Diário de Natal - RN
Parentes, amigos, representantes de movimentos sociais e profissionais do sexo prestam hoje as últimas homenagens a Marinalva Ferreira da Silva, 39, presidente da Associação das Prostitutas do Rio Grande do Norte (Asprorn), que faleceu na manhã de ontem vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). O sepultamento será as 9h, no Cemitério Bom Pastor I.
Segundo a amiga Gorete Gomes, membro da Liga Brasileira de Lésbicas, Marinalva Silva sofria de problemas cardíacos, mas nunca teve maiores complicações até o início da noite da última quarta-feira, quando teve um ''derrame'' e foi levada às pressas para o hospital Walfredo Gurgel, onde ficou internada para tratamento, mas acabou falecendo às 6h dessa sexta-feira.
''O movimento feminista, o GLBT e demais movimentos sociais sentem muito a perda de Marinalva, pois ela engrandecia a luta das minorias ao dar suporte às prostitutas, um público bastante vulnerável que em sua totalidade vive na periferia e sofre todo tipo de agressão social. Além das prostitutas, ela também era uma grande defensora da comunidade de Mãe Luiza. Era uma grande companheira de luta social'', disse Gorete Gomes durante o velório, no Centro Pastoral de Mãe Luiza.
O presidente da Ong Apolos, Wilson Dantas, lembrou que a Asprorn surgiu com o apoio do movimento GLBT para mostrar à sociedade que as profissionais do sexo também eram pessoas humanas que mereciam respeito, dignidade e cidadania.
''Além de ser uma grande perda para as minorias, ela vai fazer falta para o mundo, pois uma pessoa como ela que passou fome e sofreu agressões físicas no exercício da profissão para poder sobreviver e mesmo assim encarava tudo com alto astral, sempre de bem e sorrindo só poderá
Para Maria da Paz, vice-presidente da Asprorn, a partida de Marinalva deixou um vazio na luta pela defesa dos direitos das profissionais do sexo, principalmente no momento em que a Associação conseguiu o apoio do Governo do Estado para implantar o projeto ''Diamante Bruto'', que oferecerá serviços diversos nas áreas de educação e saúde.
Amélia Freire, coordenadora estadual de políticas para as mulheres, e a deputada federal Fátima Bezerra lembraram de Marinalva como sendo uma pessoa de grande solidariedade e generosidade com o próximo. Amélia lembrou ainda que um dos grandes feitos da presidente da Asprorn foi a iniciativa de pedir o apoio do padre Sabino para montar uma escola de alfabetização para as prostitutas, inclusive ela que não tinha vergonha de dizer que era analfabeta.
Natural de Lagoa Salgada, sem filhos, a presidente da Asprorn ganhou destaque entre os movimentos sociais a partir de 2002 quando tomou a iniciativa de procurar o Centro de Saúde Reprodutiva para garantir consultas e tratamento para as colegas de profissão.
De acordo com Celeste Maria Rocha Melo, coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids, mesmo tendo montado um negócio próprio e abandonado a prostituição, Marinalva conseguiu mobilizar cerca de mil prostitutas para ter atendimento médico e receber preservativos. ''Ela se preocupaca com a qualidade de vida das pessoas. Era uma grande parceira no controle da transmissão de DST/Aids'', declarou.
06/07/07
Prostitutas do RN perdem sua líder maior
Amigos, militantes e companheiras da líder sindical Marinalva Ferreira da Silva, falecida na última quinta-feira, 28/06, de um acidente vascular cerebral (AVC) participaram, na tarde de ontem, de missa de Sétimo Dia, na Igreja Bom Jesus, na Ribeira, mandada celebrar pela Associação das Prostitutas do Rio Grande do Norte (ASPRORN), Movimento GLBT Potiguar, Movimento de luta contra a AIDS do RN, Fórum de Mulheres do RN e Movimento social Potiguar.
Marinalva foi fundadora e Presidenta da ASPRORN e marcou a sua trajetória defendendo os direitos humanos das prostitutas do RN e atuando no
Fórum ONG/AIDS e Fórum de Mulheres do RN. A deputada Fátima Bezerra esteve no velório da líder sindical e disse lembrar de Marinalva como “uma pessoa de grande solidariedade e generosidade com o próximo”.
‘‘O movimento feminista, o GLBT e demais movimentos sociais sentem muito a perda de Marinalva, pois ela engrandecia a luta das minorias ao dar suporte às prostitutas, um público bastante vulnerável que em sua totalidade vive na periferia e sofre todo tipo de agressão social”, afirmou Gorete Gomes, integrante da Liga Brasileira de Lésbicas, ao jornal Diário de Natal.
