olójó : .......................
- Òrìsà Oníkì : ......................
- Òrìsà Onírinjà : .................
- Òrìsà Àrówú : ....................
* Òrìsà funfun - divindades que tem como rito comum o uso de elementos e oferendas de cor branca ou derivada, e tabus alimentares ou outros, por vezes também semelhantes. Quando não, são também assim chamados por fazerem parte do processo da criação - que são os casos, principalmente de Odùduwà e Òrúnmìlà.
* O rito e o culto dos Òrìsà funfun, são tão semelhantes ou quase idênticos, que em vários casos é difícil distinguir se se trata de divindades distintas ou são qualidades de Òbàtálá, ou ainda, somente nomes diferentes do mesmo Òbàtálá. Pode ser, por estes ou outros inúmeros fatores, que o levaram a ser o mais conhecido Òrìsà do panteão, obviamente, sem se esquecer da sua real importância na gênese Yoruba.
O Onílù, o tocador de tambor, quando é especialista no tipo Ìgbìn, são chamados de Alùgbìn, que é o caso no templo Ìdèta-Ilê de Òbàtálá, em Ilê-Ifé. O ìgbìn é o nome do tambor de Òbàtálá, e do seu ritmo de dança preferido. -
Os Àgbàgbà
Os "dezesseis" àgbà (anciões) que vieram com Odùduwà para criar o Àiyé, que por este motivo se tornou Olófin Odùduwà, o Àjàlàiyé.
Máscara de cobre, que dizem representar o segundo Óòni de Ilê-Ifé, o Oba Obàlùfan Ògbógbódirin, filho de Odùduwà, alguns falam que foi o primeiro Oba a ser realmente coroado e o primeiro a usar a então tradicional coroa, o Ade Aré. -
1. Òrúnmìlà ou Àgbónmìrégún : "Senhor do Oráculo de Ifá", foi o primeiro companheiro e o Chefe Conselheiro de Odùduwà, um primeiro ministro, orientando sobre tudo e a todos, inclusive em assuntos governamentais de Ilê-Ifé.
2. Obàtálá : também chamado de Òrìsànlá : considerado o primeiro e principal artesão, por modelar os corpos dos seres humano, é aclamado como Alámòrere, "Senhor da boa argila", por extensão, o patrono dos artistas, principalmente dos escultores.
3. Olúorogbo ou Òrìsà Aláse : foi o terceiro àgbà em importância depois de Odùduwà, aquele que foi o "Salvador do Mundo", que fez chover numa grande seca, pois foi o chefe mensageiro entre o Oba Orún e o Oba Àiyé, ou seja entre Olódùmarè e Odùduwà.
4. Obamèri : também chamado de Alapa-Aharemadà : foi o seu "general".
5. Orèlúéré ou Orè (Oré) : Olóde Orè, o chefe dos caçadores e guardião das tradições e da moral. Para uns, após Odudùwà ter criado o mundo, o primeiro a pisar na terra e depois explora-la, foi Olóde Orè, antes de qualquer um, como manda a tradição era uma das funções dos caçadores, por isto é também aclamado como Onílè, "Senhor da terra". Dizem que mais tarde, ele se tornou um dos companheiros de Òbàtálá.
6. Obasìn ou Èsù Obasin : Era quem controlava os intempéries da natureza, e mais tarde, tornou-se o principal assistente de Òrúnmìlà.
7. Obàgèdè ou Obàgîdî : foi o chefe mensageiro de Obamèrì.
8. Ògún : foi o chefe dos guerreiros.
9. Obamakin : sem dados ...........................
10. Obawinni Oreluko : também chamado de Oro-Apasa ,que mais tarde se tornou se tornou um dos companheiros de Òbàtálá, foi ele quem tornou Òbàtálá o 1º Oba dos Ìgbò, quando da retirada deles de Ilê-Ifé, imposta por Obamèri. Depois que Òbàtálá se foi, ele os liderou e se tornou o 2º Oba dos Ìgbò.
11. Aje Sàlugá : "Senhor da Riqueza", foi o "financeiro" de Odùduwà. Outras fontes dizem que foi uma filha de Olóòkun com Odùduwà. É interessante notar, que como divindade masculino, seu símbolo seja uma grande concha marinha, que estranhamente é também um dos símbolos de Olóòkun.
12. Èrìsilè : sem dados ..........................
13. Élésìje: Foi um ervanário, que iniciou a pratica da medicina tradicional.
14. Olósé : sem dados ..........................
15. Alajó : : sem dados ..........................
16. Èsìdálè : que cuida daqueles que morrem tragicamente, como mulheres que morrem ao dar à luz, inclusive os suicidas.
Outros, incluem na comitiva :
Olóòkun : A primeira e favorita esposa de Odùduwà. A Deusa do Mar.
Òrìsàtéko Ìjùgbè ou Obaresé : um grande guerreiro e companheiro muito ligado a Obàtálá.
Yemowo : que foi a única esposa de Obàtálá.
Outros não consideram Obàtálá como um dos 16, pois chegou somente após os 16, porém, antes da segunda vinda de Odùduwà.
Uns dos seus partidários, dos 16, foram Orèlúéré e Obawinni.
Ewè
Muitas são as publicações que se referem às folhas utilizadas na cultura de Orisa e também a sua importância dentro do culto. Todavia, a maioria das publicações trazem apenas o nome em lingua Yoruba, o que dificulta demasiadamente a localização das ervas necessárias para cada tipo específico de utilização. Por isso decidimos que nossas publicações seriam feitas através dos nomes popularmente conhecidos no Brasil, visando principalmente facilitar a localização das mesmas. Sistematicamente serão acrescentadas novas imagens e descrições.
Também usada em agbò ewè para os filhos de Ogun. Estas folhas também podem ser utilizadas para a confecção da cama do iyawò.
Usado somente na culinária de Orisá para ofertar ao orisá Ogun.
Usada na preparação de Agbò ewè Ogun e em magia de cura de infermidade interna.
Usada em Agbò ewè Ogun, podendo fazer parte da cama do iyawó.
SOCIEDADES
Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Ìyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Ìyámi Osorongá chamada também de Ìyá NIa, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder da ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Gëlèdé", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Ìyámi nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.
Além da Sociedade Gëlèdé, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Ìyámi Osorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Ìyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Ìyámi é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.
Outra forma, e mais importante, é culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungun". Estas têm como finalidade elaborar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esses mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte , denominada Egun ou Egungun. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantêm a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.
Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos do culto dos Orisás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a yorubana.
No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungun , cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura : Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.
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