Amianto
Instituto Nacional de Câncer - INCA
Amianto (latim) ou asbesto (grego) são nomes
genéricos de uma família de minérios encontrados profusamente na
natureza e muito utilizados pelo setor industrial no último século.
As rochas de amianto se dividem em dois grupos: as serpentinas e os anfibólios. As serpentinas têm como principal variedade a crisotila
ou "amianto branco", que apresenta fibras curvas e maleáveis. Os
anfibólios, que representam menos de 5% de todo o amianto explorado e
consumido no mundo, estão banidos da maior parte do planeta.
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Aplicações |
Foi intensivamente
utilizado na indústria pela sua abundância e baixo custo de exploração.
Considerado, por muito tempo, matéria-prima essencial por suas
propriedades físico-químicas, tais como: grande resistência mecânica e
às altas temperaturas, ao ataque ácido, alcalino e de bactérias. É
incombustível, durável, flexível, indestrutível, resistente, sedoso,
facilmente tecido e tem boa qualidade isolante.
O Brasil está entre os cinco maiores produtores, consumidores e exportadores mundiais de amianto crisotila ou amianto branco. A única mina de amianto ainda em atividade no Brasil situa-se no município de Minaçu, no Estado de Goiás. O amianto, por anos chamado de "mineral mágico", foi utilizado principalmente na indústria da construção civil (pisos vinílicos, telhas, caixas d’água, divisórias, forros falsos, tubulações, vasos de decoração e para plantio e outros artefatos de cimento-amianto) e para isolamento acústico ou térmico. Foi empregado também em materiais de fricção nas guarnições de freios (lonas e pastilhas), em juntas, gaxetas e outros materiais de isolamento e vedação, revestimentos de discos de embreagem, tecidos para vestimentas e acessórios anti-chama ou calor, tintas, instrumentos de laboratórios e nas indústrias bélica, aeroespacial, petrolífera, têxtil, de papel e papelão, naval, de fundições, de produção de cloro-soda, entre outras aplicações. |
Formas de Exposição ao Ambiente |
Exposição ocupacional:
Exposição ambiental:
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Doenças relacionadas a exposição ao amianto |
A exposição ao amianto
está relacionada à ocorrência de diversas patologias, malignas e não
malignas. Ele é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa
(IARC) no grupo 1 - os dos reconhecidamente cancerígenos para os seres
humanos. Não foram identificados níveis seguros para a exposição às suas
fibras. O intenso uso, no Brasil, especialmente a partir da segunda
metade do século XX, exige que a recuperação do histórico de contato
deva prever todas as situações de trabalho, tanto as diretamente em
contato com o minério, em atividades industriais típicas, em geral com
exposição de longa duração, ou mesmo as indiretas, através de serviços
de apoio, manutenção, limpeza, que são em geral de baixa duração, mas
sujeitas a altas concentrações de poeira, bem como exposições não
ocupacionais - indiretas ou ambientais e as paraocupacionais.
Entre as principais doenças relacionadas ao amianto, temos: Asbestose A doença é causada pela deposição de fibras de asbesto nos alvéolos pulmonares, provocando uma reação inflamatória, seguida de fibrose e, por conseguinte, sua rigidez, reduzindo a capacidade de realizar a troca gasosa, promovendo a perda da elasticidade pulmonar e da capacidade respiratória com sérias limitações ao fluxo aéreo e incapacidade para o trabalho. Nas fases mais avançadas da doença esta incapacidade pode se estender até para a realização de tarefas mais simples e vitais para a sobrevivência humana. Câncer de pulmão O câncer de pulmão pode estar associado com outras manifestações mórbidas como asbestose, placas pleurais ou não. O seu risco pode aumentar em 90 vezes caso o trabalhador exposto ao amianto também seja fumante, pois o fumo potencializa o efeito sinérgico entre os dois agentes reconhecidos como promotores de câncer de pulmão. Estima-se que 50% dos indivíduos que tenham asbestose venham a desenvolver câncer de pulmão. O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequente entre os cânceres de pulmão desenvolvidos por trabalhadores e ex-empregados expostos ao amianto e o risco aumenta proporcionalmente à concentração de fibras que se depositam nos alvéolos pulmonares. Câncer de laringe, do trato digestivo e de ovário Também estão relacionados à exposição ao amianto. Mesotelioma O mesotelioma é uma forma rara de tumor maligno, mais comumentemente atingindo a pleura, membrana serosa que reveste o pulmão, mas também incidindo sobre o peritônio, pericárdio e a túnica vaginal e bolsa escrotal. Está se tornando mais comum em nosso país, já que atingimos o período de latência de mais de 30 anos da curva de crescimento da utilização em escala industrial no Brasil, que deu-se durante o período conhecido como o "milagre econômico", na década de 70. Não se estabeleceu nenhuma relação do mesotelioma com o tabagismo, nem com doses de exposição. O Mesotelioma maligno pode produzir metátases por via linfática em aproximadamente 25% dos casos.