Já o presidente da ONG Apolos, Wilson Dantas, disse que “além de ser uma grande perda para as minorias, Marinalva vai fazer falta para o mundo”. E enalteceu o espírito de luta da líder sindical que sendo “uma pessoa que passou fome e sofreu agressões físicas no exercício da profissão para poder sobreviver”, mesmo assim “encarava tudo com alto astral, sempre de bem e sorrindo”.
A coordenadora Estadual de Políticas para as Mulheres do RN, Amélia Freire, também reverenciou a luta de Marinalva. Em nota, publicada na tarde de segunda-feira (02/07), o Programa Nacional de DST/Aids lamenta a morte da ativista. O texto, assinado por Mariângela Simão, diretora do programa, também lembra um pouco da história de Marinalva Ferreira da Silva. Abaixo, a nota na íntegra.
Nota de falecimentoO Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde (PN-DST/AIDS) lamenta o falecimento da ativista Marinalva Ferreira da Silva, 38, fundadora da ASPRORN – Associação das Prostitutas do Rio Grande do Norte, ocorrida na manhã dessa quinta-feira (28/06), em Natal-RN.
Natural de Lagoa Salgada - RN, ganhou destaque entre os movimentos sociais a partir de 2002 quando tomou a iniciativa de procurar o Centro de Saúde Reprodutiva para garantir consultas e tratamento para as colegas de profissão, hoje, sua organização conta com 1052 membros.
Marinalva foi pioneira na defesa dos direitos das prostitutas no Rio Grande do Norte, atualmente implantava o Projeto ‘Diamante Bruto” em parceria com o Governo do Estado, oferecendo serviços diversos na área da educação e saúde.
Corajosa e ousada, sua condição de não alfabetizada, não a impediu de criar uma sala de alfabetização para as profissionais do sexo, intitulada pelo PEDST/AIDS – RN como grande parceira no controle da transmissão das DST/Aids tem a imagem relatada por seus amigos(as) de uma militante verdadeira de humor debochado, onde os desafios na luta por direitos humanos, não apagava a sua alegria e espontaneidade.
Temos certeza de que o espírito combativo de Marinalva continuará a inspirar as ações de prevenção à aids e de garantia dos direitos humanos e de cidadania das Profissionais do Sexo, bem como das pessoas que vivem com HIV e AIDS no Brasil.
Fonte: Assessoria
Publicado no Dia 02/06/2007
Katarina das Vitórias

Profissionais do sexo comemoraram seu dia compartilhando informações com população
"Nós somos profissionais do sexo, mas antes de tudo somos mulheres, merecemos respeito", enfatizou a presidente da Associação das Profissionais do Sexo e Congêneres do RN - Asprorn, Marinalva Ferreira. As prostitutas de Natal receberam hoje, Dia Internacional da Profissional do Sexo, orientações de higiene, vestimenta, abordagem ao cliente e doenças sexualmente transmissíveis, além de preservativos. Para Marinalva Ferreira, no Dia Internacional das Profissionais existe um motivo para comemorar. "A violência com as prostitutas diminuiu porque hoje elas denunciam mais e se comportam melhor para evitar as agressões até mesmo entre elas", explicou. A Asprorn possui hoje 1050 profissionais cadastradas, que contam mensalmente com 31 mil preservativos (masculinos e femininos) doados pelas secretarias Municipal e Estadual de Saúde. A única queixa é sobre o fornecimento de gel lubrificante, dado pelo governo. "Hoje recebemos apenas 200, o ideal seria cinco mil por questões de higiene", reclamou Marinalva Ferreira. O evento pelo Dia Internacional da Profissional do Sexo aconteceu neste sábado pela manhã na praça Gentil Ferreira, local de grande concentração de prostitutas, e cabarés (12 no total). A capital potiguar possui 105 casas especificas para a atividade da prostituição. Segundo Marinalva, as prostitutas de Natal estão localizadas principalmente em três pontos: Zona Norte, Ponta Negra e Rocas. ""Elas se dividem na primeira idade, que vai de 18 aos 25 anos, segunda idade, que é de 26 até 50 e a terceira idade a partir dos 50 anos, ainda muito bem ativas", contou sorrindo. Segundo a presidente, a Asprorn pretende neste dia reforçar a luta contra o preconceito e a discriminação e buscar políticas públicas de promoção dos direitos para as profissionais do sexo. "As prostitutas sofrem violência e preconceito diariamente. Os poderes públicos precisam tomar providências para que as meninas tenham o direito de trabalhar como qualquer trabalhador tem na sociedade", comentou. Com o tema "Toda Mulher Tem Direito à Liberdade Sexual e a Decidir sobre o seu Corpo", a associação preparou diversas atividades de saúde, educação, lazer e cidadania.
Matéria Correio da Tarde 31/10 – Prostitutas estão preocupadas com futuro
Elas querem renda extra
Mariele Araújo – Repórter
Foto: Alberto Leandro
Elas também reclamam de distribuição insuficiente de preservativos
Preocupadas com rumos da prostituição, profissionais do sexo pedirão ao poder público capacitação e empregos. No encontro que aconteceu hoje de manhã as prostitutas decidiram pedir auxílio da prefeitura e secretaria estadual de saúde para tentar outras fontes de renda.
