Conferência do barulho
Publicação: 28 de Setembro de 2013 às 00:00
Yuno Silva - repórter
E Natal ficou na suplência. Nenhum delegado da capital potiguar irá à Conferência Nacional de Cultura que acontece em Brasília no final do mês de novembro, resultado explicado pela ausência generalizada de artistas, produtores e agentes culturais natalenses e a atuação em bloco das caravanas que vieram de municípios da região metropolitana e do interior. Ânimos exaltados, muita reclamação e um auditório superlotado marcaram os trabalhos da Conferência Estadual de Cultura, realizada esta sexta-feira no Teatro de Cultura Popular (TCP). A situação estava tão caótica no início da manhã de ontem que, antes mesmo da leitura do regimento interno do evento, houve votação para decidir se a Conferência seria ou não esvaziada – a ampla maioria decidiu pela continuidade.
Para se ter uma ideia do aperto literal e do desconforto a que os presentes foram submetidos, a plateia do TCP, que possui 162 poltronas e recebeu 30 cadeiras extras, teve de ‘acomodar’ 250 participantes vindos dos mais de 80 municípios do Rio Grande do Norte que realizaram suas etapas locais.
Segundo a equipe da FJA/SecultRN responsável pela coordenação da Conferência, o Teatro Alberto Maranhão, local onde aconteceu a abertura oficial na noite de quinta (26), “não tem estrutura adequada” para acolher os grupos de trabalho que debateram propostas nos quatro eixos temáticos: Implementação do Sistema Nacional de Cultura; Produção Simbólica e Diversidade Cultura; Cidadania e Direitos Culturais; e Cultura e Desenvolvimento. De cada eixo sairá quatro propostas para a etapa nacional.
Problemas como a falta de credenciais e fichas de inscrição, de acordo com Cléa Bacurau, integrante da comissão organizadora, foi ocasionado pelo “não envio de informações por parte dos municípios”: “Algumas cidades mandaram as proposições e a lista de participantes por e-mail direto para a organização das conferências regional e nacional, por isso ficamos sem o controle de todos os delegados presentes. Contei 82 cidades, mas temos mais algumas participando”, informou. A Conferência estava marcada para os dias 17 e 18 de setembro e acabou sendo adiada para esta semana – o MinC deu como prazo limite para as conferências de todo o país serem realizadas até o dia 29 de setembro.
Detalhe e ausência
O descontentamento dos participantes só não foi maior que o interesse em ser eleito como representante do Estado na etapa nacional marcada para o final de novembro: a possibilidade de viajar para Brasília pareceu ser mais importante que debater propostas de políticas públicas para o segmento. As 25 vagas garantidas pelo RN para a Conferência Nacional, ou 10% dos inscritos na Estadual, terá dois terços de representantes da sociedade civil e um terço do poder público – as passagens aéreas serão custeadas pelo Governo do RN, enquanto hospedagem e alimentação ficam por conta do MinC.
Um detalhe curioso ainda pontuou o início da Conferência, propagada pela Fundação José Augusto/SecultRN como a quarta edição. Ivani Machado, delegada selecionada na etapa municipal em São Gonçalo do Amarante, pediu questão de ordem e explicou que a terceira, realizada em 2011, “não deveria ser contabilizada por ter sido restrita, não deliberativa nem propositiva. Fere as regras determinadas pelo MinC”, sentenciou. Depois do brevíssimo silêncio, suficiente para processar a informação, a mesa diretora que coordenava os trabalhos rebatizou o evento como sendo a “terceira” Conferência.
A ausência da secretária Extraordinária de Cultura do Estado, Isaura Rosado, na Conferência também foi bastante criticada – Isaura está em Natal desde a noite de quinta, após retornar de uma viagem a Brasília onde participou de articulações no Ministério da Cultura.
Vale ressaltar que esta não foi a maior Conferência já realizada pelo Governo do RN em números absolutos, em 2009 o encontro reuniu mais de 350 participantes de 42 cidades no auditório do IFRN-Natal, mas sem dúvidas foi a mais representativa por juntar artistas, produtores e agentes culturais de 82 municípios. A realização da Conferência faz parte do conjunto de critérios básicos exigido pelo Ministério da Cultura para que o RN faça parte do Sistema Nacional de Cultura, mecanismo que irá nortear a implementação de políticas públicas voltada para o segmento cultural com validade de 10 anos.
