terça-feira, 22 de janeiro de 2013
PRECONCEITO E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Para ministra, agressões a religiões de matriz africana chegaram a níveis insuportáveis
Por Daniel Mello
A
ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(Seppir), Luiza Bairros, disse que os ataques às religiões de matriz
africana chegaram a um nível insuportável. “O pior não é apenas o grande
número, mas a gravidade dos casos que têm acontecido. São agressões
físicas, ameaças de depredação de casas e comunidades. Nós consideramos
que isso chegou a um ponto insuportável e que não se trata apenas de uma
disputa religiosa, mas, evidentemente, uma disputa por valores
civilizatórios”, disse ao chegar ao ato lembrando o Dia Nacional de
Combate à Intolerância Religiosa no Vale do Anhangabaú, centro de São
Paulo.
O
número de denúncias sobre intolerância religiosa recebidas pelo Disque
100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência cresceu mais de
sete vezes em 2012, quando comparada com a estatística de 2011, saindo
de 15 para 109 casos registrados.
Para
a ministra, os ataques são motivados principalmente por alguns grupos
evangélicos. “Alguns setores, especialmente evangélicos pentecostais,
gostariam que essas manifestações africanas desaparecessem totalmente da
sociedade brasileira, o que certamente não ocorrerá”, disse Luíza, que
acrescentou que esta semana deverá ser anunciado um plano de apoio às comunidades
de matriz africana. “Nós queremos fazer com que essas comunidades
também sejam beneficiadas pelas políticas públicas”, completou.
No
ato promovido pela prefeitura paulistana foi lançada a Secretaria
Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Segundo o prefeito, Fernando
Haddad, a celebração é uma forma de fazer com que as pessoas que ainda
têm preconceito contra as religiões afro-brasileiras reflitam sobre a
importância da tolerância. “Eu penso que a expressiva maioria dos
moradores de São Paulo abraça essa causa de convivência pacífica,
tranquila, com respeito e a tolerância devida ao semelhante. Agora,
existe uma pequena minoria para qual o recado aqui é dado: que há uma
grande maioria que quer viver tranquilamente”, disse.
O
recado da tolerância também está sendo promovido pelo grupo
multirreligioso Paulistanos pela Paz, que há 8 anos atua para
conscientizar principalmente a juventude. “Nós estamos coordenando
visitas a escolas, faculdades para dar palestras, seminários, para
trazer esse questionamento à tona. Porque a intolerância brota da
incapacidade de conviver com o diferente”, disse o Reverendo Mahesh,
coordenador do grupo e representante do Hinduísmo Hare Krishna.
Membro
do Centro Cultural Ilê-Ifa, o maestro Roberto Casemiro, também defendeu
a atuação com a juventude como forma de combater o preconceito. Na
opinião de Casemiro, para muitos jovens, em especial os envolvidos em
grupos que promovem o ódio, como os skinheads, falta conhecimento e
falta cultura. “E quem não tem nem conhecimento, nem cultura, não tem
respeito”.
Evangélico
de confissão luterana, o pastor Carlos Mussukopf, acredita que a melhor
maneira de evitar o preconceito é unindo as diferentes religiões
entorno de objetivos e ideias comuns. “Devemos procurar o que nos une, o
que nos unifique, o que nós temos em comum. E que a gente também saia
da teoria, dos encontros de diálogo e passe para a prática. Existem
tantos desafios na sociedade que nós vivemos que exigem uma ação
unificada também das religiões. Vamos ver questão da população de rua, da natureza”, disse.
Com informações da Agência Brasil
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