Além das doenças
descritas, o amianto pode causar espessamento na pleura e diafragma,
derrames pleurais, placas pleurais e severos distúrbios respiratórios.
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Legislação |
No BrasilA
Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1986 editou a "Convenção
162", que trata de um conjunto de regulamentações para o uso do amianto
nas áreas de mineração, nas indústrias de processamento e transformação
do minério. Em 1991, o Ministério do Trabalho Brasileiro publicou a Portaria nº 1, que:
Embora tenha sido promulgada em 01/06/95 a lei nº
9055 "do uso controlado do amianto" pelo Congresso Nacional para
disciplinar a extração, industrialização, utilização, comercialização e
transporte do asbesto e dos produtos que o contenham, bem como das
fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, ela está sendo
questionada no STF- Supremo Tribunal Federal (ADI 4066) por entenderem
os magistrados do trabalho (ANAMATRA) e os procuradores do trabalho
(ANPT) que a lei é inconstitucional. Vários municípios e estados
brasileiros já possuem legislação restritiva ao uso do amianto e em 4
deles já há uma proibição formal de sua exploração, utilização e
comercialização, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e Pernambuco.
No âmbito do Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência Social, as principais doenças relacionadas ao trabalho com amianto estão listadas, respectivamente, na Portaria No. 1.339/GM, de 18/11/1999 e no Decreto no. 3.048, de 6/5/1999 (atualizado pelo Decreto No. 6.957, de 9/9/2009): neoplasia maligna do estômago (CID C16.-); neoplasia maligna da laringe (C32.-); neoplasia maligna dos brônquios e do pulmão (C34.-); mesotelioma de pleura (C45.0); msotelioma do peritônio (C45.1); mesotelioma do pericárdio (C45.2); placas epicárdicas ou pericárdicas (I34.8); asbestose (J60.-) e placas pleurais (J92.-). Estes decretos e portarias, que regulamentam dispositivos legais da Saúde (Lei 8.080/90) e da Previdência (Lei 8.213/91), aplicam-se ao campo da Saúde dos Trabalhadores, quer orientando os procedimentos de estabelecimento de nexo causal (trabalho x doença), quer disciplinando as obrigações dos empregadores e de quem faz o diagnóstico a notificar as autoridades públicas, quer favorecendo os trabalhadores segurados pelo INSS ao exercício dos direitos previdenciários, como a proteção social enquanto houver incapacidade laborativa, estabilidade de 1 ano após afastamentos do trabalho superiores a 15 dias – entre outros direitos - , quer favorecendo outros mecanismos compensatórios na esfera da responsabilidade civil e criminal. Por outro lado, tanto as pneumoconioses (nelas incluída a Asbestose), como o Câncer Relacionado ao Trabalho (nele incluído o Mesotelioma e o câncer de pulmão, entre outros) constam da Portaria do Ministério da Saúde GM/MS 777, de 28/4/2004, que obriga e regulamenta os procedimentos de notificação obrigatória dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, ao SINAN. É fundamental que os profissionais de saúde que atendem trabalhadores conheçam estes deveres e cumpram suas obrigações, inclusive as previstas na Resolução no. 1.488, do Conselho Federal de Medicina, aplicável a todos os médicos em exercício.
No Mundo
O uso do amianto foi proibido em 52 países. Embora vários países em desenvolvimento ainda permitam o uso e adotem limites de tolerância para o amianto, o Critério de Saúde Ambiental 203 do Programa de Segurança Química da Organização Mundial da Saúde de 1998 concluiu que “nenhum limite de tolerância foi identificado para os agentes carcinogênicos"; "que onde materiais substitutos para crisotila estiverem disponíveis, eles devem ser considerados para uso" e "que a exposição ao amianto crisotila aumenta os riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma em função da dose”.
MEDIDAS INVESTIGATIVAS ATINENTES AO CAMPO DA SAÚDE PÚBLICA A SEREM APLICADAS PELOS PROFISSIONAIS DO SETOR
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