Descaso
O consultor da Unesco, Renato Remigio, contratado pelo Ministério da Cultura para acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Cultura nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, acompanhou a Conferência e não se mostrou surpresa com a desorganização: “Há um descaso do Governo, e não é só aqui que isso ocorre. Quem faz o Estado é o conjunto de municípios e falta de formação na área cultural para entender como funcionam esses mecanismos, está tudo muito concentrado nas capitais”, verificou o consultor. “Participei de muitas Conferências que também não contaram com a presença do secretário de Cultura, do prefeito ou do governador”.
Odinélha Targino, membro do Conselho Municipal de Cultura de Natal e representante da capital durante a Conferência reforça: “Muitos que estão aqui hoje (ontem) nem sabem quais são os eixos temáticos”. Comentários que atestam a necessidade de se investir em formação para que o público esteja capacitado para construir Planos Estadual e municipais de Cultura.
Delegados
Submetida à consulta e votação no plenário, ficou redefinida a forma de distribuição das vagas destinadas à sociedade civil para a Conferência Nacional: em vez das quatro mesorregiões elencadas pelo IBGE (Litoral, Agreste, Central e Oeste), as vagas foram preenchidas a partir de nove regiões representadas pelos municípios de Assu, Caicó, Ceará-Mirim, Currais Novos, Goianinha, Macau, Mossoró, Pau dos Ferros e Natal. Até o fechamento desta edição a lista dos delegados eleitos ainda não tinha sido definida.
E Natal ficou na suplência. Nenhum delegado da capital potiguar irá à Conferência Nacional de Cultura que acontece em Brasília no final do mês de novembro, resultado explicado pela ausência generalizada de artistas, produtores e agentes culturais natalenses e a atuação em bloco das caravanas que vieram de municípios da região metropolitana e do interior. Ânimos exaltados, muita reclamação e um auditório superlotado marcaram os trabalhos da Conferência Estadual de Cultura, realizada esta sexta-feira no Teatro de Cultura Popular (TCP). A situação estava tão caótica no início da manhã de ontem que, antes mesmo da leitura do regimento interno do evento, houve votação para decidir se a Conferência seria ou não esvaziada – a ampla maioria decidiu pela continuidade.
Alex Régis
À tarde, o Teatro de Cultura Popular teve um público irregular devido às atividades dos grupos de trabalho. No turno da manhã, foram mais de 250 pessoas espremidas no pequeno auditório
![À tarde, o Teatro de Cultura Popular teve um público irregular devido às atividades dos grupos de trabalho. No turno da manhã, foram mais de 250 pessoas espremidas no pequeno auditório À tarde, o Teatro de Cultura Popular teve um público irregular devido às atividades dos grupos de trabalho. No turno da manhã, foram mais de 250 pessoas espremidas no pequeno auditório](http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/129180.jpg)
Para se ter uma ideia do aperto literal e do desconforto a que os presentes foram submetidos, a plateia do TCP, que possui 162 poltronas e recebeu 30 cadeiras extras, teve de ‘acomodar’ 250 participantes vindos dos mais de 80 municípios do Rio Grande do Norte que realizaram suas etapas locais.
Segundo a equipe da FJA/SecultRN responsável pela coordenação da Conferência, o Teatro Alberto Maranhão, local onde aconteceu a abertura oficial na noite de quinta (26), “não tem estrutura adequada” para acolher os grupos de trabalho que debateram propostas nos quatro eixos temáticos: Implementação do Sistema Nacional de Cultura; Produção Simbólica e Diversidade Cultura; Cidadania e Direitos Culturais; e Cultura e Desenvolvimento. De cada eixo sairá quatro propostas para a etapa nacional.
Problemas como a falta de credenciais e fichas de inscrição, de acordo com Cléa Bacurau, integrante da comissão organizadora, foi ocasionado pelo “não envio de informações por parte dos municípios”: “Algumas cidades mandaram as proposições e a lista de participantes por e-mail direto para a organização das conferências regional e nacional, por isso ficamos sem o controle de todos os delegados presentes. Contei 82 cidades, mas temos mais algumas participando”, informou. A Conferência estava marcada para os dias 17 e 18 de setembro e acabou sendo adiada para esta semana – o MinC deu como prazo limite para as conferências de todo o país serem realizadas até o dia 29 de setembro.