Profissionais acham que não é mais possível sobreviver apenas do sexo. Associação dos Profissionais do Sexo do RN(Asprorn) reclamou também do número insuficientes de preservativos distribuídos pelas secretarias.
Marinalva Ferreira, presidente da associação disse que irá cobrar das autoridades programas que ajudem as prostitutas a conseguirem outros ofícios. “Está difícil sobreviver apenas do corpo, e a medida que elas vão envelhecendo vai ficando pior. Queremos que elas aprendam outras coisas”, explicou.
A Asprorn informou ainda que o poder público não está fornecendo preservativos na quantidade necessária. Segundo Marinalva Ferreira, a associação possui hoje 1050 profissionais cadastradas e para isso recebe apenas 20 mil camisinhas por mês. “Mas quando levamos em consideração as prostitutas não associadas esse número ultrapassa 3 mil profissionais”, reclamou a presidente.
Pelas estimativas da Asprorn seria preciso a distribuição de pelo menos 31 mil camisinhas. O déficit no fornecimento de preservativos pode ajudar no aumento das doenças sexualmente transmissíveis em todo o RN. “Foi difícil educar então agora não pode faltar”, completou Marinalva Ferreira.
O II Encontro de Profissionais do Sexo do Rio Grande do Norte teve como tema “Prostituição Opção ou Necessidade?”. Na ocasião foram feitos testes de Aids e Hepatite C pela secretaria municipal de saúde. Ana Célica Silva, responsável pelos exames não soube informar quais os dados atuais do município sobre as doenças sexualmente transmissíveis.
“Estamos ainda organizando nosso cadastro”. A falta de organização das estatísticas resultou na desinformação das profissionais que estavam no II Encontro.
Ana Célia chamou atenção para o número de contaminação das chamadas parceiras monogâmicas, ou seja, mulheres com um único parceiro, geralmente casadas. “O número de casos sempre oscila entre profissionais do sexo e homossexuais mas o que tem nos chamado atenção são as mulheres com união estável que estão sendo contaminadas”, alertou a servidora.
Há 12 anos Denise Rocha sobrevive do corpo. Ela contou que está cada vez mais difícil arrumar clientes, por um preço satisfatório. “Trabalhava nas Rocas, agora tenho que subir para Ponta Negra e procurar turistas porque o movimento com natalense está fraco”. Denise cobra em média R$ 50 reais por programa. “Tenho uma filha de sete aos pra sustentar e tenho 36 anos. Me viro como posso”.
Marcos Antônio, do grupo Hábeas Corpus reforçou a parceria entre todas as classes relacionadas ao sexo. “A Asprorn funciona na nossa sede então estamos sempre apoiando. Combatemos principalmente a discriminação”, defendeu.
Mas nem todas as prostitutas encaram o sexo como trabalho. Maria das Graças Macedo fez questão de informar a reportagem seu apresso pela profissão. “Faço porque gosto mesmo. Tenho 54 aos, já fui doméstica e sei trabalhar em outras coisas”, enfatizou. Ela tem quatro filhos, sendo dois fruto de relação com clientes e ressaltou que sua idade não influencia nos programas. “Temos de fazer bem qualquer profissão então ninguém reclama de mim”.
Em tom de protesto Marinalva Ferreira falou sobre a visão que a sociedade tem das prostitutas. “Quem nos dá sustento é o corpo então não temos porque ter vergonha dele. Somos mulheres, somos companheiras, pagamos impostos então cobramos de todo mundo e do poder público”. Ela citou também a necessidade de outros “assessórios” que as secretarias precisam distribuir melhor como gel lubrificante e preservativos femininos.
Prostitutas trabalham como voluntárias para impedir que crianças e adolescentes sejam vítimas de abusos e violência nas cidades. E cobram do governo ações efetivas e enfrentamento do problema.
Paloma Oliveto
Da equipe do Correio
Aos 8 anos de idade, Marinalva Ferreira da Silva pedia esmola nas ruas de Natal, no Rio Grande do Norte. Aos 9, vendia o corpo por ?alguns trocados?. Hoje, aos 36 e ainda ?na vida?, trabalha como voluntária para evitar que outras crianças e adolescentes sejam vítimas da exploração sexual. Assim como ela, prostitutas de várias regiões do país compraram essa briga. Vão a bordéis, procuram as meninas nas ruas, denunciam clientes e desenvolvem trabalhos preventivos. ?Esse povo que explora criança devia ter dor na consciência. E se fosse com a filha deles??, questiona Marinalva, presidente da Associação das Prostitutas do Rio Grande do Norte.
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