Detalhe e ausência
O descontentamento dos participantes só não foi maior que o interesse em ser eleito como representante do Estado na etapa nacional marcada para o final de novembro: a possibilidade de viajar para Brasília pareceu ser mais importante que debater propostas de políticas públicas para o segmento. As 25 vagas garantidas pelo RN para a Conferência Nacional, ou 10% dos inscritos na Estadual, terá dois terços de representantes da sociedade civil e um terço do poder público – as passagens aéreas serão custeadas pelo Governo do RN, enquanto hospedagem e alimentação ficam por conta do MinC.
Um detalhe curioso ainda pontuou o início da Conferência, propagada pela Fundação José Augusto/SecultRN como a quarta edição. Ivani Machado, delegada selecionada na etapa municipal em São Gonçalo do Amarante, pediu questão de ordem e explicou que a terceira, realizada em 2011, “não deveria ser contabilizada por ter sido restrita, não deliberativa nem propositiva. Fere as regras determinadas pelo MinC”, sentenciou. Depois do brevíssimo silêncio, suficiente para processar a informação, a mesa diretora que coordenava os trabalhos rebatizou o evento como sendo a “terceira” Conferência.
A ausência da secretária Extraordinária de Cultura do Estado, Isaura Rosado, na Conferência também foi bastante criticada – Isaura está em Natal desde a noite de quinta, após retornar de uma viagem a Brasília onde participou de articulações no Ministério da Cultura.
Vale ressaltar que esta não foi a maior Conferência já realizada pelo Governo do RN em números absolutos, em 2009 o encontro reuniu mais de 350 participantes de 42 cidades no auditório do IFRN-Natal, mas sem dúvidas foi a mais representativa por juntar artistas, produtores e agentes culturais de 82 municípios. A realização da Conferência faz parte do conjunto de critérios básicos exigido pelo Ministério da Cultura para que o RN faça parte do Sistema Nacional de Cultura, mecanismo que irá nortear a implementação de políticas públicas voltada para o segmento cultural com validade de 10 anos.
Descaso
O consultor da Unesco, Renato Remigio, contratado pelo Ministério da Cultura para acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Cultura nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, acompanhou a Conferência e não se mostrou surpresa com a desorganização: “Há um descaso do Governo, e não é só aqui que isso ocorre. Quem faz o Estado é o conjunto de municípios e falta de formação na área cultural para entender como funcionam esses mecanismos, está tudo muito concentrado nas capitais”, verificou o consultor. “Participei de muitas Conferências que também não contaram com a presença do secretário de Cultura, do prefeito ou do governador”.
Odinélha Targino, membro do Conselho Municipal de Cultura de Natal e representante da capital durante a Conferência reforça: “Muitos que estão aqui hoje (ontem) nem sabem quais são os eixos temáticos”. Comentários que atestam a necessidade de se investir em formação para que o público esteja capacitado para construir Planos Estadual e municipais de Cultura.
Delegados
Submetida à consulta e votação no plenário, ficou redefinida a forma de distribuição das vagas destinadas à sociedade civil para a Conferência Nacional: em vez das quatro mesorregiões elencadas pelo IBGE (Litoral, Agreste, Central e Oeste), as vagas foram preenchidas a partir de nove regiões representadas pelos municípios de Assu, Caicó, Ceará-Mirim, Currais Novos, Goianinha, Macau, Mossoró, Pau dos Ferros e Natal. Até o fechamento desta edição a lista dos delegados eleitos ainda não tinha sido definida.
FONTE TRIBUNA DO NORTE
GRIFO NOSSO - NOTA DE PESAR - NOSSO ÚNICO DELEGADO ELEITO PELA REGIONAL SÃO GONÇALO DO AMARANTE - RN O BABALORIXÁ ADELINO DE XANGÓ ADOECEU PELA INGESTÃO DE ALIMENTOS NO PRIMEIRO DIA DA CONFERENCIA E FICOU DE FORA DA VOTAÇÃO.
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